Salto com vara

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Salto com vara
Salto com vara
Olímpico desde 1896 H / 2000 S
Desporto Atletismo
Praticado por Ambos os sexos
Campeões Olímpicos
Tóquio 2020
Masculino Armand Duplantis
 Suécia
Feminino Katie Nageotte
 Estados Unidos
Campeões Mundiais
Budapeste 2023
Masculino Armand Duplantis
 Suécia
Feminino Katie Nageotte
 Estados Unidos
Nina Kennedy
 Austrália
Recorde Mundial
Masculino Armand Duplantis – 6,23 m (2023, Eugene)
Feminino Yelena Isinbayeva – 5,06 m (2009, Zurique)

Salto com vara (português brasileiro) ou Salto à vara (português europeu) é um evento do atletismo onde os competidores usam uma vara longa e flexível para alcançar maior altura e passar por cima de uma barra ou sarrafo.[1] Competições com varas já eram conhecidas na Grécia Antiga, entre os cretenses e os celtas. Foi introduzido como modalidade olímpica desde os primeiros Jogos em Atenas 1896 para os homens e desde Sydney 2000 para as mulheres.

É uma modalidade classificada como uma das quatro principais provas de salto no atletismo, junto com o salto em altura, salto em distância e o salto triplo. Sua originalidade está no fato de ser um esporte que requer uma significativa quantidade de equipamento especializado para ser praticado, tornando-o mais caro que os demais, mesmo em nível básico. Vários saltadores de sucesso na prova tem uma base na ginástica, caso da russa Yelena Isinbayeva e da brasileira Fabiana Murer, o que reflete os atributos físicos similares necessários para os dois esportes.[2]

O primeiro campeão olímpico foi o norte-americano William Hoyt, em 1896, e a primeira campeã, 104 anos depois, Stacy Dragila, também dos Estados Unidos. Dragila tinha como base na adolescência ser montadora de cavalos e touros em rodeios na Califórnia.[3] O brasileiro Thiago Braz é o recordista olímpico da modalidade – 6,03 m. Os recordes mundiais pertencem ao sueco Armand Duplantis – 6,22 m – e à russa Yelena Isinbayeva – 5,06 m.[4] Ele é disputado tanto ao ar livre quanto em pista coberta, e os recordes são oficialmente registrados independente da locação aberta ou fechada.[5]

História[editar | editar código-fonte]

Varas eram equipamentos usados como meios práticos de atravessar obstáculos naturais como terrenos pantanosos no Noroeste da Europa, em províncias como a Frísia, na Holanda, ao longo do Mar do Norte, e em regiões pantanosas do leste da Inglaterra em torno de Cambridgeshire, Lincolnshire e Norfolk. Drenagens artificiais nestes locais criaram uma rede de canais e coletores abertos que se cruzavam uns com os outros. Para cruzar estes locais sem se molhar e evitar tediosos e longos rodeios pelas pontes, uma pilha de longas e finas varas de salto era mantida em cada casa e usada para saltar sobre os pequenos canais. Competições de salto em distância, e não ainda de altura, com estas varas, eram realizadas anualmente nas terras baixas ao longo do Mar do Norte e chamadas de Fierljeppen.[6]

Uma das primeiras competições de salto com varas onde a altura foi medida aconteceu no Ulverston Football and Cricket Club, em Lancashire, Inglaterra, em 1843.[3] A competição moderna começou por volta, de 1850 na Alemanha, quando o salto com vara foi adicionado como modalidade para a prática de exercícios em clubes de ginástica. Também em uso na Inglaterra nesta época eram competições com o uso de varas de cinza sólida ou de nogueira com pontas de ferro no final delas.[7] A moderna técnica do salto foi desenvolvida nos Estados Unidos no fim do século XIX. Inicialmente as varas eram feitas de material rígido como bambu – registrado pela primeira vez em 1857 – [7] ou alumínio, mas com a introdução a partir do início da década de 1950 de varas feitas de fiberglass e fibra de carbono, os saltadores começaram a atingir alturas mais elevadas antes inalcançáveis.[8] Em 1985, o ucraniano Sergei Bubka, então competidor da União Soviética, foi o primeiro homem a superar os seis metros.[9]

Regras[editar | editar código-fonte]

Fierljeppen sobre a água na Holanda.

