Plebiscito sobre cotas de refugiados na Hungria em 2016

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O plebiscito húngaro sobre cotas migratórias de 2016 (também denominado referendo das cotas ou cotareferendo), é o sétimo referendo nacional na Hungria a ser realizado após a queda do regime socialista. O plebiscito foi proposto pelo governo liderado por Viktor Orbán em decorrência da  crise migratória na Europa. Segundo os autores da proposta, o referendo visa impedir a introdução de cotas obrigatórias para o assentamento de refugiados acordada na Comissão Europeia. O referendo foi marcado pelo presidente da República, János Áder, para o dia 2 de outubro de 2016.[1]

A pergunta[editar | editar código-fonte]

Você quer que a União Europeia possa prescrever o reassentamento obrigatório de cidadãos não húngaros na Hungria, sem a aprovação do Parlamento húngaro?
(em húngaro: Akarja-e, hogy az Európai Unió az Országgyűlés hozzájárulása nélkül is előírhassa nem magyar állampolgárok Magyarországra történő kötelező betelepítését?)

Contexto do plebiscito[editar | editar código-fonte]

ver também Crise migratória na Europa, Guerra civil Síria, Barreira entre Hungria e Sérvia

Em decorrência da guerra civil na Síria e outros conflitos no Oriente Médio, de perseguições religiosas, catástrofes ambientais, fome e violações de direitos humanos, os países da União Europeia receberam um fluxo enorme de imigrantes e refugiados, só comparável em número a movimentos populacionais durante a Segunda Guerra Mundial. A maioria dos refugiados são oriundos da Síria, do Líbano, da África subsaariana e, em menor escala, da Ásia.[2] Diante do grande número de pedidos de asilo e refúgio, as autoridades fronteiriças e o sistema europeu de concessão de asilo entraram em crise e levaram a Comissão Europeia a discutir planos alternativos sobre a distribuição de 160.000 refugiados entre os países membros.[3] Segundo a medida provisória adotada em 22 de Setembro de 2015, a Hungria deveria receber 1294 refugiados.[4] A proposta aprovada na Comissão Europeia foi rejeitada pelo Grupo de Visegrado.

A iniciativa[editar | editar código-fonte]

No dia 24 de Fevereiro de 2016, o primeiro-ministro Viktor Orbán anunciou, em nome de seu governo a proposta de realização de um plebiscito sobre as cotas de reassentamento de refugiados acordadas na Comissão Europeia. A iniciativa do governo foi aprovada pelo Tribunal Nacional Eleitoral e também passou pelo escrutínio da Suprema Corte no dia 5 de Maio de 2016.[5] A data para a realização do plebiscito foi marcada pelo presidente da república János Áder para o dia 2 de Outubro de 2016.

A campanha[editar | editar código-fonte]

Pelo sim:

  • Partido Liberal Húngaro (em húngaro: Magyar Liberális Párt), com um assento no Parlamento.

Pelo não:

Cartazes da campanha pelo "não" dos partidos do governo. (2016 setembros, Zichyújfalu)
Cartazes da campanha pelo "não" dos partidos do governo.
  • Fidesz - União Cívica Húngara (em húngaro: Fidesz - Magyar Polgári Szövetség) e Partido Popular Democrata Cristão (em húngaro: Magyar Kereszténydemokrata Néppárt) lançaram a campanha "Você sabia?" com cartazes exibindo mensagens como: "Você sabia que desde o início da crise migratória mais de 300 pessoas morreram em ataques terroristas na Europa?" ou "Você sabia que os atentados de Paris foram cometidos por imigrantes?".
  • Jobbik - Movimento por uma Hungria Melhor (em húngaro: Jobbik Magyarországért Mozgalom), partido nacionalista radical e de oposição ao governo, considera as cotas de refugiados uma imposição ilegítima da União Europeia.[6]
  • Partido Operário Húngaro (em húngaro: Magyar Munkáspárt), de orientação marxista-leninista, é contra a União Europeia, contra as cotas e os refugiados.[7]

Outros:

  • Partido Socialista Húngaro, Coalizão Democrática (em húngaro: Demokratikus Koalíció), Juntos (em húngaro: Együtt - A korszakváltók Pártja) e Diálogo pela Hungria (em húngaro: Párbeszéd Magyarországért), todos de orientação de centro-esquerda, convocaram o boicote ao plebiscito.[8]
  • Partido Húngaro do Cão de Dois Rabos (em húngaro: MKKP, Magyar Kétfarkú Kutya Párt) lançou uma campanha de financiamento coletivo com cartazes parodiando a campanha do governo com mensagens como "Você sabia que há uma guerra na Síria?"; "Você sabia que na Hungria há mais cartezes azuis do que imigrantes?". A campanha do MKKP é pelo voto nulo.[9]

Pesquisas de opinião[editar | editar código-fonte]

Data Sim Não Indecisos Tamanho da Amostra Empresa
15-22 de Agosto de 2016 15% 67% 18% 1,000 Publicus
Agosto de 2016 15% 85% 16% N/A Tárki
29–31 de Julho de 2016 9% 91% 19% 1,000 Republikon
25–31 de Julho de 2016 10% 90% 14% 1,000 ZRI
1–6 de Julho de 2016 22% 78% 18% 1,000 Publicus
13–19 de Maio de 2016 23% 77% 0% 1,000 Nézőpont
11–15 de Maio de 2016 11% 89% 2% ~1,000 Századvég
24–26 de Fevereiro de 2016 11% 89% 6% 500 Századvég

Consequências possíveis[editar | editar código-fonte]

O resultado do plebiscito não terá consequências jurídicas ou qualquer impacto direto no processo de tomada de decisões das instituições da União Europeia, embora o resultado possa reforçar a posição contrária do atual governo húngaro às políticas de asilo e imigração, dando-lhe uma forte legitimidade popular.[10]

Notas[editar | editar código-fonte]

  1. «Közlemény a népszavazás időpontjának kitűzéséről (Comunicado sobre a fixação da data do referendo)». www.keh.hu (em húngaro). Presidência da República da Hungria. Consultado em 8 de setembro de 2016 
  2. «Entenda a crise migratória na Europa - Mundo - iG». Consultado em 8 de setembro de 2016 
  3. «Parlamento Europeu aprova plano para distribuição de refugiados». G1. 10 de setembro de 2015. Consultado em 8 de setembro de 2016 
  4. «Conselho (Justiça e Assuntos Internos), 22/09/2015 - Consilium». Conselho da União Europeia Reunião n.° 3411. Consultado em 8 de setembro de 2016 
  5. «Lehet népszavazni Orbánék kérdéséről» (em húngaro). NOL. 3 de maio de 2016. Consultado em 8 de setembro de 2016 
  6. «A Jobbik a betelepítési kvóta elleni szavazásra buzdít» (em húngaro). Magyar Idők. Consultado em 8 de setembro de 2016 
  7. «Nemet mondunk az EU agressziójára, igent a kvótanépszavazásra!». A Munkáspárt hivatalos honlapja (Página Oficial do Partido Operário Húngaro) (em húngaro). Consultado em 8 de setembro de 2016 
  8. «Hogyan szavazzak az októberi népszavazáson?» (em húngaro). 444.hu. 7 de setembro de 2016. Consultado em 8 de setembro de 2016 
  9. «Ezek a plakátok már biztosan lesznek.» (em húngaro). MKKP oficial. Consultado em 8 de setembro de 2016 
  10. «Semmilyen következménye nincs Orbán népszavazásának» (em húngaro). Népszabadság. 24 de fevereiro de 2016. Consultado em 8 de setembro de 2016 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]