Papa Inocêncio XI

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Inocêncio XI
Beato da Igreja Católica
240° Papa da Igreja Católica
Info/Papa
Retrato por Jacob Ferdinand Voet
Atividade eclesiástica
Diocese Diocese de Roma
Eleição 21 de setembro de 1676
Entronização 4 de outubro de 1676
Fim do pontificado 12 de agosto de 1689 (12 anos)
Predecessor Clemente X
Sucessor Alexandre VIII
Ordenação e nomeação
Ordenação presbiteral 20 de novembro de 1650
por Dom Francesco Maria Cardeal Machiavelli
Nomeação episcopal 4 de abril de 1650
Ordenação episcopal 29 de janeiro de 1651
por Dom Francesco Maria Cardeal Machiavelli
Brasão episcopal
Nomeado arcebispo 21 de setembro de 1676
Cardinalato
Criação 6 de março de 1645
por Papa Inocêncio X
Ordem Cardeal-diácono (1645-1659)
Cardeal-presbítero (1659-1676)
Título Santos Cosme e Damião (1652-1659)
Santo Onofre (1659-1676)
Brasão
Papado
Brasão
Consistório Consistórios de Inocêncio XI
Santificação
Beatificação 7 de outubro de 1956
Basílica de São Pedro
por Papa Pio XII
Festa litúrgica 12 de agosto
Dados pessoais
Nascimento Como, Itália
19 de maio de 1611
Morte Roma, Itália
12 de agosto de 1689 (78 anos)
Nacionalidade italiano
Nome de nascimento Benedetto Giulio Odescalchi
Progenitores Mãe: Paola Castelli
Pai: Livio Odescalchi
Títulos anteriores -Bispo de Novara (1650-1656)
Sepultura Basílica de São Pedro

O Papa Inocêncio XI, nascido Benedetto Giulio Odescalchi (Como, 19 de maio de 1611Roma, 12 de agosto de 1689) foi eleito no dia 21 de setembro de 1676. Ficou conhecido como exemplo de humildade e humanidade, e, a nível de política, pela oposição a Luís XIV de França e pelo cognome de "Salvador da Hungria", por ter apoiado a reconquista da Europa Central e Oriental, então ocupada pelos turcos otomanos. Governou a Igreja Católica por 22 anos, até a sua morte em 1689.

Origens e formação[editar | editar código-fonte]

Filho de Livio Odescalchi e Paola Castelli, de famílias de comerciantes abastados de Bérgamo. Estudou em Roma e Nápoles, doutorando-se nesta última em Direito Civil e Canónico.

Trabalhou com os papas Urbano VII e Inocêncio X em diversos cargos da Cúria Romana. Este último nomeou-o cardeal em 1645, cardeal-diácono de Santos Cosme e Damião e Legado do Papa na cidade de Ferrara onde grassou uma grande fome, destacando-se na ajuda aos mais desfavorecidos e ganhando o cognome de «pai dos pobres».

Em 1650 Odescalchi foi ordenado bispo de Novara, tendo colocado a sua diocese ao serviço dos doentes e dos mais pobres. Renunciou à sua diocese em 1656, regressando ao serviço da Cúria Romana. Já em Roma foi consultor de diversas congregações e em 1659 mudou o seu título cardinalício pelo de Santo Onofre. No ano seguinte foi nomeado Camerlengo do Colégio Cardinalício.

Participou nos conclaves de 1655, de 1667 e de 1669-1670, sendo vetada neste último a sua candidatura ao papado por Jean-François Paul de Gondi, cardeal de Metz com o título de S. Maria sopra Minerva, em nome de Luís XIV de França.

Conclaves[editar | editar código-fonte]

Eleição como Papa[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Conclave de 1676

Eleito no conclave de 1676, depois de ter sido vetado pelo rei francês Luís XIV na eleição de 1669-1670, mas tendo de ceder desta vez, atendendo à sua forte popularidade entre o povo romano e junto de toda a Igreja. Assim que eleito, de imediato decretou uma severa redução de gastos inúteis na Cúria Romana, passando a viver de forma bastante simples e apelando aos demais cardeais para seguirem o seu exemplo.

Assumiu um carácter profundamente reformador, fosse sobre as finanças, estilo de vida, ou mesmo pastoral. Em 1679 condenou 65 proposições, retiradas dos escritos de Escobar, Francisco Suárez e outros, considerando-as como "propositiones laxorum moralistarum" e proibiu o seu ensino a quem quer que fosse, sob pena de excomunhão. No mesmo ano, ordenou a queima de todos os exemplares da obra Varia Opuscula Theologica de Suárez, publicada em 1599.

Inocêncio XI, após um período de doença prolongada por pedra nos rins, faleceu em 12 de agosto de 1689. Foi sepultado na Basílica de São Pedro sob o monumento funerário junto da Capela Clementina, que o seu sobrinho Livio Odescalchi tinha encomendado.[1][2] O monumento, concebido e esculpido por Pierre-Étienne Monnot, tem uma figura do papa sentado num trono no cimo de um sarcófago com um baixo-relevo a mostrar a libertação de Viena que estava cercada pelos turcos, por João III Sobieski, ladeada por figuras alegóricas a representar a Fé e a Perseverança.[3][4]

Relações com a França de Luís XIV[editar | editar código-fonte]

Óleo de Inocêncio XI

O rei Luís XIV, tentando entrar de boas relações com o papa, revogou o Édito de Nantes, que garantia a liberdade religiosa, tanto a católicos como a protestantes e passou a perseguir estes últimos. Mas o papa não apreciou tal gesto, manifestando seu desgosto pela violência e perseguição.

