Maja squinado

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Santola)
Como ler uma infocaixa de taxonomiaMaja squinado
santola
A face inferior de uma santola adulta.
A face inferior de uma santola adulta.
Estado de conservação
Espécie vulnerável
Vulnerável
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Arthropoda
Subfilo: Crustacea
Classe: Malacostraca
Ordem: Decapoda
Infraordem: Brachyura
Família: Majidae
Género: Maja
Nome binomial
Maja squinado
(Herbst, 1788)
Sinónimos
  • Maja brachydactyla

Maja squinado (Herbst), conhecido pelo nome comum de santola ou pelo sinónomo taxonómico Maja brachydactyla, é uma espécie de caranguejo comestível pertencente à família Majidae de artrópodes decápodes. É uma espécie migradora, com uma área de distribuição que se estende das costas europeias do Atlântico nordeste até aos Açores e às costas do Mediterrâneo.[1] O epíteto específico squinado deriva do nome da espécie na língua provençal — "squinado", "esquinade", "esquinado" ou "esquinadoun" — já registado por Guillaume Rondelet em 1554[2].

Descrição[editar | editar código-fonte]

Caranguejo de carapaça cordiforme (em forma de coração) que na fase adulta mede cerca de 18 cm de comprimento e 20 cm de largura. A carapaça, de superfície irregular e em geral revestida por algas, apresenta numerosas protuberâncias e é recoberta por numerosos espinhos pouco desenvolvidos, com 6 espinhos mais longos sobre os bordos laterais. O rosto é formado por dois grandes espinhos divergentes. As fêmeas produzem até 4 desovas por ano[3].

Ecologia[editar | editar código-fonte]

O habitat da santola são os povoamentos de algas infralitorais, ocorrendo também no circalitoral.

Alimenta-se de uma grande variedade de organismos, com predominância para as macroalgas e os moluscos durante o Inverno e equinodermes como os ouriços-do-mar e os pepinos-do-mar durante o Verão[4].

As migrações geralmente ocorrem no Outono[5] com algumas santolas a percorrer distâncias superiores a 160 km ao longo de 8 meses[2].

Pescaria e conservação[editar | editar código-fonte]

As populações de M. squinado são objecto de uma pescaria comercial com capturas que ultrapassam as 5 000 toneladas por ano, mais de 70% das quais provenientes das costas da França, mais de 10% do Reino Unido, 6% das Ilhas do Canal, 3% da Espanha, 3% da Irlanda, 2% da Croácia, 1% de Portugal e o restante da Sérvia, Montenegro, Dinamarca e Marrocos[6], apesar dos números oficiais de captura serem duvidosos[1]. A União Europeia impõe um tamanho mínimo de captura de 120 mm para M. squinado [7] e algumas autoridades nacionais reguladoras das pescarias têm imposto restrições diversas, como a proibição de descarga de fêmeas com ovas em Espanha e o estabelecimento de períodos de defeso em França e nas Ilhas do Canal[1].

Como todos os caranguejos, a santola fica particularmente vulnerável à predação durante a fase de muda. Naquela fase a espécie torna-se gregária, presumivelmente como forma de defesa contra os predadores[8].

Uma revisão do complexo de espécies em torno de M. squinado conseguiu determinar a existência de diferenças entre espécimes do Mediterrâneo e do Atlântico, indiciando que as populações do litoral atlântico formam uma espécie separada, denominada Maja brachydactyla (Balss, 1922[9]).

Notas

  1. a b c Carl Meyer. «Maja squinado, the European Spider Crab: Biology and Fishery» 
  2. a b (em francês) Le Foll, D. (1 de novembro de 1993). «Biology and fisheries of the spider crab Maja squinado (Herbst) in western English Channel» (PDF). Ph.D. thesis, Université de Bretagne Occidentale 
  3. L. Garcia–Florez & P. Fernandez–Rueda (2000). «Reproductive biology of spider crab females (Maja brachydactyla) off the coast of Asturias (north-west Spain)». Journal of the Marine Biological Association of the United Kingdom. 80 (6): 1071–1076. doi:10.1017/S0025315400003131 
  4. Bernardez, C., J. Freire & E. Gonzalez–Gurriaran, (2000). «Feeding of the spider crab Maja squinado in rocky subtidal areas of the Ria de Arousa (north-west Spain)». Journal of the Marine Biological Association of the United Kingdom. 80 (1): 95–102. doi:10.1017/S0025315499001605 
  5. E. Gonzalez–Gurriaran, J. Freire & C. Bernardez (2002). «Migratory patterns of female spider crabs Maja squinado detected using electronic tags and telemetry». Journal of Crustacean Biology. 22 (1): 91–97. doi:10.1651/0278-0372(2002)022[0091:MPOFSC]2.0.CO;2. Consultado em 6 de novembro de 2008. Arquivado do original em 14 de janeiro de 2007 
  6. «Global Capture Production 1950–2004». Food and Agriculture Organization. 9 de setembro de 2006 
  7. «Council Regulation (EEC) No 3094/86». Jornal Oficial da União Europeia. 7 de outubro de 1986 
  8. Sampedro, M. P. & E. Gonzalez–Gurriaran (2004). «Aggregating behaviour of the spider crab Maja squinado in shallow waters». Journal of Crustacean Biology. 24 (1): 168–177. doi:10.1651/C-2404 
  9. Neumann, V. (1998). «A review of the Maja squinado (Crustacea : Decapoda : Brachyura) species-complex with a key to the eastern Atlantic and Mediterranean species of the genus». Journal of Natural History. 32 (10–11): 1667–1684. doi:10.1080/00222939800771191 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Commons
Commons
O Commons possui imagens e outros ficheiros sobre Maja squinado