A pista de corrida para o salto deve medir no mínimo 45 metros e ao fim dela se encontra o obstáculo, uma barra horizontal de 4,5 m de comprimento, 2,260 kg de peso máximo, sustentada por duas traves laterais que a elevam e apoiam à determinada altura. Exatamente ao fim da pista, ao nível do solo e à frente do obstáculo, existe centrada uma caixa de metal ou madeira, com 1 m de comprimento, 60 cm de largura no início e 15 cm junto ao obstáculo. É nela que o saltador apoia a vara para conseguir a impulsão, realizar o salto e ultrapassar o sarrafo.[10]

As mesmas regras do salto em altura são aplicadas à vara; o atleta tem três tentativas para saltar a marca, mas pode se recusar saltar determinada altura preferindo esperar por outra maior. Não conseguindo passar a altura depois de três tentativas na mesma altura ou alturas combinadas, é eliminado. Caso empatem na mesma altura final, o desempate é feito pelo número menor de tentativas para superar a altura imediatamente anterior. Caso continue empatado, é analisado o menor número de tentativas em toda a disputa; ainda um empate, a prova então tem um ou mais saltos de desempate até surgir o vencedor.[7]

Recordes[editar | editar código-fonte]

De acordo com a World Athletics.[11][12]

Homens
Recorde
Marca
Atleta
País
Data
Local
Recorde mundial
6,23 m
Armand Duplantis
Suécia
17 setembro 2023
Eugene
Recorde olímpico
6,03 m
Thiago Braz
Brasil
15 agosto 2016
Rio 2016
Mulheres
Recorde
Marca
Atleta
País
Data
Local
Recorde mundial
5,06 m
Yelena Isinbayeva
Rússia
28 agosto 2009
Zurique
Recorde olímpico
5,05 m
Yelena Isinbayeva
Rússia
18 agosto 2008
Pequim 2008

Melhores marcas mundiais[editar | editar código-fonte]

As marcas abaixo incluem outdoor e indoor (i) de acordo com a World Athletics.[13][14]

Homens[editar | editar código-fonte]

Posição Marca Atleta País Data Local
1
6,23 m
Armand Duplantis
Suécia
17 setembro 2023
Eugene
2
6,22 m (i)
Armand Duplantis
Suécia
25 fevereiro 2023
Clermont-Ferrand
3
6,21 m
Armand Duplantis
Suécia
24 julho 2022
Eugene
4
6,20 m (i)
Armand Duplantis
Suécia
20 março 2022
Belgrado
5
6,19 m (i)
Armand Duplantis
Suécia
7 março 2022
Belgrado
6
6,18 m (i)
Armand Duplantis
Suécia
15 fevereiro 2020
Glasgow
7
6,17 m (i)
Armand Duplantis
Suécia
8 fevereiro 2020
Torun
8
6,16 m (i)
Renaud Lavillenie
França
15 fevereiro 2014
Donetsk
6,16 m
Armand Duplantis
Suécia
30 junho 2022
Estocolmo
10
6,15 m (i)
Sergei Bubka
Ucrânia
21 fevereiro 1993
Donetsk
6,15 m
Armand Duplantis
Suécia
17 setembro 2020
Roma


Mulheres[editar | editar código-fonte]

Posição Marca Atleta País Data Local
1
5,06 m
Yelena Isinbayeva
Rússia
28 agosto 2009
Zurique
2
5,05 m
Yelena Isinbayeva
Rússia
18 agosto 2008
Pequim
3
5,04 m
Yelena Isinbayeva
Rússia
29 julho 2008
Mônaco
4
5,03 m
Yelena Isinbayeva
Rússia
22 julho 2005
Londres
5,03 m (i)
Jennifer Suhr
Estados Unidos
30 janeiro 2016
Brockport
6
5,02 m (i)
Jennifer Suhr
Estados Unidos
2 março 2013
Albuquerque
7
5,01 m
Yelena Isinbayeva
Rússia
12 agosto 2005
Helsinque
5,01 m (i)
Yelena Isinbayeva
Rússia
23 fevereiro 2012
Estocolmo
5,01 m
Anzhelika Sidorova
Rússia
9 setembro 2021
Zurique
10
5,00 m
Yelena Isinbayeva
Rússia
22 julho 2005
Londres
5,00 m (i)
Yelena Isinbayeva
Rússia
15 fevereiro 2009
Donetsk
5,00 m
Sandi Morris
Estados Unidos
10 setembro 2016
Bruxelas

Melhores marcas olímpicas[editar | editar código-fonte]

As marcas abaixo são da prova ao ar livre, a única olímpica, e são de acordo com o Comitê Olímpico Internacional – COI.[15]

Homens[editar | editar código-fonte]

Posição Marca Atleta País Medalha Local
1
6,03 m
Thiago Braz
Brasil
ouro
Rio 2016
2
6,02 m
Armand Duplantis
Suécia
ouro
Tóquio 2020
3
5,98 m
Renaud Lavillenie
França
prata
Rio 2016
4
5,97 m
Renaud Lavillenie
França
ouro
Londres 2012
5,97m
Christopher Nilsen
Estados Unidos
prata
Tóquio 2020
6
5,96 m
Steve Hooker
Austrália
ouro
Pequim 2008
7
5,95 m
Timothy Mack
Estados Unidos
ouro
Atenas 2004
8
5,92 m
Jean Galfione
França
ouro
Atlanta 1996
5,92 m
Igor Trandenkov
Rússia
prata
Atlanta 1996
5,92 m
Andrei Tivontchik
Alemanha
bronze
Atlanta 1996

