Programa Shenzhou

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Programa Shenzhou é um programa espacial de missões tripuladas da República Popular da China. Desenvolvido desde 1992 e iniciado em 1999 com a nave não-tripulada Shenzhou 1, ele colocou em órbita o primeiro chinês, Yang Liwei, na Shenzhou 5, em 15 de outubro de 2003. O centro de comando do programa fica no Centro de Comando e Controle Aeroespacial de Pequim e recebe suporte e apoio de engenharia e administração para as missões tripuladas do Departamento de Engenharia Espacial Tripulada da China.[1]

O início do programa data de 1992, quando recebeu o nome de Projeto 912-1. O código Projeto 921 foi dado ao programa espacial chinês como um todo e 921-1 era seu principal objetivo. O plano era colocar no espaço um chinês em outubro de 1999, antes da virada do novo milênio. Atrasos fizeram com que em 1999 fosse realizado apenas o primeiro voo não-tripulado, seguido de outras missões de teste em 2001 e 2002.

Apenas em outubro de 2003 foi possível o primeiro voo tripulado, realizado com sucesso, seguido de mais três entre 2005 e 2012, e um não-tripulado, em 2011, a Shenzhou 8, realizado para testes de acoplagem com um laboratório espacial colocado em órbita no mesmo ano.

O nome Shenzhou é muitas vezes traduzido como "Artesanato Divino", "Embarcação Divina" ou similares, mas também ´uma referência a um dos vários nomes literários da China com a mesma pronúncia. O programa foi assim batizado pelo próprio presidente chinês, Jiang Zemin.[2]

História[editar | editar código-fonte]

Os primeiros esforços da China para realizar um voo espacial tripulado começaram em 1968, com a previsão de um primeiro lançamento em 1973.[3] Mesmo com o lançamento de um satélite em 1970 e a manutenção de pequenos programas de missões não-tripuladas desde então, o programa de voos tripulados foi sendo adiado e finalmente cancelado por falta de fundos. Um projeto anterior ao Shenzhou, chamado Shuguang-1, foi cancelado em 1972 por motivos políticos.[2]

O atual programa foi autorizado pelo governo em 1 de abril de 1992 sob o código Projeto 921.1, que começou a trabalhar em janeiro de 1993. O plano inicial tinha três fases:[2]

  • Fase 1 - lançamento de duas versões não-tripuladas de uma espaçonave própria, seguidas do primeiro voo tripulado chinês, em 2002;
  • Fase 2 - compreenderia o período entre 2002 e 2007, com uma série de voos para testar a tecnologia desenvolvida, realizando aproximações e acoplagens em órbita e lançar e operar uma pequena estação laboratório de oito toneladas usando a tecnologia básica da espaçonave;
  • Fase 3 - entre 2010 e 2015, colocaria no espaço e operaria uma estação de 20 toneladas, com as tripulações sendo enviadas a ela por uma nova espaçonave de oito toneladas.

Depois de um início de assistência tecnológica e cooperação feita com os russos em 1991, seguido por um estágio de dois anos e jovens engenheiros chineses na Rússia entre 1992 e 1994,[2] naquele ano a Rússia começou a vender alguma tecnologia aeronáutica e espacial aos chineses e no ano seguinte um acordo foi assinado entre os dois países para transferência de tecnologia do programa Soyuz para a China. Incluído no acordo estava o treinamento de pessoal, provisões das naves Soyuz, sistemas de apoio à vida, sistemas de acoplagem e trajes espaciais.[2] Em 1996, dois taikonautas chineses começaram a treinar no Centro de Treinamento de Cosmonautas Yuri Gagarin, na Cidade das Estrelas. Após o período de treinos eles voltaram à China e começaram a treinar os pilotos selecionados para o futuro programa espacial tripulado em instalações próximas a Pequim e Jiuquan.[2]

O hardware e as informações vendidas pelos russos levaram à uma mudança no projeto original chinês da espaçonave original prevista na fase 1. Nova estrutura de lançamento foi construída na Mongólia Interior, próximo ao Deserto de Gobi e na primavera de 1998 um protótipo do foguete Longa Marcha 2F com a cápsula Shenzhou acoplada em seu topo foi levada até a plataforma de lançamento para testes.[4]

Após a renomeação do plano de Projeto 921.1 para Programa Shenzhou, o primeiro lançamento de uma nave não-tripulada, a Shenzhou 1, ocorreu em 19 de novembro de 1999, do Centro de Lançamento de Satélite de Jiuquan. Mais três missões não-tripuladas, Shenzhou 2, Shenzhou 3, Shenzhou 4, seguiram-se no espaço de três anos. Finalmente, em 15 de outubro de 2003, o primeiro voo tripulado foi realizado, com o tenente-coronel da Força Aérea do Exército de Libertação Popular e taikonauta Yang Liwei fazendo história ao ser o primeiro chinês no espaço, a bordo da Shenzhou 5.

