Tema da Dalmácia

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θέμα Δαλματίας/Δελματίας
Tema de Licando
Tema do(a) Império Bizantino
c. 870-anos 1060


Temas bizantinos em 1045. O Tema da Dalmácia aparece próximo ao canto superior esquerdo, na região costeira do Adriático.
Capital Zadar
Líder estratego

Período Idade Média
c. 870 Estabelecimento
anos 1060 Colapso do controle bizantino


Tema da Dalmácia (em grego: θέμα Δαλματίας/Δελματίας; romaniz.:thema Dalmatias/Delmatias) foi um tema bizantino (uma província civil-militar) localizado na costa oriental do Mar Adriático, no sudeste da Europa. Sua capital era Zadar. Ele não deve ser confundido com a província romana da Dalmácia.

Origens[editar | editar código-fonte]

A Dalmácia caiu pela primeira vez sob controle bizantino na década de 530, quando os generais do imperador bizantino Justiniano (r. 527–565) conquistaram a região na guerra contra os os ostrogodos. As invasões dos ávaros e eeslavos no século VII destruíram as principais cidades e devastaram a zona rural, com o controle bizantino permanecendo apenas nas ilhas e em umas poucas cidades costeiras (como Split e Ragusa (Dubrovnik), com Zara (Zadar) se tornando a sé episcopal e o centro administrativo da região, sob um arconte.[1]

Na virada do século VIII para o IX, a Dalmácia foi conquistada por Carlos Magno (r. 768–814), mas ele devolveu a região para os bizantinos em 812, após a chamada "Pax Nicephori". É incerto se a região esteve de fato sob controle bizantino ou se havia apenas uma autoridade nominal daí em diante; as cidades parecem ter sido virtualmente independentes. Mesmo assim, a menção de um "arconte da Dalmácia" no Taktikon Uspensky de 842-843 e um selo de um "estratego da Dalmácia", da primeira metade do século, parecem indicar a existência de um tema na região, ainda que por um tempo curto.[2]

História[editar | editar código-fonte]

A data tradicional da fundação da Dalmácia como um tema está nos primeiros anos do reinado do imperador Basílio I, o Macedônio (r. 867–886), logo após as expedições de Nicetas Orifa.[1][2] O Império Bizantino, o papa e os francos tentaram apoiar os eslavos na Dalmácia; em 878, Sedesclavo da Croácia aparece como um vassalo que teria deposto e sido deposto em seguida numa luta por poder entre essas potências. Com a queda do Império Carolíngio, os francos deixaram de ter influência sobre a região ao mesmo tempo que o poder da República de Veneza aumentava, principalmente depois do doge Pedro Tradônico.

Por volta de 923, Tomislau I, o imperador e dois patriarcas se envolveram num acordo que transferia o controle das cidades bizantinas da região para o recém-criado Reino da Croácia. Este acordo deu origem a uma série de manobras similares e às guerras búlgaro-croatas, no decorrer das quais os imperadores bizantinos da dinastia macedônica conseguiram manter variados graus de controle sobre as cidades dálmatas. A Igreja também passou por um árduo conflito interno entre as dioceses rivais de Split e Nin. O poder marítimo dos venezianos foi obstruído pelos narentinos e os croatas até a época de Pedro II Orseolo, que conseguiu intervir com sucesso em 998-1000 e arranjou dois importantes casamentos reais, tanto com os croatas quanto com os bizantinos. Sob Domênico I Contarini, Veneza retomou Zadar. O reino croata recuperou o controle da região sob Pedro Cresimiro IV, mas a invasão dos ítalo-normandos mudou novamente o balanço de poder regional na região de volta para os venezianos.

No sul, a cidade de Ragusa, ainda sob controle bizantino, começou a aumentar sua importância e sua diocese foi elevada a arquidiocese em 998. No início do século XI, o controle bizantino sobre as cidades da Dalmácia começou a ser contestado pelo principado sérvio de Dóclea, cujo governante, João Vladimir, tomou controle de Bar, cidade próxima da fronteira com o Tema de Dirráquio. Seus feitos foram repetidos e superados por Estêvão Boístlabo vinte anos depois e, em 1034, a diocese de Bar também foi transformada em arquidiocese, mas a guerra contra Teófilo Erótico logo se seguiu. O filho de Estêvão Boístlabo, Miguel I, obteve o apoio do papa após o Grande Cisma do Oriente de 1054, enfraquecendo ainda mais a influência bizantina na Dalmácia.

Com exceção de Ragusa e o terço meridional do território, o controle bizantino ruiu de vez na década de 1060.[1] Constantino Bodino se comprometeu em apoiar o papa Urbano II, que, por sua vez, confirmou o status de Bar como arquidiocese em 1089, o que resultou na remoção temporária da diocese de Ragusa. No final do século XI, o Reino da Hungria tomou o lugar do Reino da Croácia no controle da região setentrional da Dalmácia. Dóclea continuou sob o controle bizantino, mas uma série de conflitos internos enfraqueceu seus líderes.

O domínio bizantino foi restaurado sob o imperador Manuel I Comneno (r. 1143–1180), mas ele evaporou após sua morte e foi substituído pelo controle de Veneza.[1] Com a ascensão de Estêvão Nemânia, a Dinastia Nemânica se apoderou das terras ao sul da região.

Referências

  1. a b c d Kazhdan 1991, pp. 578–579.
  2. a b Nesbitt 1991, p. 46.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Nesbitt, John W.; Oikonomides, Nicolas (1994). Catalogue of Byzantine Seals at Dumbarton Oaks and in the Fogg Museum of Art, Volume 2: South of the Balkans, the Islands, South of Asia Minor (em inglês). Washington, Distrito de Colúmbia: Dumbarton Oaks Research Library and Collection. ISBN 0-88402-226-9