Rio Abiaí

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Rio Abiaí
Comprimento 28,2 km
Nascente Fazenda Cabocla, Alhandra, PB[1]
Foz Oceano Atlântico, Litoral sul paraibano
Área da bacia 449,5[1] km²
Afluentes
principais
Rio Popocas, Taperubus e Cupissura
País(es)  Brasil
O abiu, fruto que possivelmente deu nome ao rio, segundo botânico alemão Carl von Martius.

O rio Abiaí é um curso d'água brasileiro que banha a divisa dos estados da Paraíba e Pernambuco.[1] Consequentemente, sua bacia hidrográfica engloba municípios de ambos os estados.[2]

História[editar | editar código-fonte]

Etimologia[editar | editar código-fonte]

Segundo o célebre historiador e geógrafo brasileiro Teodoro Sampaio, o termo Abiaí vem de apiahy, que em tupi significa «rio dos homens», ou mesmo de apiai-y, «rio dos meninos».[3] Já o médico e botânico alemão Carl von Martius, em seu Glossaria Linguarum Brasiliensium, afirma que o termo correto se grafa Abiahi ou Abiahy, e procede de abiu, fruta, e hy, água, e serviria para indicar a polpa aquosa da fruta do abieiro.[3]

Povoamento da região[editar | editar código-fonte]

A região de sua foz foi durante o período da capitania da Paraíba chamada de «Porto dos Franceses», em virtude da constante presença destes nesse litoral sul paraibano, muito apto à ancoragem dos navios da época.[4] No livro Roteiro da Costa do Brasil: do Rio Mossoró ao Rio de São Francisco do Norte pode-ser ler o seguinte trecho sobre o Abiaí:

Nasce esse rio no lugar denominado Lágrimas, distrito da Jacoca, província da Paraíba. Tem perto de dez léguas de curso e nas imediações da foz é fundo e pode ser navegável por barcaças até a distância de quatro léguas. Sua barra, porém, é seca pelas areias que se acumulam com o jogo da vazante e ressaca do mar, não sendo defendida de recife algum.[5]

Em muitas publicações dos séculos XVII e XVIII o rio é tido como o limite natural entre os estados da Paraíba e de Pernambuco,[6] o que alguns historiadores consideravam um «erro grave» cometido até em publicações do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano.[6][7] Contudo, a historiografia mostrou que, após a anexação da capitania de Itamaracá pelas capitanias da Paraíba e de Pernambuco, em 1756, a Paraíba teve os limites sul de seu território alargados do rio Abiaí para o Goiana, atual divisa com Pernambuco.[3]

Bacia hidrográfica[editar | editar código-fonte]

Características[editar | editar código-fonte]

A bacia do Abiaí está inserida entre as latitudes 7º10' e 7º30' sul e entre as longitudes 34º48' e 35º06' oeste, a maior parte da qual banha o litoral paraibano, abrangendo uma área de 449,5 km², e o curso principal em si — o Abiaí — apresenta 28,2 km de extensão.[1] É uma área formada por tabuleiros costeiros com manchas esparsas de Mata Atlântica já intensivamente desmatada. Há em seu estuário cobertura típica de manguezal com algum grau de preservação. O clima da região da bacia é quente e úmido com chuvas de outono e inverno. Em virtude dos diversos tipos de solos encontrados na área, a vegetação apresenta muita diversidade, variando de floresta Mata Atlântica, formação de praias, campos de restingas, formação de várzeas, cerrados e mangues.

Os afluentes do Abiaí são os rios Aterro, Camocim, Galo, Popocas e Pitanga, assim como os riachos Acaís, Caboclinho, Cupiçura, Calaço, Dois Rios, Jaguarema, João Gomes, Lava Mangaba, Meirim, Muzumba, Sal Amargo, Sarampo, Taperubus, Tamanduá e Tamataepe.[2]

Sistema Abiaí–Popocas[editar | editar código-fonte]

O projeto de construção do Sistema Adutor Abiaí–Popocas, idealizado no governo de José Maranhão, é destinado a solucionar o problema de abastecimento de água tratada da Grande João Pessoa até 2025, evitando assim o colapso do Sistema Gramame–Mamuaba.[8]

Essa adutora translitorânea é um projeto que está em obras no litoral sul paraibano há alguns anos e prevê beneficiar a população da Grande João Pessoa (Bayeux, Cabedelo, Conde, João Pessoa e Santa Rita), com o sistema de adutora de água trazida da bacia do Abiaí (rios Popocas e Cupiçura).[8] Prevê-se que a nova adutora proveja também água para os municípios de Alhandra e Conde. O sistema compreende a captação em três pequenas barragens nos rios Cupiçura, Taperubus–Popocas e Abiaí.[8]

Essa obra translitorânea, que esta a cargo do Grupo Camargo Corrêa,[9] é a maior obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC I) da Paraíba e está orçada em R$ 153 milhões.[8] A obra é certificada ambientalmente com o selo de qualidade ISO 14001.[9]

Referências

  1. a b c d Adm. governamental (2004). «Proposta de instituição do Comitê das Águas do Litoral Sul» (PDF). Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba (Aesa). Consultado em 16 de setembro de 2015 
  2. a b BEZERRA, Ivanhoé Soares; et alii. «Análise da Vulnerabilidade Natural à Perda de Solo da Bacia do Rio Abiaí-Papocas» (PDF). Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos. Consultado em 6 de agosto de 2014 
  3. a b c ALMEIDA, Horácio de (1978). História da Paraíba, volume 1. [S.l.]: Editora Universitária (UFPB) 
  4. José Saturnino da Costa Pereira (1834). Diccionario Topographico do Imperio do Brasil. [S.l.]: Typographia e Livraria de R. Ogier & Co., Editores. 242 páginas 
  5. VITAL DE OLIVEIRA, M.A. (1864). Roteiro da Costa do Brasil: do Rio Mossoró ao Rio de São Francisco do Norte. [S.l.: s.n.] 
  6. a b SOUSA BRASIL, Thomaz Pompeo de (1864). Compendio elementar de Georgraphia geral e especial do Brasi, 4ª edição. [S.l.: s.n.] 
  7. Adm. do Instituto (1871). Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, volume 34. [S.l.: s.n.] 
  8. a b c d Adm. da ANA (2010). «Atlas Brasil – Abastecimento urbano de água». Agência Nacional de Águas (ANA). Consultado em 16 de setembro de 2015 
  9. a b Dpto. de Comunicação (2012). «Certificação (ISO 14001)» (PDF). Revista Perfil Socioambiental. Consultado em 15 de setembro de 2015 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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