Sassaques
Sassaques Sasak | ||||||||||||||||||
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Peresean, um desporto tradicional dos sassaques | ||||||||||||||||||
População total | ||||||||||||||||||
± 3,3 milhões (2010)[1] | ||||||||||||||||||
Regiões com população significativa | ||||||||||||||||||
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Línguas | ||||||||||||||||||
sassaque (nativa) • indonésio | ||||||||||||||||||
Religiões | ||||||||||||||||||
islamismo (sunita [grande maioria] e Wetu Telu) | ||||||||||||||||||
Grupos étnicos relacionados | ||||||||||||||||||
balineses e sumbavas |
Os sassaques (em indonésio: Sasak) são o grupo étnico maioritário da ilha indonésia de Lomboque, que segundo o censo indonésio de 2010 tinha cerca de 3,3 milhões de membros e constituíam 85% da população de Lomboque.[1] Estão relacionados com os balineses na língua e ancestralidade mas enquanto os sassaques são quase todos muçulmanos, os seus vizinhos de Bali são predominantemente hindus. A ínfima minoria de sassaques que praticam Boda, a religião pré-islâmica original dos sassaques são conhecidos como Sasak Boda.[2][3]
Etimologia
[editar | editar código-fonte]É possível que a origem no nome sasak seja sak-sak, que significa "barco".[carece de fontes] No manuscrito Nagarakretagama, uma crónica sobre o Majapait, escrita no século XIV, a palavra sasak aparece no nome dado a Lomboque — Lombok Sasak Mirah Adhi. Segundo a tradição local, sasak vem de sa'-saq, que significa "aquele". Por sua vez, Lomboq significa "reto", pelo que Sa'-saq Lomboq significa "algo que é reto". Há ainda outras traduções, como por exemplo "caminho reto".[4]
Em javanês antigo, Lombok significa "reto" ou "honesto", Mirah significa "joia", Sasak significa "afirmação" e Adhi significa "algo que é bom", "máximo" ou "extremo". Assim, Lombok Sasak Mirah Adhi pode traduzir-se como "a honestidade é a joia que afirma a bondade".[carece de fontes]
História
[editar | editar código-fonte]Pouco se sabe sobre a história dos sassaques (e de Lomboque) além de que cerca do século XIV a ilha foi colocada sob a administração direta do patih (primeiro-ministro) Majapait Gajamada. O islamismo chegou à ilha no século XV[5] e no início do século XVI Lomboque foi conquistada pelo reino balinês de Gelgel,[6] o que levou muitos balineses a fixarem-se em Lomboque.[7] Na década de 2010, havia cerca de 300 000 balineses étnicos na ilha, o que representava 10 a 15% da população.
Os sassaques converteram-se ao islão entre o final do século XVI e o início do século XVII, devido à influência de Pangeran Prapen (também conhecido como Sunan Prapen), o filho de Sunan Giri (1442–1506), um destacado líder muçulmano javanês,[8][9] ou do próprio Sunan Giri, além dos macáçares muçulmanos.[8][9] As crenças e cultos islâmicos foram frequentemente misturados com elementos hindus e budistas, o que levou à criação da seita ou religião Wetu Telu,[10][11] que foi fortemente influenciada pelos balineses.[7]
Língua
[editar | editar código-fonte]Os sassaques têm uma língua própria, o sassaque, pertencente família malaio-polinésia, a qual tem cinco dialetos locais principais, alguns deles com baixa inteligibilidade mútua. O sassaque está próximo das línguas nativas das ilhas vizinhas, o sumbava e o balinês e o seu sistema de escrita tradicional é praticamente igual à escrita balinesa. A língua sassaque também é escrito com o alfabeto latino. Embora se acredite que praticamente todos os sassaques falem a sua língua nativa, é provável que todos eles falem igualmente bahasa indonésio, que é a única língua indonésia usada nas escolas da ilha.
Religião
[editar | editar código-fonte]- Islamismo (Lima Waktu e Wetu Telu)
A esmagadora maioria dos sassaques seguem a variante local Lima Waktu do islão. Lima Waktu significa "cinco vezes", uma referência às cinco orações diárias realizadas pela generalidade dos muçulmanos. A designação é usada para os distinguir dos praticantes do Wetu Telu ("três vezes"), que só realizam três orações por dia[12] e só seguem três dos cinco pilares do islamismo — Salá (orações), Chahada (fé) e Saum (jejum). Além disso as orações podem não ser realizadas pelos fiéis, mas pelos kyais (líderes religiosos) em nome deles.[13] As crenças Wetu Telu têm elementos animistas e, além da base islâmica, têm influências hindus e das antigas práticas de culto dos mortos.[14][13] Embora sejam uma pequena minoria, ainda há bastantes seguidores de Wetu Telu em Loboque, especialmente na aldeia de Bayan, de onde a seita é originária, em Matarão, Pujung, Sengkol, Rambitan, Sade, Tetebatu, Bumbung, Sembalun, Senaru, Loyok e Pasugulan.
