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Palácio Strozzi

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 Nota: Para outros significados, veja Palácio Strozzi (desambiguação).
Palazzo Strozzi
Palácio Strozzi
O Palazzo Strozzi numa fotografia tirada antes de 1908
Tipo city palace
Estilo dominante arquitetura do Renascimento
Arquiteto(a) Benedetto da Maiano
Proprietário(a) atual Estado italiano
Função atual galeria de arte
Geografia
País Itália
Cidade Florença,  Itália
Coordenadas 43° 46′ 16,6″ N, 11° 11′ 06,6″ L
Mapa
Localização em mapa dinâmico
Pátio do Palazzo Strozzi

O Palazzo Strozzi (Palácio Strozzi), na zona central de Florença, é um dos mais notáveis edifícios da fase inicial da Renascença italiana. De tamanho imponente (foi necessário destruir 15 edifícios para construí-lo), encontra-se entre as homónimas Via Strozzi e Plaza Strozzi, e a Via Tornabuoni, com grandiosos portais que fazem de entrada, todos idênticos, em cada um dos três lados que não se encontram encostados a outros edifícios.

Autêntica obra prima da arquitectura civil florentina do Renascimento, foi construído, entre 1489 e 1538, para a família Strozzi, uma das mais importantes linhagens patrícias florentinas, tradicionalmente hostil à facção dos Médici, que o manteve na sua posse até 1907, ano em que foi legado ao Estado italiano. O projecto do edifício é do arquitecto Benedetto da Maiano, que o projectou por encomenda de Filippo Strozzi.

Alberga hoje galerias de arte, um arquivo e outros serviços culturais.

A família Strozzi havia-se exilado de Florença, em 1434, devido à sua oposição aos Médici, mas graças à fortuna acumulada como banqueiro em Nápoles, Filippo Strozzi pôde voltar à cidade em 1466, decidido a esmagar os seus rivais. Esta ideia tornou-se uma verdadeira obsessão e durante anos comprou e demoliu edifícios em volta da sua residência para, desta forma, dispor do terreno necessário para edificar o maior palácio alguma vez visto em Florença.

Giuliano da Sangallo fez um modelo do Palazzo Strozzi em madeira entre 1489 e 1490 (actualmente no Bargello) mas Giorgio Vasari adjudicou o projecto a Benedetto da Maiano, o arquitecto preferido de Lourenço o Magnífico. Com tanto dinheiro à disposição, nenhum aspecto do projecto foi deixado ao acaso, tendo-se chegado, inclusivamente, a chamar astrónomos para decidir qual era o dia mais propício para colocar a primeira pedra. Os trabalhos começaram, pois, em 1489, mas somente dois anos depois falecia Filippo Strozzi. Os seus herdeiros prosseguiram, embora com dificuldades, a dispendiosa construção do sonho de Filippo.

À morte de Benedetto da Maiano, quando o edifício em obras havia chegado ao segundo piso, os trabalhos foram confiados a Simone del Pollaiolo, chamado Il Cronaca, o qual realizou a coroação da fachada e o pátio porticado. Del Pollaiolo manteve-se como encarregado da obra até ao dia 31 de outubro de 1504, como atestam documentos da época.

Depois de várias interrupções causadas pela oscilante situação económica da família, o palácio foi terminado em 1538 por Baccio d'Agnolo, que cuidou também dos espaços interiores e dos móveis, mas deixou a cornija incompleta num dos lados, tendo permanecido assim até hoje. O edifício foi confiscado pelo Grão-Duque Cosme I de Médici no mesmo ano, sendo devolvido aos Strozzi trinta anos depois.

Em 1638, Guerardo Silvani realizou a capela do primeiro andar e, em 1662, ampliou a escadaria sobra a Via Tornabuoni.

