Ponte Ferroviária de Quinta Nova

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Ponte de Quinta Nova
Mantida por Rede Ferroviária Nacional
Data de abertura 20 de Dezembro de 1870 (antiga)
1934 (nova)
Comprimento total 174 m
Altura 31 m
Geografia
Via Linha do Alentejo
Cruza Rio Sado
Localização Concelho de Ourique, em Portugal
Coordenadas 37° 44' 22.91" N 8° 18' 19.89" O

A Ponte Ferroviária de Quinta Nova é uma infraestrutura da Linha do Alentejo, que cruza o Rio Sado na freguesia de Panóias, no concelho de Ourique, em Portugal.

Descrição[editar | editar código-fonte]

A ponte localiza-se junto à estação de Funcheira, na Linha do Alentejo.[1]

A nova ponte foi construída em alvenaria, e possui 174 m de comprimento e 31 m de altura. Está assente sobre oito arcos, um de 30 m e sete de 12 m.[2]

Antiga Ponte Ferroviária de Quinta Nova. Os pilares em primeiro plano pertencem à nova ponte em alvenaria, que estava em construção, para substituir a antiga. Esta fotografia foi tirada em Abril de 1933.

História[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: História da Linha do Alentejo

Construção da ponte original[editar | editar código-fonte]

Esta ponte situa-se no lanço entre Amoreiras-Odemira e Casével, que foi aberto à exploração, como parte do Caminho de Ferro do Sul, em 3 de Junho de 1888.[3]

Substituição da ponte[editar | editar código-fonte]

Em 1912, a antiga operadora da rede ferroviária no Sul do país, a Administração dos Caminhos de Ferro do Estado, já tinha conhecimento que tanto a Ponte de Quinta Nova como a dos Mouratos, junto a Pereiras, não estavam a oferecer condições de segurança para a circulação, devido ao seu avançado estado de degradação.[1][4] Desta forma, deliberou que ambas as estruturas deviam ser substituídas, conclusão a que também chegou a Comissão de Verificação de Resistência de Pontes e Obras Metálicas.[1][4] Assim, ainda nesse ano começaram as obras de substituição da ponte, que no entanto foram interrompidas pela Primeira Guerra Mundial.[1] Em 1919, voltou-se a pôr a questão da segurança da ponte, tendo o serviço de Via e Obras substituído um grande número de peças, e instalado um dispositivo para impedir que a água salgada, derramada dos vagões contendo peixe, atingisse as peças metálicas, agravando desta forma a sua corrosão.[1] No ano seguinte, as locomotivas mais pesadas, das Séries 300 e 400, foram proibidas de atravessar a ponte, limitação que veio complicar a exploração naquela zona, uma vez que o difícil traçado exigia locomotivas potentes para rebocar os comboios.[1]

Porém, o projecto de substituição da ponte continuou suspenso devido a dificuldades de ordem financeira, e só após a entrega das linhas dos antigos Caminhos de Ferro do Estado à Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, pelo contrato de 11 de Março de 1927, é que voltaram a ser reunidas as condições para reiniciar as obras.[4] Foram elaborados os novos planos para a substituição desta e de outras pontes em situações semelhantes, que foi submetido à Direcção Geral de Caminhos de Ferro em 1929.[1] Ao mesmo tempo, começou a procurar financiamento para este projecto, junto da Comissão Administrativa do Fundo Especial de Caminhos de Ferro.[1] O parecer sobre esta ponte, apresentado pelo Conselho Superior de Obras Públicas em 31 de Outubro do mesmo ano, e homologado em 26 de Novembro, impôs várias condições de acordo com as orientações da Direcção Geral, de forma a que os projectos tiveram de ser alterados, pelo que só foram aprovados em Junho de 1930.[1] Embora o contrato de arrendamento das antigas linhas dos Caminhos de Ferro do Estado para a Companhia dos Caminhos de Ferro estipulasse que esta deveria fazer todas as obras complementares, a Direcção Geral abriu uma excepção no caso da substituição das pontes de Quinta Nova e Mouratos, devido aos elevados montantes em causa, tendo o orçamento para a nova Ponte de Quinta Nova sido calculado em 3.717.622$00.[1] Assim, ambas as obras deveriam ser feitas em empreitada, a atribuir através de concursos públicos.[1] Inicialmente, a Companhia discordou desta decisão, mas acabou por a aceitar após longas negociações.[1] Enquanto decorria este processo, as pontes antigas continuavam em precárias condições, sendo mantidas pela Direcção Geral de Caminhos de Ferro.[1] Desta forma, organizaram-se os processos para a substituição das pontes, incluindo os cadernos de encargos para a adjudicação em hasta pública, que teve lugar em 2 de Julho de 1931.[1] Este concurso teve sucesso, tendo-se conseguido reduzir em cerca de dois milhões de Escudos em relação ao valor total dos orçamentos para as duas pontes, o que veio contribuir para a generalização deste tipo de processos, nas obras aptas a se tornarem independentes da exploração, e permitiu melhorar as condições financeiras do Fundo Especial.[1]

A adjudicação da construção da nova ponte foi de 2.325.000$00, tendo as obras começado em Março de 1932, pela Direcção Geral de Caminhos de Ferro.[2][1][5] A conclusão estava prevista para Setembro de 1933, mas foi atrasada devido a obras imprevistas nos fundamentos.[2] Com efeito, os trabalhos foram complicados pelo facto dos novos pilares se encontrarem muito próximos dos antigos, e devido à natureza dos terrenos, compostos por xistos brandos, argilas plásticas e quartzitos.[1] Em Junho de 1933, já se tinha terminado a fundação dos encontros, tendo os pilares ficado a meia altura, na alvenaria em elevação.[1]

Nos finais de 1933, as obras foram visitadas pelo Ministro das Obras Públicas, no âmbito de uma viagem às Linhas do Alentejo e de Évora.[2] A nova ponte foi concluída em 1934.[6]

Ver também[editar | editar código-fonte]

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre a ponte de Quinta Nova

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m n o p q r «Caminhos de Ferro Nacionais» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 46 (1125). 1 de Novembro de 1934. p. 547-550. Consultado em 16 de Fevereiro de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  2. a b c d «A Linha Férrea do Alto Alentejo» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 46 (1104). 16 de Dezembro de 1933. p. 654. Consultado em 16 de Fevereiro de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  3. TORRES, Carlos Manitto (1 de Fevereiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 70 (1683). p. 75-77. Consultado em 16 de Fevereiro de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  4. a b c «Caminhos de Ferro Nacionais: Os Melhoramentos da C. P.» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 47 (1129). 1 de Janeiro de 1935. p. 16-17. Consultado em 16 de Fevereiro de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  5. «A Direcção Geral de Caminhos de Ferro e o Ano Findo» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 46 (1081). 1 de Janeiro de 1933. p. 16. Consultado em 16 de Fevereiro de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  6. SOUSA, José Fernando de (1 de Janeiro de 1935). «Os Nossos Caminhos de Ferro em 1934» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 47 (1129). p. 5. Consultado em 16 de Fevereiro de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 


Ícone de esboço Este artigo sobre uma ponte é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.