Plintossolo

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Plintossolo é uma ordem de solo formada em condição limitante à percolação de água que causa efeito temporário de excesso de umidade, ou seja, os ciclos de umedecimento e secagem são fatores determinantes na pedogênese. Por consequência, este fenômeno causa a formação de nódulos ferruginosos denominados plintita, petroplintita e concreções.

O retardamento à livre drenagem é resultante da ocorrência de um lençol freático próximo à superfície do solo de maneira intermitente, fenômeno usual em áreas de baixas altitudes com relevo plano a suave ondulado, depressões, baixadas, terços inferiores de encostas; ou é resultante da existência de camadas concrecionárias ou de textura acentuadamente argilosa. [1][2][3]

Critérios[editar | editar código-fonte]

Para ser categorizado como Plintossolo é indispensável que o solo apresente ao menos um dos seguintes horizontes e seus respectivos critérios:

1. Existência de horizonte plíntico; ou
1.1. Presença de plintita em percentagem superior a 15% do volume.
1.2. Espessura maior do que 15 cm.
1.3. Coloração avermelhada, amarelo-brunada, acizentada ou esbranquiçada.
2. Existência de horizonte litoplíntico; ou
2.1. Constituído por petroplintita de maneira praticamente contínua.
2.2. Ocorrência de blocos de petroplintita com tamanho superior a 20 cm.
2.3. Espessura maior do que 10 cm.
3. Existência de horizonte concrecionário.
3.1. Constituição em mais de 50% do volume por material grosseiro, a exemplo de nódulos e concreções de ferro ou ferro+alumínio, e com predomínio de petroplintita.
3.2. Espessura maior do que 30 cm.

Além disso, é necessário que ao menos um dos horizontes acima descritos:

4. Inicie-se dentro de 40 cm a partir da superfície; ou
5. Inicia-se dentro de 200 cm se está abaixo de horizonte glei, ou horizonte A, ou horizonte E, ou outro horizonte de cores pálidas, variadas e com mosqueados.

Composição[editar | editar código-fonte]

A plintita é caracterizada por ser uma mistura de argila, pobre em C orgânico, e rica em Fe ou Fe+Al, com quartzo e outros materiais. A petroplintita é uma concreção resultante do endurecimento irreversível da plintita . Sua gênese está relacionada à segregação, mobilização, transporte e concentração de íons e compostos de Fe. O Fe ora existente tanto pode ser proveniente do material de origem, como translocado de outros horizontes ou proveniente de áreas adjacentes mais elevadas.[4][5] Embora esta classe de solos esteja associada a ambientes de formação de solos com alto grau de intemperismo, nos quais a mineralogia resultante é geralmente caulinítica ou oxídica, em alguns estudos, foram caracterizados Plintossolos com argila de atividade alta (CTC estimada da fração argila maior que 27 cmolc/kg de argila).[6][7][8][9][10][11][12]

Em posições no relevo sujeitas à oscilação do lençol freático, a ascensão e descenção da água promove a segregação e posterior concentração do ferro, formando nódulos ferruginosos de plintita.[13]

Aptidão Agrícola[editar | editar código-fonte]

A concentração dos materiais ferruginosos pode condicionar a aptidão agrícola do solo devido à formação de camadas semipermeáveis que dificultam a penetração de raízes, movimentação vertical de água no perfil e, em alguns casos, impedimentos à mecanização. [7]

Em algumas condições, a incorporação de plintossolos ao sistema produtivo agrícola tende a acelerar o endurecimento da plintita, transformando-a em petroplintita, devido à construção de redes de drenagem na área; desse modo, causa-se notáveis alterações nos atributos físicos do solos, especialmente aqueles referentes à dinâmica da água. Em áreas agrícolas do sudoeste goiano são encontradas camadas de petroplintita abaixo de 60 cm de profundidade devido à drenagem.[14]

Subordens[editar | editar código-fonte]

1. Plintossolo Pétrico
Solos com horizonte concrecionário ou horizonte litoplíntico, exceto quando precedido por horizonte plíntico.
2. Plintossolo Argilúvico
Solos com horizonte plíntico e horizonte B textural ou caráter argilúvico.
3. Plintossolo Háplico
Outros solos que não se enquadram nas classes anteriores