Foi somente em 1864 que se agregou o longo da Via Tornabuoni o chamado "banco de rua" (panca di via), executado por Giuseppe Poggi sob encomenda do Príncipe Ferdinando Strozzi. Nesta ocasião também se reabriu o portão da Plaza Strozzi e o pátio foi unido ao nível da rua com uma rampa, para permitir que as carroças acedessem ao coração do palácio. Entre 1886 e 1889 foram restauradas as fachadas, o que aconteceria novamente no início do século XX.

O corpo cúbico do Palazzo Strozzi, numa vista aérea

O palácio representa o exemplo mais perfeito do ideal de edifício senhorial do Renascimento.

Foi voluntariamente construído num tamanho superior ao do Palazzo Medici, do qual copiou a forma cúbica desenvolvida sobre três andares em volta dum pátio central, e a parede revestida com a típica pietraforte florentina inclinada para o alto. À altura da rua abrem-se janelas rectangulares, enquanto que nos pisos superiores se podem encontrar duas séries de elegantes janelas bíforas sobre cornijas dentadas.

Em cada um dos três lados que dão para a rua, abrem-se três portais com arcadas, de solene classicismo.

Em torno do palácio corre um rodapé contínuo, e o edifício está coroado por uma imponente cornija apoiada sobre uma faixa lisa, a qual se interrompe na Via Strozzi.

Porta-archotes numa das esquinas do palácio

No exterior encontram-se os porta-archotes e porta-bandeiras, e as argolas de ferro forjado para os cavalos, o melhor exemplo desta forma artística e obra prima de Niccolò Grosso, chamado Il Caparra, o mais famoso ferreiro de Florença activo no século XV, mencionado também por Vasari em Le Vite. São particularmente notáveis as obras das esquinas: porta-archotes com forma de dragões e esfínges, e as lucernas com a forma de templo com pontas, parecendo assemelhar-se a cebolas, que antigamente davam nome à Plaza Strozzi.

O Palazzo Strozzi na actualidade

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O palácio manteve-se como propriedade da família Strozzi até 1937, quando foi adquirido pelo Instituto Nacional de Seguros (Istituto Nazionale delle Assicurazioni), restaurado, e posteriormente cedido ao Estado Italiano em 1999. Actualmente é sede de dois importantes institutos:

  • O Gabinete Vieusseux, nascido da associação literária e científica de Gian Pietro Vieusseux, fundada em 1819. Esta associação foi frequentada, entre outras personalidades, por Stendhal. Conserva também uma importante biblioteca, e publica mensalmente a Nuova Antologia (desde os anos 80 a publicação é cuidada pela Fundação Giovanni Spadolini.
  • O Instituto Nacional de Estudos sobre o Renascimento (Istituto Nazionale di Studi sul Rinascimento).

O primeiro andar acolhe, anualmente, importantes mostras de arte contemporânea.

  • A Plaza Strozzi foi usada durante todo o Renascimento como lugar de venda de alimentos, uma ocupação que deixava diariamente muitos dejectos e que não agradava aos Strozzi. Uma placa colocada em 1762 pelos "Otto di Balia e di Guardia" (os precursores do corpo da policía municipal) na esquina da praça proíbe o comércio de melancias, fruta e sucata, sob pena de severas multas.
  • Alexander Markschies - Gebaute Pracht. Der Palazzo Strozzi in Florenz (1489-1534), Freiburg im Breisgau 2000
  • Bullard Melissa M. - Filippo Strozzi and the Medici: Favor and Finance in Sixteenth-Century Florence and Rome (Cambridge) 1980.
  • Goldthwaite, Richard - Private Wealth in Renaissance Florence: A Study of Four Families (Princeton) 1968.
  • The Building of Renaissance Florence: An Economic and Social History (Baltimore) 1980.

Ligações externas

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O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre o Palácio Strozzi


Imagem: Centro histórico de Florença O Palácio Strozzi está incluído no sítio "Centro histórico de Florença", Património Mundial da UNESCO.