Santo Aleixo da Restauração

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Portugal Santo Aleixo da Restauração 
  Freguesia portuguesa extinta  
Gentílico Santoaleixense
Localização
Município primitivo Moura
Freguesia (s) atual (is) União de Freguesias de Safara e Santo Aleixo da Restauração
História
Fundação 1252
Extinção 28 de janeiro de 2013
Fundador Alexandrino Faria
Características geográficas
Área total 179,53 km²
População total 793 hab.
Densidade 4,4 hab./km²
Altitude 276 m
Outras informações
Orago Nossa Senhora das Necessidades

Santo Aleixo da Restauração é uma aldeia raiana portuguesa situada no município de Moura, sub-região do Baixo Alentejo. Antiga sede da freguesia homónima com 179,53 km² de área[1] e uma população de 793 habitantes (2011)[2], pertence desde 2013 à União de Freguesias de Safara e Santo Aleixo da Restauração[3].

A relevante posição geográfica no contexto histórico de defesa do território português a leste do rio Guadiana, e a ausência de um acordo de fronteira definitivo entre Portugal e Espanha nos terrenos da Contenda até 1893[4], fizeram de Santo Aleixo palco de múltiplos conflitos bélicos ao longo da sua história. Quase despovoada por razias na Crise de 1383–1385[5], foi homenageada como aldeia heróica no Monumento aos Restauradores, em Lisboa[6], e agraciada com o denominação "da Restauração" pela República em 1957[7], pelo valoroso sacrifício da gente desta aldeia na Guerra da Restauração. A aldeia foi arruinada em 1704, no decorrer da Guerra da Sucessão de Espanha.

Em Santo Aleixo da Restauração são celebradas três festas religiosas, sendo a Festa da Tomina uma das maiores da margem este do Rio Guadiana.

Etimologia[editar | editar código-fonte]

A aldeia surge documentada pela primeira vez no século X, numa descrição referente ao Al-Andalus (Península Ibérica) realizada pelo geógrafo Ar-Razi. Nesse documento a aldeia era denominada de Totalica ou Tutaliqa (do latim corrompido totum: toda; ligatio: liga de metais; "toda a liga de metais").[8]

O nome Totalica designou o povoado da ocupação romana, no século II a.C., à reconquista cristã no reinado de D.Sancho II. Após a conquista pela Ordem dos Hospitalários a povoação passou a designar-se de Santo Aleixo.[8]

A 3 de Maio de 1957 após uma solicitação da Junta de Freguesia de Santo Aleixo ao Governo da República, que evocava os feitos históricos da Guerra da Restauração e a partilha da denominação com outras localidades, o nome da aldeia e freguesia foram alterados para Santo Aleixo da Restauração.[7] Em baixo um excerto do decreto n.º 41 093, DG n.º 102, de 3 de Maio de 1957 publicado em Diário da República que altera oficialmente a denominação da aldeia e freguesia:

A Junta de Freguesia de Santo Aleixo, do concelho de Moura, solicitou ao Governo que a mesma freguesia passe a denominar-se Santo Aleixo da Restauração, não só porque outras freguesias existem com a sua actual denominação, o que tem sido causa de perturbações no serviço de distribuição de correspondência, mas, principalmente, atendendo aos actos heróicos praticados pelos seus habitantes, sob o comando do capitão Martim Carrasco Pimenta, durante o período de lutas que se seguiram à Restauração da independência. [...]
Paços do Governo da República, 3 de Maio de 1957. – Francisco Higino Craveiro Lopes – António de Oliveira Salazar – Joaquim Trigo de Negreiros.[7]

História[editar | editar código-fonte]

Guerra da Restauração da Independência[editar | editar código-fonte]

Tabuleta com inscrições indicativas dos combates travados em Santo Aleixo durante a Guerra da Restauração e Sucessão

Durante a Guerra da Restauração Santo Aleixo foi palco de dois grandes combates, o primeiro a 6 de Outubro de 1641 e segundo a 12 de Agosto de 1644, sendo este último de maior dimensão, o que causou mais baixas em ambos os lados e também o que provocou maiores danos na aldeia. Este último ataque também valeu a Santo Aleixo a designação de aldeia heróica e a alteração da sua toponímia em Diário da República para Santo Aleixo da Restauração no ano de 1957.[7]

Incursão castelhana de 1641[editar | editar código-fonte]

Na manhã de 6 de Outubro de 1641, uma força de 1500 soldados de infantaria e 200 cavaleiros castelhanos cercaram a aldeia de Santo Aleixo de modo a concretizar parte da operação que visava o saque e destruição das aldeias de Safara e Santo Aleixo, as mais ricas da comarca de Moura. Devido a inexistência de um contingente militar regular na aldeia, formou-se aquando da noticia da invasão, uma milícia de cerca de cem homens, fracamente armadas e sem qualquer experiência militar, liderada pelo Capitão Martim Carrasco Pimenta.

