Pierre Bec

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Pierre Bec
Nascimento 11 de dezembro de 1921
18.º arrondissement de Paris
Morte 30 de junho de 2014 (92 anos)
Poitiers
Cidadania França
Ocupação linguista, germanist, escritor, romanista, professor universitário, filólogo, German teacher, medievalista, poeta, romancista
Prêmios
  • Oficial da Ordem das Palmas Acadêmicas
  • Cavaleiro da Ordem Nacional do Mérito
  • prix Paul Froment (1994)
  • Jean-Marie Grangé Price (1994)
Empregador(a) Universidade de Poitiers

Pierre Bec (Pèire Bèc em ocitano), nascido em Paris em 1921, morto em Poitiers em 2014 é um linguista, filólogo e poeta, especializado no estudo das línguas românicas e em particular do ocitano. Foi também um dos fundadores do Institut d'Estudis Occitans (IEO), do qual foi presidente desde o 1962.

Biografia[editar | editar código-fonte]

De origem gascão, Bec passou a infância na região francesa de Cominges, onde aprendeu o ocitano. Sem ter ainda completado os estudos secundários, começa a trabalhar como intérprete para os refugiados da guerra civil espanhola. Ao princípio da Segunda Guerra Mundial é deportado a Alemanha, de onde volta no 1945 para se licenciar em língua alemã e italiana. Doutorou-se em Paris no 1959.

Publicou a sua tese Les Interférences linguistiques entre gascon et languedocien dans les parlers du Comminges et du Couserans em 1968 e depois um livro de divulgação importante pela filologia e dialectologia ocitana: Manuel pratique d'occitan moderne em 1973.

É o primeiro linguista que fez um trabalho científico para padronizar o ocitano sobre bases racionais (occitan larg), ao começo dos anos 1970.

Depois duns anos de docência na capital francesa, transladou-se a Poitiers, onde ensinou na universidade até sua aposentação em 1989.

Atualmente é professor honorário da universidade de Poitiers e diretor adjunto do Centre d'Études Supérieures de Civilisation Médiévale, também de Poitiers. É considerado um dos principais especialistas na dialectologia ocitana e na literatura ocitana medieval. Foi ativo também na ação política ocitanista, na investigação filológica e na criação literária, escrevendo poemas, contos e novelas, em língua ocitana. Colaborou com publicações como Cahiers de Civilisation Médiévale , Revue de Linguistique Romane, Estudis Romànics, 'Òc, etc.[1]

Obra[editar | editar código-fonte]

Bec é considerado um dos mais reputados especialistas em língua e literatura ocitanas. Sua obra La langue occitane, aparecida na coleção francesa Que sais-je?, contribuiu amplamente a dar a conhecer em toda a França a realidade linguística do "Midi", o Sul do país. Seu manual Manuel pratique de Philologie Romane, é uma obra de referência nos estudos de Linguística românica e Filologia Românica.

Ocitano e catalão[editar | editar código-fonte]

Linguistas como Wilhelm Meyer-Lübke[2] ou Loís Alibèrt[3] já tinham demonstrado que a relação entre o ocitano e o catalão é muito mais forte do que a pertenência dessas línguas a grupos fundados mais sobre os "Estados-nações" que sobre a realidade linguística, como o galo-românico ou o ibero-românico.

Seguindo nos seus passos, Pierre Bec e outros linguistas ocitanos, como Domergue Sumien, propuseram classificações supra-dialectales do conjunto ocitano-românico[4].

Reto-cisalpino[editar | editar código-fonte]

Analogamente, no campo dos estudos do italiano do Norte, no mesmo manual [5], Bec afirma que tivera que existir algum tipo de unidade diacrônica entre as línguas reto-românicas (ou seja, romanche, friuliano e ladino) e o grupo do Italiano do Norte - (lombardo, nas variantes "ocidental" e "oriental", piemontês, vêneto, emiliano-romanholo e liguriano) moderno [6]. Nesse sentido, Bec pode ser considerado um precursor do linguista australiano Geoffrey Hull.

Ocitano padrão[editar | editar código-fonte]

Bec é conhecido também por seu trabalho sobre o ocitano padrão, denominado também ocitano amplo (occitan larg) ou ocitano de referência. Essa variedade padrão da língua desenvolveu-se dentro do marco da norma clássica do ocitano a partir dos anos 1970 e hoje o projeto é bastante adiantado. Esta norma baseia-se sobre a convergência de todos os dialetos do ocitano, reconhece a centralidade do dialeto da Languedoc, mas permite também adaptações regionais (pelos grandes dialetos) que assim ficam convergentes entre elas. As normas regionais se estão ainda elaborando e são mais ou menos adiantadas segundo as regiões.

Obra em Val d'Aran, Espanha[editar | editar código-fonte]

Em 1982, Bec fez parte com Jacme Taupiac i Miquèu Grosclaude da Comissió de Normalització Lingüística de l'Aranès, uma variedade ocitana falado no Val d'Aran, em Catalunha, que estabeleceu as normas para esta língua reconhecida como co-oficial em 1983 e que seguiam as indicações dadas por o IEO com respeito ao gascão, do qual aranês é um dialeto local.

