Partido Popular de Goa

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Partido Popular de Goa
Patuleias Setembristas de Goa
Gomantak Lok Pox
Fundação 1835
Dissolução 2002
Sede Goa
País Portugal Portugal (1835–1962)
 Índia (1962–2002)
Política da Índia

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O Partido Popular de Goa (PPG) foi uma organização política nacionalista e grupo guerrilheiro que reclamava a descolonização da Índia Portuguesa para formar uma Goa independente.

Histórico[editar | editar código-fonte]

O PPG é o nome dado a um agrupamento político histórico que esteve na luta pela libertação da Índia Portuguesa. O partido, no entanto, tem três momentos históricos distintos: o primeiro, que vai de 1835 a 1855; o segundo, de 1948 a 1962, e; o terceiro de 1970 a 2002.

1835-1855[editar | editar código-fonte]

Por volta do ano de 1835 surge o Partido Popular de Goa (PPG), depois conhecidos como Patuleias Setembristas de Goa, que era uma agremiação política liderada por António de Sá, que era chefe político de Bardos, jurisperito e pároco da igreja de Santo António do Pari. Este partido nasceu com ideais liberais endossando a João Casimiro Pereira da Rocha de Vasconcelos, ao Conselho de Governo do Estado da Índia (1835-1837) e a Bernardo Peres da Silva, na luta por autonomia ao território de Goa.[1]

Nas revoltas que se seguiram no ano de 1835, envolveu-se numa luta contra a José C. Freire de Lima, juiz e líder do Partido Chafarica, que afirmava trazer ordens da corte por mais controlo sobre Goa.[1]

As dificuldades políticas e económicas que sucederam-se em Goa, a partir de 1937, levaram o partido a aliar-se ao governo na gestão de Francisco Pereira, conde das Antas (1842) e principalmente quando José Ferreira Pestana assumiu o governo da Índia Portuguesa em 1844.[1]

A saída de Pestana em 1851 e a entrada de Januário Lapa, visconde de Vila Nova de Ourém como governador levou o partido novamente ao campo da oposição, visto que este endureceu o trato para com os goeses, aumentando o privilégio dos europeus.[1]

A 19 de novembro de 1854, começaram as eleições municipais. A eleição da assembleia da Piedade (ilha Divar) disputada entre o PPG e o Partido Governamental (Cartistas de Goa) apontava uma clara vitória do primeiro partido. No entanto, quando o capitão Joaquim Pereira Garcês, acompanhado de dois jovens, todos os três filiados ao Partido Governamental, mas não recenseados naquela assembleia, chegou ao posto de votação e solicitou as chaves para "guardar a urna eleitoral", recolhida num compartimento ligado à igreja, os populares não aceitaram e os expulsaram do local, espancando-os. Horas depois o capitão aparece morto.[1]

Ao ser noticiado o episódio no palácio do Governador, este expediu ordens para que se fechassem todos os acessos da Ilha Divar. Em seguida, a 4 de dezembro de 1854, dois batalhões portugueses saem dos seus quartéis sem ordem superior marchando em direção a ilha de Divar, para onde marchou simultaneamente uma força de sipais também sem ordem superior, querendo vingar a morte do capitão Garcês. As tropas arrasaram essa ilha, matando os moradores locais e decapitando os líderes do Partido Popular de Goa.[1]

Dado esses acontecimentos, em 1855 o Partido Popular de Goa entra em dormência política.

1948 a 1962[editar | editar código-fonte]

Em 1948,[2] em resposta ao surgimento do Congresso Nacional Indiano - Secção de Goa (CNI-Goa; fundado em Bombaim em 1946[3]), surge o Partido Popular de Goa (PPG). Inicialmente com cariz nacionalista,[4][5] reclamava as raízes do histórico PPG de 1835.

