Ricardo Rosa y Alberty

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Ricardo Rosa y Alberty
Nascimento 27 de dezembro de 1882
Viana do Alentejo
Morte 9 de julho de 1977 (94 anos)
Cascais
Nacionalidade Portugal Portugal
Ocupação Professor e escritor

Ricardo Rosa y Alberty (Viana do Alentejo, 27 de Dezembro de 1882 - Cascais, 9 de Julho de 1977) foi um professor e escritor português. Destacou-se principalmente pela sua carreira no ensino e pelo seu envolvimento na Questão de Olivença.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nascimento e formação[editar | editar código-fonte]

Nasceu em Viana do Alentejo, em 27 de Dezembro de 1882,[1] filho de Francisco Rosa y Alberty e Maria Rodan López.[2]

Em 1904 concluiu a sua formação na Escola do Ensino Normal, na cidade de Évora,[3] e em 1910 diplomou-se como professor do ensino primário elementar na Escola Normal Primária de Lisboa.[4] Também estudou posteriormente em Barcelona, nos cursos de Maria Montessori, tendo-se interessado principalmente sobre pedagogia e psicologia infantil.[1]

Carreira profissional e activismo[editar | editar código-fonte]

Trabalhou principalmente como professor do ensino primário, tendo estado no Barreiro, e em Oeiras de 1911 a 1914.[4] Também em 1911 foi nomeado para a 1ª Escola Oficial do Sexo Masculino, na Amadora, onde encontrou grandes dificuldades, devido à falta de condições dos edifícios e dos materiais, e a baixa qualidade de vida das crianças.[3] Desta forma, iniciou uma série de medidas de forma a melhorar a escola e permitir o ensino a uma maior população infantil.[3] Neste sentido, procurou a colaboração da Liga de Melhoramentos da Amadora, onde foi membro da comissão executiva entre 1913 e 1914, tendo conseguido a instalação de várias novas instalações escolares no concelho.[3] Em 13 de Abril de 1913, foram inaugurados as primeiras escolas, situadas num edifício denominado de Palácio.[3] Também combateu a prática tradicional dos pais colocarem as crianças a trabalharem na agricultura, tendo dessa forma reduzido consideravelmente o absentismo escolar no concelho, melhorando a sua educação.[3] Entre 1914 e 1919 foi colocado em Lisboa, tendo naquele ano sido colocado no Funchal como inspector do círculo escolar, onde esteve até 1921.[4] Nesse ano regressou a Portugal continental, e em 1926 passou a inspector-chefe e vogal do Conselho Central de Inspecção, para o qual fez vários serviços, como ser presidente do júri de Exames do Estado do Magistério Primário, em 1931.[4]

Foi um grande defensor do republicanismo, tendo participado na implantação da república no Barreiro após a Revolução de 5 de Outubro de 1910, quando estava a ensinar naquela localidade.[1] Nesse mesmo ano, tornou-se administrador do concelho do Barreiro.[4] Porém, foi perseguido pelo regime devido às suas convicções políticas,[1] tendo sido reformado de forma compulsiva em 1936.[3]

Também se dedicou à Questão de Olivença, tendo sido responsável por várias conferências sobre este assunto, tanto em Portugal continental como nas colónias, tendo por exemplo conseguido criar um grupo a favor de Olivença em Coruche, e convencido o professor Hernâni Cidade a aderir ao movimento.[1] Fez parte dos órgãos sociais do Grupo dos Amigos de Olivença desde 20 de Novembro de 1947 até ao seu falecimento, tendo sido crítico da Junta Directiva entre 1947 e 1948, vogal do Conselho de Estudos e Fiscalização entre 1948 e 1949, vice-presidente do Conselho de Estudos de 1950 a 1970, e vogal da Junta Directiva desde 1971 até à sua morte.[1]

