Petróleos de Venezuela
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Entrada da sede da PDVSA em Maracaibo. | |
| Razão social | Petróleos de Venezuela S.A. |
|---|---|
| Estatal | |
| Atividade | Petrolífera |
| Fundação | 1 de janeiro de 1976 (49 anos) |
| Sede | Caracas, Distrito Capital |
| Área(s) servida(s) | |
| Proprietário(s) | Governo da Venezuela |
| Presidente | Asdrúbal José Chávez Jiménez |
| Empregados | 70 000 |
| Produtos | Petróleo e Gás natural |
| Subsidiárias | PDV Marina CVP Pequiven CIED PDVSA Gas PDV (Deltaven) Palmaven Electricidad de Caracas Nynas Citgo |
| Lucro | |
| Faturamento | |
| Website | www.pdvsa.com |
Petróleos de Venezuela S.A (PDVSA, pronúncia espanhola: [peðeˈβesa], em português: Petróleos da Venezuela) é uma empresa estatal venezuelana que se dedica a exploração, produção, refino, comercialização e transporte de petróleo da Venezuela. Fundada em 1 de janeiro de 1976, durante o mandato do presidente Carlos Andrés Pérez, como o resultado da nacionalização das concessões das petroleiras estrangeiras e a reorganização sob coordenação do Ministerio de Energía y Minas.[2] Era a terceira maior empresa da América Latina, depois da brasileira Petrobras e a mexicana Pemex;[3] catalogada em 2005 como a terceira empresa petrolífera em nível mundial e classificada pela revista internacional Fortune como a empresa de número 41 entre as 500 maiores do mundo.[4] Em maio de 2010, a PDVSA também adquiriu, por 131.000.000 de dólares, 49% da única refinaria República Dominicana, conhecido como Refidomsa.[5][6] Em 2011 concretizou a venda para Rosneft dos 50% que detinha desde os anos 1980 num complexo petroquímico em Gelsenkirchen, na Alemanha.[2][7][8] A Rosneft desembolsou 1.6 bilhão de dólares pela parte da PDVSA .[8]Em agosto de 2021 a PDVSA vendeu por 88,1 milhões de dolares os 49% que detinha na refinaria da República Dominicana.[6]
Atualmente a PDVSA é a petrolífera com maiores reservas de petróleo do mundo, alcançando um total de 3,1 bilhões de barris e foi catalogada como a segunda petrolífera mais poderosa depois da ExxonMobil.
Politização
[editar | editar código]Ver também Em 2002, muitos empregados da PDVSA entraram em greve contra as políticas de Chávez, que em resposta demitiu mais de 19.000 trabalhadores da empresa. Em 2014, o Intevep, braço de pesquisa e desenvolvimento da PDVSA, havia perdido 80% de seus trabalhadores, prejudicando gravemente a capacidade da PDVSA de inovar e competir no mercado global de petróleo.[9] A PDVSA experimentou crescimento estagnado no período seguinte, definido por um boom nos preços do petróleo. Entre 2002 e 2012, os acidentes incapacitantes com empregados subiram de 1,8 por milhão de horas-homens para 6,2, extremamente alto comparado a 0,6 por milhão de horas-homens da Pemex em 2012, destacando a dificuldade da empresa em se otimizar.[9] Vários ex-funcionários da PDVSA se mudaram para Alberta, onde a consistência do petróleo era semelhante à do Orinoco. Como resultado, o número de venezuelanos em Alberta subiu de 465 em 2001 para 3.860 em 2011.[6] Outros trabalhadores da PDVSA migraram para a Colômbia, ingressaram na Ecopetrol e foram creditados por ajudar a empresa a alcançar grandes lucros ao longo da década de 2010.[9]
Em 2006, Rafael Ramírez, então ministro da energia, deu aos trabalhadores da PDVSA uma escolha: apoiar o presidente Hugo Chávez ou perder seus empregos. O ministro também declarou: "A PDVSA é vermelha, vermelha de cima a baixo" (referindo-se à cor identificada com o partido político de Chávez). Chávez defendeu Ramírez, dizendo que os funcionários públicos deveriam apoiar a "revolução". Acrescentou que "os trabalhadores da PDVSA estão com esta revolução, e os que não estiverem devem ir para outro lugar. Vão para Miami".[10] Em 2012, a PDVSA focou em contratar apenas apoiadores do presidente e a receita da PDVSA foi usada para financiar a "revolução" socialista da Venezuela.[11][12][13]
