Pedro de Noronha

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Pedro de Noronha
Arcebispo da Igreja Católica
Info/Prelado da Igreja Católica
Possível retrato de D. Pedro de Noronha nos Painéis de São Vicente de Fora. Esta mesma figura tem também sido identificada enquanto outros Arcebispos de Lisboa do século XV, como D. Jorge da Costa ou D. Jaime de Portugal.

Título

Arcebispo de Lisboa
Ordenação e nomeação
Ordenação episcopal 11 de janeiro de 1419
Nomeado arcebispo 10 de março de 1423
Brasão arquiepiscopal
Dados pessoais
Nascimento Astúrias
1382
Morte Lisboa
12 de agosto de 1452 (70 anos)
dados em catholic-hierarchy.org
Arcebispos
Categoria:Hierarquia católica
Projeto Catolicismo

D. Pedro de Noronha (Astúrias, 1382 - Lisboa, 12 de agosto de 1452), neto de D. Fernando I, último rei da 1ª Dinastia, foi arcebispo de Lisboa (1424-1452) e uma das figuras mais poderosas da Corte da primeira metade do século XV.

Há historiadores de arte que defendem que é uma das personagens presentes nos enigmáticas Painéis de São Vicente de Fora[1].

Biografia[editar | editar código-fonte]

D. Pedro de Noronha, o 1º deste nome, era filho de D. Afonso, conde de Noronha (Astúrias), condado que incluía o senhorio de Gijón, e de sua mulher a condessa D. Isabel, e neto (natural) paterno do rei D. Henrique II de Castela e materno do rei D. Fernando I de Portugal. D. Pedro foi o primogénito, tendo como irmãos mais novos D. Fernando de Noronha, 2.º conde de Vila Real, D. Sancho de Noronha, 1.º conde de Odemira , e ainda D. Constança de Noronha, duquesa de Bragança, pelo seu casamento sem geração com D. Afonso, primeiro duque deste título, e do qual foi segunda mulher.

Com a morte de seu pai, em França, em 1395, D. Pedro e seus irmãos, todos ainda menores, vieram para Portugal, ficando aos cuidados de seu tio-avô o rei D. João I, a instâncias de quem D. Pedro foi bispo de Évora (1419-1423), por nomeação do Papa Martinho V, a 11 de Janeiro de 1419.

Falecendo o arcebispo de Lisboa, D. Diogo Álvares, Martinho V elevou-o depois à cátedra da segunda arquidiocese do país, embora contra a vontade do Cabido da Sé, que preferia ver-se sentar no trono arquiepiscopal o chantre da Sé de Coimbra, D. Fernando.

Pela sua origem na mais alta nobreza, porventura seguindo a carreira não tanto por vocação, mas antes por imposição de D. João I, o prelado muitas vezes esqueceu as suas obrigações pastorais e teve primeiro um filho de uma D. Isabel, cuja identidade se desconhece, e depois manteve uma relação pública com Branca Dias Perestrelo (c. 1419 -), moça da rainha D. Leonor de Aragão, de quem teve os restantes filhos, que era filha do donatário da ilha do Porto Santo, Bartolomeu Perestrelo e de sua 1ª mulher Branca Dias, como refere Salazar y Castro, delegando os seus poderes em vigários-gerais que encarregava de administrar a diocese: Cristóvão Anes, o chantre da Sé Afonso Anes, e ainda o prior de Aveiras João de Elvas.

Por tudo isto, foi repreendido por Martinho V, tendo-se justificado diante do concílio provincial reunido em Braga pelo arcebispo D. Fernando da Guerra, em 22 de dezembro de 1426.

Em 1427, D. João I enviou-o como embaixador à corte de Aragão para negociar o casamento do infante D. Duarte com Leonor de Aragão, irmã de Afonso V de Aragão e quinta filha do rei Fernando de Trastâmara.

A afeição que devotou à rainha levou a que se tornasse um seu apoiante logo após a morte do rei D. Duarte, altura em que esta, designada como regente pelo seu marido, se via forçada pelos Três Estados a ceder o poder ao cunhado, o infante D. Pedro, duque de Coimbra.

O arcebispo mandou então fortificar o seu Paço, apropinquado ao Castelo de São Jorge, chegando mesmo a querer apoderar-se do Paço da Alcáçova que ali se situava, para fazer valer as pretensões da rainha-viúva à regência; mas como a Câmara de Lisboa reagisse, e mandasse derrubar os cubelos do seu paço, o arcebispo resignou e retirou-se para a vila de Alhandra.

