Ipê-amarelo-flor-de-algodão

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Pau-d'arco-amarelo)
Como ler uma infocaixa de taxonomiaHandroanthus serratifolius

Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Subclasse: Asteridae
Ordem: Lamiales
Família: Bignoniaceae
Género: Handroanthus
Espécie: H. serratifolius
Nome binomial
Handroanthus serratifolius
(Vahl) S.Grose
Sinónimos
  • Bignonia araliacea Cham.
  • Bignonia conspicua Rich. ex DC. [Invalid]
  • Bignonia flavescens Vell.
  • Bignonia patrisiana DC. [Invalid]
  • Bignonia serratifolia Vahl
  • Gelseminum araliaceum (Cham.) Kuntze
  • Gelseminum speciosum (DC. ex Mart.) Kuntze
  • Handroanthus araliaceus (Cham.) Mattos
  • Handroanthus atractocarpus (Bureau & K.Schum.) Mattos
  • Handroanthus flavescens (Vell.) Mattos
  • Tabebuia araliacea (Cham.) Morong & Britton
  • Tabebuia monticola Pittier [Invalid]
  • Tabebuia serratifolia (Vahl) G.Nicholson
  • Tecoma araliacea (Cham.) DC.
  • Tecoma atractocarpa Bureau & K.Schum.
  • Tecoma conspicua DC.
  • Tecoma nigricans Klotzsch [Invalid]
  • Tecoma patrisiana DC.
  • Tecoma serratifolia (Vahl) G.Don
  • Tecoma speciosa' DC. ex Mart.
  • Vitex moronensis Moldenke

Ipê-amarelo-flor-de-algodão (Handroanthus serratifolius) é uma espécie de árvore do gênero Handroanthus.[1][2] No Brasil também é conhecida como somente ipê-amarelo, ou então: ipê-amarelo-da-mata, ipê-ovo-de-macuco, ipê-pardo, ipê-tabaco, pau-d’arco-amarelo, piúva-amarela, tamurá-tuíra.[3]

Características[editar | editar código-fonte]

É uma árvore com porte que varia de médio a grande e pode atingir de 15 a 30 metros de altura. Possui o tronco fissurado formando finas placas que se soltam em pequenas quantidades. Suas flores são de cor amarelo-dourado e se formam em cachos. As vagens são bipartidas com comprimento entorno de 35 cm, com coloração marrom-escura, rugosa e sem pelos, que se abrem soltando sementes. As folhas possuem de cinco a quatro folíolos e bordas suavemente serrilhadas. Possui sementes retangulares aladas e germinação simples.[4][5]

Flores[editar | editar código-fonte]

Flores do ipê-amarelo-flor-de-algodão

Possuem flores hermafroditas livres ou em tríades levemente perpendicular, unidas em conjuntos em formato de umbela no final dos ramos. O cálice e a corola tem forma tubular com cinco lóbulos. Por causa de sua beleza, atraem  insetos e vertebrados como abelhas e pássaros, especialmente beija-flores que tem papel fundamental na polinização. As sementes são espalhadas pelo vento.[6]

A floração ocorre após a queda das folhas, o que acontece no período mais seco, geralmente de junho a agosto, no inverno, podendo variar nas zonas mais próximas ao litoral.[5]

Frutos[editar | editar código-fonte]

vagens do ipê-amarelo-flor-de-algodão

São vagens septicidas, coriáceas, glabras, lineares, que têm entorno de 20–65 cm de comprimento e 2,5-3,5 cm de espessura.[6]

Ficam maduros cerca de três a quatro meses após a floração.[5]

Alteração do gênero[editar | editar código-fonte]

Pertencente à família Bignoniaceae, o gênero Tabebuia constitui um importante grupo de plantas neotropicais, distribuídas desde o sudoeste dos Estados Unidos até o norte da Argentina e Chile. Trata-se do maior gênero da família, totalizando cerca de 100 espécies, muitas delas amplamente reconhecidas pelo valor ornamental e qualidade das madeiras que produzem.[7]

Complexo, do ponto de vista taxonômico, o gênero sofreu inúmeras alterações ao longo de sua história. Originalmente, todas as espécies conhecidas como ipês eram incluídas no gênero Tabebuia  para abrigar as Bignoniáceas arbóreas de folhas simples. A descrição de novas espécies na família e a grande variabilidade morfológica com que se apresentavam, no entanto, acabaram levando a uma expansão nos limites genéricos iniciais. Assim, à medida que surgiam novos estudos, o conceito tradicional se modificava, de modo que a circunscrição original não se manteve ao longo do tempo. As modificações ocorridas incluíram a sinonimização, segregação e reincorporação de inúmeras espécies, inclusive de outros gêneros, como Tecoma, provocando uma grande confusão no grupo taxonômico em questão.[7]

Ciente da heterogeneidade existente no grupo e procurando resolver este problema Mattos J.R. em 1970, dividiu as espécies de ipês em dois gêneros, Tabebuia e Handroanthus, este último criado, especialmente, para os representantes brasileiros. Tal interpretação foi fortemente criticada por Gentry , que tornou a posicionar todas as espécies de ipês no grupo original. Mais recentemente, Grose e Olmstead em 2007 propuseram, com base em estudos filogenéticos, a divisão de Tabebuia em três gêneros, Tabebuia, Handroanthus e Roseodendron, confirmando, em definitivo, a segregação proposta por Mattos e a existência de linhagens diferentes dentro do grupo.[7]

Distribuição geográfica[editar | editar código-fonte]

Floração de Ipês-Amarelos ou "Pau-d'arcos amarelos" (Handroanthus serratifolia) vista do Pico Alto, no município de Guaramiranga, topo mais elevado da Serra de Baturité - Ceará - Brasil.

