Saeta

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Saeta é um tipo de música religiosa espanhola, datado de há muitos séculos. A saeta antigua (saeta antiga) provavelmente surgiu da recitação de salmos sob a influência da música litúrgica.[1] As "saetas variam enormemente em forma e estilo, alcançando de simples melodias silábicas a melodias altamente elaboradas".[2] Desde o século XIX, no entanto, as saetas mais preferidas têm incorporado elementos distintos associados com a música flamenca particularmente as siguiriyas.[3]

A saeta é mais conhecida por seu poder triste durante a Semana Santa, quando pela tradição católica a música é executada durante as procissões pelas irmandades religiosas que passam pelas ruas das cidades e vilas da Andaluzia.[4][5] Possuindo uma intensidade emocional lastimosa e uma carga dramática, a saeta é cantada pelo saetero, frequentemente de uma sacada, e deve ser dirigida à estátua de Jesus abaixo, em sua agonia na Via Dolorosa, ou à estátua de sua mãe em sofrimento Maria.[6] Estas e outras estátuas fabricadas são montadas sobre plataformas e carregadas ao longo das ruas sobre os ombros de penitentes passando entre o ajuntamento público.[7] A resposta emocional imediata à saeta, muitas vezes de tristeza intensa, deve ser a razão para seu nome.[8]

As saetas são cantadas nas adorações ao ar livre durante toda Quaresma, e também devem ser cantandas durante a época de Natal.[2] Uma forma especial de saeta (a saeta carcelera) também é cantada nas prisões durante visitas de irmandades.[4][9] Várias cidades da Andaluzia têm seus próprios estilos peculiares da saeta.[10]

É frequentemente cantada a cappella. Tomadas da música flamenca são os melismas, as tercinas e outros floreios. Sendo um dos cantos a palo seco (categoria de flamenco, tradicionamente cantado a cappella ou, em alguns casos, com algum tipo de percussão). o cantor pode também ser acompanhado por tambores ou cornetas.[8] Qualquer acompanhamento é mais frequente no compasso 2/4 ou 6/8. NOrmalmente o saetero canta num tom menor finalizando no dominante; a métrica de versos diferentes serão frequentemente variáveis dependendo da interpretação.[8] Origens árabes e hebraicas tem sido propostas.[11][12]

Palos de flamenco adotados pela saeta incluem especialmente as siguiriyas e as martinetes e outros incluem as saetas por soleares, por polos, por cañas e por fandangos.[13] O cantor Manuel Torre (1878-1933) foi muito respeitado por sua saeta.[14]

De herança heterogênea, a saeta se tornou o fruto artístico emocional de várias culturas. Os ciganos "se sienten identificados con los episodios de la Pasión y consideran a Jesús como un hermano en desgracia que sufre persecusión y muerte".[15] Nada certamente substitui ouvir e testemunhar a saeta.

"La saeta, pues, costituye la síntesis antropológica del andaluz (hondura, plástica, señorío, dolor metafísico) coronada en santidad. La saeta exige un máximo de veracidad pasional, por lo mismo que a nadie le es dado encaramarse en la audacia de sus ayes sin la potencia y la certeza que brinda la posesión heroica del dolor".[16]

Dizem que os andaluzes devem falar com Deus durante a Semana Santa, sendo cantar a saeta durante a procissão das irmandades o modo escolhido.[17]

Gravações[editar | editar código-fonte]

  • Maestros de la Saeta. Semana Santa en Sevilla (CD da Planet Records 1993). Aparentemente da década de 1930 à de 1960, incluindo os famosos Niña de los Peines e Manuel Vallejo.
  • O YouTube mostra vídeos de apresentações recentes de saeta, algumas feitas durante as procissões da Semana Santa.
  • Joaquín Turina, "Jueves Santo a medianoche (Desfile de una cofradía por una callejuela)" in his Sevilla. Suite pintoresca, Opus 2, no. 2 (Sevilha 1908) [Clássico].
  • Miles Davis, "Saeta" em seu álbum Sketches of Spain (Columbia Records: gravado em 1959-1960, lançado em 1960), na faixa 4 (5:06), escrita por Gil Evans [Jazz].

Referências

  1. Ángel Álvarez Caballero at 126-127.
  2. a b Willi Apel, Harvard Dictionary of Music (Cambridge: The Belknap Press 1944, 1969) at 748.
  3. Ángel Álvarez Caballero at 125-129.
  4. a b Ángel Álvarez Caballero at 127.
  5. Domingo Manfredi Cano at 183-184.
  6. José Carlos de Luna at 51-52.
  7. Timothy Mitchell at 137-154, 170-180.
  8. a b c Andrés Batista at 16, 72.
  9. Timothy Mitchell at 76-79.
  10. Julian Pemartin at 138.
  11. Ángel Álvarez Caballero at 126, quoting Durán Muñoz, Andalucía y su cante (1968).
  12. Félix Grande at I: 161-162, referring to the Kol Nidrei.
  13. Ángel Álvarez Caballero at 129; ele cita Hipólito Rossy: "El martinetes ya no sueno a martinetes, sino a saeta." ["As martinetes já não soam como martinetes, mas como saeta."]
  14. Ángel Álvarez Caballero at 199-200.
  15. Ángel Álvarez Caballero at 129. The Gitanos "sentem-se identificados com os episódios da Paixão e consideram Jesus como um irmão em desgraça que sofre perseguição e morte."
  16. Anselmo González Climent at 317. "A saeta, então, constitui a síntese antropológica do andaluz (profundidade, capacidade de adaptação, aristocracia, tristeza metafísica) coroada em santidade. A saeta exige o máximo de veracidade passional, de forma que a ninguém é conferido subir na audácia de seus votos afirmativos sem a potência e a clareza que oferece a possessão heróica da dor"
  17. Domingo Manfredi Cano at 183.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Batista, Andrés. Maestros y Estilos. Manual Flamenco (Madrid 1985).
  • Caballero, Ángel Álvarez. El cante flamenco (Madrid: Alianza Editorial 1994, 1998).
  • Cano, Domingo Manfredi. Geografia del cante jondo (Madrid: Editorial Bullón 1963).
  • Climent, Anselmo González. Flamencologia (Madrid: Editorial Escelicer [1955] 1964).
  • Grande, Félix. Memoria del Flamenco (Madrid: Espasa-Calpe 1979), 2 volumes.
  • Luna, José Carlos de. De cante grande y cante chico (Madrid: Editorial Escelicer [1926] 3d ed. 1942).
  • Mitchell, Timothy. Passional Culture. Emotion, Religion, and Society in Southern Spain (Philadelphia: University of Pennsylvania 1990).
  • Pemartin, Julian. El cante flamenco. Guia alfabetica (Madrid: Afrodisio Aguado 1966).
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