História
[editar | editar código]Década de 1970: Nacionalização
[editar | editar código]Sob a presidência de Carlos Andrés Pérez, cujo plano econômico, "La Gran Venezuela", previa a nacionalização da indústria do petróleo, a Venezuela nacionalizou oficialmente seu setor petrolífero em 1º de janeiro de 1976 no poço Zumaque 1 (Mene Grande). Nasceu assim a Petróleos de Venezuela S.A. (PDVSA). Todas as empresas estrangeiras de petróleo que atuavam no país foram substituídas por companhias venezuelanas, como a Lagoven (Standard Oil), a Maraven (Shell) e a Llanoven (Mobil).[8] Cada uma das antigas concessionárias foi simplesmente substituída por uma nova empresa petrolífera "nacional", que manteve as estruturas e funções de sua antecessora multinacional.[14] Com a nacionalização de 1976, cada antigo operador multinacional foi convertido em uma afiliada da PDVSA; essas afiliadas foram agrupadas em uma estrutura administrativa subordinada tanto à PDVSA quanto ao Ministério de Energia da Venezuela.[8] Com essa absorção, a PDVSA tornou-se empregadora de engenheiros com amplo treinamento técnico das antigas corporações multinacionais[15] e rapidamente aproveitou essa nova expertise. Em 25 anos de nacionalização, a PDVSA se tornou a maior empresa da América Latina e a décima mais lucrativa do mundo.[15] Nesse período de 25 anos, as reservas de petróleo subiram de 18 bilhões para mais de 80 bilhões de barris, com aumento semelhante na capacidade de produção.[15]
Décadas de 1980–1990: Apertura
[editar | editar código]Na década de 1990, a Venezuela abriu a empresa para cooperação internacional.[16] A abertura da indústria petrolífera venezuelana, ou Apertura, foi iniciada com uma decisão do Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela que revogou leis antigas que proibiam a cooperação com multinacionais em solo venezuelano. De 1993 a 1998, a PDVSA dividiu direitos de extração com várias multinacionais em acordos especiais chamados "associações estratégicas", trocando petróleo bruto venezuelano pela eficiência que vinha da expertise e da tecnologia externas. Essas "associações estratégicas" foram controversas: a Venezuela conseguiu maximizar lucros ao custo de tributação branda sobre as multinacionais e perda de controle sobre recursos internos. Com a eleição de Hugo Chávez em 1998, a atenção venezuelana passou a se concentrar no cumprimento das regras da OPEP. Quando os preços do petróleo desabaram no fim da década de 1990, manter os acordos especiais e ao mesmo tempo cumprir as normas da OPEP tornou-se inviável, levando ao fim da Apertura.[8]
Antes da eleição de Hugo Chávez, a PDVSA operava de forma autônoma, tomando decisões para maximizar lucros. Após assumir o poder, Chávez passou a direcionar a PDVSA, transformando-a em um braço direto do governo, cujos lucros seriam injetados em gastos sociais. O resultado foi a criação das Missões bolivarianas, programas sociais financiados pelo petróleo que combatiam a pobreza, o analfabetismo, a fome e outros problemas. Com a Apertura, muitos gestores da PDVSA se tornaram ativos na política venezuelana e representaram o país em cúpulas econômicas. Chávez manteve essa tendência, mas priorizou o bem-estar social. Durante sua campanha, afirmou repetidamente que a PDVSA era excessivamente autônoma e poderosa, e que seus gestores agiam de forma subversiva. Chávez transformou a PDVSA pós-Apertura em um ponto de mobilização política para sua base majoritariamente de classe baixa, associando as políticas de liberalização à elite dirigente, galvanizando seus apoiadores contra os antigos arranjos especiais da empresa.[17] Em 1998, a PDVSA produzia 3,4 milhões de barris de petróleo por dia e tinha 40.000 empregados. Por lei, depositava suas receitas em contas do fundo soberano no Banco Central da Venezuela.[18]
2000–2010: Gastos sociais
