Paco (droga)

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Paco (Pasta básica de cocaína, PBC, ou ainda, em castelhano: pasta de cocaina) é uma droga altamente viciante, cuja fabricação é derivada da produção da cocaína.[1] É feita com a sobra do refinamento da cocaína, porém é misturada com ácido e água. O paco também é conhecido como lixo da cocaína ou crack americano de segunda linha.

Paco ganhou popularidade durante e depois da crise econômica da Argentina (1999 - 2001) e espalhou-se em países vizinhos da Argentina, principalmente no Brasil, considerado pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos da América o segundo maior consumidor mundial de cocaína.[2] Segundo um levantamento nacional em escolas públicas e privadas o consumo argentino do paco no período de 2001 a 2005 cresceu 200 %.[3]

Produção[editar | editar código-fonte]

O “paco” ou “lixo da cocaína” ou “crack americano de segunda linha” é uma variante da pasta base de cocaína transformada em cigarro, que não necessita de muita infra-estrutura para ser fabricado. Seu preparo requer poucas instruções e é feito com instrumentos caseiros. A pasta é obtida através da maceração das folhas de coca, cujo percentual não ultrapassa a 10%, misturadas a desde ácidos convencionais até fibra de vidro moído (incluindo tubos de lâmpada fluorescente), com ácido bórico, lidocaína, fermento e solventes, como o querosene, a parafina, a benzina ou o éter, o que reforça o caráter de dependência rápida e, junto ao efeito intenso, apesar da curta duração de cada dose.

Efeitos colaterais[editar | editar código-fonte]

Um dos seus elementos mais nocivos do paco é o ácido bórico, um produto branco, cristalino - já usado como substância anti-inflamatória abolida há anos na maioria dos países desenvolvidos por ser altamente corrosiva, provocando intoxicações no organismo. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde - OMS, o ácido bórico é muito tóxico e pode provocar danos ao fígado, cérebro, músculos da face e estômago. Hoje, é usado na indústria da agricultura como fertilizante e regulador de crescimento, retardadores de chama, fibra de vidro, preservativos para madeira, metalúrgicas, cerâmicas, inibidor da corrosão e outras aplicações.

Como o paco é altamente agressivo, desde os primeiros dias, a Lidocaína é usada para disfarçar a agressividade do produto, uma vez que é anestésica. Além de todos os efeitos do crack serem mais fortes e mais rápidos no paco, ele provoca e/ou aprofunda as lesões cerebrais e pulmonares, como também infecções e coágulos no sangue. Já no começo do vício, a droga gera infecções na boca e na garganta, bem como sequelas neurológicas irreversíveis porque afeta os centros nervosos, provocando perda de reflexos, motricidade, inteligência e até memória.

Com um tempo maior de consumo, o uso do paco pode provocar infarto, pneumonia, efizema pulmonar e/ou hepatite. O tempo de vida do viciado ainda não dá para definir, mas avalia-se, pelos efeitos até então observados e os componentes utilizados, que a perspectiva é que seja menor que a dos viciados em crack.

Os efeitos psicológicos são imediatos. Ao fumar um cigarro de paco, o usuário sente desinibição, sensação de prazer e segurança, seguidas, ao acabar o efeito, imediatamente pela sensação de angústia, depressão e insegurança, o que o leva a fumar város cigarros para evitar o efeito da abstinência e voltar às sensações iniciais. Com o consumo regular, observa-se alucinações, paranóia, agressividade, chegando a ações psicóticas.

Impacto social[editar | editar código-fonte]

O grande reflexo avesso dessa nova droga na sociedade é que o usuário de paco não consegue esconder da sua família e amigos, desde o início, o vício que já acontece nas primeiras semanas, visto a pouca duração de seu efeito, a dependência assustadora que causa, fazendo com que o usuário o fume em qualquer lugar e hora, somada à mudança imediata de comportamento. A grande surpresa é que, por não envolver tanto dinheiro, o que lhe rende o apelido de "droga dos pobres" e o material ser de fácil acesso, a fabricação é de difícil rastreio pela polícia e são as mães de família as maiores combatentes contra os traficante de drogas, ao perceberem o uso em seus maridos e filho(a)s.

Os dados na América do Sul já são assustadores. Na Colômbia, segundo dados publicados no New York Times, muitas mães têm sido assassinadas por se revoltarem contra o tráfico dessa droga. No Brasil, os primeiros focos aparecem no estado de São Paulo. Na Argentina, já atinge quase a metade do consumo de droga do país e o paco é apelidado de "assassino de crianças".

Segundo a obra Iniciação às Drogas e suas Consequências, o paco entra no mercado dos psicotrópicos causando grande impacto, custando menos da metade de um cigarro de maconha, ou seja, converteu-se na droga mais barata, apesar de ser também a mais destrutiva até então. Logo ao ser lançado no mercado, para o traficante, o paco vem preencher o vácuo de uma droga de baixo custo para ser vendida a quem tem baixa renda ou quem já perdeu tudo e, abandonado pela família, não tem quase mais dinheiro para sustentar seu vício. O viciado que já está, por assim dizer, no final do trecho, não se sente abandonado pelo seu fornecedor, não se revolta contra ele, e não o amola até morrer, o que acontece rápido. Assim, esse viciado não incomoda. Para quem não sabe, a maioria dos traficantes não são viciados, nem suas famílias. Vendem um produto que nem eles mesmos usariam.

Por causa da grande divulgação dos malefícios do uso dessa nova droga e, também, porque, agora, até alguns traficantes estão assustados com os efeitos do paco, começam a surgir variantes, misturadas ao tabaco e/ou à maconha, que, miniminizam os efeitos nocivos da droga. No Rio de Janeiro, por exemplo, o paco puro não teve aceitação, mas sua mistura chama-se craconha ou Kiss me. Não se sabe ainda se a pretensão é disfarçar o comércio do paco ou dar mais tempo de vida ao usuário, uma vez que já ficou provado que a sua capacidade do paco em viciar está muito acima dos outros psicotrópicos até então, o que tem atraído usuários de outras drogas que passam a usá-lo como droga principal ou com exclusividade.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Zero Hora RBS, ed. (9 de agosto de 2009). «Paco, o crack argentino». Consultado em 3 de junho de 2016. Arquivado do original em 8 de agosto de 2016 
  2. Alexei Barrionuevo. «Cheap Cocaine Floods Argentina, Devouring Lives - New York Times (23.02.2008)» (em inglês e em português). www.nytimes.com. Consultado em 15 de novembro de 2008 
  3. «DRUGS-ARGENTINA: 'Pasta Base' Destructive but Not Invincible» (em inglês). ipsnews.net. Consultado em 15 de novembro de 2008. Arquivado do original em 13 de fevereiro de 2009 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]