A sua liderança inicial foi de George Vaz, um ex-militante do CNI-Goa; teve a Aquino de Bragança como figura ideológica, que em 1962 foi o seu último secretário-geral.[6]

Participou na luta armada da Invasão de Dadrá e Nagar-Aveli, em 1954, contra seus grupos rivais: a Frente Unida dos Goeses (FUG), a Organização do Movimento de Libertação Nacional (OMLN), a Organização Nacional dos Voluntários (Rashtriya Swayamsevak Sangh; RSS) e o Exército Livre de Goa (Azad Gomantak Dal; AGD),[7] apoiados pelo Congresso Nacional Indiano - Secção de Goa. Chegou brevemente a tomar o poder em Silvassa,[8] sendo derrotado pelos grupos rivais apoiados pelas forças indianas.

A partir de então passou a dedicar-se a luta política, mudando radicalmente o seu perfil; de um partido de frente nacionalista, para um partido nacionalista de esquerda, de inspiração marxista-maoísta.[9]

Em 1958 Aquino passa a aproximar-se dos grupos políticos anticoloniais de esquerda, fazendo os primeiros contactos com Vaz, a partir de Orlando da Costa.

Em 1960, com a criação da Aliança Paris-Casabranca-Argel, Aquino filia-se formalmente ao PPG; torna-se interinamente o seu secretário-geral[9] para a primeira cimeira da Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas (CONCP),[10] ocorrida em 1961.

A Invasão de Goa, em dezembro de 1961, enfraquece politicamente o PPG, que encerra as suas atividades em 1962.

1970-2002[editar | editar código-fonte]

Em 1970 José Matanhy de Saldanha refunda o PPG, inicialmente resgatando ideais separatistas;[11] por iniciativa de Saldanha, o PPG pragmatizou ao longo do tempo, adotando a correntes ideológicas como a democracia cristã, a lusitanofilia e o concanismo, participando das agitações civis pela língua concani. O partido inclusive adotou oficialmente o nome em concani Gomantak Lok Pox, reclamando a ideologia do movimento nacionalista "Gomantak", do doutor em economia Ram Manohar Lohia.

O melhor resultado eleitoral do PPG foi nas eleições goesas de 1999, onde Saldanha foi o único candidato do partido. No distrito de Cortali, Saldanha obteve 1 728 votos (9,81%).

Em 2002, o PPG se fundiu com o Partido Democrata Unido dos Goeses (PDUG). Saldanha foi secretário-geral do PDUG até sua morte, em 2012.

Referências

  1. a b c d e f Saldanha, Gabriel (1990). História de Goa (Política e Arqueologia). Nova Deli: Asian Educational Services. Resumo divulgativoInternet Archive 
  2. «The organisational landscape of liberation struggle» (PDF). Shodhganga: A reservoir of Indian theses (em inglês) 
  3. Mascarenhas, Lambert. «Goa's Freedom Movement». Goacom.com (em inglês). Consultado em 19 de agosto de 2017 
  4. Souza, Teotónio R. de (1983). Essays in Goan History (em inglês). Nova Deli: Concept Publishing Company. p. 183 
  5. Sakshena, R. N. (1974). Goa: Into the Mainstream (em inglês). Nova Deli: Abhinav Publications. p. 97 
  6. Wieder, Alan (2015). Ruth First and Joe Slovo in the War Against Apartheid (em inglês). Nova Iorque: Monthly Review Press. p. 211-212. ISBN 978-1583673560 
  7. Lele, P. S. (1987). Dadra and Nagar Haveli: past and present (em inglês). Dadrá e Nagar-Aveli: Usha P. Lele. 248 páginas. Resumo divulgativoHathiTrust 
  8. «Portugal desembarca reforços». Rio de Janeiro. A Noite (14773): 6. 2 de agosto de 1954 
  9. a b «Telegram Received by the Foreign Ministry: Request Foreign Ministry Learn About Braganca Situation Through Embassy in India». Station in Morocco (em inglês). 28 de novembro de 1961 
  10. «Reportagem - Honoris Causa a Aquino e Ruth: Tributo a um mundo melhor». Notícias. 11 de setembro de 2013 
  11. Timble, Prabhakar (8 de maio de 2012). «Not in Mathany's name...». Goa News (em inglês)