Colaborou igualmente em várias publicações, nomeadamente na Gazeta das Escolas, O Século, Boletim Pedagógico, Revista Escolar, Boletim da Casa do Alentejo, Anuário da Casa Pia, Ecos de Belém, Boletim do Grupo dos Amigos de Olivença, A Amadora, O Domingo (Montijo), Radical (Setúbal), Jornal de Viana do Alentejo e Transtagana (Viana do Alentejo), Barlavento (Lagos), Federação Escolar (Porto), e Cronómetro (Barcelona).[4] Em Março de 1976, participou numa conferência de homenagem a Júlio Pereira Garrido em Viana do Alentejo, tendo provavelmente esta sido a última visita que fez à terra natal.[4]

Falecimento[editar | editar código-fonte]

Faleceu em 9 de Julho de 1977, aos 94 anos de idade, em Cascais.[3] Foi enterrado no Cemitério da Guia, naquela vila.[1] Teve pelo menos uma filha[1] e um filho, o escritor Ricardo Eduardo Rios Rosa y Alberty.[3]

Homenagens[editar | editar código-fonte]

O nome de Ricardo Alberty foi colocado na Escola Básica do 1.º ciclo de Borba, no concelho da Amadora.[5] Uma artéria em Viana do Alentejo também recebeu o nome de Rua Professor Ricardo Rosa y Alberty.[4]

Obras publicadas[editar | editar código-fonte]

Sobre o ensino, biografia e economia[editar | editar código-fonte]

  • Pouco a Pouco, leitura para a segunda classe
  • Mais Adiante, leituras para a terceira classe
  • Finalmente..., leituras para a quarta classe
  • Trabalhos manuais e educativos e cursos nocturnos (1912)
  • A situação económica e moral do professor (1914)
  • O Ensino da Língua Materna (1914)
  • A instrução primária e o Problema Económico (1914)
  • O Método Montessóri (1917)
  • Arte de Ser Feliz (conselhos de um professor) (1917)
  • Glórias, Primores e Aspirações de Portugal (1918)
  • A Instrução Primária e a sua Função Nacional e Ensino Infantil (1918)
  • Algumas Notas Biográficas sobre João Inácio Ferreira Lapa (1918)
  • O Método Montessóri (1920)
  • A Escola Nova (Diário da Madeira, 1921)
  • Importância da T.S.F. no Ensino (1932)
  • Páginas da Infância (série de livros, com Chagas Franco e Joaquim Tomás)

Sobre Olivença[editar | editar código-fonte]

  • A Questão de Olivença - por quê Olivença não pertence à Espanha (Lisboa, 1960)
  • O Problema de Olivença - desfazendo equívocos (Lisboa, 1969)
  • A Questão de Olivença (Macau, 1969)
  • Bocadinhos de História (Lisboa, 1974)
  • A Fronteira de Portugal em Olivença (Lisboa, s. d.)
  • Olivença Terra Portuguesa (Efemérides Históricas)

Referências

  1. a b c d e f g h «Ricardo Rosa Y Alberty (1882-1976)». Grupo dos Amigos de Olivença. Consultado em 13 de Setembro de 2019 
  2. «Necrologia» (PDF). Diário Popular. Ano XIV. Lisboa: Sociedade Industrial de Imprensa. 10 de Março de 1956. p. 14. Consultado em 14 de Setembro de 2019 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  3. a b c d e f g h i «Ricardo Alberty». Agrupamento de Escolas de Miguel Torga - Amadora. 24 de Julho de 2014. Consultado em 13 de Setembro de 2019 
  4. a b c d e f g h BAIÃO, Francisco (10 de Maio de 2012). «Projecto de atribuição de topónimos aos novos arruamentos da vila de Viana do Alentejo» (PDF). Comissão Municipal de Toponímia. Viana do Alentejo: Câmara Municipal de Viana do Alentejo. p. 22-24. Consultado em 13 de Setembro de 2019 
  5. «Ricardo Alberty». Escola EB1 de Ricardo Alberty - Cód.: 287 910 - Historial. 25 de Julho de 2014. Consultado em 13 de Setembro de 2019 
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