Província Ultramarina de Cabo Verde
Província Ultramarina de Cabo Verde | |||||
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Capital |
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Língua oficial | Português | ||||
Religião | |||||
Governo | Colónia, província ultramarina do Império Português | ||||
Chefe de Estado | |||||
• 1462–1481 | Rei Afonso V | ||||
• 1974–1975 | Presidente Francisco da Costa | ||||
Governador | |||||
• 1588–1591 | Duarte Lobo da Gama | ||||
• 1974–1975 | Vicente Manuel de Moura | ||||
Período histórico | |||||
• 1462 | Estabelecimento português em Cabo Verde | ||||
• 1975 | Independência de Cabo Verde | ||||
Moeda |
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Província Ultramarina de Cabo Verde foi uma colónia do Império Português estabelecida no ano de 1462, até a independência de Cabo Verde a 5 de julho de 1975. Antes da chegada dos portugueses, Cabo Verde era desabitado.[1]
História
[editar | editar código-fonte]Século XV
[editar | editar código-fonte]As ilhas de Cabo Verde foram descobertas entre 1460 e 1462 por marinheiros portugueses e genoveses a serviço da Coroa Portuguesa. As ilhas do sudeste, incluindo a maior ilha de Santiago, foram descobertas em 1460 por Antonio da Noli e Diogo Gomes. As restantes ilhas do Noroeste, São Nicolau, São Vicente e Santo Antão foram descobertas em 1461 ou 1462 por Diogo Afonso.[2] Não há evidências de assentamentos humanos em Cabo Verde antes da chegada dos portugueses.[2]
Em 1462, a cidade de Ribeira Grande (hoje Cidade Velha) foi fundada na costa sul de Santiago.[2] O assentamento tornou-se um importante porto de escala à colonização portuguesa em direção à África e à América do Sul. Nos séculos XVI e XVII, foi um centro de comércio marítimo entre a África, o Cabo, o Brasil e o Caribe. Devido à sua proximidade com a costa africana, era uma plataforma essencial para o comércio de pessoas escravizadas.[3] Outros primeiros assentamentos portugueses foram São Filipe na ilha do Fogo (entre 1470 e 1490),[4] Praia, em Santiago (antes de 1516),[2] Ribeira Grande em Santo Antão (meados do século XVI)[2] e Ribeira Brava em São Nicolau (1653).[5]
Em 1492, a Inquisição Espanhola emergiu em sua mais completa expressão de anti-semitismo. Estendeu-se ao vizinho Portugal, onde o Rei João II e, especialmente, Manuel I, em 1496, decidiu exilar milhares de judeus para São Tomé, Príncipe e Cabo Verde. Eles foram autorizados a se envolver no comércio. Os comerciantes freelance eram referidos como lançados, que eram frequentemente, mas nem sempre, de origem judaica.[6]
Séculos XVI a XIX
[editar | editar código-fonte]As riquezas da Ribeira Grande e os conflitos entre Portugal e as potências coloniais rivais de Reino da França e Reino da Inglaterra atraíram ataques de piratas, incluindo os de Francis Drake (1585) e Jacques Cassard (1712).[2] Apesar da construção do Forte Real de São Filipe em 1587-93, a Ribeira Grande permaneceu vulnerável e entrou em declínio. A capital foi transferida à Praia em 1770.[7]
A erupção do vulcão Pico do Fogo em 1680 cobriu grande parte da ilha do Fogo em cinzas, o que obrigou muitos habitantes a fugirem à vizinha Ilha Brava.[8] A partir do final do século XVIII, os navios baleeiros da América do Norte começaram a caçar baleias em torno dos Açores e das ilhas de Cabo Verde. Eles usaram os portos de Brava para estocar suprimentos e água potável. Contrataram homens da Brava como marinheiros, e vários deles se estabeleceram ao redor do porto baleeiro de New Bedford, em Massachusetts.[2]
A exploração de sal na ilha do Sal aumentou cerca de 1800.[9] A cidade portuária de Mindelo cresceu rapidamente após 1838, quando foi estabelecido um depósito de carvão para abastecer navios nas rotas atlânticas.[10] No decorrer do século XIX, o Planalto da Praia foi completamente remodelado com ruas de acordo com um plano de grade, alinhado com grandes edifícios coloniais e mansões.[7] A escravidão foi abolida em Cabo Verde em 1876.[11]
Século XX