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Em dezembro de 2002, a Greve geral na Venezuela de 2002–2003 contou com a participação de muitos gerentes e empregados da PDVSA, incluindo a federação sindical CTV, que se uniram para pressionar o presidente venezuelano Hugo Chávez a convocar eleições antecipadas, paralisando praticamente toda a produção de petróleo por dois meses. Cerca de 19.000 empregados, a maioria profissionais experientes, foram sumariamente demitidos, e a produção foi retomada com trabalhadores leais ao governo. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) pediu ao governo venezuelano que lançasse "uma investigação independente sobre as alegações de detenção e tortura" relacionadas a essa greve.[19] Desde então, a empresa formou sua própria milícia, da qual todos os empregados podem participar de forma voluntária, para se proteger de um possível "golpe" contra o governo. A companhia se considera praticamente indistinguível do Estado, com seus programas sociais conduzindo, em grande medida, a "revolução socialista" do país.[20]
Em 2005, a PDVSA abriu seu primeiro escritório na China, e anunciou planos para quase triplicar sua frota de petroleiros, para 58 unidades.[21] Em abril e maio de 2005, a PDVSA, por meio de um acordo assinado entre os governos da Venezuela e da Argentina, enviou 50 milhões de toneladas de óleo combustível para este último país a fim de aliviar os efeitos de uma crise energética causada pela escassez de gás natural.
Em novembro de 2005, a PDVSA e sua subsidiária nos Estados Unidos, a Citgo, anunciaram um acordo com o Massachusetts para fornecer óleo de aquecimento a famílias de baixa renda em Boston com desconto de 40% abaixo do preço de mercado.[22] Acordos semelhantes foram posteriormente firmados com outros estados e cidades do nordeste dos EUA, incluindo o Bronx em Nova Iorque, Maine, Rhode Island, Pensilvânia, Vermont e Delaware. Pelo programa, a Citgo ofereceu um total de cerca de 50 milhão galãos (190.000 m3) de óleo de aquecimento a preços abaixo do mercado, equivalente a um desconto de entre 60 e 80 centavos de dólar por galão.
Em 28 de julho de 2006, a agência de classificação de crédito Moody's Investor Service informou que estava retirando suas classificações independentes da PDVSA porque a petroleira não forneceu informações operacionais e financeiras adequadas. Em 2019, a PDVSA ainda não havia apresentado seus resultados financeiros de 2004 à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos que eram devidos em junho de 2005.[carece de fontes]
Durante os anos 2000, a PDVSA realizou projetos-modelo em favelas e de remoção de lixo.[23]
Em 2008, a PDVSA era a maior empresa da América Latina, mas em 2009 foi ultrapassada pela Petrobras e pela Pemex, segundo um ranking das 500 maiores empresas da região publicado pela Latin Business Chronicle.[24]
Expropriações de 2007
[editar | editar código]Em 2007, a PDVSA comprou 82% da empresa Electricidad de Caracas da AES Corporation como parte de um programa de renacionalização. Posteriormente, a participação acionária subiu para 93,62% em dezembro de 2008.[25] Os ativos da ExxonMobil e da ConocoPhillips foram expropriados em 2007 depois que estas se recusaram a reestruturar suas participações na Venezuela para conceder à PDVSA o controle majoritário; Total, Chevron, Statoil e BP aceitaram e mantiveram participações minoritárias em seus projetos venezuelanos.[26] Chegar a um acordo com a ExxonMobil mostrou-se difícil; a Venezuela ofereceu o valor contábil dos ativos, enquanto a ExxonMobil pediu até US$ 12 bilhões. Em janeiro de 2012, esta e as reivindicações da ConocoPhillips ainda estavam perante o Banco Mundial no Centro Internacional para Resolução de Disputas sobre Investimentos.[27]
Em fevereiro de 2012, a PDVSA pagou US$ 255 milhões à ExxonMobil como compensação pela nacionalização dos ativos da empresa na Venezuela em 2007 e US$ 420 milhões a serem pagos a partir de 2012 às empresas norte-americanas Williams Cos Inc. e Exterran Holdings, Inc por ativos de gás natural nacionalizados em 2009.[28]
