Protestos na Colômbia em 2019

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Protestos na Colômbia em 2019
Período 21 de novembro de 2019 – 21 de outubro de 2020
Local  Colômbia
Causas Política económica do governo
assassinatos de líderes sociais
Objetivos Mudanças na política económica
Defesa do acordo de Paz
Características Greves
Marchas
Panelaços
Participantes do conflito
Comité Nacional de Greve Governo Nacional

Protestos na Colômbia [1][2], também chamados de "paro nacional"[3][4][5][6] ou "primavera colombiana"[7], são uma série de manifestações realizadas na Colômbia, de forma não consecutiva, que ocorrem em várias cidades do país desde 21 de novembro de 2019,[8][9] que foram inicialmente convocadas em 4 de novembro de 2019 por diferentes setores.

As razões para os protestos são o eventual descontentamento de alguns cidadãos diante de certas políticas econômicas, sociais e ambientais do governo do presidente Iván Duque Márquez, bem como a condução dada ao acordo de paz com as FARC, o homicídio de líderes sociais (camponeses, ex-guerrilheiros indígenas e reintegrados), bem como a questão da corrupção.[10]

Centenas de milhares de colombianos demonstraram apoiar o processo de paz colombiano e contra o governo de Iván Duque Márquez .[11] Embora de natureza principalmente pacífica, alguns incidentes violentos ocorreram durante os protestos, levando a toques de recolher durante a noite em Cali e Bogotá. É "uma das maiores manifestações de massa que a Colômbia testemunhou nos últimos anos".[12]

Pelo menos 17 manifestantes foram mortos em resultado da repressão policial e mais de um milhar foram detidos ou feridos.[13]

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

Os rumores sobre possíveis medidas de austeridade, negados pelo presidente Duque, irritaram grupos de esquerda, estudantes e indígenas.[14] A ideia de tais medidas são originadas da introdução de um projeto de lei por Álvaro Uribe, mentor do presidente Duque.[15] Duque também foi acusado de não colocar esforços no processo de paz colombiano com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), uma vez que a violência ocorrida nas áreas rurais da Colômbia resultou na morte de líderes indígenas.[15]

Como forma de demonstração, os sindicatos organizaram uma greve nacional de doze horas que seria realizada em 21 de novembro de 2019, com outros grupos como líderes indígenas, estudantes e ativistas anticorrupção seguindo o exemplo.[15]

Linha do tempo[editar | editar código-fonte]

Em 21 de novembro, entre 200.000 a mais de 1 milhão de colombianos protestaram em todo o país, com marchas, greve e um gigantesco panelaço noturno, com o governo respondendo com a mobilização de 170.000 tropas.[14] O governo colombiano também fechou as fronteiras terrestres e marítimas com os países vizinhos. O prefeito de Cali impôs um toque de recolher a partir das 19h. até a manhã do dia seguinte como resposta à violência.[11]

Segundo a BBC: "A história deve lembrar a greve nacional do 21 de novembro na Colômbia como o dia em que os colombianos, uma população traumatizada por um conflito armado durante 60 anos, mostraram sua vontade de tomar as ruas. Apesar da chuva. Apesar da repressão".[16]

As manifestações se tornaram violentas, com confrontos entre policiais e manifestantes no final do dia, com pequenos grupos tentando invadir o Capitólio Nacional, o local de encontro do Congresso da Colômbia .[14] Durante os protestos de 21 de novembro, 68 das 138 estações da TransMilenio foram vandalizadas, 48% da infraestrutura do sistema.[17]

No terceiro dia de protestos em Bogotá, 23 de novembro, foi realizada uma marcha pacífica na direção da Praça de Bolívar, que foi interrompida pelas Polícia. Um jovem de 18 anos, Dilan Cruz foi atingido na cabeça por um projétil disparado por um agente da ESMAD, causando-lhe um traumatismo craniano. O jovem em questão morreu três dias depois no hospital.[18]

Foi convocada e realizada uma greve geral no 27 de novembro, com novas marchas em todo o país. Em 4 de dezembro aconteceu mais uma greve geral e jornada de marchas e mobilizaçõesnas cidades com grande participação das comunidades indígenas, quilombolas e camponesas.[19] Em 27 de novembro e 4 de dezembro, nas ruas extremadamente cheias de gente que grita “Sem violência!”, seja entre os gases atordoadores ou nas ruas vazias de Barrancabermeja 100% parada no dia 4 de dezembro.[20]

Em 8 de dezembro, cantores e grupos musicais realizaram o chamado "Concerto de Strike - Uma Canção pela Colômbia" em Bogotá. A pedido dos artistas, foi realizado nas ruas de Bogotá: com três estações em palcos fixos e com milhares de espetadores.[21]

Após manifestações semelhantes em toda a América Latina, os manifestantes exibiram bandeiras do Chile, do Equador e Wiphalas, e faixas com a inscrição "América do Sul acordou" e entoaram slogans anti-violência.