O assalto castelhano ao complexo fortificado da aldeia resumiu-se a uma série de oito ou dez assaltos que acabaram todos por ser repelidos nas trincheiras de taipa que rodeavam a aldeia. O combate acabou ao fim de três horas com cinquenta e cinco baixas do lado castelhano e duas do lado português.

Esta acção militar foi descrita por Jorge Rodrigues[9], no ano de 1641, descrição essa que se transcreve parcialmente em baixo:

Descuidados estavam os da Aldeia de S.to Aleixo do termo da vila de Moura na madrugada de 6 do presente mês [Outubro], quando se acharam cercados de 1500 castelhanos de pé e de cavalo, que se tinham ajuntado dos lugares de Cheles, Alconchel, Vila Nova, Valença, Oliva e Encinasola, e outros que confinam com aquelas fronteiras, em que havia mais de duzentos de cavalo que tinham vindo de Badajoz a esta facção.

Sabiam eles que a Aldeia de S.to Aleixo e a de Safara sua vizinha são as mais ricas daquela comarca e em que podiam fazer uma importante presa, porque não tinham gente paga que as defendesse. Havia em S.to Aleixo uma companhia de pouco mais de cem homens que pudessem tomar arma, mas o valor do Capitão supre muitas vezes a falta de soldados. Martim Carrasco Pimenta o era destes, e ao prudente modo com que soube opor-se aos desígnios do inimigo, se deveu a vitória deste dia, porque cometendo o lugar às oito da manhã, em toda a sua circunferência se ouviram a um tempo os mosquetaços, tiros de pistolas, e carivinas com que os castelhanos investiram as taipas que lhe serviam de trincheira, saqueando duas casas, uma do prior, e outra vizinha, nas quais entraram pelos quintais sem serem vistos. Acudiram os moradores a defendê-las com tal ânimo e valor, que detiveram o ímpeto dos que já as tinham entrado, que passados do ferro e balas dos nossos, caíram mortos aos pés dos seus, que investiam mais frouxos com o exemplo dos companheiros. Por oito ou dez vezes tornaram a cometer as trincheiras, nas quais com pura fé e confiança no céu haviam posto os nossos [...] na primeira hora, durando três o combate em que os nossos pelejaram com mais valor de homens, porque de cento mal armados, e mais costumados ao exercício do campo, que ao militar, se não podia esperar tão glorioso sucesso; o qual teve fim com a vergonhosa retirada dos castelhanos, ficando cinquenta e cinco mortos e alguns cavalos, e de nossa parte mais que dois homens, um dos quais por tomar um cavalo vivo se lançou da trincheira, e o mataram-no campo.[10]

Guerra da Sucessão de Espanha[editar | editar código-fonte]

A 31 de Maio de 1704, Santo Aleixo foi alvo de um cerco por parte de forças espanholas, que arruinaram a aldeia, no âmbito do envolvimento português na Guerra da Sucessão de Espanha.

Demografia[editar | editar código-fonte]

De acordo como o XV recenseamento geral da população de Portugal, a aldeia de Santo Aleixo da Restauração apresentava na altura do censo uma população residente de 814 pessoas. Tal como a maioria das povoações do interior português, Santo Aleixo também sofre uma diminuição considerável da população causada pelo fenómeno do êxodo rural. Este está intimamente ligado a razões económicas, e tem como consequências, não só a diminuição da população residente como também o envelhecimento da mesma.[11]

