Pedro (estratopedarca)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Pedro Focas)
Pedro
Conhecido(a) por
Morte 977
Nacionalidade Império Bizantino
Ocupação General
Título
Religião Cristianismo
Histameno de Nicéforo II (r. 963–969) e Basílio II (r. 976–1025)
Histameno de João I Tzimisces (r. 969–976)

Pedro (em grego: Πέτρος; fl. c. 940 - m. 977) foi um general e eunuco bizantino do século X. Originalmente um escravo da poderosa família capadócia dos Focas, foi elevado ao alto ofício militar estratopedarca do Oriente sob o imperador Nicéforo II Focas (r. 963–969), liderando a captura de Antioquia e a subjugação de Alepo em 969. Sob João I Tzimisces (r. 969–976), lutou como comandante sênior contra os rus' em 970-971, e após a morte de Tzimisces, liderou as forças lealistas contra a revolta do general Bardas Esclero na Ásia Menor, morrendo em combate no outono de 977.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Segundo várias fontes bizantinas, Pedro foi originalmente um escravo ou membro do séquito pessoal de Nicéforo II Focas. A relação exata é incerta; embora é denominado um escravo, é mais provável que fosse simplesmente um servo.[1] Devido a uma má-tradução de uma passagem de Zonaras, ele tem sido por vezes erroneamente identificado como membro da família Focas e é conhecido em alguns trabalhos modernos como "Pedro Focas".[2] Embora um eunuco, Pedro provou-se um guerreiro forte, e suas habilidades como general são uniformemente louvadas em relatos contemporâneos. O historiador Leão, o Diácono escreve que ele "abundava em força física" e registra que certa vez derrotou em combate único o líder de um grande raide "cita" (rus' ou magiar) na Trácia.[3] Nada se sabe de sua infância e começo da carreira, mas pode ter mantido o posto de mestre da mesa, pois fontes árabes chamam-o al-Aṭrābāzī e aṭ-Ṭrabāzī.[1]

Na primavera de 967, após a demissão de João Tzimisces de seu alto comando das forças orientais do Império Bizantino, Nicéforo nomeou Pedro para o novo posto de estratopedarca, e deu a ele comando total do exército oriental. Este novo posto é provavelmente explicado pelo fato de que, sendo um eunuco, Pedro não poderia ocupar o tradicional ofício de doméstico das escolas, que designava os comandantes-em-chefe bizantinos.[4][5] Sua primeira missão era conter uma expedição de tropas provenientes do Grande Coração sob Maomé ibne Isa, que chegara em Antioquia. Foi derrotou-os próximo a Alexandreta e levou Maomé cativo, até os antioquianos pagarem o regate.[1]

Em 968, Nicéforo II veio ao Oriente para tomar as rédias de seu exército. Pedro participou na invasão do norte da Síria, à época sob controle hamadânida, e o subsequente cerco prolongado de Antioquia, que culminou na queda da cidade no outono de 969. Nessa operação, o estratego Miguel Burtzes teve a iniciativa, tomando uma das principais torres da cidade num coup de main. Naquele tempo, Pedro estava marchando com suas forças em direção a Alepo a pedido de Carcuia, que usurpara o poder lá, para aliviar o cerco das tropas lealistas hamadânidas sob Sade Adaulá. Ao tomar conhecimento dos feitos de Burtzes, Pedro voltou e alcançou Antioquia em três dias.[6] Após a captura da cidade, que ocorreu em 28 de outubro, os dois generais bizantinos recomeçaram seu avanço para Alepo, forçando a fuga de Sade Adaulá. Os bizantinos então atacaram Alepo, com a população retirando-se para a cidadela e abandonando a cidade baixa para as tropas imperiais. Após um cerco de 27 dias, Carcuia e seu tenente Baquejur capitularam. Alepo e os antigos domínios hamadânidas ao norte da Síria tornar-se-iam vassalos imperiais, reféns foram dados, um tributo anual seria pago ao imperador, e um imposto oficial bizantino foi estabelecido na cidade. Os bizantinos, por outro lado, reconheceram Carcuia como governante de Alepo, e Baquejur como seu sucessor.[1]

