Rosane Malta

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Rosane Malta
Rosane Malta
Rosane em 1990.
33.ª Primeira-dama do Brasil
Período 15 de março de 1990
até 29 de dezembro de 1992
Presidente Fernando Collor
Antecessor(a) Marly Sarney
Sucessor(a) Ruth Cardoso
53.ª Primeira-dama de Alagoas
Período 15 de março de 1987
até 14 de maio de 1989
Governador Fernando Collor
Antecessor(a) Liege Tavares
Sucessor(a) Telma Andrade
Dados pessoais
Nome completo Rosane Brandão Malta
Nascimento 20 de outubro de 1964 (59 anos)
Canapi, Alagoas
Nacionalidade Brasileira
Cônjuge Fernando Collor (c. 1984; div. 2005)
Religião Protestantismo

Rosane Brandão Malta GCC (Canapi, 20 de outubro de 1964),[1] mais conhecida como Rosane Collor, é uma ex-primeira-dama do Brasil, tendo ocupado essa função durante a presidência de seu ex-marido Fernando Collor, 32.º presidente do Brasil, de 15 de março de 1990 a 29 de dezembro de 1992. Atuou, também, como primeira-dama de Alagoas de 15 de março de 1987 a 14 de maio de 1989.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Família[editar | editar código-fonte]

Rosane Brandão Malta nasceu em uma família política que exercia influência em modestos municípios do sertão de Alagoas, como Canapi (onde nasceu[2]), Mata Grande e Inhapi. É filha de João Alvino Malta[3] e de sua esposa, Rosita Brandão.[4] Seu tio-avô, Euclides Malta, foi governador de Alagoas por dois mandatos.[5] Seu irmão, Joãozinho Malta, já foi preso por tráfico de drogas e acusado de assassinato.[6]

Estudos[editar | editar código-fonte]

Aos dez anos, mudou-se para Maceió, onde estudou em um colégio de freiras, o Colégio Santíssimo Sacramento. Rosane possui ainda um diploma em Administração.[7]

Antes de conhecer Collor, trabalhou como recepcionista da seção alagoana da Legião Brasileira de Assistência, fundada por Darcy Vargas.

Casamento[editar | editar código-fonte]

O casamento deles, em 1984, após dois anos de namoro, significou uma aliança entre dois grupos oligárquicos alagoanos, embora a família Collor tivesse mais influência política. Na intimidade, o casal se apelidava carinhosamente de Quinho e Quinha. Fernando já havia sido casado anteriormente com a socialite Lilibeth Monteiro de Carvalho, com quem teve dois filhos. Também teve um filho com sua ex-amante Juceneide Braz da Silva, em 1980.

Após o casamento, Rosane tentou ter filhos, mas não estava conseguindo. Após alguns anos de tratamento de fertilização, conseguiu engravidar, mas aos três meses de gestação, sofreu um aborto espontâneo. Após isso, entrou em depressão, e por mais de dez anos continuou em tratamento para engravidar, sem sucesso, o que lhe causou diversos abalos emocionais.[8]

Primeira-dama de Alagoas[editar | editar código-fonte]

Em março de 1987, Rosane Collor tornou-se a primeira-dama de Alagoas, seu marido havendo sido eleito governador daquele estado no ano anterior. Ela exerceu essa função até maio de 1989, quando Fernando Collor renunciou ao cargo de governador para se candidatar a Presidência da República.

Primeira-dama do Brasil[editar | editar código-fonte]

Em março de 1990, Rosane, aos vinte e seis anos de idade, tornou-se primeira-dama do Brasil. Assumiu então a presidência da Legião Brasileira de Assistência (LBA) em 20 de março de 1990, onde começou a percorrer todo o país, identificando as desigualdades sociais existentes no Brasil. Seu objetivo resumia-se na diminuição dessas desigualdades, por intermédio do atendimento das necessidades da população de baixa renda assistida pela LBA. Contudo, Fernando Collor queria que sua esposa deixasse o cargo de presidente da LBA ou limitasse sua gerência.