População da Freguesia de Santo Aleixo
da Restauração
Ano População Variação (%)
1436 120 Estável
1864 1299 Aumento
1878 1314 Aumento1,15
1890 2064 Aumento5,7
1900 1907 Baixa7,6
1911 2315 Aumento21,4
1920 2389 Aumento3,2
1930 2387 Baixa0,08
1940 2990 Aumento25,3
1950 3021 Aumento1
1960 2490 Baixa17,6
1970 1639 Baixa34,2
1981 1381 Baixa16
1991 1086 Baixa21,4
2001 842 Baixa22,5
2011 793 Baixa5,8

Economia[editar | editar código-fonte]

A freguesia têm como base económica a actividade agropecuária. O sector de actividade secundário têm um peso muito singelo na economia local, a par do sector terciário, apesar deste ter uma expressão muito superior. O principal dinamizador da economia da freguesia é a Herdade da Contenda, empresa municipal responsável pela gestão do Perímetro Florestal da Contenda, que apesar dos benefícios socioeconómicos que tem para a freguesia gera um prejuízo avultado à Câmara Municipal de Moura, detentora da empresa municipal que gere a herdade.

Agropecuária[editar | editar código-fonte]

Desde o início do recenseamento agrícola em Portugal, em 1989, foi possível traçar o cariz da produção agrícola e pecuária na freguesia de Santo Aleixo da Restauração. Este sector de actividade, de 1989 a 2009, sofreu alterações consideráveis, sendo as mais flagrantes o aumento da produção pecuária em detrimento da produção agrícola, a forma de utilização da superfície agrícola, e o aumento considerável da mecanização agrícola e da superfície irrigável.

O número de máquinas agrícolas cresceu substancialmente, passando de 39 em 1989, para 54 em 1999 e para 80 em 2009.[12]. Desta analise estatística é possível observar que a proporção do tipo de máquinas agrícolas manteve-se constante - em 1989 e 1999 de todas as maquinas agrícolas apenas cinco não eram tractores. Estas cinco máquinas eram ceifeiras-debulhadoras. Em 2009 o número de ceifeiras-debulhadoras desceu para duas, mas no entanto houve o emprego de duas motoenxadas[12]

Outra grande evolução de cariz agrícola foi a superfície agrícola irrigável. Em 1989 apenas 8 hectares eram irrigáveis, passando esta superfície para 78 ha em 1999, e 116 ha em 2009[13].

Explorações agrícolas[editar | editar código-fonte]

Culturas de cariz permanente[editar | editar código-fonte]
Explorações agrícolas com culturas permanentes e tipo de culturas
Tipo de culturas por exploração
Período de referência dos dados Frutos frescos
(excepto citrinos)
Citrinos Olival Vinha Total
2009 1 1 91 2 92
1999 2 1 120 1 121
1989 0 0 84 0 84
Dados referentes ao intervalo entre 1989 e 2009. Fonte: Instituto Nacional de Estatística[14]


Culturas de cariz temporário[editar | editar código-fonte]
Explorações agrícolas com culturas temporárias e tipo de culturas
Tipo de culturas por exploração
Período de referência dos dados Cereais
para grão
Leguminosas
secas para grão
Prados
temporários
Culturas
forrageiras
Culturas
industriais
Culturas
hortícolas
Total
2009 8 0 0 17 1 0 23
1999 26 0 0 8 0 2 32
1989 49 7 5 9 0 4 57
Dados referentes ao intervalo entre 1989 e 2009. Fonte: Instituto Nacional de Estatística[15]

Explorações animais[editar | editar código-fonte]

A produção pecuária foi o único ramo económico da freguesia a sofrer uma clara expansão, tendo sido registado um aumento exponencial do número de animais criados com fins comerciais ou de consumo. De 4048 animais em 1989, passou-se para 12 300 em 2009, ou seja, registou-se um aumento de 304%. Da variação do número de cabeças de gado, pode destacar-se o aumento do gado bovino e suíno, e também da produção melífera.