Em 16 de dezembro aconteceu um grande panelaço em frente do Congresso da República quando se discuti a "Lei de Crescimento Econômico". Após de 30 dias continuos de protestos, somente o 21 de janeiro e 21 de fevereiro de 2020 aconteceram novas manifestações em todo o país, porque pela pandemia o Comité Nacional de Greve decidiu adiar novas convocações.

Protestos em setembro e outubro de 2020[editar | editar código-fonte]

Nos dias 9 e 10 de setembro de 2020, os bairros populares de Bogotá protagonizaram um levante contra a violência policial como resultado do assassinato de Javier Ordóñez.[22] Manifestações contra a violência policial e por soluções econômicas durante a pandemia foram realizadas nos dias seguintes.[23] Em outubro 10, uma "MInga" (mutirão) indígena percorreu a rota entre Cauca e Bogotá, onde chegou em 18 de outubro. Por chamado das centrais sindicais, foram realizadas no dia 21 de outubro uma Greve Nacional e uma grande manifestação na capital da República, com a participação da "Minga". No dia seguinte os indígenas Guambianos ocuparam o Aeroporto Internacional El Dorado por 7 horas.[24][25]

Referências

  1. Protestas en Colombia se intensificarán en 2020, advierte sindicalista. Publicado em 20 de janeiro de 2020..
  2. Protestas en Colombia: las detenciones que despertaron el fantasma de los desaparecidos y secuestrados. Publicado em 13 de dezembro de 2019.
  3. Comité Nacional del Paro (4 de outubro de 2019). «Convocatoria al Paro Nacional 21 de Noviembre» 
  4. 21N: Bogotá se sumerge en protestas y en un paro nacional. Publicado em 21 de novembro de 2019.
  5. En el Parque de los Deseos terminó, en calma, el paro del #21N. Publicado em 21 de novembro de 2019.
  6. «La primavera colombiana». Las2orillas (em espanhol). 26 de novembro de 2019 
  7. La primavera colombiana. Publicado em 26 de novembro de 2019.
  8. FM, La (21 de novembro de 2019). «Minuto a minuto del paro nacional en Colombia». www.lafm.com.co (em espanhol) 
  9. El paro nacional del 21 de noviembre. Publicado el 14 de novembro de 2019.
  10. Colombia: Convocan paro nacional contra gobierno de Iván Duque para el 21 de noviembre. Publicado em 13 de novembro de 2019.
  11. a b «Colombia protests prompt teargas, curfew and border closures». CNN 
  12. «Hundreds of Thousands Protested Colombia's Conservative Government. Here's What to Know». Time (em inglês) 
  13. Rampietti, Alessandro. «Colombia police brutality: Protests rage for third day in Bogota». Al Jazeera (em inglês) 
  14. a b c «Colombia anti-government protesters clash with police | DW | 22.11.2019». Deutsche Welle (em inglês) 
  15. a b c «With nationwide strike, Colombia joins South America's season of protest». The Washington Post. 21 de Novembro de 2019 
  16. Pardo, Daniel (23 de novembro de 2019). «Paro nacional en Colombia: 3 factores inéditos que hicieron del 21 de noviembre un día histórico». BBC (em espanhol). Consultado em 1 de dezembro de 2021 
  17. «68 estaciones de TransMilenio fueron vandalizadas durante las marchas del 21N» (em espanhol). Conexión Capital 
  18. «Falleció Dilan Cruz, el joven que marchaba para pedir educación». El Espectador (em espanhol). 25 de novembro de 2019. Consultado em 26 de novembro de 2019 
  19. Arias Herrera, María Esperanza. «El paro sigue: estas son las actividades programadas para los próximos días». Publimetro Colombia (em espanhol). Consultado em 29 de novembro de 2019 
  20. Mondragón, Héctor (14 de dezembro de 2019). «2019: a greve de massas». Alainet. Consultado em 1 de dezembro de 2021 
  21. «Reviva el minuto a minuto del concierto 'Un canto por Colombia'». El Tiempo (em espanhol). 8 de dezembro de 2019. Consultado em 9 de dezembro de 2019 
  22. Cantillo, Jorge (10 de Setembro de 2020). «Noche de furia en Bogotá: por qué cientos de personas salieron a quemar las estaciones de policía». infobae (em espanhol). Consultado em 13 de setembro de 2020 
  23. «[En Imágenes] La lucha continúa: movilización nacional del 21S». Colombia Informa. Consultado em 23 de setembro de 2020 
  24. Redacción Blu radio (22 de outubro de 2020). «Indígenas Misak se toman aeropuerto El Dorado para protestar». BLU radio (em espanhol). Consultado em 28 de novembro de 2021 
  25. Mondragón, Héctor (26 de outubro de 2019). «Colômbia: por que a mobilização massiva saiu da quarentena?». Alainet. Consultado em 1 de dezembro de 2021 
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