Galeria[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Santos, Humberto Gonçalves dos, et al. (2018)
    SISTEMA BRASILEIRO DE CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS.
    5. ed. rev. e ampl. Brasília, DF : Embrapa. Acessar
  2. Lepsch, Igo Fernado. (2010)
    FORMAÇÃO E CONSERVAÇÃO DOS SOLOS.
    2ª edição, p. 107-108. Oficina de Textos. Acessar
  3. United States Department of Agriculture (USDA).
    EXAMINATION AND DESCRIPTION OF SOIL PROFILES.
    Natural Resources Conservation Service Soils.
  4. Anjos, Lucia Helena Cunha dos; et al.(1995)
    FORMATION OF SOILS WITH PLINTHITE ON A TOPOSEQUENCE IN MARANHÃO STATE, BRAZIL.
    Geoderma, v. 64, n. 3-4, p. 257-279. Acessar
  5. Stolt, M.H; et al.(1993)
    SOIL-LANDSCAPE RELATIONSHIPS IN VIRGINIA: I. SOIL VARIABILITY AND PARENT MATERIAL UNIFORMITY.
    Soil Science Society of America Journal, v.57, n.2, p.414-421. Acessar
  6. Anjos, Lúcia Helena Cunha (2007)
    CARACTERIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE PLINTOSSOLOS NO MUNICÍPIO DE PINHEIRO-MA.
    Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 31, n. 5, p. 1035-1044. Acessar
  7. a b Miguel, Pablo; et al. (2013)
    CARACTERIZAÇÃO DE PLINTITAS E PETROPLINTITAS EM SOLOS DA DEPRESSÃO CENTRAL DO RIO GRANDE DO SUL.
    Ciência Rural, v. 43, n. 6, p. 999-1005. Acessar
  8. Oliveira, João Bertoldo (2001)
    PEDOLOGIA APLICADA.
    Fundação de Apoio a Pesquisa, Ensino e Extensão (FUNEP). Jaboticabal.
  9. Driessen, Paul M.; Dudal, Raoul. (1989)
    LECTURE NOTES ON THE GEOGRAPHY, FORMATION, PROPERTIES AND USE OF THE MAJOR SOILS OF THE WORLD.
    Agricultural University, Department of Soil Science & Geology, Universiteit Leuven. Acessar
  10. Daugherty, L. A.; Arnold, R. W. (1982)
    MINERALOGY AND IRON CHARACTERIZATION OF PLINTHITIC SOILS ON ALLUVIAL LANDFORMS IN VENEZUELA.
    Soil Science Society of America Journal, v. 46, n. 6, p. 1244-1252. Acessar
  11. Universidade Federal Rural Do Rio De Janeiro. (1986)
    LEVANTAMENTO SEMI-DETALHADO DE SOLOS E APTIDÃO AGRÍCOLA DAS TERRAS NO MUNICÍPIO DE PINHEIRO, MA – RELATÓRIO TÉCNICO.
    Rio de Janeiro, ITERMA/SECINTER.
  12. Lima, Hedinaldo Narciso; et al. (2006)
    MINERALOGIA E QUÍMICA DE TRÊS SOLOS DE UMA TOPOSSEQÜÊNCIA DA BACIA SEDIMENTAR DO ALTO SOLIMÕES, AMAZÔNIA OCIDENTAL.
    Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 30, n. 1, p. 59-68. Acessar
  13. Motta, Paulo E. Ferreira; et al (2002).
    RELAÇÕES SOLO-SUPERFÍCIE GEOMÓRFICA E EVOLUÇÃO DA PAISAGEM EM UMA ÁREA DO PLANALTO CENTRAL BRASILEIRO.
    Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 37, n. 6. Acessar
  14. Paulino, Helder Barbosa; et al (2015).
    CAMPOS DE MURUNDUS: GÊNESE, PAISAGEM, IMPORTÂNCIA AMBIENTAL E IMPACTO DA AGRICULTURA NOS ATRIBUTOS DOS SOLOS.
    Sociedade Brasileira de Ciência dos Solos. Tópicos em Ciências do Solo, vol. 9, p. 108. Acessar