Prêmio Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados

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O Prêmio Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados é um prêmio brasileiro envolvendo jornalismo de dados em obras jornalísticas. A premiação é organizada pela Open Knowledge Brasil e a Transparência Brasil, com apoio institucional da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. Há quatro categorias: "Investigação guiada por dados", "Visualização", "Inovação e experimentação" e "Dados Abertos". O trabalho jornalístico pode ter sido publicado em qualquer meio, com algumas exceções para o tipo de trabalho que pode ser submetido. Cada uma das categorias tem uma premiação de R$ 2.500,00.[1][2][3][4]

História[editar | editar código-fonte]

O prêmio Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados foi criado em 2019,[2] em homenagem a Cláudio Weber Abramo, morto em 2018, que era jornalista e fundador da ONG Transparência Brasil.

Na ocasião da primeira premiação, durante a Conferência Brasileira de Jornalismo de Dados e Métodos Digitais (Coda.Br), a mulher de Cláudio Abramo, Cristina Penz, leu um texto escrito por Abramo um mês antes de sua morte, explicando que não se tratava de uma reflexão sobre jornalismo, nem sobre dados ou transparência, mas que, de alguma forma, remetia a tudo isso. "Trata do processo de aprender a compreender as coisas para além da superfície. De enxergar o todo, mas também as partes que o constituem":[5][6]

Fiz o ginásio no Colégio Nova Friburgo, da Fundação Getúlio Vargas entre 1957 e 60. Era um internato. O ensino era excelente, tendo me beneficiado a vida inteira. Uma das matérias era o canto orfeônico. O professor - infelizmente, não me recordo de seu nome - tinha de seguir o currículo oficial que incluía solfejo, escalas e outros assuntos tradicionais da matéria. Aos onze anos de idade, aquilo era de doer.

Acontece que o professor bem sabia disso: ele lidava com esses assuntos bem depressa e depois se dedicava a nos ensinar a ouvir música. Tocava discos de música clássica em um toca-discos e nos chamava a atenção para as passagens, a dinâmica, os instrumentos, as massas sonoras.

A vasta maioria das pessoas ouve música em bloco. O som da execução entra misturado pelos ouvidos e não é processado pelo cérebro além de uma impressão geral. Quando se pede a alguém: “ouça o fraseado do saxofone”, usualmente não há resposta. O ouvinte não consegue separar instrumentos individuais ou mesmo distinguir entre a flauta e o violino, entre a guitarra e o trompete.

O que nosso professor nos ensinou foi ouvir música analiticamente, como os profissionais. Ou seja, fazendo o cérebro funcionar como uma mesa de som de múltiplos canais. Esse foi um dos mais importantes ensinamentos de minha vida, pois ouvir música assim se traduz em grande riqueza de percepções. Consegue-se prestar atenção no jogo entre os timbres dos instrumentos, nas entradas e saídas, nos desenhos traçados pelos integrantes individuais do conjunto.

 
Claudio Weber Abramo, 2018, [7].

Depois de ler o texto de autoria de Abramo, Cristina Penz finalizou seu discurso:

Vocês, que estão aqui debatendo e praticando um jornalismo de dados que enxerga os integrantes individuais do conjunto, estão levando adiante o propósito do Claudio. Ele adoraria estar aqui para dar os parabéns. E, como cidadã, eu agradeço
 
Cristina Penz, 2019 , [7].

Premiados[editar | editar código-fonte]

Os vencedores de cada categoria estão destacados em negrito. Os que não estão destacados em negrito são os finalistas.

2019 [8][editar | editar código-fonte]

Investigação guiada por dados[editar | editar código-fonte]
Visualização[editar | editar código-fonte]
  • 30 anos: O quanto a Constituição preserva de seu texto original publicado pelo Nexo Jornal.[12]
  • Basômetro: quanto apoio o governo tem na Câmara?, publicado pelo Estadão.[13]
  • Na história, nenhum presidente falou tanto em ideologia quanto Bolsonaro, publicado pelo Estadão.[14]

Inovação em jornalismo de dados[editar | editar código-fonte]

Dados Abertos[editar | editar código-fonte]

