Rodrigo Rebelo
Rodrigo Rebelo (Castelo Branco, séc. XV - Goa, 1511[1]), foi um militar português. Foi capitão da fortaleza de Cananor e capitão de Goa.
Biografia[editar | editar código-fonte]
Rodrigo Rebelo nasceu na segunda metade do séc. XV. Era filho de Rodrigo Rebelo, fidalgo da casa real e cavaleiro da Ordem de Cristo, e de sua mulher D. Eiria Lopes[2]. Em 1480 era escudeiro do príncipe D. João e escrivão dos Contos de Lisboa[3].
Passagem à Índia[editar | editar código-fonte]
Em 1509, ainda novo, com grandes recomendações de D. Manuel I[nota 1] recebeu a capitania da nau Sebastiana Velha[5], parte integrante da armada que, sob o comando do capitão-mor, o marechal do reino D. Fernando Courtinho fazia a Carreira da Índia. No contexto da crise em torno do Governo da Índia, o marechal do reino ia entregar o governo da índia a Afonso de Albuquerque e tinha também ordens específicas para conquistar Calecute[6].
Índia[editar | editar código-fonte]
Logo em 1509, num dos seus primeiros actos, Afonso de Albuquerque fez de Rodrigo Rebelo capitão da fortaleza de Cananor, substituindo assim o anterior capitão que tinha tomado o partido de Francisco de almeida [7]. Em 1510, Rodrigo Rebelo deixou a fortaleza de Cananor nas mãos do seu substituto e participou na expedição a Calecute, tendo comandado a metade da armada que correspondia ao marechal do Reino (a armada foi dividida e a outra metade correspondia a Afonso de Albuquerque); após a falhada expedição regressou a Cananor com a promessa de ser chamado por Afonso de Albuquerque para outra função. No final de 1510 Goa foi definitivamente conquistada e Rodrigo Rebelo foi chamado para assumir a capitania de cidade.[nota 2][9]
Goa era uma posição estratégica para a domínio português. A Capitania da fortaleza de Cananor foi dada a Manuel da Cunha.[nota 3] [10]
Morte[editar | editar código-fonte]
Em 1511, aproveitando a ausência de Afonso de Albuquerque, Hidalcão[11] tentou recuperar a cidade e confiou essa tarefa a Pulatecão. Estando Goa Assediada, Rodrigo Rebelo foi traído por um hindu que Pulatecão[12] havia subornado e, valente mas pouco prudente, ignorando o conselho de Coje-Qui[13], saíu da fortaleza deparando-se com uma força muito maior do que esperava. Mesmo assim conseguiu uma primeira vitória mas avistou um grupo inimigo e, ignorando um segundo conselho de Coje-Qui[nota 4], investiu com uma força de apenas 14 cavaleiros contra Pulateção e 80 homens, que logo o cercaram e o mataram às lançadas. Com ele caíram 12 cavaleiros e, no desbarato, os peões indianos passaram-se para o lado dos mouros[15]. Foi substituído no cargo por Diogo Mendes de Vasconcelos[16][nota 5]
Legado[editar | editar código-fonte]
Por testamento, de 31 de Dezembro de 1510, Rodrigo Rebelo destinou bens para a construção de um convento na sua terra natal[17].
Ver também[editar | editar código-fonte]
Notas e referências
Notas
- ↑ "O Governador [Rodrigo Rebelo] seguindo a impetuosidade dos seus poucos anos..."[4]
- ↑ "Chegou a Goa a caravela em que vinha Rodrigo Rebelo, que o Afonso de Albuquerque logo fez capitão da cidade [Governador]"[8]
- ↑ "Logo o Governador [Afonso de Albuquerque] mandou Manuel da Cunha em uma caravela a Cananor, que fosse ser capitão da fortaleza, e Rodrigo Rebelo se viesse para ao ser capitão da fortaleza , porque tinha provisão d'El-Rey para ele ser capitão de qualquer fortaleza que se fizesse"[8]
- ↑ "Coje-Qui tudo fez para segurar a impetuosidade do Governador. O conselho, para um moço a quem a sua primeira felicidade tinha cegado, era muito prudente. Rodrigo Rebelo correu precipitado a busca-los com 14 cavalos e caiu numa cerca"[14]
- ↑ "Francisco Pantoja devia por direito suceder a Rodrigo Rebelo no seu posto e o Conselho a isso o obrigou, porém ele recusou e fez acto de resistência. Na sua falta ninguém o merecia mais que Diogo Mendes de Vasconcelos, (...) ofereceram-lhe o governo e ele o aceitou."[4]
Referências
- ↑ Sousa, Manuel Faria y; Ásia Portuguesa, tomo I, Lisboa, 1666
- ↑ Figuras ilustres de Castelo Branco; Manuel da Silva Castelo Branco
- ↑ Joaquim Candeias Silva, O fundador do "Estado Português da India", D. Francisco de Almeida, 1457(?)-1510, ed. Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 1996
- ↑ a b S. Luis, Francisco de (1849). Os portugueses em África, Ásia, América e Oceania, vol. II. [S.l.: s.n.] Erro de citação: Código
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inválido; o nome "AAAO," é definido mais de uma vez com conteúdos diferentes - ↑ Ignacio da Costa Quintela, Annaes da marinha portugueza, Tomo I, 1839
- ↑ Relação das naus e Armadas da Índia, Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, Coimbra, 1985
- ↑ Correia, Gaspar; Lendas da índia, Lisba, 1859
- ↑ a b Correia, Gaspar (1860). Lendas da Índia. [S.l.: s.n.]
- ↑ Artigo Wikipédia
- ↑ Osório, Jerónimo; Da vida e Feitos d'El Rei D. Manuel; Lisboa, 1804
- ↑ Rei inimigo
- ↑ Chefe militar inimigo
- ↑ Coje-Qui, ou Cojebequi, era o Azil (Aguazil) de Goa, a autoridade Judicial
- ↑ S. Luis, Francisco de (1849). Os portugueses em África, Ásia, América e Oceania, vol. II. [S.l.: s.n.]
- ↑ Coelho, António Borges; História de Portugal
- ↑ Torre do Tombo: PT-TT-CC-2-29-24
- ↑ Azevedo, Carlos; Ordem dos Ermitas de Santo Agostinho em Portugal, CEHR, Lisboa, 2011