Reino Nezaque

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Reino Nezaque

Reino Nezak

Ca. 484 — 661/665 

Reino Nezaque e países vizinhos ca. 565
Continente Ásia
Capital Capisa
Gásni
País atual  Afeganistão
Paquistão

Língua oficial Pálavi (escrito)[1]
Persa médio (falado)[1]
Religião Budismo Maaiana[2]

Período histórico Idade Média
• Ca. 484  Fundação
• 661/665  Dissolução

O Reino Nezaque foi um Estado nômade criado pelos nezaques, um dos quatro grupos de hunas que habitaram o Indocuche. Seus reis, designados em sua cunhagem pelo título persa de (em persa médio: Nēzak šāh), utilizavam uma característica coroa em forma de cabeça de touro em ouro e governavam sobre Gásni e Capisa. Ainda que sua história seja desconhecida, deixaram moedas significativas documentando sua prosperidade. Foi o último dos quatro principais reinos hunas conhecidos coletivamente como quionitas, sendo seus predecessores, em ordem cronológica, os reinos Quidarita, Heftalita e Alconita.

Etimologia[editar | editar código-fonte]

Maria Magdolna Tatár compara nezaque a nizaque (nizāk), um título real menor, de proveniência não turca,[3] emprestado e carregado pelos turcos ao norte do Oxo, ao título turco ocidental nixu (em chinês: 泥 孰; romaniz.:níshú (pinyin); *niei-źiuk em chinês médio), que aparece em maniqueísta uigur nïğošak (auditor), em soguediano nwgš'k e em parta n(y)gwš’g, nywš’g.[4] De acordo com Gerard Clauson, o título uigur nïğošak é de origem iraniana e significa "ouvinte".[5] Enquanto isso, János Harmatta conectou *niźük ao saca não atestado *näjsuka- ("lutador, guerreiro") a partir de *näjs- ("lutar").[6] Frantz Grenet vê uma possível, embora não firmemente estabelecida, conexão com o persa médio nēzag, "lança".[7]

História[editar | editar código-fonte]

Em 484, após a derrota e a morte do xainxá sassânida Perozes I (r. 459–484) na Batalha de Herate contra o Império Heftalita, os sassânidas cederam a Báctria aos heftalitas, e o Zabulistão aos nezaques, que criaram uma casa da moeda em Gásni.[8] Lá, emularam a cunhagem sassânida, ao mesmo tempo em que adotaram aspectos de moedas alconitas vizinhas. Seus xás, por sua vez, se retrataram com a coroa alada de Perozes.[9] A origem da dinastia é obscura, mas é possível que tenha origem na dinastia reinante do Reino Alconita, pois fontes chinesas do Império Tangue (século VII) colocam Quingal como ancestral dos nezaques, e este pode ser o alconita Quinguila (r. 430/40–495). No primeiro quartel do século VI, os nezaques conquistaram o Cabulistão dos alconitas e estabeleceram nova casa da moeda em Capisa.[8] Em meados do século VI, os alconitas foram expulsos do Punjabe e Gandara e retornaram ao Cabulistão, onde se fundiram aos nezaques.[10] O último xá em Capisa foi Garilchi, que foi confirmado no trono pelo imperador Gaozongue de Tangue (r. 649–683) em 661. Entre 661-665, foi deposto pelos xaís turcos.[8][11]

Referências

  1. a b Rezakhani 2017, p. 159.
  2. Xuanzangue 2006, p. 190.
  3. Inaba 2010, p. 191-202.
  4. Tatár 2005, p. 3-4.
  5. Clauson 1972, p. 774.
  6. Inaba 2010, p. 191.
  7. Grenet 2002, p. 159.
  8. a b c PROGEO.
  9. Alram 2014, p. 280.
  10. PROGEO (b).
  11. PROGEO (c).

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Alram, Michael (2014). «From the Sasanians to the Huns. New Numismatic Evidence from the Hindu Kush». The Numismatic Chronicle. 174: 261–291 
  • Clauson, G. (1972). An Etymological Dictionary of Pre-13th Century Turkish. 1. Oxônia: Clarendon 
  • Grenet, Frantz (2002). «Nezak». Enciclopédia Irânica. Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Colúmbia 
  • Inaba, Minoru (2010). «Nezak in Chinese Sources?». In: Alram, Michaeli; Klimburg-Salter, Deborah; Inaba, Minoru; Pfisterer, Matthias. Coins, Art and Chronology Vol. II - The First Millennium C.E. in the Indo-Iranian Borderlands. Viena: Editora da Academia Austríaca de Ciências 
  • Rezakhani, Khodadad (2017). ReOrienting the Sasanians: East Iran in Late Antiquity. Edimburgo: Imprensa da Universidade de Edimburgo. ISBN 9781474400305 
  • Tatár, Maria Magdolna (2005). «Some Central Asian Ethnonyms Among the Mongols». In: Ágnes, Birtalan; Attila, Rákos. Bolor-un gerel. Crystal-splendor. Tanulmányok Kara György tiszteletére [Crystal-splendour: essays presented in honour of professor Kara György's 70th birthday]. I–II. Budapeste: Academia de Ciências Húngara; Universidade Eötvös Loránd 
  • Xuanzangue (2006). Dust in the wind: retracing Dharma Master Xuanzang's Western pilgrimage. Taipei, Taiuã: Rhythms Monthly. ISBN 986-81419-8-2