Raphidophyceae

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Raphidomonadea)
Como ler uma infocaixa de taxonomiaRaphidophyceae
Raphidomonadea
Classificação científica
Domínio: Eukaryota
(sem classif.) Harosa (supergrupo SAR)
Reino: Chromalveolata
(sem classif.) Halvaria
Superfilo: Heterokonta
Filo: Stramenopiles / Ochrophyta
Classe: Raphidophyceae s.l.
Chadefaud, 1950, emend. Silva, 1980
Subclasses e ordens
Sinónimos

Raphidophyceae é um pequeno grupo de algas unicelulares eucariotas, geralmente tratado ao nível taxonómico de classe, que inclui espécies de água doce e marinhas,[2] pertencente ao agrupamento dos Stramenopiles.[3] Com uma história sistemática complexa, situado na fronteira entre a ficologia e a zoologia, o grupo era anteriormente designado por Chloromonadophyceae ou Chloromonadineae, dependendo do campo de estudo.[4] A sua taxonomia e sistemática continuam a não ser consensuais, não existindo ainda um sistema de classificação com aceitação generalizada.

Descrição[editar | editar código-fonte]

Todas as espécies são unicelulares, com grandes células (50-100 μm de comprimento), desprovidas de parede celular. Com morfologia complexa, apresentam um par de flagelos, organizados de tal maneira que ambos procedem da mesma invaginação (frequentemente referida por gullet). Um dos flagelos, recoberto por mastigonemas pilosos, aponta para diante, enquanto que o outro, liso, aponta para trás, encaixado num sulco ventral situado ao longo da superfície da célula.

Os membros deste grupo possuem numerosos cloroplastos de forma elipsóide que contêm clorofilas a, c1 e c2. Também fazem uso de pigmentos acessórios como o β-caroteno e a diadinoxantina. Diferem de outros Heterokontophyta por não apresentarem o organelo fotorreceptor (mancha ocular) típico deste grupo.

Em termos ecológicos, estes organismos são autótrofos fotossintéticos que ocorrem numa larga gama de ecossistemas aquáticos. As espécies de água doce são mais comuns em águas ácidas, preferindo habitats como as lagoas em turfeiras. As espécies marinhas podem produzir grandes eflorescências algais no Verão, especialmente em águas costeiras. Ao largo da costa japonesa, as marés vermelhas resultantes desses blooms frequentemente causam perturbações nas instalações de piscicultura ali existentes, embora os rafidófitos geralmente não sejam responsáveis por fenómenos de toxicidade nas águas ou na cadeia trófica.

Taxonomia e sistemática[editar | editar código-fonte]

O agrupamento taxonómico Raphidophyceae é frequentemente referido em botânica pela designação Chloromonadophyceae. O nome é também frequentemente escrito com um i adicional como «Raphidiophyceae». Estes organismos fototróficos, porque são unicelulares e dotados de alguma motilidade, são tratadas a partir de uma perspectiva histórica como parte do campo de estudo da zoologia.[5] Em geral foram durante muito tempo considerados como a ordem Chloromonadina dos Heterokonta, embora a designação Raphidomonadea continuasse comum.

Em consequência da tradicional distinção de regras de classificação entre os campos da botânica e da zoologia, a posição taxonómica deste grupo variou grandemente nas antigas classificações de base morfológica. A maioria dos protozoólogos tratou os cloromónados como uma ordem de fitoflagelados,[6] enquanto a maioria dos ficologistas os classificavam como parte das Xanthophyceae e das Eustigmatophyceae na divisão Xanthophyta.[7] Outros ficologistas consideravam o grupo como próximo das Chrysophyceae, Dinophyceae ou Cryptophyceae.[8] Recentemente o grupo de heliozoários que constitui o agrupamento Actinophryida foi movido para este agrupamento taxonómico com base em critérios de filogenética molecular e cladística.

Em consequência da sua complexidade e das questões históricas atrás apontadas, o posicionamento filogenético do agrupamento Raphidophyceae, como dos restantes grupos de protistas incluídos entre os Stramenopiles, continua incerto. Com base em trabalhos recentes (2015-2016) sobre a filogenia dos eucariotas é possível estabelecer os seguinte cladograma:[9][10]

Khakista

Bolidophyceae Guillou & Chretiennot-Dinet 1999

Bacillariophyceae Haeckel 1878 (diatomáceas)

Phaeista
Hypogyrista

Dictyochophyceae Silva 1980 s.l.

