Sétimo Cerco de Gibraltar

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Sétimo Cerco de Gibraltar
Data 1436
Local Gibraltar
Desfecho Vitória granadina
Beligerantes
Coroa de Castela Reino Nacérida
Comandantes
Henrique Peres
João Afonso
Desconhecido

O Sétimo Cerco de Gibraltar, ocorrido em 1436,[a] foi uma tentativa malsucedida do nobre castelhano Henrique Peres de capturar a fortaleza de Gibraltar dos mouros. Se afogou durante a tentativa.

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

Gibraltar voltou ao controle do Reino Nacérida de Granada depois que a ocupação por Castela em 1309-1333 foi encerrada pelo Terceiro Cerco de Gibraltar.[2] Em 1411, Gibraltar foi brevemente ocupada pelo sultão do Império Merínida do Magrebe.[3] Iúçufe III, sultão de Granada, reagiu rapidamente às notícias da ação magrebina, trazendo tropas e conduzindo um curto cerco após o qual recuperou o controle.[4] Essa falha levou à deposição do sultão magrebino.[5] Os mouros usaram Gibraltar como uma base segura da qual invadiram os arredores, onde Henrique Peres possuía grandes propriedades. Eles forçaram o fechamento de valiosas pescarias de atum.[6]

Preparativos[editar | editar código-fonte]

Henrique desejava parar as depredações e também foi motivado a ganhar fama reconquistando a cidade que seu ancestral Afonso Peres de Gusmão, fundador de sua casa nobre, havia capturado pela primeira vez em 1309.[7] Em 1436, Henrique conseguiu organizar uma forte força de cavaleiros de Córdova, Écija e Xeres com barcos, provisões e soldados. Seu filho, João Afonso, recebeu o comando do exército terrestre, com 2 000 cavaleiros e grande número de infantaria. Um ataque em duas frentes foi planejado. As forças terrestres viriam do norte e tomariam o castelo e as partes altas, enquanto o grupo marítimo atracaria nas Areias Vermelhas a oeste da Rocha e tomaria a cidade.[6]

Cerco[editar | editar código-fonte]

Os mouros foram avisados do ataque planejado e fizeram os preparativos para enfrentá-lo. Haviam obtido suprimentos e tropas adicionais de Granada e Magrebe, e haviam fortalecido muito as fortificações na área de Areias Vermelhas. O conde não percebeu o estado de preparação dos mouros e dirigiu pessoalmente o grupo de barcos que atacou as Areias Vermelhas.[8] Os mouros nada fizeram para impedir o desembarque do grupo de barcos.[9] Após o desembarque, os barcos voltaram à frota. Os agressores se encontraram em uma praia entre o mar e um alto muro de pedra. A maré estava subindo, reduzindo a praia a uma faixa estreita, e os mouros choviam pedras e flechas sobre eles de cima.[10]

Henrique, que estava supervisionando os canhões em seu navio, foi avisado do massacre de seus homens que estava ocorrendo em terra.[10] Então decidiu ir para terra com os barcos para tentar resgatá-los. As embarcações lotaram. À medida que mais pessoas tentavam embarcar, o barco virou e afundou. Henrique e quarenta cavaleiros morreram afogados. João Afonso descobriu que o castelo não podia ser tomado pelo norte e estava se preparando para levar seus homens para ajudar seu pai quando soube do desastre.[11] Com uma força desmoralizada e nenhuma ação prática a ser tomada, João abandonou o cerco.[12]

Rescaldo[editar | editar código-fonte]

Os mouros encontraram o corpo de Henrique, colocaram-no num cesto e penduraram-no numa das torres do castelo.[12] Em 1445, o rei João II de Castela fez de João Afonso o duque de Medina Sidônia. O duque finalmente capturou Gibraltar no Oitavo Cerco de Gibraltar em 1462.[13] Foi só então, apesar de muitas ofertas anteriores dos cristãos para resgatar o corpo, que os restos mortais de seu pai puderam ser recuperados e colocados em uma capela da Calahorra no Castelo.[14] Um das portas de Gibraltar leva o nome da barcina, ou cesta de vime, na qual Henrique ficou exposto.[15]

Notas

  1. Vários cronistas espanhóis dizem que o ataque ocorreu em 1436. No entanto, Pero Tafur, uma fonte geralmente confiável que participou do ataque, indica que aconteceu no final de 1435. O rei João II de Castela não ouviu falar do fracassado ataque até 1436.[1]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Tafur 1926, p. 235.
  2. Sayer 1865, p. 22.
  3. Sayer 1865, p. 53.
  4. Sayer 1865, p. 54.
  5. Stephens 1873, p. 172.
  6. a b Sayer 1865, p. 55.
  7. López de Ayala 1845, p. 88.
  8. Sayer 1865, p. 56.
  9. López de Ayala 1845, p. 89.
  10. a b Sayer 1865, p. 57.
  11. Sayer 1865, p. 58.
  12. a b Sayer 1865, p. 59.
  13. Pierson 1989, p. 9.
  14. López de Ayala 1845, p. 89–90.
  15. Abulafia 2011, p. 398.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Abulafia, David (2011). The Great Sea:A Human History of the Mediterranean: A Human History of the Mediterranean. Oxônia: Imprensa da Universidade de Oxônia. ISBN 978-0-19-532334-4 
  • Aiala, Inácio Lopes de (1845). The History of Gibraltar: From the Earliest Period of Its Occupation by the Saracens: Comprising Details of the Numerous Conflicts for Its Possession Between the Moors and the Christians, Until Its Final Surrender in 1642: and of Subsequent Events: with an Appendix Containing Interesting Documents. Londres: William Pickering 
  • Pierson, Peter (1989). Commander of the Armada: The Seventh Duke of Medina Sidonia. Yale: Imprensa da Universidade de Yale. ISBN 978-0-300-04408-9 
  • Sayer, Frederick (1865). The history of Gibraltar and of its political relation to events in Europe. Londres: Chapman and Hall 
  • Stephens, F. G. (1873). A History of Gibraltar and Its Sieges. Londres: Provost 
  • Tafur, Pero; Letts, Malcolm (1926). Travels And Adventures: 1435–1439. Londres e Nova Iorque: Routledge. ISBN 978-0-415-34475-3