Explorações animais e espécies exploradas
Número de animais por exploração
Período de referência dos dados Bovinos Suínos Ovinos Caprinos Equídeos Aves Coelhos Colmeias e
cortiços povoados
Total
2009 3 294 2 221 3 048 2 135 63 669 0 870 12 300
1999 1 564 1 130 1 326 2 529 49 1 229 32 626 8485
1989 721 882 1 209 1 680 80 667 11 7 4048
Dados referentes ao intervalo entre 1989 e 2009. Fonte: Instituto Nacional de Estatística[16]

Geografia[editar | editar código-fonte]

Localização geográfica[editar | editar código-fonte]

A aldeia de Santo Aleixo da Restauração está localizada no distrito de Beja, Baixo Alentejo (NUTS III), estando inserida no concelho de Moura. A freguesia está limitada a sul e a este pela fronteira com Espanha, sendo separada em parte da fronteira sul pela riberira da Safareja. A norte está limitada pelo concelho de Barrancos, que é separado pela ribeira do Murtigão, e já a noreste pela ribeira do Arroro. A noroeste está limitada pela freguesia de Safara e a oeste pela freguesia de Sobral da Adiça, que é separada pela ribeira de Safareja. A aldeia têm como coordenadas geográficas 38° 04' 08" N e 07° 09' 04" O.

Principais distâncias[editar | editar código-fonte]

Santo Aleixo da Restauração está distanciada das seguintes localidades/cidades, em linha recta e rodovia respectivamente:

Geomorfologia[editar | editar código-fonte]

Altimetria[editar | editar código-fonte]

O território administrado pela freguesia de Santo Aleixo da Restauração tem uma altitude que varia entre os 164m e 584m. O ponto com cota mais baixa (164m) localiza-se na extremidade norte da freguesia, junto a tripla fronteira administrativa de Santo Aleixo - Safara - Barrancos, devendo-se essa depressão a passagem da ribeira do Murtigão. Por sua vez, o ponto de cota mais elevada (584m) localiza-se 0,4 km da fronteira com Espanha, junto à Casa do Mel, e está assinalado por um marco geodésico.[17] Esta elevação tem o nome de Pico das Escovas. A aldeia de Santo Aleixo encontra-se a um altitude média de 279m.

Marcos geodésicos[editar | editar código-fonte]

As área de dependência da freguesia têm os seguintes marcos geodésicos:

Relevo[editar | editar código-fonte]

Os relevos dominantes na freguesia são, a oeste da ribeira de Santo Aleixo inferiores a 8%, e a este desta entre os 8% e 15%, sendo que na parte sudeste da Herdade da Contenda predominam os declives superiores a 25%.

Constituição lítica[editar | editar código-fonte]

Formação geológica composta principalmente por xisto denominada de Rochas Altas

O território correspondente a freguesia, apresenta uma constituição litica essencialmente metamorfico-sedimentar, constituída por Xistos - Grauvaques, e também dois filões de metavulcânitos (ambos cortam às formações de Xistos - Grauvaques do Pré-Câmbrico). Existem três formações geológicas de Xistos - Grauvaques de idades diferentes, formação mais a norte correpondem ao Devónico, a formação mais central correpondem ao Silúrico, e mais a sul correspondentes ao Pré-Câmbrico. A separar estas três formações geológicas de idades diferentes estão duas falhas geológicas, sendo que existe uma terceira cercada por formações do pré-câmbrico. Os dois filões de metavulcânitos datam também do Pré-Câmbrico.

Clima[editar | editar código-fonte]

Santo Aleixo da Restauração apresenta um clima Mediterrânico Temperado sub-húmido (Csa segundo a classificação climática de Köppen). Tem uma precipitação média anual de 60,79mm. De Verão o clima é tipicamente quente e seco, sendo que a temperatura média em Agosto ronda os 24,3 °C, e máxima chega aos 40 °C. A precipitação é praticamente inexistente, sendo que em Julho e Agosto pode mesmo não ocorrer nenhum fenómeno de precipitação. Visto apresentar um carácter quase continental, a afluência de humidade vinda do oceano nesses meses é muito escassa, o que faz os niveis de humidade atmosférica situarem-se entre os 20 e 30%. Apesar do clima sub-húmido existe um grande deficit de água nesta estação.

Durante o Inverno o clima apresenta-se normalmente temperado e húmido com temperaturas médias a rondar os 9 °C a 10 °C e valores consideráveis de precipitação que se prolongam até Maio. De Janeiro a Abril os solos encontram-se saturados.