Mulheres[editar | editar código-fonte]

Posição Marca Atleta País Medalha Local
1
5,05 m
Yelena Isinbayeva
Rússia
ouro
Pequim 2008
2
4,91 m
Yelena Isinbayeva
Rússia
ouro
Atenas 2004
3
4,90 m
Katie Nageotte
Estados Unidos
ouro
Tóquio 2020
4
4,85 m
Katerina Stefanidi
Grécia
ouro
Rio 2016
4,85 m
Sandi Morris
Estados Unidos
prata
Rio 2016
4,85 m
Anzhelika Sidorova
prata
Tóquio 2020
4,85 m
Holly Bradshaw
Reino Unido
bronze
Tóquio 2020
8
4,80 m
Jennifer Suhr
Estados Unidos
prata
Pequim 2008
4,80 m
Eliza McCartney
Nova Zelândia
bronze
Rio 2016
4,80 m
Alana Boyd
Austrália
Rio 2016
4,80 m
Katerina Stefanidi
Grécia
Tóquio 2020

* Devido à suspensão da Federação Russa como nação das Olimpíadas por problemas de doping, a russa Anzhelika Sidorova competiu em Tóquio 2020 pela bandeira do Comitê Olímpico Russo.

Marcas da lusofonia[editar | editar código-fonte]

País
Masculino
Atleta
Ano
Local
Feminino
Atleta
Ano
Local
Brasil
6,03 m
Thiago Braz
2016
Rio de Janeiro
4,87 m
Fabiana Murer
2016
S.B. do Campo
[16]
Portugal
5,71 m
Diogo Ferreira
2017
Lisboa
4,51 m
Marta Onofre
2016
Pombal
[17]
Cabo Verde
4,70 m
José Rosa
2011
Guimarães
2,40 m
Kidline Gomes
2014
Fátima
[18]:637,774
Guiné-Bissau
4,20 m
Émerson Évora
2014
Lisboa
2,55 m
Plácida Mirolho
2003
Abrantes
[18]:637,774
Angola
4,05 m
José Francisco
1989
Luanda
3,60 m
Lídia Alberto
2015
Vagos
[19][20]
São Tomé e Príncipe
4,10 m
Edgar Campre
2017
Abrantes
2,80 m
Nair Varela
2005
Seixal
[18]:638,775
Moçambique
4,00 m
Cândido Coelho
1974
Maputo
sem registro
[18]:637

Referências

  1. S.A, Priberam Informática. «salto». Dicionário Priberam. Consultado em 5 de junho de 2023 
  2. «Fabiana Murer profile». IAAF. Consultado em 22 de fevereiro de 2015 
  3. a b «Kate Dennison: 'It helps being a little bit crazy'». The Independent. Consultado em 10 de setembro de 2015 
  4. «Duplantis breaks world pole vault record with 6.22m in Clermont-Ferrand». World Athletics. Consultado em 25 fevereiro 2023 
  5. «JUMPS - POLE VAULT M». IAAF. Consultado em 10 de setembro de 2015 
  6. «Fierljeppen». Polsstokbond Holland. Consultado em 10 de setembro de 2015. Arquivado do original em 2 de outubro de 2012 
  7. a b c «pole vault». IAAF. Consultado em 10 de setembro de 2015 
  8. «Man who broke 15-feet defenda fiberglass pole». Ocala Star-Banner. Consultado em 10 de setembro de 2015 
  9. Litsky, Frank. «Soviet Pole-Vaulter Soars Over 20-Foot Mark». The New York Times. Consultado em 10 de setembro de 2015 
  10. «Atletismo Saltos». cooperativa de fitness. Consultado em 10 de setembro de 2015 
  11. «World Records». World Athletics. Consultado em 28 julho 2022 
  12. «Olympic Games Records». World Athletics. Consultado em 28 julho 2022 
  13. «Pole Vault Men All-time list». World Athletics. Consultado em 28 julho 2022 
  14. «Pole Vault Women All-time list». World Athletics. Consultado em 28 julho 2022 
  15. «48 PAST OLYMPIC GAMES». OIC. Consultado em 24 de abril de 2013 
  16. «Recordes». CBat. Consultado em 1 de setembro de 2015. Arquivado do original em 23 de setembro de 2015 
  17. «RECORDES DE PORTUGAL». FPA. Consultado em 3 de julho de 2016. Arquivado do original em 24 de setembro de 2015 
  18. a b c d «National Records Pole Vault» (PDF). IAAF Statistics Handbook. Consultado em 29 julho 2022 
  19. «Recordes Masculinos». FAA. Consultado em 10 julho 2021 
  20. «Recordes Femininos». FAA. Consultado em 10 julho 2021 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]