Polichinelo

Polichinelo (em italiano: Pulcinella) é uma antiga personagem-tipo e burlesca da commedia dell'arte, cujas raízes remontam ao teatro da Roma Antiga. Se caracteriza pelo nariz longo, cifose, grande barriga, barrete, roupa multicolorida e fala tremida e esganiçada.[1]
Polichinelo resume em si mesmo a unidade dos contrários, com algumas versões de sua estória colocando-o até mesmo como hermafrodita ou filho de plebeu e nobre.[2]
Segredo de Polichinelo é uma informação que devia ser secreta, mas que é do conhecimento geral.[3][4]
Personagem[editar | editar código-fonte]
Pulcinella encarna a plebe napolitana, o homem mais simples, aquele que ocupa o último lugar na escala social, o homem que, embora consciente dos seus problemas, consegue sempre sair deles com um sorriso.
Ele é chamado a representar a alma do povo e seus instintos primitivos, quase sempre aparece em contradição, tanto que não tem traços fixos: seja rico ou pobre, adapta-se a todos os ofícios além de ser um fiel servo, aqui ele é padeiro, estalajadeiro, fazendeiro, ladrão e vendedor de misturas milagrosas, ele é valentão ou covarde, e às vezes exibe as duas características simultaneamente zombando dos poderosos.
A qualidade que melhor distingue Pulcinella é a sua astúcia, e é precisamente com a sua proverbial astúcia que consegue encontrar a capacidade de resolver os problemas mais díspares que o confrontam, sempre a favor dos mais fracos em detrimento dos poderosos.
Outra de suas famosas características é a de nunca conseguir se calar e daí vem a expressão "segredo aberto" que é algo que todo mundo conhece.
Pulcinella representa um personagem que adquiriu todos os símbolos e significados do mundo popular e camponês e trouxe para todas as cenas dos teatros italianos, e além, um repertório repleto de movimentos, gestos, acrobacias, danças e rituais típicos do gestual napolitano. código. Na verdade, eles o acompanham nas cenas teatrais e carnavalescas: a vassoura, a buzina, os chocalhos, elementos que para os napolitanos têm valor propiciatório e antídoto contra o mau-olhado e a má sorte.
Teatro de marionetas[editar | editar código-fonte]
Os personagens da Commedia dell'Arte foram ainda transportados para o teatro de marionetas, como foi o caso de Polichinelo, que, em Portugal, também teve o nome de D. Roberto:
Podemos, sem grande margem de erro, afirmar que na Europa, o século XVII vê o teatro de marionetas expandir-se, tornando-se um espectáculo de grande aceitação popular. Tornadas marionetas, as personagens da Commedia dell'Arte obtém enorme aprovação popular e, ainda que concebidos em locais e momentos diferentes, mantiveram, até aos nossos dias, a sua existência e identidade de base. É a história do Pulcinella italiano que se tornou Polichinelo e Guignol (França), Punch e Judy (Inglaterra), Polichinelo, Kasperl (Alemanha e Áustria) que substitui o Tradicional Hanswurst "João Salsicha", Petrouchka (Rússia), Kasparek (Praga), Don Cristobal (Espanha) e D. Roberto (Portugal)... Estas representações de marionetas de luva, essencialmente dedicadas a um público popular, conseguiam, com frequência, escapar à dura censura a que eram sujeitos, ao recorrerem a diálogos improvisados, dificilmente submetidos a controle prévio.[5]
Ainda hoje se usa a expressão "um Roberto" para designar "um boneco". A personagem feminina da Commedia dell'Arte era a Colombina, que associada a Don Cristobal, o Polichinelo espanhol, oferecia uma ligação direta a Don Cristobal Colon.
Ver também[editar | editar código-fonte]
Referências
- ↑ FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 1 354.
- ↑ Maffesoli, Michel (2010). O Tempo das Tribos. O declínio do individualismo nas sociedades de massa. Col: Ensaio & Teoria 4 ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária. p. 97. 298 páginas. ISBN 978-85-218-0375-1
- ↑ «Polichinelo»
- ↑ «Segredo de Polichinelo»
- ↑ Museu da Marioneta (Marionetas/Europa). Acesso em 6 de setembro de 2015.