Scala Sancta

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Scala Sancta
Scala Sancta
Peregrinos sobem a Scala Sancta de joelhos.
Tipo Igreja
Construção 1589
Promotor / construtor Papa Sisto V
Website
Geografia
País Itália
Cidade Roma
Coordenadas 41° 53' 14" N 12° 30' 25" E
Scala Sancta está localizado em: Roma
Scala Sancta
Scala Sancta

Scala Sancta (em italiano: Scala Santa) ou Escada Santa é uma escada composta por 28 degraus de mármore instalada num edifício próprio em Roma, perto da Arquibasílica de São João de Latrão, e uma das propriedades extraterritoriais da Santa Sé na cidade.[1] Este edifício incorpora parte do antigo Palácio Laterano e os degraus, protegidos por uma moldura de degraus de madeira, levam até o Sancta Sanctorum ("Santo dos Santos"), a capela pessoal dos primeiros papas e conhecida como "Capela de São Lourenço". Atualmente é a igreja de San Lorenzo in Palatio ad Sancta Sanctorum[2].

De acordo com a tradição católica, estes são os degraus que levavam até o alto do pretório de Pôncio Pilatos, em Jerusalém, galgados por Jesus durante seu julgamento durante a Paixão.[3] Os degraus foram trazidos para Roma por Santa Helena no século IV e, por séculos, atraíram peregrinos que desejavam homenagear a Paixão.

História[editar | editar código-fonte]

Detalhe mostrando os degraus de mármore e a moldura de madeira que os protege.

Lendas medievais sustentam que os degraus foram levados de Jerusalém para Roma por volta de 326 por Santa Helena, a mãe do imperador romano Constantino I.[4] Na Idade Média, eram conhecidos como Scala Pilati ("Degraus de Pilatos"). Pelo que se deduz de plantas antigas, eles levavam a um corredor do Palácio Laterano, perto da Capela de São Silvestre, e estavam cobertos por um teto especial. Em 1589, o papa Sisto V demoliu o antigo palácio papal, que estava em ruínas, para abrir espaço para a construção de um novo e ordenou que os Santos Degraus fossem reinstalados em sua posição atual, perante o Sancta Sanctorum ("Santo dos Santos"), que abriga muitas relíquias preciosas, incluindo um celebrado ícone chamado Santissimi Salvatore Acheiropoieton (um dos acheiropoieta, ou "não realizados por mãos humanas") que, em algumas ocasiões era levado em procissão através de Roma[5]

Decoração[editar | editar código-fonte]

A Scala Sancta está protegida por uma moldura de madeira e só pode ser escalada de joelhos. Para uso normal, a escadaria é ladeada por quatro outras escadarias laterais, duas de cada lado, construídas por volta de 1589.[6] A escalada de joelhos é uma devoção muito popular entre peregrinos e fieis e já foi realizada por diversos papas.[3] Como parte das cerimônias de abertura do Jubileu de 1933, o cardeal Francesco Marchetti Selvaggiani, vigário de Roma, liderou uma multidão de centenas de fiéis na escalada[7]

A decoração da Scala Santa foi uma das reformas realizadas por Sisto V, liderada por Cesare Nebbia e Giovanni Guerra, que contaram com a ajuda de um time de artistas para pintar os afrescos, incluindo Giovanni Baglione, Giacomo Stella, Giovanni Battista Pozzo, Paris Nogari, Prospero Orsi, Ferraù Fenzoni, Paul Bril, Paulo Guidotti, Giovanni Battista Ricci, Cesare Torelli, Antonio Vivarini, Andrea Lilio, Cesare e Vincenzo Conti Baldassare Croce, Ventura Salimbeni e Antonio Scalvati. Diversos desenhos preliminares de Nebbia para os afrescos ainda existem. Não se sabe, contudo, quem pintou qual afresco. Uma grande restauração foi realizada em 2007, patrocinada pela Getty Foundation.[3]

Scala Sancta na Igreja Católica[editar | editar código-fonte]

Edifício que abriga a Scala Sancta perto da Arquibasílica de São João de Latrão.
Sancta Sanctorum ou "Capela de São Lourenço", a capela privada dos antigos papas no alto da escada. No altar-mor está Santissimi Salvatore Acheiropoieton, um dos mais famosos ícones de Roma e um dos acheiropoieta.

