Reflexo flehmen
O reflexo (reação, resposta ou efeito) flehmen[nota 1] (do alemão flehmen, que significa erguer o lábio superior) é o nome que se dá, em zoologia, à reação presente nos mamíferos ungulados, felinos e outros, a fim de facilitar a percepção de feromônios e outros cheiros pelo órgão vomeronasal.
A flehmen envolve posturas características: o animal fica ereto, estende o pescoço e ergue a cabeça, abre bem as narinas, com pequena abertura da boca com enrolamento do lábio superior, muitas vezes expondo a gengiva superior. O termo foi usado primeiramente por Schneider, em 1930.[2]
O reflexo pode estar ou não presente antes do ato copulatório do animal, como forma de perceber o macho a disponibilidade da fêmea para a reprodução.[3]
A reação ocorre nos machos quando excitados pelo cheiro da secreção vaginal ou urina da fêmea, sendo ainda objeto de discussão se tal reflexo, bem como o movimento de extensão da cabeça que o acompanha, ajudam ou não os odores a chegarem até o órgão vomeronasal (experimentos com o bloqueio de seus dois ductos alteraram mas não impediram a ocorrência do reflexo em touros expostos aos feromônios de vacas no cio).[4]
Em algumas espécies, contudo, a reação foi observada durante encontros entre animais do mesmo sexo - entre fêmeas ou entre machos; também há relatos de flehmen em algumas espécies entre uma fêmea e um recém-nascido ou ao líquido amniótico. Neste caso o reflexo faz parte do reconhecimento individual materno e, nos casos anteriores, como reconhecimento do status social, bem como para revelar o nível de hormônios do outro indivíduo.[2]
Nos seres humanos não está descartada a hipótese de que o sorriso na fase da conquista possa ser uma reação flehmen, tal como a "careta" que esta produz nos outros animais; o mesmo poderia ocorrer com o próprio beijo.[5]
Notas
- ↑ Embora comumente chamado de reação, efeito, resposta ou mesmo careta "de Flehmen" - com uso de maiúscula - o termo não é nome próprio ou mesmo substantivo (que no idioma original grafa-se em maiúscula) que justifiquem tal uso. Diversas fontes em português seguem este erro, embora outras sirvam-se corretamente do minúsculo como, por exemplo, esta a seguir.[1]
Ver também[editar | editar código-fonte]
Referências
- ↑ José Robson Bezerra Sereno et. allii (novembro de 1996). «ESTUDO DO COMPORTAMENTO SEXUAL DE EQÜINOS DA RAÇA PANTANEIRA NO PERÍODO PERIPUBERAL» (PDF). Comunicado técnico N 16, ISSN 0102-8316. Consultado em 26 de janeiro de 2012
- ↑ a b Daniel S. Mills (2010). The Encyclopedia of Applied Animal Behaviour and Welfare. [S.l.]: CABI. p. 265. ISBN 0851997244. Consultado em 29 de março de 2012
- ↑ Cleber Barbosa de Oliveira et allii. (jan–fev 2007). «Avaliação do comportamento sexual em touros Nelore». Revista Brasileira de Zootecnia vol. 36 no.1 Viçosa. Consultado em 26 de janeiro de 2012
- ↑ K. M. DYCE,C. J. G. WENSING,W. O. SACK (2004). Tratado de Anatomia Veterinária 3ª ed. [S.l.]: Elsevier Editora Ltda, Rio de Janeiro. p. 338. ISBN 9788535213928. Consultado em 29 de março de 2012
- ↑ Lucy Vincent (2005). Por que nos apaixonamos. [S.l.]: Ediouro. p. 44. ISBN 8500017511