Árvore típica do bioma da Mata Atlântica, ocorrendo no interior da mata, sendo difícil de ser encontrada em estado nativo atualmente, por conta da sua madeira ser altamente requisitada e ter desenvolvimento lento. Não é muito utilizada em paisagismo urbano, justamente pelo lento crescimento e por ser de médio a grande porte.[4]

Usos[editar | editar código-fonte]

A madeira é utilizada para construções civis e navais, alem de pontes, postes, tábua de assoalho, tacos de bilhar e bengalas, possuindo longa durabilidade. Árvore ornamental, extremamente majestosa quando está florida, é ótima para o paisagismo. Usa-se também em restaurações florestais. A entrecasca é utilizada na medicina caseira, embora seja menos procurada que a do ipê-roxo.[5]

Informações ecológicas[editar | editar código-fonte]

Planta secundaria tardia, heliófita, encontrada na floresta ombrófila, semidecídua e mata de cipó, em formações primárias e secundárias, capoeiras e áreas de cabruca. Tem a preferência de solos bastante drenados localizados em encostas.[5]

Obtenção de sementes[editar | editar código-fonte]

Os frutos podem ser adquiridos diretamente da árvore ao iniciar a abertura espontânea, e deixar secar para abertura e liberação das sementes. Um quilo contém cerca de 25.000 sementes.[5]

É de extrema importância a produção de sementes com níveis alto de qualidades pra formar de mudas pro reflorestamento, gerar madeiras e varias outras atividades. É bastante usado em paisagismo e arborização urbana por suas flores amarelas bem chamativas, entretanto, não é recomendado plantar próximo a casas ou em calçadas, pois suas raízes podem causar problemas no calçamento e na rede de esgoto.[6]

Produção de mudas[editar | editar código-fonte]

As sementes devem ser dispostas para germinação logo após sua retirada, por conta do seu poder germinativo diminuir muito rápido. Semear em canteiros ou sacos separados composto de solo organo-argiloso. Ela começa emergir em torno de 8 a 12 dias e a porcentagem de germinação normalmente é elevado. O crescimento das mudas é discreto.[5]

As sementes não adormecem e a germinação é epígea. Submetidas a climas com temperaturas de 25 °C a 30°C,  leva cerca de 6 dias, quando já é possível visualizar o alongamento da raiz primária; aos 11-13 dias, a planta comumente começa apresentar o hipocótilo e as primeiras folhas simples, opostas, com margem cortada. A taxa de germinação é elevada, podendo atingir até 100%.[6]

Espécies afins[editar | editar código-fonte]

Outras espécies de ipê-amarelo ocorrem também na região, como Handroanthus chrysotrichus e Handroanthus umbellatus.[5]

Flor nacional do Brasil[editar | editar código-fonte]

Em 27 de setembro de 1961, foi apresentada a proposta do Projeto de Lei 3380/1961 que declara o pau-brasil (Caesalpinia echinata) e o ipê-amarelo (Tecoma araliacea), respectivamente, árvore e flor nacionais. No entanto, após vários pareceres a PL foi arquivada.[8] Em 7 de dezembro de 1978, somente o pau-brasil foi declarado árvore nacional por meio da Lei nº 6607.[9] Houve outras tentativas de estabelecer o ipê-amarelo como a flor nacional com os projetos de lei PL-2293/1974 e PL-882/1975, mas as duas PL foram arquivadas na Câmara dos Deputados.[10][11]

Referências

  1. «Handroanthus billbergii» (em inglês). The Plant List. 2010. Consultado em 2 de agosto de 2014 
  2. Missouri Botanicaal Garden (2014). Tropico, ed. «Handroanthus billbergii» (em inglês). Consultado em 2 de agosto de 2014 
  3. «Ipê-Amarelo, Árvore, Brasil, Usos Ipê-Amarelo». www.portalsaofrancisco.com.br. Consultado em 12 de julho de 2018 
  4. a b «Ipê amarelo da mata Handroanthus serratifolius». www.arvores.brasil.nom.br. Consultado em 12 de julho de 2018 
  5. a b c d e f g h MIELKE, M.S.; PEREIRA, C. E. (2009). Nossas Árvores. Ilhéus: Editus. pp. 204–205 
  6. a b c d Monteiro, Morgana Krishna  L. «ANÁLISE DE CRESCIMENTO DE PLANTAS  DE Handroanthus serratifolius (Vahl.) S.O. GROSE  (IPÊ-AMARELO)» (em inglês) 
  7. a b c Santos, Sidinei Rodrigues dos (17 de julho de 2017). «A atual classificação do antigo gênero Tabebuia (Bignoniaceae), sob o ponto de vista da anatomia da madeira». Balduinia. 0 (58): 10–24. ISSN 2358-1980. doi:10.5902/2358198028146 
  8. «PL 3380/1961». Câmara dos Deputados do Brasil 
  9. «www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6607.htm». www.planalto.gov.br. Consultado em 11 de julho de 2018 
  10. «PL 2293/1974». Câmara dos Deputados do Brasil 
  11. «PL 882/1975». Câmara dos Deputados do Brasil 
Ícone de esboço Este artigo sobre a ordem Lamiales, integrado no Projeto Plantas é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.