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Fonte dos dados biográficos: Biographie Arquivado em 16 de abril de 2010, no Wayback Machine.
  2. Das Katalanische, Heidelberg, 1925
  3. 'Gramatica occitana segon los parlars lengadocians, Montpelhièr, 1976
  4. Pierre Bec, Manuel pratique de philologie romane, tome 1 : italien, espagnol, portugais, occitan, catalan et gascon, Picard, 1970 - réédit. 2000, ISBN 978-2708402874
  5. Ibid, tome 2 : français, roumain, sarde, dalmate - index des 2 tomes, Picard, 1971, - réédit. 2000, ISBN 978-2708402300
  6. Ibid. p. 316: Ao mesmo tempo inovador e arcaizante em relação ao galo-italiano, o reto-friulano deve ser de todos modos integrado dentro do conjunto galo-românico [...] cisalpino, do qual constitui [...] uma área marginal e conservadora. [...] desde o ponto de vista diacrônico, e uma certa unidade, sobretudo entre a Reto-românia e a Cisalpinia pode ser considerado segura. (À la fois novateur et archaïsant par rapport au gallo-italien, le réto-friulan doit être de toute façon intégré dans l'ensemble gallo-roman [...] cisalpin, dont il constitue [...] une aire 'marginale et conservatrice. [...] vue en diachronie, une certaine unité peut être assurée, surtout entre Raetoromania et Cisalpinia).

Bibliografia: Obras em francês e em ocitano (gascão)[editar | editar código-fonte]

Fonte: Bibliographie sélective

Linguística[editar | editar código-fonte]

  • La Langue occitane (PUF, Que sais-je ? n° 1059, 128 pages (1963, 5×10{{{1}}} édition 1986, 6×10{{{1}}} édition corrigée janvier 1995') ; ISBN 2-13-039639-9
  • Les Interférences linguistiques entre gascon et languedocien dans les parlers du Cominges et du Couserans (PUF, 1968) : Essai d'aréologie systématique.
  • Pierre Bec, Manuel pratique d'occitan moderne, Picard, 1973; 2e édition 1983, ISBN 978-2708400894
  • Pierre Bec, Manuel pratique de philologie romane, tome 1 : italien, espagnol, portugais, occitan, catalan et gascon, Picard, 1970 - réédit. 2000, ISBN 978-2708402874
  • Pierre Bec, Manuel pratique de philologie romane, tome 2 : français, roumain, sarde, dalmante - index des 2 tomes, Picard, 1971, - réédit. 2000, ISBN 978-2708402300

Literatura[editar | editar código-fonte]

Estudos e Antologias[editar | editar código-fonte]

  • Petite anthologie de la lyrique occitane du Moyen Âge (1954), fr.
  • Les saluts d'amour du troubadour Arnaud de Mareuil (Privat, 1961)
  • Anthologie de la prose occitane du Moyen Âge (XIIe-XVe siècle) (Aubanel, 1977, vol. 1 - Éd. Vent Terral, 1987 vol. 2), ISBN 978-2700600766
  • Burlesque et obscénité chez les troubadours: Le contre-texte au Moyen Âge, Stock, 1984, ISBN 978-2234017115
  • com Gérard Gonfroy e Gérard Le Vot, Anthologie des troubadours (10/18, 1979, 2e édit. 1985)
  • Vièles ou violes?: Variations philologiques et musicales autour des instruments à archet du Moyen Age : XIe-XVe siècle, Klincksieck, 1992, ISBN 978-2252028032
  • Écrits sur les troubadours et la lyrique médiévale (1961-1991), Éditions Paradigme, 1992, ISBN 978-2868780676
  • Chants d'amour des femmes troubadours (Stock, 1995)
  • "Le Siècle d'or de la poésie gasconne" (1550-1650), Les Belles Lettres, Paris, 1997
  • La joute poétique : De la tenson médiévale aux débats chantés, Les Belles Lettres, Paris, 2000, ISBN 978-2251490120
  • Chants d'amour des femmes troubadours, Les Belles Lettres, Paris, 2000, ISBN 978-2251490120
  • Entà créser au món (Reclams, 2004), pròsa, oc
  • Pierre Bec, Chants d'amour des femmes de Galice, Éditions Atlantica, Biarritz, 2010, ISBN 978-2-7588-0274-7

Poesia em ocitano[editar | editar código-fonte]

  • Au briu de l'estona (IEO, 1956).
  • La quista de l'Aute (IEO, 1971).
  • Sonets barròcs entà Iseut (IEO, 1979).
  • Cant reiau (IEO, 1985).

Prosa em ocitano[editar | editar código-fonte]

  • Contes de l'unic (Per Noste, 1977), oc.
  • Lo hiu tibat. Racontes d'Alemanha (Per Noste, 1978), oc. (qui raconte ses aventures de prisonnier de guerre en Autriche)
  • Sebastian (Federop, 1981)
  • Contes esquiçats (Per Noste, 1984)
  • Raconte d’ua mòrt tranquilla (Reclams, 1993), ISBN 978-2909160177