Relações indo-mesopotâmicas

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Impressão de um selo cilíndrico do Império Acádio, com rótulo: "O Divino Príncipe Sarcalisarri da Acádia e o escriba Ibni-Sarrum, seu servo". Acredita-se que o búfalo-d'água representado no selo tenha vindo do Vale do Indo, o que atesta as trocas com Meluhha, a Civilização do Vale do Indo. Cerca de 2217-2 193 a.C.. Museu do Louvre, referência AO 22303.[1][2][3][4]

As relações entre a Índia Antiga e a Mesopotâmia parecem ter se desenvolvido durante a segunda metade do terceiro milênio a.C., até que pararam com a extinção da Civilização do Vale do Indo após cerca de 1900 a.C..[5] A Mesopotâmia já havia sido um intermediário no comércio de lápis-lazúli entre a Ásia Meridional e o Egito Antigo desde pelo menos cerca de 3200 a.C.,[6][7]

Geografia[editar | editar código-fonte]

O nível do mar tem subido cerca de 100 metros nos últimos 15 mil anos até os tempos modernos, o efeito disto foi que as linhas costeiras recuaram muito. Este é especialmente o caso das linhas de costa do Indo e da Mesopotâmia, que originalmente eram separadas apenas por uma distância de cerca de 1000 km, em comparação aos 2000 quilômetros de hoje. No terceiro milênio a.C., a distância entre as costas das civilizações da Mesopotâmia e do Indo teria sido muito mais curta do que é hoje.[8] Em particular, o Golfo Pérsico, que hoje tem apenas 30 metros de profundidade, teria sido pelo menos parcialmente seco e teria formado uma extensão da bacia mesopotâmica.[8]

Cronologia[editar | editar código-fonte]

Selo cilíndrico do Império Acadiano com a inscrição: "Shu-ilishu, intérprete da língua de Meluhha".[9] Museu do Louvre, referência AO 22310.[10]

Sargão da Acádia (por volta de 2300 ou 2250 aC) foi o primeiro governante da Mesopotâmia a fazer uma referência explícita à região de Meluhha, que é geralmente entendida como sendo a região do Baluchistão ou do Indo.[11] Sargão menciona a presença de navios de Meluhha, Magan e Dilmun na Acádia.[11]

Essas datas correspondem aproximadamente à fase madura da Civilização do Vale do Indo, datada de cerca de 2600 a 2000 a.C..[11] As datas para a ocupação principal de Moenjodaro de 2350 a 2000/1900 a.C.[11]

Tem sido sugerido que o antigo Império Mesopotâmico precedeu o surgimento da Civilização do Vale do Indo e que intercâmbios comerciais e culturais podem ter facilitado o surgimento da cultura no Indo.[11] Alternativamente, é possível que a cultura do Indo já tivesse emergido na época do comércio com a Mesopotâmia.[11] Incertezas sobre esta relação tornam impossível estabelecer uma ordem clara.[11]

Intercâmbios parecem ter sido mais significativos durante os períodos do Império Acadiano e da Terceira Dinastia de Ur, sendo que depois diminuíram junto com o desaparecimento da Civilização do Vale do Indo.[12]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Cylinder Seal of Ibni-Sharrum». Louvre Museum 
  2. «Site officiel du musée du Louvre». cartelfr.louvre.fr 
  3. Brown, Brian A.; Feldman, Marian H. (2013). Critical Approaches to Ancient Near Eastern Art (em inglês). [S.l.]: Walter de Gruyter. p. 187. ISBN 9781614510352 
  4. Robinson, Andrew (2015). The Indus: Lost Civilizations (em inglês). [S.l.]: Reaktion Books. p. 100. ISBN 9781780235417 
  5. Stiebing, William H. (2016). Ancient Near Eastern History and Culture (em inglês). [S.l.]: Routledge. p. 85. ISBN 9781315511160 
  6. Demand, Nancy H. (2011). The Mediterranean Context of Early Greek History (em inglês). [S.l.]: John Wiley & Sons. pp. 71–72. ISBN 9781444342345 
  7. Rowlands, Michael J. (1987). Centre and Periphery in the Ancient World (em inglês). [S.l.]: Cambridge University Press. p. 37. ISBN 9780521251037 
  8. a b Reade, Julian E. (2008). The Indus-Mesopotamia relationship reconsidered (Gs Elisabeth During Caspers) (em inglês). [S.l.]: Archaeopress. pp. 12–14. ISBN 978 1 4073 0312 3 
  9. Parpola, Asko (2015). The Roots of Hinduism: The Early Aryans and the Indus Civilization (em inglês). [S.l.]: Oxford University Press. p. 353. ISBN 9780190226930 
  10. «Meluhha interpreter seal. Site officiel du musée du Louvre». cartelfr.louvre.fr 
  11. a b c d e f g Reade, Julian E. (2008). The Indus-Mesopotamia relationship reconsidered (Gs Elisabeth During Caspers) (em inglês). [S.l.]: Archaeopress. pp. 14–17. ISBN 978 1 4073 0312 3 
  12. Reade, Julian E. (2008). The Indus-Mesopotamia relationship reconsidered (Gs Elisabeth During Caspers) (em inglês). [S.l.]: Archaeopress. pp. 16–17. ISBN 978 1 4073 0312 3 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]