Tabela climática de Santo Aleixo da Restauração
Temperatura
Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média
Máxima registada °C
Média Máxima °C 20.9
Média °C 9,3 10,0 11,2 13,3 16,7 20,5 24,1 24,3 21,8 17,3 12,3 9,5 15,9
Média minima °C 10,8
Mínima registada °C
Precipitação
Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total
Total mm 114,1 105,6 83,6 60,4 41,6 36,6 6,7 4,2 27,5 88,3 85,6 75,3 729,5
Água no Solo
Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média
Total mm* 100 100 100 100 100 67,8 32,7 7,9 2,0 0,9 22,2 75,5 59,0
Dados referentes ao intervalo entre 1961 e 1980. Fonte: Sistema Nacional de Informação Geocientífica[21]

*A capacidade de campo máxima é de 100 mm

Hidrografia[editar | editar código-fonte]

Ribeira da Safareja durante o Verão

As linhas hidrográficas da freguesia pertencem à bacia do Guadiana. Estas linhas de água são de regime temporário podendo ser apenas deste regime, ou de regime torrencial temporário. As linhas de água desenvolveram-se em vales apertados, onde abundam afloramentos rochosos de xisto e de xisto com quartzitos, orientadas no sentido EsteOeste ou SudesteNoroeste. Estas ribeiras apresentam-se normalmente secas no Verão e têm leitos arenosos e cascalhentos. As seis principais linhas de água, todas de regime torrencial, são alimentadas pela normal escorrências dos solos mas também por alguns barrancos. As sete principais linhas de regime torrencial temporário são:

Fauna e flora[editar | editar código-fonte]

Devido às característica naturais e antropogénicas, Santo Aleixo da Restauração e o restante território da freguesia permite que tanto espécies animais como vegetais tenham possibilidades de prosperar. A existência do Perímetro Florestal da Herdade da Contenda torna a freguesia de Santo Aleixo, uma das freguesias do pais com habitat tipicamente mediterrânico (floresta mediterrânica), mais propenso a uma grande diversidade natural. É também de não descurar os efeitos que a baixa densidade populacional, climáticos e geológicos têm nessa diversidade biológica.

Fauna[editar | editar código-fonte]

O território compreendido à freguesia apresenta uma grande variabilidade de espécies animais sendo de focar a classe taxonómica das aves e dos mamíferos. A comunidade de mamíferos é variada e inclui espécies como o veado, o coelho-bravo, o gato-bravo, o javali, a lebre, a lontra e algumas espécies de morcegos.[22]. As aves são no entanto o conjunto animal com maior expressão estando registadas mais de 70 espécies de aves na freguesia como o grifo, o aberalhuco, a águia-imperial-ibérica, várias espécies de andorinhas, o bufo-real, a cegonha-branca, a cegonha-preta, a codorniz, o guarda-rios, o franceiro, a rola, três espécies de rouxinol e cinco espécies de toutinegras[22] Em ambientes húmidos e fluviais podemos encontrar algumas espécies de peixes, anfíbios e répteis como a boga-comum, o saramugo, a rã-verde, a rela-meridional e o cágado-mediterrânico.

Flora[editar | editar código-fonte]

A existência do Perímetro Florestal da Contenda é o principal habitat da freguesia, sendo que este abriga as seguintes espécies arborícolas e vegetais[22]:

Plantas arbóreas[editar | editar código-fonte]
Vegetação rasteira e arbustos[editar | editar código-fonte]

Política[editar | editar código-fonte]

A junta de freguesia de Santo Aleixo da Restauração é constituída por um total de de sete membros, representando à data das eleições de Assembleia de Freguesia de 2009, 830 eleitores.[23] No acto eleitoral de 2009 somente dois facções se fizeram representar, nomeadamente a CDU e o PS. O acto eleitoral de 2009 foi ganho pela CDU, sendo por isso o presidente de junta de freguesia membro deste partido político.


Resumo das Eleições da Assembleia de Freguesia de Santo Aleixo da Restauração de 2009
Partido Votos Votos (%) Votos (±) Assentos Assentos
(%)
Assentos
(±)
  CDU 238
 
47,98%
−29,02% 4 57,14% +2
  PS 231
 
46,57%
−64,43% 3 42,86% +2
Totais 469   7  
Votos em Branco 16 3,23% +1,43%  
Votos Nulos 11 2,22% +1,08%  
Participação 496 59,76% −4,44%  
↑(a) Nas eleições de 2009 nem a CDU ou o PS ganharam as eleições. Em 2005 houve 3 candidatos à assembleia, tendo ganho uma lista indepêndente.
↑(b) A abstenção no acto eleitoral de 2009 totalizou 40,24%, o que significa que 334 eleitores não compareceram nas urnas.[23]
Fonte: Comissão Nacional de Eleições - Assembleia de Freguesia, Resultados Eleitorais de 2005
Comissão Nacional de Eleições - Assembleia de Freguesia, Resultados Eleitorais de 2009

