Sistema de fixação a pólvora

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Fulminantes para pistola de fixação

Um sistema de fixação a pólvora, conhecido também como sistema de fixação direta, é uma tecnologia acionada por uma explosão controlada de uma pequena carga de propelente químico referido como "fulminante", semelhante ao processo que dispara uma arma de fogo. O sistema de fixação a pólvora é utilizado na construção civil e na indústria manufatureira para fixar diversos tipos de materiais a estruturas de concreto ou aço.

O sistema faz uso de três componentes:

  • o fixador ou "pino";
  • a ferramenta ou "pistola";
  • e o fulminante ou "cartucho".

Quando o operador, aciona o gatilho da "pistola", o propelente do "cartucho" é deflagrado, o gás da combustão aciona o pistão que, por sua vez, impulsiona o "pino" a velocidades que podem ultrapassar 300 m/s.

Histórico[editar | editar código-fonte]

O sistema de fixação a pólvora foi desenvolvido para uso comercial durante a Segunda Guerra Mundial, quando sistemas de fixação de alta velocidade foram usados ​​para reparar temporariamente os danos aos navios. No caso de rupturas no casco, essas ferramentas fixavam placas de aço sobre as áreas danificadas.[1] Essas ferramentas foram desenvolvidas pela Mine Safety Appliances, para a Marinha dos Estados Unidos.[2] Ferramentas acionadas por pólvora foram investigadas e usadas antes deste desenvolvimento; elas foram usadas na caça de submarinos durante a Primeira Guerra Mundial e foram objeto de uma patente dos Estados Unidos, solicitada em 1919 e concedida em 1921 (Patente E.U.A. 1 365 869).[3]

Pistola finca pino[editar | editar código-fonte]

Um exemplar de "pistola finca pino".

A ferramenta utilizada nesse sistema, é conhecida no Brasil como "pistola finca pino".[4]

Existem dois tipos de "pistola finca pino":[4]

  • De ação direta, ou de alta velocidade
  • De ação indireta, ou de baixa velocidade (abaixo de 100 m/s)

Os cartuchos utilizados nessas pistolas são do tipo festim e são conhecidos no Brasil como "cartuchos finca pino"[5] (ou coloquialmente "espoleta").[6]

Os cartuchos finca pino mais comuns são apresentados nos calibres .22 (curto e longo) e .27 polegadas acondicionados em tiras plásticas chamadas "magazines". As cores das tiras plásticas, indicam a potência das cargas. Geralmente: VERDE: carga fraca, AMARELO: carga média e VERMELHO: carga forte.[7]

As potências dos cartuchos por código de cores são as seguintes:[8]

Nos cartuchos de latão:[nota 1]
Cor Velocidade
Cinza 300 ft/s (91 m/s)
Marrom 390 ft/s (119 m/s)
Verde 480 ft/s (146 m/s)
Amarelo 570 ft/s (174 m/s)
Vermelho 660 ft/s (201 m/s)
Púrpura 750 ft/s (229 m/s)
Nos cartuchos niquelados:[nota 2]
Cor Velocidade
Cinza 840 ft/s (256 m/s)
Marrom 930 ft/s (283 m/s)
Verde 1.020 ft/s (311 m/s)
Amarelo 1.110 ft/s (338 m/s)
Vermelho 1.200 ft/s (366 m/s)
Púrpura 1.290 ft/s (393 m/s)

As velocidades acima, são nominais, com variação de ±45 ft/s (13,7 m/s).[8]

Fixação no aço[editar | editar código-fonte]

O calor gerado quando o pino é projetado no aço faz com que este fique soldado ao material base. A alta capacidade de carga do pino aumenta ainda mais pelo efeito pressão do material base projetado à volta do pino. Um efeito adicional de colagem é proporcionado pelo rendilhado da haste da maioria dos pregos e cavilhas usados para aplicações em aço.

Fixação no concreto[editar | editar código-fonte]

A alta pressão e temperaturas até 900°C são geradas na ponta do pino quando este é projetado no concreto. Como resultado, a superfície de aço do fixador torna-se mais áspera provocando uma fusão parcial e um efeito colagem microscópica. Permite obter uma fixação sólida e durável no concreto. Há uma reação de fricção entre o concreto e o pino.

Principais produtores de ferramentas automáticas: Walsywa, Hilti, ITW, Powers, Ramset, Simpson e Remington.

Tipos de ferramentas para aplicação dos pinos, com o princípio "de baixa velocidade"

  • Ferramentas Automáticas
  • Ferramentas à pistão.

Regras de utilização segura[editar | editar código-fonte]

  • Inspeccione sempre a ferramenta antes de a usar.
  • O utilizador deve colocar protecção para ouvidos e capacete quando a ferramenta estiver a ser utilizada.
  • Segure a ferramenta perpendicular ao material base.
  • Certifique-se que o material base é adequado para o sistema de fixação.
  • A distância mínima ao bordo, quando fixa em betão é 80mm e no aço é 10mm.
  • Nunca deixa a ferramenta carregada (com fulminantes). Retire sempre a fita de fulminantes da ferramenta.
  • Nunca apontar a ferramenta contra si ou outra pessoa
  • Não faça fixações em ambientes explosivos ou inflamáveis

Principais aplicações em construção[editar | editar código-fonte]

  • Fixação de cofragens, tela de impermeabilização, isolamentos, barreiras de protecção, travamento de tijolo.
  • Fixação de raias, cantoneiras e perimetros de divisórias e tectos falsos.
  • Suspensão de tectos falsos, caminhos de cabos, tubos e condutas.
  • Fixação de chapas para coberturas e fachadas metálicas.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Notas

  1. Mais comuns no Brasil.
  2. Mais resistentes.

Referências

  1. «Engineering maintenance». Hospital Management. 90: 52. 1960 
  2. «Powder-actuated driver». The Signalman's Journal. 29–30. 1948 
  3. «Powder-actuated fasteners». Engineering Journal. 40–41: 99. 2003 
  4. a b Juliana Nakamura. «Manuseio de pistola finca-pinos é operação crítica em canteiros de obras». AECweb. Consultado em 5 de setembro de 2020 
  5. Fincapinos Calibre .22 Curto. Leo Madeiras. 22 de julho de 2011. Consultado em 5 de setembro de 2020 
  6. Carlos Negrini. Pistola finca pinos a pólvora. Big Andaimes e Máqunias. Consultado em 5 de setembro de 2020 
  7. «Qual a potência dos fincapinos?». Walsywa. 6 de abril de 2014. Consultado em 5 de setembro de 2020 
  8. a b «Powder-Actuated Tools Power Levels». Michigan State University. 25 de outubro de 2017. Consultado em 5 de setembro de 2020 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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