  • Newsletter Don‘t LAI to ME, do site Fique Sabendo.[19]
  • "Coquetel" com 27 agrotóxicos foi achado na água de 1 em cada 4 municípios, publicado em conjunto pelo Repórter Brasil, Agência Pública e a organização suíça Public Eye.[20]
  • Poços não instalados pelo Dnocs no Ceará chegam a 74% em 4 anos, publicado pelo Diário do Nordeste.[21]

2020[22][editar | editar código-fonte]

Investigação guiada por dados[editar | editar código-fonte]

  • Como morre um inocente no Rio de Janeiro, publicado pela revista Época.[23]
  • Estados compram 7 mil respiradores, mas menos da metade é entregue; valor de cada equipamento varia de R$ 40 mil a R$ 226 mil no país, publicado pelo G1.[24]
  • Mapas inéditos: 10 escolas e mais de 1,5 mil edificações estão no caminho da lama das barragens da Vale em MG, publicado pelo Repórter Brasil.[25]

Visualização[editar | editar código-fonte]

  • O cálculo de uma tragédia, publicado pelo Nexo Jornal.[26]
  • Alagamentos nos quatro primeiros meses de 2019 sobem 65% em São Paulo, publicado pelo Estadão.[27]
  • Distantes de UTIs e respiradores, indígenas da Amazônia tentam se blindar do vírus, publicado pela Info Amazônia.[28]

Inovação em jornalismo de dados[editar | editar código-fonte]

  • Site "Elas no Congresso", criado pela revista AzMina.[29]
  • Amazônia Minada, mapa criado pela InfoAmazônia.[30]
  • Radar Aos Fatos, monitor de informações na Internet criado pela Aos Fatos.[31]

Dados Abertos[editar | editar código-fonte]

  • Correio nas Escolas, série de reportagens feita pela Correio Braziliense.[32]
  • Abrindo dados de pensionistas de todo o Brasil pela primeira vez no século, publicado pelo Fiquem Sabendo.[33]
  • Punição: aposentadoria, publicado pelo The Intercept Brasil.[34]

2021[35][editar | editar código-fonte]

Na edição de 2021, pela primeira vez, o Prêmio não contou com separação em categorias.

  • Anatomia da Rachadinha, série de reportagens do UOL.[36]
  • Engolindo fumaça, série de reportagens do Infoamazônia.[37]
  • Existe uma Wakanda da política brasileira?, reportagem publicada pelo data_labe, em parceria com Alma Preta.[38]
  • MonitorA, projeto da Revista AzMina com a organização Internetlab.
  • Inocentes presos, reportagem da Folha de S. Paulo.[39]
  • As pensões e os bilhões da família militar, publicada pela Revista Piauí.[40]
  • Bolsonaro não usou um terço dos recursos aprovados para políticas para mulheres desde 2019, da Revista AzMina.[41]
  • Brasil registra duas vezes mais pessoas brancas vacinadas que negras, reportagem da Agência Pública.[42]
  • O ‘carro da linguiça’ e outras chacinas sobre rodas que exterminam a periferia e o governo ignora, do The Intercept Brasil.[43]
  • O Facebook não morreu, reportagem do Núcleo Jornalismo.[44]
  • Onde vai parar o lixo reciclável, reportagem do Portal Metrópoles.[45]
  • Telegram, o novo refúgio da extrema direita, reportagem do Núcleo Jornalismo.[46]
  • Um ano depois, assassinatos durante motim da PM seguem sem esclarecimento, reportagem do jornal O Povo.[47]

Houve menção honrosa para o Monitor Nuclear, projeto do Núcleo Jornalismo.[48]