- Bodha
Na aldeia de Bentek e nas encostas do monte Rinjani vive uma pequena minoria de sassaques continuam a seguir a religião Boda (ou Bodha) animista original pré-islâmica, cujos rituais e vocabulário religioso têm algumas influências hindus e budistas. Cerca da década de 2000 estimava-se que existissem aproximadamente 8000 Sasak Boda. Em parte devido ao nome da tribo, o governo indonésio considera-os budistas.
Notas e referências
[editar | editar código-fonte]- Parte do texto foi inicialmente baseado na tradução dos artigos «Sasak people» na Wikipédia em inglês (acessado nesta versão) e «Suku Sasak» na Wikipédia em indonésio (acessado nesta versão).
- ↑ a b «Kewarganegaraan, Suku Bangsa, Agama, Dan Bahasa Sehari-Hari Penduduk Indonesia» (em indonésio). Badan Pusat Statistik. 2010
- ↑ Budiwanti 2000, p. 8.
- ↑ «Sasak Culture in Lombok I A Rich and Unique Heritage» (em inglês). www.thelomboklodge.com. 1 de fevereiro de 2023
- ↑ «Perang Topat, Perang Damai» (em indonésio). www.liputan6.com. 12 de janeiro de 2012. Consultado em 28 de maio de 2024
- ↑ Cederroth 1999, p. 9.
- ↑ Cribb 2013 [falta página]
- ↑ a b Müller 1997 [falta página]
- ↑ a b Houtsma 1993 [ref. deficiente]
- ↑ a b Harnish & Rasmussen 2011 [falta página]
- ↑ Arhem & Sprenger 2015 [falta página]
- ↑ Na & Naʻīm 2009, p. 238.
- ↑ Bennett 2005, pp. 9–10.
- ↑ a b Abid 2016.
- ↑ Cederroth 1996 [falta página]
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Abid, Ahmad (2016), «Al Jamaah Al Islamiyah Wetu Telu bi Jazirati Lombok», Universidade Islâmica da Indonésia, Millah: Journal of Religious Studies, ISSN 2527-922X (em árabe), 3 (1): 76–91, doi:10.20885/millah.vol3.iss1.art5
- Arhem, Kaj; Sprenger, Guido (2015), Animism in Southeast Asia, ISBN 978-1-317-33662-4 (em inglês), Routledge
- Bennett, Linda Rae (2005), Women, Islam and Modernity: Single Women, Sexuality and Reproductive Health in Contemporary Indonesia, ISBN 978-1-134-33156-7 (em inglês), Routledge</ref>
- Budiwanti, Erni (2000), Islam Sasak: Wetu Telu versus Waktu Lima, ISBN 97-989-6651-1 (em indonésio), PT LKiS Pelangi Aksara
- Cederroth, Sven (1996), «From Ancestor Worship to Monotheism: Politics of Religion in Lombok», Sociedade Finlandesa para o Estudo da Religião, Temenos - Nordic Journal for the Study of Religion, ISSN 2342-7256 (em inglês), 32: 7–36, doi:10.33356/temenos.4916</ref>
- Cederroth, Sven (1999), A Sacred Cloth Religion?: Ceremonies of the Big Feast Among the Wetu Telu Sasak (Lombok, Indonesia), ISBN 978-87-87062-54-1 (em inglês), NIAS Press
- Cribb, Robert (2013), Historical Atlas of Indonesia, ISBN 978-1-136-78057-8 (em inglês), Routledge
- Harnish, Anne; Rasmussen (2011), Divine Inspirations: Music and Islam in Indonesia, ISBN 978-0-19-979309-9 (em inglês), Oxford University Press
- Houtsma, Martijn Theodoor, ed. (1993), E.J. Brill's First Encyclopaedia of Islam, 1913–1936, ISBN 9789004097919, V, Brill, OCLC 258059170
- Müller, Kal (1997), Pickell, David, ed., East of Bali: From Lombok to Timor, ISBN 962-593-178-3 (em inglês), Tuttle Publishing
- Na, Abdullahi Ahmed An-Na'im; Naʻīm, ʻAbd Allāh Aḥmad (2009), Islam and the Secular State, ISBN 978-0-674-03376-4 (em inglês), Harvard University Press