A nave Shenzhou[editar | editar código-fonte]

A Shenzhou e seus três módulos.

A espaçonave chinesa Shenzhou tem diversas semelhanças estéticas e tecnológicas com a Soyuz russa, apesar de ser mais larga e, ao contrário das Soyuz, possuir um módulo orbital com capacidade autônoma de voo.[2]

Assim como a Soyuz, ela consiste de três módulos: um módulo orbital fronteiriço, uma cápsula de reentrada no meio e um módulo de serviço na parte posterior. A divisão é baseada no princípio de minimizar a quantidade de material a ser retornada à Terra. Qualquer coisa instalada nos módulos orbital e de serviço não necessitam de escudo protetor de calor e isso aumenta bastante o espaço disponível na espaçonave sem aumentar o peso total da nave, tanto quanto seria necessário se esses módulos também fossem capazes de resistir à reentrada. (eles ficam no espaço)

O módulo orbital contém espaço para experiências científicas, equipamentos diversos operados pela tripulação e dormitório. Sem necessitar de sistema de acoplagem, as primeiras Shenzhou carregavam no topo deste módulo diversos tipos de cargas para realizar as experiências. O módulo de reentrada contém assentos para os taikonautas. É a única parte da nave que retorna à Terra. Foi construída de maneira a combinar um espaço máximo com menor peso, permitindo algum controle aerodinâmico durante a reentrada. O módulo de serviço contém equipamentos de suporte à vida (como tanques de água e oxigênio) e outros equipamentos necessários ao funcionamento da nave.[2]

Tanto as Soyuz quanto as Shenzhou tem uma área maior de habitação e menos peso que as naves norte-americanas Apollo.

Dados da espaçonave[2][editar | editar código-fonte]

  • Massa total: 7 250 kg
  • Comprimento: 7,48 m
  • Diâmetro: 2,72 m
  • Envergadura (com os painéis solares abertos): 10,06 m

Missões lançadas[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «China's Manned Space Program Takes the Stage at 26th National Space Symposium». The Space Foundation. 10 de abril de 2010. Consultado em 18 de junho de 2012. Arquivado do original em 12 de abril de 2010 
  2. a b c d e f g h i j k «Shenzhou». Encyclopedia Astronautica. Consultado em 18 de junho de 2012 
  3. Mark Wade (2009). «Shuguang 1». Encyclopedia Astronautica. Consultado em 4 de março de 2009 
  4. Futron Corp. (2003). «China and the Second Space Age» (PDF). Futron Corporation. Consultado em 6 de outubro de 2011. Arquivado do original (PDF) em 19 de abril de 2012 
  5. «Shenzhou-3 Proceeds Smoothly Halfway Through Mission». SpaceDaily. Consultado em 18 de junho de 2012 
  6. «China launches Shenzhou 4». SpaceflightNow. Consultado em 18 de junho de 2012 
  7. «China já projeta seu próximo vôo espacial tripulado». Folha de S.Paulo. Consultado em 18 de junho de 2012 
  8. «Shenzhou 6». Encyclopedia Astronautica. Consultado em 18 de junho de 2012 
  9. McDowell, Jonathan (26 de setembro de 2008). «Jonathan's Space Report, Number 600». Jonathan's Space Report. Consultado em 28 de setembro de 2008. Arquivado do original em 27 de julho de 2012 
  10. Morris Jones (12 de julho de 2011). «Time Enough for Tiangong». SpaceDaily. Consultado em 12 de julho de 2011 
  11. «China põe em órbita sua primeira astronauta». O Globo. Consultado em 18 de junho de 2012 
  12. «Chinese spacecraft blasts off with 3 astronauts». The Jakarta Post. Consultado em 13 de junho de 2013 
  13. «China lança missão espacial Shenzhou 11 com astronautas». Extra Online