Referências

  1. «Regulamento». Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados. Consultado em 22 de outubro de 2022 
  2. a b «Prêmio de Jornalismo de Dados abre inscrições para a sua primeira edição». Novo em Folha. Folha de S. Paulo. 8 de julho de 2019. Cópia arquivada em 21 de janeiro de 2021 
  3. «2º Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados recebe inscrições até 1º/10». Portal dos Jornalistas. 25 de setembro de 2020. Consultado em 30 de março de 2021 
  4. de Assis, Carolina (3 de julho de 2019). «Prêmio Cláudio Weber Abramo celebra jornalismo de dados de excelência feito no Brasil». LatAm Journalism Review by the Knight Center. Consultado em 30 de março de 2021. Cópia arquivada em 30 de março de 2021. O país destes trabalhos reconhecidos internacionalmente tem agora uma premiação para chamar de sua: o prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, cujas inscrições foram abertas no dia 27 de junho durante o 14o Congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), em São Paulo. 
  5. «Primeiro prêmio de Jornalismo de Dados do Brasil é entregue durante a Coda.br, em SP». abraji.org.br. Consultado em 22 de outubro de 2022 
  6. Belisario, Adriano (30 de novembro de 2019). «Prêmio de jornalismo de dados estreia no Brasil em grande estilo». Escola de Dados. Consultado em 22 de outubro de 2022 
  7. a b «Primeiro prêmio de Jornalismo de Dados do Brasil é entregue durante a Coda.br, em SP». abraji.org.br. Consultado em 30 de março de 2021 
  8. «Edição de 2019». Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados. Consultado em 30 de março de 2021. Cópia arquivada em 26 de outubro de 2020 
  9. «Monitor da Violência: um ano depois, apenas 2% dos casos de morte violenta têm condenados pelos crimes». G1. Consultado em 30 de março de 2021. Cópia arquivada em 12 de agosto de 2020 
  10. «Em 28 anos, clã Bolsonaro nomeou 102 pessoas com laços familiares». O Globo. 4 de agosto de 2019. Consultado em 30 de março de 2021 
  11. NE10, Portal (29 de abril de 2018). «#UmaPorUma». #UmaPorUma. Consultado em 30 de março de 2021 
  12. «30 anos: o quanto a Constituição preserva de seu texto original»Subscrição paga é requerida. Nexo Jornal. Consultado em 30 de março de 2021 
  13. Estadão. «Basômetro: acompanhe o governismo na Câmara». Estadão. Consultado em 30 de março de 2021 
  14. «Na história, nenhum presidente falou tanto em ideologia quanto Bolsonaro - Infográficos»Subscrição paga é requerida. Estadão. Consultado em 30 de março de 2021 
  15. «Robô checadora do Aos Fatos está no Twitter; entenda | Aos Fatos». aosfatos.org. Consultado em 30 de março de 2021 
  16. «Aos Fatos lança bot que combate fake news no Twitter». B9. 23 de julho de 2018. Consultado em 30 de março de 2021 
  17. «O que revela uma análise das emoções dos candidatos durante o debate - Infográficos»Subscrição paga é requerida. Estadão. 13 de setembro de 2018. Consultado em 30 de março de 2021 
  18. «SP1 | Em dez anos, número de pessoas que trabalham sem endereço fixo aumenta mais de 200%», Globo.com, Globoplay, consultado em 30 de março de 2021 
  19. «Don't LAI to me: primeira newsletter Lei de Acesso à Informação do Brasil». Fiquem Sabendo. 21 de janeiro de 2019. Consultado em 30 de março de 2021. Cópia arquivada em 23 de janeiro de 2021 
  20. «Agrotóxicos contaminam água das cidades, descubra o que sai da sua torneira». 15 de abril de 2019. Consultado em 30 de março de 2021. Cópia arquivada em 10 de dezembro de 2020 
  21. «Poços não instalados pelo Dnocs no Ceará chegam a 74% em 4 anos - Política». Diário do Nordeste. 12 de agosto de 2019. Consultado em 30 de março de 2021. Cópia arquivada em 8 de agosto de 2020 
  22. «Prêmio Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados». Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados. Consultado em 30 de março de 2021 