No mesmo período, executivos da indústria petrolífera e políticos desviaram pelo menos US$ 11 bilhões. Mais de 24 venezuelanos ligados a quatro esquemas de corrupção acumularam pelo menos US$ 273 milhões em 25 contas do Credit Suisse abertas entre 2004 e 2015.[29]
2010–2020: crise na Venezuela, corrupção
[editar | editar código]Em 2010, a PDVSA emprestou ao governo de Antígua 68 milhões de dólares para recomprar todas as ações restantes da West Indies Oil Company (WIOC) da National Petroleum Ltd., de Bruce Rappaport.[30]
Em 2012, a PDVSA anunciou que faria um acordo de joint venture com a Eni SpA e a Repsol para iniciar um projeto de produção de gás no bloco Cardón VI, na Venezuela. A produção dessa parceria foi estimada entre 80 e 100 milhões de metros cúbicos de gás.[31] Em fevereiro de 2014, a PDVSA e a petroleira franco-britânica Perenco iniciaram negociações para um acordo de financiamento de 600 milhões de dólares para aumentar a produção em sua joint venture Petrowarao.[32] Em outubro de 2014, a Venezuela importou pela primeira vez petróleo da Argélia para diluir seu petróleo pesado.[33]
As políticas implementadas por Chávez levaram a uma crise no país, com forte deterioração da economia.[34] Devido à hiperinflação e à escassez de alimentos, os salários se tornaram praticamente sem valor, levando a demissões em massa.[35] Em 2017, a PDVSA não conseguia sequer exportar petróleo em águas internacionais, pois a lei marítima exige inspeções e limpeza de segurança, o que deixou uma frota de petroleiros encalhada no Mar do Caribe.[36] Além disso, Nicolás Maduro demitiu o chefe da PDVSA e o substituiu pelo major-general Manuel Quevedo, agradando aos militares ao lhes entregar o controle da estatal.[35] Esses desdobramentos resultaram em uma estrutura corporativa fragmentada e falta de trabalhadores para manter várias plataformas em operação contínua.[35] No final de 2013, a Venezuela produzia 1,2 milhão de barris de petróleo por dia no Orinoco, abaixo da meta de 1,5 milhão.[6] O desempenho insatisfatório da PDVSA foi fortemente associado à crise de hiperinflação do país.[15] Para tentar corrigir essas falhas, Maduro nomeou mais militares em cargos-chave da PDVSA, buscando reduzir corrupção e ineficiência.[37]
Entre 1999 e 2017, a PDVSA arrecadou cerca de 635 bilhões de dólares em receita e produziu outros 406 bilhões em petróleo. A produção caiu pela metade em relação ao nível de 1998. O controle sobre os fundos deixou de ser exigido, e Jorge Giordani, ministro do planejamento até 2014, estimou que 300 bilhões foram simplesmente desviados.[18] Apesar de possuir uma das maiores reservas de petróleo comprovadas do mundo, em junho de 2018 a PDVSA passou a importar e refinar petróleo estrangeiro pela primeira vez na história para atender à demanda de exportação. A produção também caiu para níveis não vistos desde a década de 1950, devido a dificuldades econômicas e de gestão.[38]
Durante o governo de José Luis Rodríguez Zapatero, Raúl Morodo atuou como embaixador da Espanha na Venezuela. Em um processo judicial que ganhou destaque na imprensa, Morodo e seu filho, Alejo Morodo, admitiram ter recebido pagamentos da PDVSA por "operações simuladas". Esses pagamentos corresponderam a supostos serviços de consultoria fictícios, totalizando pelo menos 4,5 milhões de euros.[39] Os Morodo utilizaram uma rede de empresas — Aequitas Abogados y Consultores Asociados, S.L., Furnival Barristers Corp, S.A., e Morodo Abogados y Asociados, S.L. — para viabilizar essas transações, que foram usadas para fraudar o fisco espanhol criando a aparência de operações legítimas.[39] Essas empresas não tinham presença física significativa, infraestrutura ou atividades reais, servindo apenas para emitir notas fiscais e transferir fundos para a conta pessoal de Raúl Morodo no Banco Sabadell. Em 2014, Raúl Morodo reconheceu pelo menos um delito fiscal, recebendo condenação de dez meses de prisão e multa de 1,4 milhão de euros, a ser paga junto com o filho.