Uma indulgência plena é concedida a quem escalar a escada de joelhos.[8] O papa Pio VII, em 2 de setembro de 1817 concedeu aos que subissem a escada desta forma uma indulgência de nove anos para cada degrau. Finalmente, o papa Pio X, em 26 de fevereiro de 1908, concedeu indulgência plena aos que subissem as escadas de joelhos depois de se confessarem e comungarem.

Devoção[editar | editar código-fonte]

Martinho Lutero teria subido os degraus de joelhos em 1511, repetindo o Pai Nosso enquanto subia. No alto, se levantou e disse "Quem sabe se é mesmo?".[9] Ele acreditava que esta lembrança foi um ato do Espírito Santo admoestando-o para que confiasse apenas na fé e não nas obras. Este ato foi depois descrito como um ponto de inflexão em sua vida.[10] Porém, a veracidade deste relato é incerta.[11][12][13]

Charles Dickens, depois de visitar a Scala Sancta em 1845, escreveu: "Nunca, em toda minha vida, vi algo tão ridículo e desagradável como isto". Ele descreveu a cena de peregrinos subindo a escada de joelhos como uma "perigosa confiança em observâncias exteriores".[3]

Cópias da Scala Sancta[editar | editar código-fonte]

Imitações da Scala Sancta já foram construídas em diversos locais do mundo e indulgências geralmente estão ligadas a elas:

Referências

  1. «Stampa della Santa Sede: Zone extraterritoriali vaticani» (em italiano). Site do Vaticano. 3 de abril de 2001 
  2. «Santuario della Scala Sancta» (em italiano). InfoRoma 
  3. a b c d Moore, Malcolm (14 de junho de 2007). «Steps Jesus walked to trial restored to glory». The Telegraph (UK) (em inglês). Consultado em 24 de março de 2014 
  4. Nickell, Joe (2007). «Other Crucifixion Relics». Relics of the Christ (em inglês). Lexington: University Press of Kentucky. pp. 96–97. ISBN 0-8131-2425-5 
  5. Ewart Witcombe, p. 372.
  6. a b Grendler, Paul F. (2009). The University of Mantua, the Gonzaga, and the Jesuits, 1584–1630 (em inglês). [S.l.]: Johns Hopkins University Press 
  7. «Pope Blesses Entire World». New York Times (em inglês). 2 de abril de 1933 
  8. Lea, Henry (1896). A History of Auricular Confession and Indulgences in the Latin Church (em inglês). 3. Philadelphia: Lea Bros. pp. 457–458. ISBN 1-4021-6108-5 
  9. Baiton, Ronald, Here I Stand, Lion Publishing
  10. "A Bunch of Everlastings or Texts That Made History (Philadelphia: Judson Press, 1920), 20.
  11. Grisar, Hartmann. Luther. Kegan Paul, Trench, Trubner & Co, Ltd. London. 1917. Vol VI, p. 496.
  12. "Martin Luther" na edição de 1913 da Enciclopédia Católica (em inglês). Em domínio público.
  13. Kittelson, James. Luther the Reformer: The Story of the Man and His Career. Augsburg Publishing House. 1986. p. 59. (em inglês)
  14. «Shrine of Holy Stairs – Campli» (em inglês). Official Website of the Teramo Province 
  15. «Scala Santa» (em alemão) 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Eitel-Porter, Rhoda (1997). «Artistic Co-Operation in Late Sixteenth-Century Rome: The Sistine Chapel in S. Maria Maggiore and the Scala Santa». The Burlington Magazine (em inglês): 452–462 
  • Ewart Witcombe, Christopher L. C. (1985). «Sixtus V and the Scala Santa». The Journal of the Society of Architectural Historians (em inglês): 368–379 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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