Pedro Lopes de Sousa (governador)

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Pedro Lopes de Sousa (governador)
Pedro Lopes de Sousa (governador)
Pedro Lopes de Sousa, acompanhado pela nobreza de Cândia, recepciona a princesa Dona Catarina (1594)
Governador de Ceilão
Período maio de 1594 a outubro de 1594
Antecessor(a) Novo cargo
Sucessor(a) D. Jerónimo de Azevedo
Dados pessoais
Nascimento ?
Bordonhos, Portugal
Morte 09.10.1594
Danture, Ceilão português
Progenitores Mãe: D. Isabel de Sousa
Pai: Diogo Lopes de Sousa, senhor de Bordonhos
Ocupação Fidalgo, Militar, Estadista
Serviço militar
Conflitos Campanha de Danture

Pedro Lopes de Sousa (Bordonhos,? - Danture, Ceilão, 1594), foi um fidalgo, militar e estadista português, nomeado 1.º capitão-geral da conquista do Ceilão em maio de 1594 e falecido na batalha de Danture, em outubro do mesmo ano.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Era filho segundogênito de Diogo Lopes de Sousa, senhor de Bordonhos e dos padroados das respectivas Igrejas[1] e de sua mulher e prima, D. Isabel de Sousa.[2]

Fez a sua carreira no Estado da Índia, onde serviu como capitão de Malaca.

Em 1594, na sequência de desenvolvimentos políticos em Ceilão - que a coroa portuguesa considerou terem aberto uma oportunidade para estender o domínio português a todo o território da ilha, nomeadamente através da subjugação do Reino de Cândia, que até então tinha resistido com sucesso à expansão portuguesa - Pedro Lopes de Sousa foi nomeado para o novo cargo de "capitão-geral da conquista do Ceilão" (os representantes máximos da coroa portuguesa em Ceilão, com sede em Cota, tinham usado a designação de "capitão" entre 1518 e 1524 e a de "capitão-mór" após 1551).[3]

Chegou a Colombo, vindo de Goa, com tropas frescas para reforçar o potencial militar português, em maio de 1594. Poucos meses mais tarde, comandou um exército composto por portugueses e auxiliares locais, conhecidos pela designação de Lascarins, que invadiu o Reino de Cândia com o objetivo de lá colocar no trono a rainha legítima, Dona Catarina, uma criança entre os 10 e os 12 anos de idade, que estava sob proteção portuguesa e tinha trocado o seu nome de nascença de Kusumasani Devi ao ser baptizada.[3]

A primeira fase desta operação militar e política teve pleno sucesso: o rei de Cândia, Vimala Darma Suria, que pouco tempo antes havia usurpado o trono, fugiu para as montanhas em redor da capital[3] e Pedro Lopes de Sousa colocou no trono a princesa Catarina.

Este êxito inicial não iria porém durar muito tempo. Os portugueses dificultaram o acesso da população de Cândia à rainha e isso fez com que começassem a circular rumores de que era sua intenção fazê-la casar com um fidalgo português (talvez o próprio governador), que criaram um clima de insatisfação geral entre o povo e a elite dirigente de Cândia; além disso, Pedro Lopes de Sousa fez executar o principal comandante dos Lascarins, chamado Jayawira Bandara, sob suspeita de estar em conluio com Vimala Darma Suria, o que levou à imediata deserção em massa das tropas locais, auxiliares do exército português.[3][4]

Perante a nova realidade de correlação de força militar, que passara a ser altamente desfavorável para os portugueses, Lopes de Sousa decidiu que a única opção viável seria retirar o mais rapidamente possível da capital de Cândia. Mas Vimala Darma Suria veio-lhe no encalço,[5] cortou-lhe a retirada em Danture, perto da capital, e aniquilou o exército português, incluindo o seu comandante, em 9 de outubro de 1594.[5]

A batalha de Danture foi um importante ponto de viragem na História de Reino de Cândia, que assegurou então a sua independência e conseguiria mantê-la por mais de dois séculos, apesar de novas tentativas de anexação por parte de portugueses, holandeses e ingleses, até o ano de 1815.[3]

A coroa portuguesa reagiu à derrota em Danture com a nomeação de um novo capitão-geral (D. Jerónimo de Azevedo) que chegou a Colombo, com reforços militares, em dezembro de 1594.

Armas dos Lopes de Sousa, senhores e morgados de Bordonhos

Descendência[editar | editar código-fonte]

Casou duas vezes, a 1.ª vez com D. Bárbara de Melo, filha de Gaspar de Melo São Payo (ou Sampaio), desembargador da casa da Suplicação e sobrinha-neta de Fernão Vaz de Sampaio, senhor da casa de Vila Flor,[6] tiveram um filho:[2]

  • Diogo Lopes de Sousa, ferido na batalha de Danture, veio mais tarde a falecer desses ferimentos. Sem geração.[2]

Casou pela 2.ª vez com D. Brites de Ataíde, filha de D. Diogo de Ataíde, capitão de Baçaim (que era neto paterno de D. Álvaro de Ataíde, senhor da Castanheira, Povos e Cheleiros e bisneto do 1.º conde de Atouguia) e de sua mulher Maria Antunes, com a seguinte descendência:[2]

  • D. Isabel de Sousa, que casou com Jorge de Albuquerque, filho do governador da índia Fernão de Albuquerque, com geração.

Referências

  1. «Paróquia de Bordonhos, S. Pedro do Sul (abadia da apresentação dos Lopes de Sousa, Morgados de Bordonhos)». Arquivo Distrital de Viseu. 3 de maio de 2018. Consultado em 23 de setembro de 2019 
  2. a b c d Gayo, Felgueiras (1938). Nobiliário das Famílias de Portugal, Tomo Vigésimo Quarto. Braga: Ed. Agostinho A. Meirelles e Domingos A. Afonso. pp. 79 – 119. Consultado em 22 de setembro de 2019 
  3. a b c d e Abeyasinghe, Tikiri (1966). Portuguese Rule in Ceylon, 1594 - 1612. Colombo, Sri Lanka: Lake House Investments Ltd. pp. 13 – 16. Consultado em 6 de setembro de 2023 
  4. Winius, George Davison (1 de outubro de 2013). «The Fatal History of Portuguese Ceylon: Transition to Dutch Rule». Harvard University Press (em inglês): 7-8. ISBN 978-0-674-86311-8. doi:10.4159/harvard.9780674863118/html. Consultado em 9 de janeiro de 2024 
  5. a b Perera, C. Gaston (2007). Kandy Fights the Portuguese (A Military History of Kandyan Resistance). Sri Lanka: Vijith Yapa Publications. pp. 175 – 200. ISBN 9551266773. Consultado em 6 de setembro de 2023 
  6. Costa, Paulo jorge Sousa (1 de janeiro de 2019). «SAMPAIO DA VILARIÇA: UM DOMÍNIO SENHORIAL NA IDADE MÉDIA». Revista Colégio Campos Monteiro – Espaço de Cultura e Memória. Consultado em 14 de agosto de 2022 
Precedido por
Novo cargo

Governador do Ceilão Português

15941594
Sucedido por
D. Jerónimo de Azevedo