[editar | editar código-fonte]Desde o início do século XX o porto do Mindelo perdeu a importância à navegação transatlântica. As causas para isso foram a mudança do carvão para o petróleo como combustível para navios, a ascensão de portos concorrentes como Dacar e as Ilhas Canárias e a falta de investimento em infraestrutura portuária.[10] Devido ao seu clima geralmente seco, Cabo Verde foi atingido por uma série de fomes relacionadas à seca entre os anos 1580 e 1950. Duas das piores fomes de Cabo Verde ocorreram em 1941-43 e 1947-48, matando cerca de 45 000 pessoas.[12] Vários milhares de ilhéus emigraram, por exemplo, aceitando contratos de trabalho nas plantações de cacau de São Tomé e Príncipe e plantações na Angola Portuguesa.[13]
No período que antecedeu e durante a Guerra Colonial Portuguesa, aqueles que planeavam e lutavam no conflito armado na Guiné Portuguesa frequentemente vinculavam o objectivo da libertação da Guiné-Bissau ao objectivo de libertação em Cabo Verde. Por exemplo, em 1956, Amílcar e Luís Cabral fundaram o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC). No entanto, não houve conflito armado em Cabo Verde e, em última análise, a independência de Cabo Verde resultou da negociação com Portugal após a Revolução dos Cravos de abril de 1974.[14] Em Agosto de 1974, foi assinado um acordo em Argel entre o governo português e o PAIGC, reconhecendo a independência da Guiné-Bissau e o direito à independência de Cabo Verde.[15] Em 5 de julho de 1975, na Praia, o Primeiro-Ministro de Portugal, Vasco Gonçalves, entregou o poder ao Presidente da Assembleia Nacional, Abílio Duarte, e Cabo Verde tornou-se independente.[16]
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Cabo Verde
- História de Cabo Verde
- Lista de governadores de Cabo Verde
- Guerra Colonial Portuguesa
- África Ocidental Portuguesa
- África Oriental Portuguesa
- Guiné Portuguesa
- Província Ultramarina de São Tomé e Príncipe
- Império Português
Referências
- ↑ Matos, Pedro. «5 de Julho de 1975. Hoje nasce um novo país». Nós Genti Cabo Verde
- ↑ a b c d e f g Valor simbólico do centro histórico da Praia, Lourenço Conceição Gomes, Universidade Portucalense, 2008
- ↑ «Cidade Velha, Historic Centre of Ribeira Grande - UNESCO World Heritage Centre». Consultado em 14 de Novembro de 2018
- ↑ Centre historique de São Filipe, UNESCO
- ↑ Inventário dos recursos turísticos do município de Ribeira Brava de São Nicolau, Direcção Geral do Turismo, p. 16
- ↑ Richard Lobban. «Jews in Cape Verde and on the Guinea Coast». Arquivado do original em 25 de Agosto de 2012
- ↑ a b Centre historique de Praia, UNESCO
- ↑ S. F. Jenkins; et al. (20 de Março de 2017). «Damage from lava flows: insights from the 2014–2015 eruption of Fogo, Cape Verde». Journal of Applied Volcanology Society and Volcanoes. 6
- ↑ Ray Almeida. «A History of Ilha do Sal». Arquivado do original em 6 de Fevereiro de 2016
- ↑ a b Génese e desenvolvimento da cidade do Mindelo: a preservação de uma identidade, Fred Yanick Fonseca Delgado, 2016, p. 76-80
- ↑ Lumumba H. Shabaka (2015). «Ending Slavery in Cabo Verde: Between Manumission and Emancipation, 1856-1876». Journal of Cape Verdean Studies. 2 (1). pp. 109–132
- ↑ Brooks, George E. (2006). «Cabo Verde: Gulag of the South Atlantic: Racism, Fishing Prohibitions, and Famines». History in Africa. 33. pp. 101–135
- ↑ Keese, Alexander (2012). «Managing the Prospect of Famine. Cape Verdean Officials, Subsistence Emergencies, and the Change of Elite Attitudes During Portugal's Late Colonial Phase, 1939-1961» (PDF). Itinerario. XXXVI (1). pp. 49–69. doi:10.1017/S0165115312000368
- ↑ António Costa Pinto, "The transition to democracy and Portugal's decolonization", in Stewart Lloyd-Jones and António Costa Pinto (eds., 2003). The Last Empire: Thirty Years of Portuguese Decolonization (Intellect Books, ISBN 978-1-84150-109-3) pp. 22–24.
- ↑ Acordo entre o governo Português e o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde, Centro de Documentação 25 de Abril
- ↑ Costa Pinto, António (2001). O Fim do Império Português: a cena internacional, a guerra colonial e a descolonização, 1961-1975. Lisboa: Livros Horizonte