No centro do poder brasileiro, Rosane e o presidente Collor receberam em 1991 o então príncipe Charles e a princesa Diana de Gales. Na noite do dia 23 de abril de 1991, o casal Collor ofereceu um banquete no Palácio Itamaraty em homenagem ao casal real britânico.[9] Diana encantou-se por um vestido usado por Rosane, o que fez a primeira-dama enviar-lhe um de presente feito pela estilista Glorinha Pires Rebelo.[10]

Em 7 de maio de 1991, Rosane e Fernando Collor receberam em visita oficial o primeiro-ministro de Portugal, Aníbal Cavaco Silva e sua esposa Maria Cavaco Silva. Ofereceram um jantar em homenagem ao casal português.[11]

Escândalo na LBA[editar | editar código-fonte]

Quando o Jornal do Brasil conseguiu acesso ao sistema de contabilidade do governo, foi descoberto um desvio de dinheiro da LBA em favor de familiares de Rosane, os Malta. Apesar de a notícia não ter abalado a relação do presidente com o público, ela provocou a saída de Rosane da entidade em setembro de 1991.[12] Num discurso tenso de despedida da presidência da LBA, no qual derrapou quatro vezes nas palavras, a primeira-dama Rosane Collor disse que deixava o cargo "sem mágoas, mesmo daqueles que motivados por interesses políticos subalternos, tentaram atingir-me a condição de mulher e a minha dignidade".[13]

Houve uma compra superfaturada de leite pela LBA.[14] O irmão mais velho de Rosane, Pompílio, teria recebido 59 milhões de cruzeiros da entidade para fornecer água em carros-pipas no combate à seca em Canapi, o que jamais aconteceu. Além disso, cerca de 35 milhões de cruzeiros foram destinados para combater a seca em Mata Grande, entregues à construtora Malta, cuja dona era uma prima da primeira-dama.

Os momentos de crise matrimonial dos Collor ficaram claros quando o presidente começou a aparecer em público sem sua aliança de casamento.

Viagens oficiais[editar | editar código-fonte]

Japão[editar | editar código-fonte]

Rosane e o presidente Collor fizeram viagem oficial ao Japão entre os dias 8 e 15 de novembro de 1990 onde participaram em Tóquio, da entronização do imperador Akihito.[15]

Espanha[editar | editar código-fonte]

Entre os dias 14 e 19 de maio de 1991, o casal Collor fez visita de Estado a Espanha, onde foram recebidos pelo rei Juan Carlos e pela rainha Sofia. Para homenagear os Collor, o casal real realizou um banquete, em Madrid, no dia 16 de junho de 1991.[11]

Suécia[editar | editar código-fonte]

Rosane e Fernando Collor foram recebidos pelo rei Carlos XVI Gustavo e pela rainha Sílvia da Suécia, em Estocolmo, numa visita presidencial em 5 de junho de 1991.[11]

Noruega[editar | editar código-fonte]

Em 7 de junho de 1991, Rosane e o presidente Fernando Collor viajaram em visita oficial a Noruega, na qual foram recebidos pelo rei Haroldo V e pela rainha Sônia, sendo oferecido-lhes um almoço em Oslo, para homenagear o presidente e a primeira-dama. Fora do roteiro presidencial previsto, os reis da Noruega serviram um jantar privado para os Collor.[11]

Estados Unidos[editar | editar código-fonte]

Rosane e Fernando Collor visitaram os Estados Unidos entre os dias 17 e 21 de junho de 1991, e foram recebidos na Casa Branca pelo presidente George H. W. Bush e pela primeira-dama Barbara Bush. A recepção dos norte-americanos contou com um almoço e um jantar em homenagem ao casal presidencial brasileiro. A primeira-dama americana presenteou Rosane com um livro após a visita oficial.[11]

Estilo e moda[editar | editar código-fonte]

Vaidosa, a primeira-dama Rosane vestia-se à Glorinha Pires Rebelo. Em 1991, ela fretou um avião e voou do Rio de Janeiro para Brasília só para mostrar alguns dos modelitos na Casa da Dinda, o que gerou críticas. Vestia também Chanel, Dior, Gucci e Prada.

Após o impeachment[editar | editar código-fonte]

Em 1995, o casal Collor mudou-se para Miami, Flórida, onde compraram uma casa vizinha à do cantor espanhol Julio Iglesias.[16]

Em 2000, Rosane foi condenada, em primeira instância, por corrupção ativa e passiva durante a sua gestão na presidência da Legião Brasileira de Assistência. Todavia, foi absolvida em todos os processos a que respondeu no Supremo Tribunal Federal. Até hoje, ela classifica todas as acusações como falsas.