  23. «Como morre um inocente no Rio de Janeiro». Época. 24 de janeiro de 2020. Consultado em 30 de março de 2021 
  24. «Estados compram 7 mil respiradores, mas menos da metade é entregue; valor de cada equipamento varia de R$ 40 mil a R$ 226 mil no país». G1. Consultado em 30 de março de 2021 
  25. «Mapas inéditos: 10 escolas e mais de 1,5 mil edificações estão no caminho da lama das barragens da Vale em MG». Repórter Brasil. 25 de julho de 2020. Consultado em 30 de março de 2021 
  26. Gomes, Lucas; Maia, Gabriel; Souza, Caroline. «100 mil mortes no Brasil: o cálculo de uma tragédia»Subscrição paga é requerida. Nexo Jornal. Consultado em 30 de março de 2021 
  27. Estadão. «Alagamentos nos quatro primeiros meses de 2019 sobem 65% em São Paulo». Estadão. Consultado em 30 de março de 2021. Cópia arquivada em 1 de janeiro de 2021 
  28. Mori, Juliana; Geraque, Eduardo (11 de maio de 2020). «Distantes de UTIs e respiradores, indígenas da Amazônia tentam se blindar do vírus». InfoAmazonia. Consultado em 30 de março de 2021. Cópia arquivada em 30 de março de 2021 
  29. «Elas no Congresso | AzMina». Consultado em 30 de março de 2021 
  30. «Amazônia Minada». InfoAmazonia. Consultado em 30 de março de 2021 
  31. «Radar Aos Fatos: monitor de desinformação nas redes». aosfatos.org. Consultado em 30 de março de 2021 
  32. «Correio nas Escolas - Especial de Ensino Médio». Correio nas Escolas. Consultado em 30 de março de 2021 
  33. Sabendo, Fiquem. «Após denúncia da Fiquem Sabendo, governo libera 27 anos de dados de pensionistas civis - Don't LAI to Me #Especial». fiquemsabendo.substack.com. Consultado em 30 de março de 2021. Cópia arquivada em 27 de janeiro de 2021 
  34. Felizardo, Nayara (30 de setembro de 2019). «Compre um juiz por R$ 750». The Intercept Brasil. Consultado em 30 de março de 2021. Cópia arquivada em 5 de dezembro de 2020 
  35. Escola de Dados. «Prêmio de Jornalismo de Dados». premio.jornalismodedados.org. Consultado em 22 de outubro de 2022 
  36. «Anatomia da rachadinha : Quebra de sigilos do Caso Flávio revela indícios do esquema ilegal nos gabinetes de Jair e Carlos Bolsonaro». noticias.uol.com.br. Consultado em 22 de outubro de 2022 
  37. «Engolindo Fumaça». InfoAmazonia. Consultado em 22 de outubro de 2022 
  38. data_labe, Equipe (9 de novembro de 2020). «EXISTE UMA WAKANDA DA POLÍTICA BRASILEIRA?». Data Labe. Consultado em 22 de outubro de 2022 
  39. «Inocentes presos». Folha de S. Paulo. Consultado em 22 de outubro de 2022 
  40. «As pensões e os bilhões da família militar». revista piauí. Consultado em 22 de outubro de 2022 
  41. «Bolsonaro não usou um terço dos recursos aprovados para políticas para mulheres desde 2019». AzMina. Consultado em 22 de outubro de 2022 
  42. Muniz, Bianca (15 de março de 2021). «Brasil registra duas vezes mais pessoas brancas vacinadas que negras». Agência Pública. Consultado em 22 de outubro de 2022 
  43. Thomaz, Gabrielli ThomazMayara MangifesteCarlos NhangaCecília OlliveiraGabrielli; Mangifeste, Mayara; Nhanga, Carlos; de 2020, Cecília Olliveira26 de Outubro; 23h56. «O 'carro da linguiça' e outras chacinas sobre rodas». The Intercept Brasil. Consultado em 22 de outubro de 2022 
  44. «O Facebook não morreu». Núcleo Jornalismo. 15 de outubro de 2020. Consultado em 22 de outubro de 2022 
  45. «Onde vai parar o lixo que você separa? Rastreamos os caminhões de recicláveis por um mês na capital federal». Metrópoles. 13 de junho de 2021. Consultado em 22 de outubro de 2022 
  46. «Telegram, o novo refúgio da extrema direita». Núcleo Jornalismo. 18 de fevereiro de 2021. Consultado em 22 de outubro de 2022 
  47. «Um ano depois, assassinatos durante motim da PM seguem sem esclarecimento». O POVO Mais. 15 de fevereiro de 2021. Consultado em 22 de outubro de 2022 
  48. «Núcleo lança ferramenta de monitoramento político no Twitter». Núcleo Jornalismo. 19 de maio de 2021. Consultado em 22 de outubro de 2022