Inocêncio XI decretou que em Roma os diplomatas não poderiam mais gozar do privilégio de conceder direito de asilo a criminosos. Tendo o papa notificado o embaixador francês de que não seria mais reconhecido como representante da França a menos que renunciasse a tal direito, este, não aceitando, com o recurso à força armada de 800 homens, tomou o seu palácio à força. Desde então o papa excomungou-o e decretou a proibição da Igreja de São Luís dos Franceses, na capital romana.

Em 1688, vagando o bispado de Colónia, cargo relevante por o seu titular ser eleitor para a designação do imperador, dois prelados eram candidatos, um alemão e um francês, nenhum conseguindo a maioria, e recaindo a escolha final ao papa. Este optou pelo alemão, aliás de acordo com a vontade dos príncipes e bispos alemães, bem como de toda a restante Europa, à excepção de França que pretendia adquirir maior influência no império. Luís XIV retaliou, ocupando o território papal de Avinhão e ameaçando de separar a Igreja de França da Igreja Católica. O papa contudo não cedeu e após a sua morte, o conflito foi resolvido em favor de Roma.

1683 e a grande derrota turca[editar | editar código-fonte]

Em 1683, o exército turco cercava Viena e o papa mobilizou os príncipes alemães e o rei polaco para socorrem aquele cidade, bem como mais tarde auxiliarem a libertação da ocupação turca da Hungria.

A coligação de reinos católicos (Liga Santa dos Balcãs) organizada pelo papa derrotou os turcos na Batalha de Viena em 12 de setembro de 1683, às portas de Viena. A coligação reuniu 170 000 homens, provenientes dos estados alemães, do Sacro Império, da nobreza italiana, e de polacos guiados pelo valor do seu próprio rei, Jan III Sobieski que triunfou, sem precedentes, sobre as forças turcas que contavam com mais de 300 000 soldados, e que vinham de incendiar e derramar sangue de civis nos estados do mar Negro e dos Balcãs, bem como nas cidades de Buda e de Pest, na Hungria.

Túmulo de Inocêncio XI no seu antigo local na Capela de São Sebastião, na Basílica de São Pedro, em Roma

A França não formava parte da coligação, porque se tinha comprometido com os turcos do Império Otomano, a sustentá-lo logisticamente, em armas e economicamente sem lhe importar as consequências da ameaça turca para o resto da Europa. Isso valeu a Luís XIV, o roi soleil, o epíteto de "le roi maure" (o rei mouro)

Após ganhar a batalha de Viena, a Liga Santa levou a cabo a tomada da Hungria, na qual as cidades de Buda e de Pest foram reconquistadas em 1686.

Ao mesmo tempo, os venezianos puseram em marcha uma expedição à Grécia, que conquistou o Peloponeso. Durante o ataque de Veneza de 1687 sobre a cidade de Atenas (ocupada pelos otomanos), os otomanos converteram o Partenon num paiol de munições. Um morteiro veneziano atingiu o Partenon, detonando a pólvora armazenada no seu interior e destruindo-o parcialmente.

A derrota turca e o triunfo da coligação católica-ortodoxa foi devida às incessantes exortações de Inocêncio XI para que os estados alemães e o rei da Polónia Jan III Sobieski se apressassem a ajudar Viena.

Monumento a Inocêncio XI na Basílica de São Pedro

Após este rotundo triunfo Inocêncio XI não teve nenhuma reserva para induzir os príncipes cristãos a que completassem a expulsão dos turcos do resto da Europa, contribuindo financeiramente para tal. Teve a satisfação de sobreviver à captura de Belgrado, em 6 de setembro de 1688. Constantinopla seria recuperada pela última vez em 1697.

Beatificação[editar | editar código-fonte]

Após uma causa difícil pela sua canonização, iniciada em 1741 por Bento XIV, e que gerou considerável controvérsia ao longo dos anos, foi beatificado em 7 de outubro de 1956 por Pio XII. Inocêncio XI tem sido considerado como um dos mais importantes papas do século XVII, conhecido pela sua santidade, piedade, firmeza e educação. Seu dia festivo é 12 de agosto.

Referências

  1. A obra Illustrated Hand-Book to Italy (1865) de Bradshaw descreve o seu túmulo como sendo o do monumento na basílica, junto ao de Leão XI. Francis Wey, em Rome (1875) e S. Russell Forbes em Rambles in Rome: An Archaeological and Historical Guide (1882) indicam o mesmo.
  2. Cevetello, Joseph F.X., "Blessed Innocent XI," Homiletic & Pastoral Review. New York, NY: Joseph F. Wagner, Inc., 1957. Pp. 331–339.
  3. «Monument to Bl. Innocent XI». SaintPetersBasilica.org. Consultado em 21 de junho de 2011 
  4. Reardon, Wendy J. (2004), The Deaths of the Popes, Jefferson: McFarland & Company, Inc. P. 215.

Precedido por
Alessandro Cesarini

Cardeal-diácono de Santos Cosme e Damião

16451659
Sucedido por
Odoardo Vecchiarelli
Precedido por
Giulio Cesare Sacchetti


Prefeito do Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica

16471650
Sucedido por
Flavio Chigi
Precedido por
Antonio Tornielli
Brasão episcopal
Arcebispo de Novara

16501656
Sucedido por
Giulio Maria Odescalchi, O.S.B.
Precedido por
Giovanni Girolamo Lomellini

Cardeal-presbítero de Santo Onofre

16591676
Sucedido por
Piero Bonsi
Precedido por
Clemente X

240.º Papa da Igreja Católica

16761689
Sucedido por
Alexandre VIII
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