Protestos eleitorais na Tanzânia em 2025
Este artigo trata de uma manifestação ou protesto recente ou em curso. |
| Protestos pós-eleitorais na Tanzânia em 2025 | |||
|---|---|---|---|
| Parte de eleições gerais na Tanzânia em 2025 e protestos da Geração Z | |||
| Período | 29 de outubro de 2025 – presente | ||
| Local | Tanzânia; repercussão no Quênia (fronteira de Namanga) | ||
| Causas |
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| Objetivos | Mudança de regime | ||
| Métodos | Protestos, manifestações, bloqueio de estradas | ||
| Resultado | Em andamento | ||
| Partes | |||
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| Líderes | |||
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| Baixas | |||
| Morte(s) | 700+ (segundo políticos da oposição)[1] 10 (segundo a ONU)[1] | ||
| Preso(s) | Centenas de pessoas presas em diversas regiões | ||
Os protestos eleitorais na Tanzânia em 2025 são uma série de manifestações e distúrbios civis que começaram em 29 de outubro de 2025, coincidindo com as eleições gerais da Tanzânia. Os protestos eclodiram em Dar es Salaam e posteriormente se espalharam para outras cidades, em decorrência de alegações de irregularidades eleitorais, repressão a partidos da oposição e intimidação policial. As forças de segurança responderam com disparos, gás lacrimogêneo e imposição de um toque de recolher obrigatório, gerando preocupação internacional e alertas de viagem por parte de diversos governos estrangeiros.[2][3]
Antecendentes
[editar | editar código]A Tanzânia realizou eleições gerais em 29 de outubro de 2025. A presidente em exercício, Samia Suluhu Hassan, buscou um mandato completo, enquanto diversos candidatos da oposição foram impedidos de concorrer ou detidos antes da votação. Organizações de direitos humanos e observadores internacionais expressaram preocupação com a restrição do espaço cívico, limitações à mídia e suposta interferência na Comissão Eleitoral Nacional Independente.[3]
Linha do tempo
[editar | editar código]29 de outubro
[editar | editar código]Foram realizadas eleições gerais na Tanzânia. Protestos eclodiram em Dar es Salaam, com eleitores e apoiadores da oposição reagindo à proibição da entrada de diversas figuras políticas da oposição. Forças de segurança foram mobilizadas, e houve relatos de um apagão da internet.[4]
Um toque de recolher foi imposto em Dar es Salaam após confrontos em torno de locais de votação, incluindo queima de pneus e relatos de ataques a um ônibus e a um posto de gasolina.[5]
30 de outubro
[editar | editar código]As manifestações continuaram em Dar es Salaam, Arusha e Mwanza. As forças de segurança usaram gás lacrimogêneo e, segundo relatos, dispararam munição real para dispersar as multidões.[6]
Barreiras rodoviárias operadas pelo Exército da Tanzânia foram implantadas em todo o país, impedindo a entrada de qualquer pessoa que não pudesse comprovar ser um trabalhador essencial.[7]
A agitação se espalhou para a cidade fronteiriça de Namanga, no Quênia, com confrontos próximos à fronteira a interromperam o comércio transfronteiriço, envolvendo o uso de gás lacrimogêneo e o fechamento de lojas.[8]
31 de outubro
[editar | editar código]Fontes da oposição afirmaram que cerca de 700 pessoas foram mortas em todo o país, enquanto o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos relatou pelo menos 10 mortes confirmadas e expressou preocupação com o uso de munição real.[9] John Kitoka, porta-voz do partido de oposição Chadema, disse à AFP que os números do partido foram coletados por uma rede de membros que visitavam hospitais e clínicas de saúde para "contar os corpos". Ele exigiu que o governo "pare de matar nossos manifestantes" e pediu a criação de um governo de transição para viabilizar eleições livres e justas.[10]
1 de novembro
[editar | editar código]A presidente Samia Suluhu Hassan foi declarada vencedora da eleição pela Comissão Eleitoral Nacional Independente, tendo conquistado 98% dos votos.[11]
A Emirates suspendeu seus voos de e para Dar es Salaam devido aos distúrbios pós-eleitorais em curso, afirmando que as operações permaneceriam suspensas enquanto a situação estivesse sendo monitorada.[12] Em um alerta de segurança, a Embaixada dos Estados Unidos informou que um toque de recolher nacional das 18h às 6h estava em vigor, que os voos internacionais eram "intermitentes" e que o acesso à internet continuava bloqueado.[13]