Os agravos entre a Câmara e o arcebispo prosseguiram, redigindo aquela uma série de capítulos onde expunha as más ações cometidas por D. Pedro de Noronha. Considerando-se injuriado, retirou-se para Castela, tendo o regente D. Pedro sequestrado as suas rendas. Contudo, os seus apoiantes não deixaram de pressionar a Santa Sé, levando a que, pela intervenção de Urbano VI, o regente o deixasse regressar a Lisboa, em 1442.

É de salientar a sua presença na batalha de Alfarrobeira, ao lado de D. Afonso V de Portugal contra o infante D. Pedro[1].

Em 1445, ordenou que a Igreja de Santa Maria, em Ourém, passasse a colegiada.

Faleceu em Lisboa, estando sepultado na capela do Santíssimo Sacramento da Sé de Lisboa.

Descendência[editar | editar código-fonte]

Deixou assim filhos ilegítimos, mas legitimados por carta real (13 de Agosto de 1444), com todos os direitos como se legítimos fossem, o mais velho (D. João) de uma D. Isabel, e os três seguintes (D. Isabel, D. Pedro e D. Fernando) de Branca Dias (Perestrello), concluindo-se por outras vias que os restantes filhos (não legitimados) são também de Branca Dias:

  1. D. João de Noronha, alcaide-mor de Óbidos, (1420 -), que casou com D. Filipa de Ataíde e D. Mécia de Vasconcelos, com geração extinta.
  2. D. Isabel de Noronha, marquesa de Montemor-o-Novo (c. 1441 -), que casou com D. João, marquês de Montemor-o-Novo, sem geração.
  3. D. Pedro de Noronha (c. 1442 - entre Setembro de 1491 e 14 de Fevereiro de 1492), senhor do Cadaval, comendador-mor da Ordem de Santiago, mordomo-mor de D. João II, de quem foi embaixador de obediência a Inocêncio VIII em 1485 e foi quem impetrou a Bula da Cruzada. Casou em 1463 com D. Catarina de Távora, filha herdeira de Martim de Távora, reposteiro-mor e meirinho-mor (21 de Abril de 1445) de D. Afonso V, e de sua mulher D. Beatriz de Ataíde. Com geração conhecida, representada nos condes dos Arcos.
  4. D. Fernando de Noronha, (1443-1509), alcaide-mor de Salir, guarda-mor e governador da Casa da rainha D. Joana, a «Excelente Senhora», casou em 1475 com D. Constança de Albuquerque, irmã herdeira do grande Afonso de Albuquerque, com geração (foram pais do vice-rei D. Garcia de Noronha).
  5. D. Inês de Noronha (c. 1446 - 27 de Abril de 1495) casou em 1467, com contrato de casamento realizado em 23 de Março com D. João de Almeida, 2º conde de Abrantes e vedor da Fazenda, por carta de 8 de Maio de 1475. D. João sucedeu a seu pai no título, por força da carta que lhe foi concedida pelo rei D. Afonso V de Portugal, em 4 de Janeiro de 1480 e que D. João II de Portugal confirmou em 8 de Abril de 1484; morreu a 9 de Outubro de 1512. D. Inês e o marido encontram-se sepultados na igreja de Santa Maria do Castelo, na cidade de Abrantes. Com geração conhecida.
  6. D. Leão de Noronha, morreu solteiro nas guerras entre o Reino de Portugal e o Reino de Castela.
  7. D. Leonor de Noronha (c. 1451 – a. 1519), que casou com Lopo de Albuquerque, 1º conde de Penamacor, com geração conhecida.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  • Genealogias da ilha Terceira de António Ornelas Mendes e Jorge Forjaz. Vol. VI Pág. 467 Dislivro Histórica, 2007.
  • Sangue Real, Manuel Abranches de Soveral, Masmedia, 1ª Edição, Porto, 1998, pág. 22

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Precedido por
Álvaro Afonso
Brasão episcopal
Bispo de Évora

14191423
Sucedido por
Vasco
Precedido por
Diogo Álvares de Brito
Brasão arquiepiscopal
Arcebispo de Lisboa

14241452
Sucedido por
Luís Coutinho