[39] Alejo Morodo foi condenado separadamente a 24 meses de prisão e responsabilizado pela maior parte das multas, devido ao seu papel na gestão das empresas de fachada. O caso, que inicialmente envolvia lavagem de dinheiro e corrupção política ligada a altos funcionários venezuelanos como Delcy Rodríguez, foi depois reduzido pela Audiência Nacional a crime de evasão fiscal.[39] Houve acordo entre os Morodo e a Fiscalía Anticorrupción, com devolução dos valores e confissão dos crimes em troca de penas menores. O Sindicato Manos Limpias também participou do processo, defendendo penas mais duras, incluindo oito anos e meio para Alejo Morodo e três anos e meio para Raúl Morodo. O acordo foi divulgado pelo jornal EL MUNDO, destacando as medidas adotadas para lidar com as violações fiscais e éticas da família Morodo.[39]
Desde 2015, uma investigação do Departamento de Justiça dos Estados Unidos sobre corrupção na PDVSA resultou em 12 declarações de culpa relacionadas a um esquema de suborno entre a empresa e seus contratados. O esquema envolvia membros da PDVSA que garantiam tratamento favorável a fornecedores em troca de propina.[40] Em 2015, Roberto Enrique Rincón foi preso e em 2016 declarou-se culpado por suborno e evasão fiscal em um esquema para garantir contratos de energia.[41] Em 2016, ele foi descrito como dono de "36 empresas de maletín com estruturas de propriedade complexas e ocultas".[42] Essas ações violaram a Foreign Corrupt Practices Act dos EUA e foram classificadas como conspiração para cometer lavagem de dinheiro.[40] O vazamento de dados Suisse secrets em 2022 revelou que sete pessoas ligadas à PDVSA tinham contas no Credit Suisse que chegaram a guardar pelo menos 20,1 milhões de francos suíços.
Em maio de 2017, o Goldman Sachs comprou 2,8 bilhões de dólares em títulos PDVSA 2022 do Banco Central da Venezuela.[43]
Em agosto de 2017, o governo do presidente Donald Trump impôs sanções econômicas contra a PDVSA, restringindo o acesso da indústria a mercados de crédito.[44]
Com a perspectiva de Maduro deixar o poder no início de 2019, a confiança no país apresentou melhora, com benefícios financeiros tangíveis, como a valorização de títulos da PDVSA, que subiram 5% em janeiro de 2019.[45]
2010–2020: crise na Venezuela, corrupção
[editar | editar código]Em 2010, a PDVSA emprestou ao governo de Antígua 68 milhões de dólares para recomprar todas as ações restantes da West Indies Oil Company (WIOC) da National Petroleum Ltd., de Bruce Rappaport.[46]
Em 2012, a PDVSA anunciou que faria um acordo de joint venture com a Eni SpA e a Repsol para iniciar um projeto de produção de gás no bloco Cardón VI, na Venezuela. A produção dessa parceria foi estimada entre 80 e 100 milhões de metros cúbicos de gás.[47] Em fevereiro de 2014, a PDVSA e a petroleira franco-britânica Perenco iniciaram negociações para um acordo de financiamento de 600 milhões de dólares para aumentar a produção em sua joint venture Petrowarao.[48] Em outubro de 2014, a Venezuela importou pela primeira vez petróleo da Argélia para diluir seu petróleo pesado.[49]
As políticas implementadas por Chávez levaram a uma crise no país, com forte deterioração da economia.[34] Devido à hiperinflação e à escassez de alimentos, os salários se tornaram praticamente sem valor, levando a demissões em massa.[35] Em 2017, a PDVSA não conseguia sequer exportar petróleo em águas internacionais, pois a lei marítima exige inspeções e limpeza de segurança, o que deixou uma frota de petroleiros encalhada no Mar do Caribe.[50] Além disso, Nicolás Maduro demitiu o chefe da PDVSA e o substituiu pelo major-general Manuel Quevedo, agradando aos militares ao lhes entregar o controle da estatal.[35] Esses desdobramentos resultaram em uma estrutura corporativa fragmentada e falta de trabalhadores para manter várias plataformas em operação contínua.[35] No final de 2013, a Venezuela produzia 1,2 milhão de barris de petróleo por dia no Orinoco, abaixo da meta de 1,5 milhão.[6] O desempenho insatisfatório da PDVSA foi fortemente associado à crise de hiperinflação do país.[15] Para tentar corrigir essas falhas, Maduro nomeou mais militares em cargos-chave da PDVSA, buscando reduzir corrupção e ineficiência.[51]