2 de novembro
[editar | editar código]O principal partido da oposição, Chadema, rejeitou formalmente os resultados das eleições, chamando-os de "completamente fabricados" e afirmando que os protestos eram prova de que os cidadãos não aceitavam o resultado. O governo rejeitou as alegações e afirmou que usaria todos os meios de segurança para manter a ordem.[14] O Ministério dos Negócios Estrangeiros, da Commonwealth e do Desenvolvimento do Reino Unido desaconselhou "todas as viagens não essenciais à Tanzânia", alegando que "há escassez de alimentos, combustível e dinheiro, agravada pela falta de serviços de internet".[15]
Início de protestos
[editar | editar código]Os protestos começaram em Dar es Salaam no dia da eleição, com manifestantes queimando pneus, bloqueando estradas e denunciando o que descreveram como uma "eleição fraudulenta". Confrontos foram relatados próximo a locais de votação e prédios governamentais, e diversos vídeos circularam online mostrando as forças de segurança disparando tiros para o alto. Ao anoitecer, as autoridades impuseram um toque de recolher em toda a cidade, ordenaram o fechamento de estabelecimentos comerciais e mobilizaram unidades adicionais da polícia e do exército.[2]
Impacto transfronteiriço
[editar | editar código]Os distúrbios pós-eleitorais na Tanzânia também afetaram o vizinho Quênia. Na cidade fronteiriça de Namanga, alguns manifestantes teriam cruzado a fronteira, enquanto as forças de segurança tanzanianas disparavam gás lacrimogêneo, interrompendo o comércio e obrigando ao fechamento das lojas. O bloqueio contínuo da internet na Tanzânia também afetou o lado queniano, prejudicando as comunicações na região.[16]
Referências
- ↑ a b «Opposition says 'hundreds' killed in Tanzania post-election protests». Al Jazeera. 31 de outubro de 2025
- ↑ a b «More protests in Dar es Salaam after chaotic Tanzanian election». Reuters (em inglês). Consultado em 30 de outubro de 2025
- ↑ a b Kelliher, Fiona. «Tanzania police fire shots, tear gas at protesters after chaotic election». Al Jazeera (em inglês). Consultado em 30 de outubro de 2025
- ↑ «Protests erupt in Tanzania as voters head to polls in disputed election». AP News. 29 de outubro de 2025
- ↑ «Tanzania declares curfew in commercial capital after election protests». Reuters. 29 de outubro de 2025
- ↑ «Tanzania tells civil servants, students to stay home after chaotic election». Reuters. 30 de outubro de 2025
- ↑ Musambi, Evelyne (30 de outubro de 2025). «Protests in Tanzania spread after a disputed election, with the military on the streets». AP News (em inglês). Associated Press. Consultado em 1 de novembro de 2025
- ↑ «Tanzania post-election unrest spills into Kenya as police lob tear gas over the border». Reuters. 30 de outubro de 2025
- ↑ «Protests over disputed Tanzania election enter 3rd day as military deployed». Al Jazeera. 31 de outubro de 2025
- ↑ Mureithi, Carlos (31 de outubro de 2025). «About 700 killed in Tanzania election protests, opposition says». The Guardian. Consultado em 2 de novembro de 2025
- ↑ «Tanzania's Hassan declared landslide winner in election marred by violence». Reuters. 1 de novembro de 2025
- ↑ Ruto, Japhet (1 de novembro de 2025). «Tanzania Post-Election Chaos: Emirates Cancels Flights to Dar es Salaam - Tuko.co.ke». www.tuko.co.ke (em inglês). Consultado em 1 de novembro de 2025
- ↑ «Security Alert: U.S. Embassy Dar es Salaam Update #7». U.S. Embassy in Tanzania. 1 de novembro de 2025. Consultado em 2 de novembro de 2025
- ↑ Reporting by Nairobi bureau (2 de novembro de 2025). «Tanzania's main opposition rejects Hassan's election win after deadly protests». Reuters
- ↑ UK High Commission Dar es Salaam (2 de novembro de 2025). «FCDO advises against all but essential travel to Tanzania». X. Consultado em 2 de novembro de 2025
- ↑ Mwangi, Nicholas (30 de outubro de 2025). «Protests erupt in Tanzania amid disputed elections, internet shutdown, and curfew». People's Dispatch. Consultado em 31 de outubro de 2025