Administração Pública[editar | editar código-fonte]

A freguesia de Santo Aleixo da Restauração está incorporada ao Município de Moura. A Junta de Freguesia de Santo Aleixo da Restauração têm como presidente de Junta de Freguesia José Manuel Godinho, e como presidente da Assembleia de Freguesia Joaquim Chamorro. Tendo esta freguesia menos de 1000 eleitores, a Assembleia de Freguesia terá que ter um número fixo de sete representantes[24].

Constituição da Junta de Freguesia[editar | editar código-fonte]

A Junta de Freguesia de Santo Aleixo da Restauração têm como membros executivos e de assembleia os seguintes indivíduos[25]:

Sede da junta de freguesia de Santo Aleixo da Restauração.
Constituição do Executivo[editar | editar código-fonte]
  • Presidente - José Manuel da Silva Godinho
  • Secretário - Secretário Ana Maria Godinho Mendes do Espírito Santo
  • Tesoureiro - Jorge Ramos Gonçalves Machado
Constituição da Assembleia de Freguesia[editar | editar código-fonte]
  • Presidente - Joaquim José dos Santos Chamorro
  • 1ºSecretário - António Jordão Calhanas
  • 2ºSecretário - Antónia de Jesus Vilar Baião
  • António Neves Estevens
  • José Gonçalves Caldeira
  • Manuel Gualdino Estevens
  • Francisco Candeias Nunes

Infraestruturas[editar | editar código-fonte]

Educação[editar | editar código-fonte]

A nível de educação, Santo Aleixo da Restauração devido à sua reduzida taxa de natalidade e exponencial envelhecimento da população, é servida apenas por estabelecimentos de ensino que abragem o ensino pré-escolar e o primeiro ciclo do ensino básico (até ao 4º Ano). Educandos que transitem para níveis de escolaridade superiores ao 5º Ano têm que se deslocar ou para a Amareleja ou para Moura. Santo Aleixo da Restauração é servida pelos seguintes estabelecimentos de ensino:

Saúde[editar | editar código-fonte]

Os serviços de saúde de Santo Aleixo da Restauração são bastante precários. Os habitantes da freguesia estão inseridos no lote de portugueses que se encontram a mais de 1 hora do hospital mais próximo. No entanto está disponível à população da freguesia a Centro de Saúde de Moura, e a Extensão de Saúde de Santo Aleixo da Restauração, organismo que tem um funcionamento semelhante a um centro de saúde, mas com horário condicionado[26].

Transportes[editar | editar código-fonte]

Vias de comunicação[editar | editar código-fonte]

A infraestrutura rodoviária da freguesia de Santo Aleixo da Restauração é de boa qualidade, sendo constituída principalmente por estradas asfaltadas, com algumas ruas mais emblemáticas em calçada de granito e acessos à zona florestal em terra batida. As rodovias que servem a freguesia são :

Estradas Nacionais
Destinos
 EN 258  Alvito - Vidigueira - Moura - Safara - Santo Aleixo da Restauração - Barrancos
Estradas Municipais
Destinos
 EM 536  Sobral da Adiça - Santo Aleixo da Restauração
 EM 1042  Santo Aleixo da Restauração - Perímetro Florestal da Contenda

Transportes públicos[editar | editar código-fonte]

A freguesia de Santo Aleixo da Restauração é servida por autocarros da empresa de viação Barranquense, que fazem a ligação local em regime de carreira regular.[27].

Património[editar | editar código-fonte]

Devido à sua riqueza mineral, fertilidade dos solos, e grande povoamento em termos históricos, Santo Aleixo da Restauração destaca-se em termos de património erguido em relação a aldeias portuguesas de similares proporções. Apesar dos três assédios espanhóis muito do património destruído foi reerigido, havendo como excepções o Fortim de Santo Aleixo que tem como últimos vestígios a elevação onde se situa a Igreja Matriz e alguns muros em casas junto à Igreja. Outro risco ao património santoaleixense é a grande dispersão geográfica que faz com que património fique sem qualquer tipo de conservação ou protecção como o Convento da Tomina ou o castro de nome Castelo das Guerras.

