Região Hidrográfica da Lagoa dos Patos

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Bacia da Lagoa dos Patos, no estado brasileiro do Rio Grande do Sul e no Uruguai.

A região hidrográfica da Lagoa dos Patos é uma bacia hidrográfica internacional que ocupa o sul e leste do Rio Grande do Sul e o nordeste do Uruguai.[1][2] É a maior bacia da região hidrográfica brasileira do Atlântico Sul, definida pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH). Entretanto, a bacia da Lagoa dos Patos não faz parte das outras bacias dessa região, que, com exceção da bacia da Lagoa dos Patos, é composta sobretudo por rios e arroios pequenos que fluem diretamente para o Atlântico sem conexão entre si.[3]

A bacia possui uma área de cerca de 180.000 km²[1] (menos de 2% do território brasileiro, mas cerca de 54% do Rio Grande do Sul e 16% do Uruguai[4]), e é formada por uma série de sub-bacias cujas águas desembocam na Lagoa dos Patos antes de escoarem para o Atlântico na barra do Rio Grande. As principais cidades brasileiras localizados na bacia são Porto Alegre e Caxias do Sul e suas respectivas regiões metropolitanas, bem como Santa Maria, Cachoeira do Sul, Estrela, Pelotas, Rio Grande, Jaguarão e Camaquã. No Uruguai incluem-se os municípios de Melo, Treinta y Tres, Rio Branco e Chuy.

Dentre os seus principais afluentes, destaca-se ao norte da Lagoa dos Patos a sub-bacia do rio Jacuí, em cuja foz no Guaíba na altura de Porto Alegre a vazão é de 1.900 m³/s. O Jacuí possui importantes afluentes, como os rios Taquari, Caí, Gravataí e dos Sinos.

Ao sul da lagoa, a sub-bacia mais importante é a da Lagoa Mirim, cujos principais afluentes são os rios Cebollatí e Tacuarí no Uruguai, e o rio Jaguarão, que marca a fronteira entre este país o Rio Grande do Sul. Esta sub-bacia é ligada à Lagoa dos Patos pelo canal natural de São Gonçalo.

Por fim, destaca-se também a sub-bacia do Camaquã, que deságua na margem oeste da Lagoa dos Patos.

Região hidrográfica da Lagoa dos Patos representada em verde e vermelho (com exceção de Tramandaí e Mampituba) no estado do Rio Grande do Sul

Clima[editar | editar código-fonte]

O clima da região é temperado e com chuvas bem distribuídas durante o ano todo.[1] Nas partes altas da Serra Gaúcha (entre 400 e 1300 m de altitude) e da Serra do Sudeste (entre 300 e 500 m) o clima é oceânico (Cfb), com verões amenos (médias altas abaixo de 22°C) e invernos com temperaturas mínimas médias abaixo de 10°C e ocorrências eventuais de temperaturas negativas e de neve. As áreas de relevo mais baixo nos vales (como os dos rios Jacuí, Taquari, Caí, Sinos e Jaguarão), bem como nas margens das lagoas dos Patos e Mirim, o clima é subtropical (Cfa) com verões quentes (médias acima de 22°C) e invernos com frequentes ocorrências de geada, mas raríssimas de neve.

Navegabilidade[editar | editar código-fonte]

A bacia possui uma grande malha hidroviária, com 1042 km de vias navegáveis em território brasileiro, e faz parte da Hidrovia do Mercosul. A hidrovia possui uma das melhores estruturas do Brasil, contando com barragens equipadas com eclusas, balizamentos e sinalizações instaladas. Desde 2015 vigora o acesso livre e não discriminatório no transporte fluvial de empresas mercantes nos dois países, permitindo o acesso do nordeste do Uruguai ao Porto do Rio Grande para fomentar o comércio e turismo entre os dois países, bem como exportações para fora do Mercosul.[5]

Além da Lagoa dos Patos, da Lagoa Mirim e do Canal de São Gonçalo, são também navegáveis os rios Jacuí, Taquari, Sinos, Caí, Gravataí, Cebollatí e Jaguarão. No rio Jacuí encontram-se os portos de Cachoeira do Sul e Charqueadas e três eclusas: Amarópolis (em General Câmara), Dom Marco (em Rio Pardo) e Fandango (em Cachoeira do Sul). No rio Taquari, o principal porto é o de Estrela, que permite embarcações de até 2,5 m de calado. Em território uruguaio, foi anunciada em 2021 a construção de dois portos fluviais, um sobre o rio Cebollatí em Treinta y Tres e outro no rio Tacuarí em Cerro Largo.[6] Entretanto, atualmente a principal rota hidroviária de cargas é a entre os portos de Porto Alegre, Pelotas e Rio Grande, trecho com um calado de 5,2 metros. O Porto do Rio Grande, já na saída para o Oceano Atlântico, é o maior porto do Rio Grande do Sul e um dos maiores do Brasil, sendo o sexto em movimentação de contêineres e o terceiro de carga.

O transporte hidroviário de passageiros é feito sobretudo entre as cidades de Guaíba e Porto Alegre, conectando aquela ao centro histórico e a zona sul da capital rio-grandense. O serviço de catamarã atende em média 2,5 mil usuários por dia.[7] Há também um serviço de balsas para veículos e pessoas entre os municípios de Rio Grande e São José do Norte.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c Martinbiancho et al. (2018), p. 3
  2. Schuster et al. (2019), p. 2
  3. Agência Nacional de Águas (2015), Regiões Hidrográficas Brasileiras, p. 79
  4. «Regiones Hidrográficas de Uruguay». Consultado em 26 de fevereiro de 2023 
  5. Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. «Hidrovia do Mercosul». Consultado em 26 de fevereiro de 2023 
  6. Presidencia de Uruguay. «Integración Binacional». Consultado em 26 de fevereiro de 2023 
  7. «Correio do Povo». Consultado em 26 de fevereiro de 2023