Entre 1999 e 2017, a PDVSA arrecadou cerca de 635 bilhões de dólares em receita e produziu outros 406 bilhões em petróleo. A produção caiu pela metade em relação ao nível de 1998. O controle sobre os fundos deixou de ser exigido, e Jorge Giordani, ministro do planejamento até 2014, estimou que 300 bilhões foram simplesmente desviados.[18] Apesar de possuir uma das maiores reservas de petróleo comprovadas do mundo, em junho de 2018 a PDVSA passou a importar e refinar petróleo estrangeiro pela primeira vez na história para atender à demanda de exportação. A produção também caiu para níveis não vistos desde a década de 1950, devido a dificuldades econômicas e de gestão.[52]
Durante o governo de José Luis Rodríguez Zapatero, Raúl Morodo atuou como embaixador da Espanha na Venezuela. Em um processo judicial que ganhou destaque na imprensa, Morodo e seu filho, Alejo Morodo, admitiram ter recebido pagamentos da PDVSA por "operações simuladas". Esses pagamentos corresponderam a supostos serviços de consultoria fictícios, totalizando pelo menos 4,5 milhões de euros.[39] Os Morodo utilizaram uma rede de empresas — Aequitas Abogados y Consultores Asociados, S.L., Furnival Barristers Corp, S.A., e Morodo Abogados y Asociados, S.L. — para viabilizar essas transações, que foram usadas para fraudar o fisco espanhol criando a aparência de operações legítimas.[39] Essas empresas não tinham presença física significativa, infraestrutura ou atividades reais, servindo apenas para emitir notas fiscais e transferir fundos para a conta pessoal de Raúl Morodo no Banco Sabadell. Em 2014, Raúl Morodo reconheceu pelo menos um delito fiscal, recebendo condenação de dez meses de prisão e multa de 1,4 milhão de euros, a ser paga junto com o filho.[39] Alejo Morodo foi condenado separadamente a 24 meses de prisão e responsabilizado pela maior parte das multas, devido ao seu papel na gestão das empresas de fachada. O caso, que inicialmente envolvia lavagem de dinheiro e corrupção política ligada a altos funcionários venezuelanos como Delcy Rodríguez, foi depois reduzido pela Audiência Nacional a crime de evasão fiscal.[39] Houve acordo entre os Morodo e a Fiscalía Anticorrupción, com devolução dos valores e confissão dos crimes em troca de penas menores. O Sindicato Manos Limpias também participou do processo, defendendo penas mais duras, incluindo oito anos e meio para Alejo Morodo e três anos e meio para Raúl Morodo. O acordo foi divulgado pelo jornal EL MUNDO, destacando as medidas adotadas para lidar com as violações fiscais e éticas da família Morodo.[39]
Desde 2015, uma investigação do Departamento de Justiça dos Estados Unidos sobre corrupção na PDVSA resultou em 12 declarações de culpa relacionadas a um esquema de suborno entre a empresa e seus contratados. O esquema envolvia membros da PDVSA que garantiam tratamento favorável a fornecedores em troca de propina.[40] Em 2015, Roberto Enrique Rincón foi preso e em 2016 declarou-se culpado por suborno e evasão fiscal em um esquema para garantir contratos de energia.[53] Em 2016, ele foi descrito como dono de "36 empresas de maletín com estruturas de propriedade complexas e ocultas".[54] Essas ações violaram a Foreign Corrupt Practices Act dos EUA e foram classificadas como conspiração para cometer lavagem de dinheiro.[40] O vazamento de dados Suisse secrets em 2022 revelou que sete pessoas ligadas à PDVSA tinham contas no Credit Suisse que chegaram a guardar pelo menos 20,1 milhões de francos suíços.