Chrysista
Eustigmista

Pinguiophyceae Kawachi et al. 2002

Eustigmatophyceae Hibberd & Leedale 1971

Phagochrysia

Picophagea Cavalier-Smith 2006

Synchromophyceae Horn & Wilhelm 2007

Leukarachnion Geitler 1942

Chrysophyceae Pascher 1914 (algas-douradas)

Xanthophytina
Raphidoistia

Raphidophyceae s.l.

Fucistia

Phaeophyceae Hansgirg 1886 (algas castanhas)

Chrysomerophyceae Cavalier-Smith 1995

Phaeothamniophyceae Andersen & Bailey 1998 s.l.

Xanthophyceae Allorge 1930 emend. Fritsch 1935 (algas verde-amareladas)

No esquema de classificação mais utilizado, são reconhecidos como válidos os seguintes géneros:[11]

Nos modernos sistemas de classificação taxonómica as Raphidophyceae, apesar de subsistirem algumas dúvidas sobre a sua circunscrição taxonómica e sobre a filogenia de alguns táxons subordinados, são divididas nas seguintes famílias e géneros:

Uma classificação mais abrangente, baseada no trabalho desenvolvido por Thomas Cavalier-Smith e Josephine Margaret Scoble, publicado em 2013,[12][13] permite constituir a seguinte classificação:

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Hartmann, Max (1913). Rhizopoda. In: Handwörterbuch der Naturwissenschaften, vol. 8, p. 440.
  2. Hoek, C. van den, Mann, D. G. and Jahns, H. M. (1995). Algae : An introduction to phycology. UK: Cambridge University Press. ISBN 978-0-521-31687-3 
  3. Hoek, C. van den, Mann, D. G. and Jahns, H. M. (1995). Algae : An introduction to phycology, Cambridge University Press, UK.
  4. Herbert Graffius, J. (1966). «Additions to Our Knowledge of Michigan Pyrrhophyta and Chloromonadophyta». Transactions of the American Microscopical Society. 85 (2): 260–270. JSTOR 3224637. doi:10.2307/3224637 
  5. Westheide, Wilfried; Rieger, Reinhard (Hrsg.): Spezielle Zoologie. Teil 1: Einzeller und Wirbellose Tiere. 2. Aufl. Spektrum Akademischer Verlag 2006. ISBN 3-8274-1575-6
  6. «RAPHIDIOPHYTA». susqu.edu 
  7. American Water Works Association (2010). Algae: Source to Treatment. [S.l.: s.n.] p. 281. ISBN 978-1-61300-116-5 
  8. Potter, D; Saunders, G; Andersen, R (1997). «Phylogenetic relationships of the Raphidophyceae and Xanthophyceae as inferred from nucleotide sequences of the 18S ribosomal RNA gene». American Journal of Botany. 84 (7). 966 páginas. JSTOR 2446287. PMID 21708651. doi:10.2307/2446287 
  9. Ruggiero; et al. (2015), «Higher Level Classification of All Living Organisms», PLoS ONE, 10 (4), doi:10.1371/journal.pone.0119248 
  10. Silar, Philippe (2016), «Protistes Eucaryotes: Origine, Evolution et Biologie des Microbes Eucaryotes», HAL archives-ouvertes: 1–462 
  11. Adl et al., 2005: The New Higher Level Classification of Eukaryotes with Emphasis on the Taxonomy of Protists. The Journal of Eukaryotic Microbiology 52 (5), 2005; Seiten 399-451 (Sumário e texto integral Arquivado em 14 de setembro de 2017, no Wayback Machine.)
  12. Cavalier-Smith, T; Scoble, J. M. (2013). «Phylogeny of Heterokonta: Incisomonas marina, a uniciliate gliding opalozoan related to Solenicola (Nanomonadea), and evidence that Actinophryida evolved from raphidophytes». European Journal of Protistology. 49 (3): 328–353. PMID 23219323. doi:10.1016/j.ejop.2012.09.002 
  13. Guiry, M.D.; Guiry, G.M. (2016). «Raphidophyceae». AlgaeBase (3). Consultado em 26 de agosto de 2016 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Wikispecies
Wikispecies
O Wikispecies tem informações sobre: Raphidophyceae
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Raphidophyceae