Divórcio[editar | editar código-fonte]

Fernando e Rosane se divorciaram em 28 de fevereiro de 2005, depois que o ex-presidente mandou encaixotar os objetos pessoais de Rosane em suas residências em São Paulo, Brasília e Miami. Ela também teve seus cartões de crédito e cheques cancelados por Fernando.

No ano seguinte, Collor casou-se novamente com sua ex-arquiteta, Caroline Medeiros, e teve com ela duas filhas gêmeas. Rosane recebe uma pensão de cerca de 18 mil reais de Collor. Em dezembro de 2013, foi sentenciado que ela receberia pensão em torno de R$ 20 mil por mais três anos. Além da pensão, ela também ficou com mais dois imóveis.[17]

Vida atual[editar | editar código-fonte]

Em abril de 2005, Rosane tornou-se evangélica[18] e costuma frequentar a Igreja Evangélica Batista El Shaddai duas vezes por semana.

Em 2007, iniciou um relacionamento com seu advogado, Alder Flores e está atualmente filiada ao Partido Humanista da Solidariedade (PHS).

Em 2018, foi candidata a deputada estadual de Alagoas, mas não foi eleita.[19][20][21]

Livro criado[editar | editar código-fonte]

Honra[editar | editar código-fonte]

Insígma País Honra Data
Portugal Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo, concedida pelo Presidente Mário Alberto Nobre Lopes Soares 2 de julho de 1991.[24]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Divulgação de Candidaturas e Contas Eleitorais». divulgacandcontas.tse.jus.br. Consultado em 9 de junho de 2019 
  2. «"De Canapi a Brasília, a trajetória de Rosane" - Folha Universal». Folhauniversal.com.br 
  3. «"Cidade de Rosane Collor faz campanha com churrasco" - BBC Brasil» (em inglês). British Broadcasting Corporation 
  4. «"Mentiras sinceras" (pág. 2) - Marie Claire». Globo.com. Marieclaire.globo.com 
  5. «"Mentiras sinceras" (pág. 1) - Marie Claire». Globo.com. Marieclaire.globo.com. Arquivado do original em 7 de fevereiro de 2009 
  6. «"Irmão de Rosane Collor é preso por tráfico em Alagoas" - O Estado de S. Paulo». Estadão.com.br 
  7. «"Rosane Collor de corpo e alma" - ISTOÉ Gente». Terra Networks. Terra.com.br 
  8. «"O Impeachment de Rosane" - ISTOÉ Gente». Terra Networks. Terra.com.br 
  9. «ISTOÉ Gente». www.terra.com.br. Consultado em 30 de julho de 2019 
  10. «Princesa Diana encantou-se com vestido chique criado por uma estilista brasileira». Jornal Opção. 15 de novembro de 2014. Consultado em 30 de julho de 2019 
  11. a b c d e Resenha de Política Exterior do Brasil
  12. «"Ascensão e Queda de Fernando Collor de Melo" - Faculdade Casper Líbero». Wikipos.facasper.com.br 
  13. Jornal do Brasil 4 de setembro de 1991
  14. «"Rosane Collor de corpo e alma" - ISTOÉ Gente». Terra Networks. Terra.com.br 
  15. Política externa brasileira no governo Collor: a busca por um novo modelo de atuação internacional
  16. «ISTOÉ Gente Online». www.terra.com.br. Consultado em 30 de julho de 2019 
  17. «"STJ concede a Rosane Collor pensão de 20 mil por mês durante três anos"». Último Segundo. Consultado em 4 de março de 2014 
  18. «"Rosane Collor recebe de pensão de R$ 11,8 mil e fala das relações do ex-presidente com rituais" - Sertão 24 Horas». Sertao24horas.com.br 
  19. «"Opositora do ex-presidente, Rosane Collor teve menos de 500 votos"». UOL. Consultado em 7 de outubro de 2018 
  20. «"Rosane Collor 31777 - Eleições 2018"». Gazeta do Povo 
  21. «Eleições 2018 | Rosane Collor Deputado Estadual 31777». Estadão. Consultado em 5 de maio de 2021 
  22. «Tudo Que VI e Vivi - o Testemunho Corajoso da Primeira-Dama Mais Jovem Que o Brasil Já Teve - Saraiva» 
  23. «"Em livro, Rosane diz que Fernando Collor fez macumba para Silvio Santos não se candidatar"». UOL. Consultado em 4 de dezembro de 2014 
  24. «Cidadãos Estrangeiros Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Marly Sarney". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 24 de março de 2016 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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