Bardas Esclero sendo coroado segundo o Escilitzes de Madrid
Histameno de Constantino VIII (r. 1025–1028)

Após o assassinato de Nicéforo por João Tzimisces em dezembro de 969, Pedro, apesar de sua estreita associação com o assassinato do imperador, continuou em serviço ativo durante o reinado de Tzimisces (r. 969–976), quando participou na guerra contra os rus' na Bulgária como líder dos tagmas da Macedônia e Trácia.[2][7] Ele é mencionado como guarda do muro ocidental de Dorostolo durante seu certo pelos bizantinos, enquanto Bardas Esclero guardou o oriental. É possivelmente durante esta campanha que ocorreu seu combate único contra o líder "cita" mencionado por Leão, o Diácono.[1]

Em 976, Tzimisces morreu, e o trono passou para os imperadores legítimos da dinastia macedônica, os jovens irmãos Basílio II (r. 976–1025) e Constantino VIII (r. 1025–1028), sob a tutela do paracemomeno Basílio Lecapeno. Contudo, o trono foi cobiçado por Bardas Esclero, que como comandante-em-chefe dos exércitos orientais e um parente de Tzimisces era seu efetivo segundo-em-comando. Em um movimento designado para reduzir o poder de Esclero, Lecapeno substituiu-o com Pedro e enviou-o ao posto de duque de Antioquia.[8] É neste ponto que Pedro provavelmente recebeu o posto de patrício; é mencionado por Leão, o Diácono e fontes árabes como um patrício já em 969, mas isso é mais provavelmente um uso genérico no senso de "comandante".[1]

Implacável, Esclero logo após revoltar-se foi proclamado imperador por seus apoiantes. Pedro foi então enviado, junto com o patrício Eustácio Maleíno, contra o reduto do rebelde, a região em torno de Melitene. Durante o cerco da fortaleza rebelde de Lapara, contudo, em algum momento no verão de 976, o exército de Esclero atacou repentinamente, desbaratando o exército lealista.[9][10] Retirando-se para Cotieu na Anatólia ocidental, os remanescentes do exército juntaram-se sob as novas forças de Pedro. Sob o comando do eunuco Leão, o exército lealista marchou novamente ao Oriente no outubro de 977. O exército imperial conseguiu marcar um sucesso contra os subordinados de Esclero, Miguel Burtzes e Romano Taronita, mas em uma batalha campal em Ragas, próximo de Icônio, eles foram decisivamente derrotados por Esclero. Entre muitos outros, Focas caiu no campo de batalha.[1][11]

Referências

  1. a b c d e f g Lilie 2013, Petros (#26496).
  2. a b Ringrose 2003, p. 137.
  3. Ringrose 2003, p. 137-138.
  4. Kazhdan 1991, p. 1967.
  5. Whittow 1996, p. 353.
  6. Bréhier 1946, p. 196–197.
  7. Holmes 2005, p. 332.
  8. Whittow 1996, p. 361.
  9. Whittow 1996, p. 361-362.
  10. Kazhdan 1991, p. 1178.
  11. Whittow 1996, p. 362-363.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Holmes, Catherine (2005). Basil II and the Governance of Empire (976–1025). Oxford: Oxford University Press. ISBN 978-0-19-927968-5 
  • Kazhdan, Alexander Petrovich (1991). The Oxford Dictionary of Byzantium. Nova Iorque e Oxford: Oxford University Press. ISBN 0-19-504652-8 
  • Ringrose, Kathryn M. (2003). The Perfect Servant: Eunuchs and the Social Construction of Gender in Byzantium. Berkeley: University of Chicago Press. ISBN 0226720160 
  • Whittow, Mark (1996). The Making of Byzantium, 600–1025. Berkeley e Los Angeles: University of California Press. ISBN 0-520-20496-4