Revolta da Armada
A chamada Revolta da Armada foi um movimento de rebelião promovido por unidades da Marinha do Brasil contra o governo do marechal Floriano Peixoto, supostamente apoiada pela oposição monarquista à recente instalação da República. Desenvolveu-se em dois momentos:
A primeira Revolta da Armada
Em novembro de 1891, registrou-se como reação à atitude do presidente da República, marechal Deodoro da Fonseca, que, com dificuldades em negociar com a oposição representada pela elite cafeicultora, em flagrante violação da Constituição recém promulgada em 1891, ordenou o fechamento do Congresso. Unidades da Armada na Baía de Guanabara, sob a liderança do almirante Custódio de Melo, sublevaram-se e ameaçaram bombardear a cidade do Rio de Janeiro, então capital da República. Para evitar uma guerra civil, o marechal Deodoro renunciou à Presidência da República (23 de novembro de 1891).
Com a renúncia de Deodoro, passados apenas nove meses do início de seu governo, o vice-presidente Floriano Peixoto assumiu o cargo (1892). A Constituição de 1891, no entanto, previa nova eleição caso a Presidência ou a Vice-Presidência ficassem vagas antes de decorridos dois anos de mandato. A oposição acusou, então, Floriano de manter-se ilegalmente à frente da nação
A segunda Revolta da Armada
Começou a delinear-se em Março de 1892, quando treze generais enviaram uma Carta-Manifesto ao Presidente da República, marechal Floriano Peixoto. Este documento exigia a convocação de novas eleições presidenciais para que, cumprindo-se o dispositivo constitucional, se estabelecesse a tranquilidade interna na nação. Floriano reprimiu duramente o movimento, determinando a prisão de seus líderes.
- "Concidadãos,
- Contra a Constituição e contra a integridade da própria Nação, o chefe do Executivo [Floriano Peixoto] mobilizou o Exército discricionariamente, pô-lo em pé de guerra e despejou-o nos infelizes estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Contra quem? Contra o inimigo do exterior, contra estrangeiros? Não. O vice-presidente armou brasileiros contra brasileiros; levantou legiões de supostos patriotas, levando o luto, a desolação e a miséria a todos os ângulos da República (...).
- Sentinela do Tesouro Nacional como prometera, o chefe do Executivo perjurou, iludiu a Nação, abrindo com mão sacrílega as arcas do erário público a uma política de suborno e corrupção. (...)
- Viva a Nação Brasileira! Viva a República! Viva a Constituição!
- Capital da República, 6 de setembro de 1893.
- Contra-Almirante Custódio José de Melo" (in: Jornal do Brasil)
Em 6 de setembro de 1893, um grupo de altos oficiais da Marinha exigiu a imediata convocação dos eleitores para a escolha dos governantes. Entre os revoltosos estavam os almirantes Saldanha da Gama, Eduardo Wandelkok e Custódio de Melo, ex-ministro da Marinha e candidato declarado à sucessão de Floriano. Sua adesão refletia o descontentamento da Armada com o pequeno prestígio político da Marinha em comparação ao do Exército. No movimento encontravam-se também jovens oficiais e muitos monarquistas.
A revolta teve pouco apoio político e popular no Rio de Janeiro, onde diversas unidades encouraçadas trocaram tiros com a artilharia dos fortes em poder do Exército. Sem chance de vitória na baía da Guanabara, os revoltosos dirigiram-se para sul do país. Alguns efetivos desembarcam na cidade de Desterro (atual Florianópolis) e tentaram, inutilmente, articular-se com os federalistas gaúchos.
O presidente da República, apoiado pelo Exército brasileiro e pelo Partido Republicano Paulista conteve o movimento em março de 1894, para o que fez adquirir, às pressas, no exterior, novos navios de guerra, a chamada "frota de papel".
A esquadra rebelde
Embarcações da Marinha do Brasil
- Encouraçado Aquidabã
- Encouraçado Sete de Setembro
- Encouraçado Fluvial Javari
- Cruzador República
- Cruzador Tamandaré
- Cruzador Trajano
- Cruzador Auxiliar Esperança
- Cruzador Auxiliar Pereira da Cunha
- Canhoneira Marajó
- Torpedeira Araguari
- Torpedeira Iguatemi
- Torpedeira Marcílio Dias
- Navio Transporte Madeira
Embarcações civis incorporadas pelos rebeldes
Estas embarcações foram confiscadas pelas forças rebeldes, a fim de suprir as suas necessidades de combustível, munições e víveres:
- da Companhia Frigorífica Fluminense:
- Júpiter
- Marte
- Mercúrio
- Paraíba
- Vênus
- Uranus
- da Navegación Lage:
- Adolpho de Barros
- Gil Blas
- da Lloyd Brasileiro:
- Meteoro
- da Wilson & Sons:
- Luci
- Guanabara
- Vulcano
- Glória
- Bitencourt