Em maio de 2017, o Goldman Sachs comprou 2,8 bilhões de dólares em títulos PDVSA 2022 do Banco Central da Venezuela.[43]
Em agosto de 2017, o governo do presidente Donald Trump impôs sanções econômicas contra a PDVSA, restringindo o acesso da indústria a mercados de crédito.[55]
Com a perspectiva de Maduro deixar o poder no início de 2019, a confiança no país apresentou melhora, com benefícios financeiros tangíveis, como a valorização de títulos da PDVSA, que subiram 5% em janeiro de 2019.[56]
Ver também
[editar | editar código]Referências
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- ↑ a b c d e f g h i j «El embajador de Zapatero en Venezuela confiesa que cobró de la petrolera PDVSA asesorías ficticias millonarias». ELMUNDO (em espanhol). 13 de outubro de 2024. Consultado em 14 de outubro de 2024
- ↑ a b c d «Venezuela pleads guilty in U.S. to role in PDVSA bribe scheme». Reuters (em inglês). 16 de julho de 2018. Consultado em 16 de julho de 2018
- ↑ press release (16 de junho de 2016). «Businessman Pleads Guilty to Foreign Bribery and Tax Charges in Connection with Venezuela Bribery Scheme». US Department of Justice (em inglês). Consultado em 7 de maio de 2023
- ↑ Francisco Toro (28 de junho de 2016). «The fallen kingpin: Roberto Rincon's story» (em inglês). Consultado em 7 de maio de 2023
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- ↑ «With executive order, Trump imposes new round of Venezuela sanctions». USA Today. 25 de agosto de 2017.
The new sanctions are an attempt to close a number of loopholes Venezuela has used to sell off assets and raise money. They restrict the ability of Venezuela and state-owned oil company PDVSA to issue new debt or stock in U.S. dollars, or engage in other financial dealings with U.S. citizens.
- ↑ «Venezuela's Guaido Says Opposition Seeks Financing, Debt Relief». Bloomberg.com. 22 de janeiro de 2019. Consultado em 23 de janeiro de 2019
- ↑ «Govt to Acquire WIOC | CARIBARENA ANTIGUA». Consultado em 1 de setembro de 2012. Arquivado do original em 19 de janeiro de 2013
- ↑ «Venezuela's PDVSA Delays Joint Gas Production With Eni, Repsol Until 1Q 2013». BrightWire. Arquivado do original em 19 de janeiro de 2013
- ↑ Venezuela's PDVSA, Perenco discuss $600 million financing for venture, International: Reuters, 24 de fevereiro de 2014
- ↑ «Pdvsa confirms "punctual" import of light crude oil». El Universal. 20 de outubro de 2014. Consultado em 22 de outubro de 2014
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The new sanctions are an attempt to close a number of loopholes Venezuela has used to sell off assets and raise money. They restrict the ability of Venezuela and state-owned oil company PDVSA to issue new debt or stock in U.S. dollars, or engage in other financial dealings with U.S. citizens.
- ↑ «Venezuela's Guaido Says Opposition Seeks Financing, Debt Relief». Bloomberg.com. 22 de janeiro de 2019. Consultado em 23 de janeiro de 2019
Ligações externas
[editar | editar código]- Página Oficial (em castelhano)
- la cuestión petrolera (em castelhano)