Designações Edificação Categoria Tipologia Classificação
Igreja de Santo Aleixo da Restauração 1683 Arquitectura religiosa Igreja Monumento Nacional[28]
Convento da Tomina 1686 Arquitectura religiosa Convento
Ermida de Santo António Séc. XVII Arquitectura religiosa Ermida
Capela de São Sebastião 1944 Arquitectura religiosa Capela
Galeria Dolménica e Anta da Herdade da Negrita Arqueologia Monumento megalítico Imóvel de Interesse Público[29]
Castro do Castelo das Guerras Arqueologia Castro
Fonte de Aroche Arquitectura Civil Fonte
Obelisco da Praça da Restauração 1939 Arquitectura Civil Obelisco
Mercado Municipal de Santo Aleixo da Restauração Arquitectura Civil Mercado

Cultura[editar | editar código-fonte]

Festividades[editar | editar código-fonte]

Cerimónia católica durante as Festas da Tomina

A aldeia de Santo Aleixo da Restauração pelo ao facto de contar com quase oito séculos de existência tem enraizada na população tradições de longa história e devoção. A aldeia conta três festas anuais, sendo que apenas é efeméride. As três festividades realizadas anualmente na aldeia são:

Música[editar | editar código-fonte]

"As Papoilas em Flor" de Santo Aleixo da Restauração na Casa do Alentejo em Lisboa.

A aldeia de Santo Aleixo da Restauração devido ao facto de ser a aldeia "mais profunda" do Alentejo conservou muito bem todos os aspectos culturais que caracterizam a cultura Alentejana. Prova disso é a existência de três destacados grupos de cantares alentejanos, para além de um grupo musical numa aldeia que conta com menos de 900 pessoas. Os grupos de cantares alentejanos da aldeia são[32][33]:

Gastronomia[editar | editar código-fonte]

A gastronomia de Santo Aleixo tal como a grande parte da gastronomia portuguesa, têm como base a dieta mediterrânica. A culinária desta aldeia consiste principalmente em pratos simples, sempre acompanhados com pão e azeitonas. Os pratos marcantes da aldeia são a sopa de beldroegas, o gaspacho, a açorda, a feijoada, a carne de porco (antigamente apenas utilizada no acompanhamento dos pratos), a sopa de tomate, e a caldeirada (antigamente constituída principalmente por peixe de rio).[34] A gastronomia marcante da aldeia também é constituída por pratos confinados a alturas especificas do ano, devido a inexistência dos ingredientes, visto serem estes de origem silvestre ou cinegética. Os principais exemplos são os espargos com ovos, as caldeiradas de cogumelos (sendo estes utilizados no enriquecimento de outros pratos, como a feijoada), e também os pratos de veado e javali (espécies com grande expressão populacional na Herdade da Contenda). Outro grande grupo a destacar na dieta desta aldeia são os enchidos, que de resto são responsáveis por um decréscimo da saúde da população, devido ao seu teor de gordura. Os principais enchidos consumidos e produzidos pela população da aldeia são, o presunto, a linguiça, o salpicão, e o chouriço.

É também de destacar a recente produção vinícola, constituida quase exclusivamente pelo vinho Convento Da Tomina[35].

Santoaleixenses ilustres[editar | editar código-fonte]

Tabuleta indicativa da Rua D. Afonso Mendes em Santo Aleixo da Restauração

Da abundância de cortiça, também denominada CORCHA, veio também o cognome de CORCHEIROS, dado nas aldeias vizinhas aos naturais de Santo Aleixo ( Aldeia heróica, escrito pelo Doutor Bento Caldeira, editado pelas ediçoes Colibri).

Desporto[editar | editar código-fonte]

A freguesia de Santo Aleixo da Restauração apresenta grandes lacunas na área desportiva. Apesar de tudo, têm dois clubes que fomentam a actividade desportiva.

Referências

  1. «Instituto Geográfico Português - Carta Administrativa Oficial de Portugal (CAOP) 2011». Consultado em 29 de Outubro de 2011 
  2. «Instituto Nacional de Estatística - Censos 2011, Resultados Definitivos». Consultado em 7 de fevereiro de 2012 
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