Santuário de Nossa Senhora da Boa Nova

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 Nota: Se procura a capela do antigo Hospital da Boa Nova, em Angra do Heroísmo, veja Ermida da Boa Nova (Angra do Heroísmo).
Santuário de Nossa Senhora da Boa Nova
Santuário de Nossa Senhora da Boa Nova
Vista do Santuário de Nossa Senhora da Boa Nova
Tipo Santuário
Estilo dominante Gótico
Proprietário inicial D. Dinis

Reino de Portugal
Função inicial Religiosa

Militar
Proprietário atual República Portuguesa
Função atual Cultural
Património Nacional
Classificação  Monumento Nacional
Ano 18 de Julho de 1957.
DGPC 70209
SIPA 4442
Geografia
País Portugal Portugal
Cidade Portugal Terena
Coordenadas 38° 37' N 7° 23' 50" O
Santuário de Nossa Senhora da Boa Nova está localizado em: Portugal Continental
Santuário de Nossa Senhora da Boa Nova
Geolocalização no mapa: Portugal Continental

A Capela da Boa Nova, também conhecido por Santuário de Nossa Senhora da Boa Nova, fica situado na freguesia de Terena (São Pedro), município de Alandroal, distrito e arquidiocese de Évora.[1]

A Capela da Boa Nova está classificada desde 1910 como Monumento Nacional.[2][3]

História[editar | editar código-fonte]

Trata-se de um santuário mariano bastante antigo, julgando-se que possa resultar da cristianização de cultos pagãos, visto que nas imediações da vila de Terena subsistem as ruínas do templo do deus Endovélico. As referências históricas a este santuário remontam ao século XIII, uma vez que nas Cantigas de Santa Maria, do Rei Afonso X de Castela, existem algumas composições dedicadas a Santa Maria de Terena:

Assi com'oi dizer a quen m'aquest'a contado,

En riba d'Aguadiana, a un logar muit'onrrado,

E Terena chamam i, logar mui sant'aficado,

U muitos miragres faz a Sennor de dereitura.

Afonso X, o Sábio, Cantigas de Santa Maria, Séc. XIII, Cantiga 224

O santuário representado no Livro das Fortalezas, Duarte de Armas, 1509-1510

O templo é obra do século XIV, possuíndo a característica de ser um raro exemplar português de igreja-fortaleza que chegou praticamente intacto aos nossos dias. A origem da invocação Senhora da Boa Nova parece estar ligada à lenda da Fermosíssima Maria (Dona Maria,Rainha de Castela), a filha do Rei D. Afonso IV de Portugal que se deslocou à corte portuguesa para solicitar a seu pai que auxiliasse o marido na Batalha do Salado. Reza a lenda que a Rainha se encontrava neste local, nas imediações de Terena, quando recebeu a boa notícia, daí tendo nascido a invocação Boa Nova. O culto mantém-se bastante vivo, sendo este santuário palco de uma grande romaria que se celebra no primeiro fim-de-semana posterior à Páscoa. A importância desta romaria na região é de tal importância que a Segunda-Feira de Pascoela (dia principal da festa) é o feriado municipal do concelho do Alandroal. O Santuário de Nossa Senhora da Boa Nova foi classificado Monumento Nacional em 1910.

Exterior do templo[editar | editar código-fonte]

O Santuário é uma jóia da arquitectura religiosa do século XIV, igreja-fortaleza de planta cruciforme, rara em Portugal [segundo a definição de Mário Chicó, ver o Mosteiro de Flor da Rosa e a Igreja de Vera Cruz de Marmelar], construído em forte cantaria granítica, coroado e ameias muçulmanas. Nas fachadas norte, sul e poente, abrem-se pórticos de arcos ogivais, góticos e estreitas frestas medievais, encimados por balcões defensivos, com matacães (por onde se jorravam líquidos a ferver, em caso de ataque), decorados com pedras de armas reais portuguesas. O conjunto da fachada principal é ainda enobrecido por singelo campanário, acrescentado no século XVIII. O templo era originalmente do padroado da Ordem de Avis, teve depois como donatários os Condes de Vila Nova (de Portimão).

Interior[editar | editar código-fonte]

A imagem da Senhora da Boa Nova, durante a procissão da romaria

Contrastando com o aspecto pesado exterior, o interior surpreende-nos pela singeleza das linhas góticas e pelo aspecto amplo da nave, de planta de cruz grega, coberta por abóbadas de arcos quebrados. Os alçados da nave foram decorados no século XIX por rodapé escaiolado e e pinturas murais realizadas pelo pintor Silva Rato, de Borba, representando santos da devoção popular alentejana. O púlpito, de alvenaria, é da mesma época e levanta-se volumoso no transepto da igreja. Os altares colaterais, de São Brás e Santa Catarina, são de talha dourada do século XVIII.

Mais interessante é a decoração do presbitério, cuja abóbada está coberta de pinturas fresquistas representando os reis da primeira dinastia até D.Afonso IV e diversas cenas do Apocalipse de São João, obra mandada fazer pelos Condes de Vila Nova, Comendadores da Ordem de Avis. O retábulo, maneirista, do século XVI, conserva entalhados belíssimas tábuas de estilo maneirista flamenguizante representando a Anunciação e Assunção da Virgem, o Presépio, o Pentecostes e a Ressurreição de Cristo. Ao centro, em maquineta dourada expõe-se a veneranda imagem de Nossa Senhora da Boa Nova, de roca, e com o Menino Jesus ao colo. Nesta capela se conservou acesa durante séculos a lâmpada votiva dos Duques de Bragança. Subsistem ainda no espaço algumas campas antigas e aras votivas do Deus Endonvélico, provenientes do templo de São Miguel da Mota, também na freguesia de Terena.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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