Shōgun (minissérie)

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Logo da série Shogun

Shōgun foi uma minissérie de televisão adaptada dos livros com o mesmo nome do autor James Clavell.[1][2][3][4] Foi produzida pela Paramount e transmitida inicialmente nos Estados Unidos pela NBC durante cinco noites, entre 15 a 19 de Setembro de 1980.[5][2][6][1] Foi escrita por Eric Bercovici, dirigida por Jerry London e teve como atores principais Richard Chamberlain, Toshiro Mifune e Yoko Shimada além de um grande elenco de suporte.[5] O próprio James Clavell participou como produtor executivo. É, até à data, a única produção televisiva norte-americana filmada inteiramente no Japão, com som adicional dos estúdios da Toho.[1]

A minissérie é vagamente baseada nas aventuras do navegador inglês William Adams, cuja jornada o levou ao Japão em 1600 e acabou por subir na hierarquia ao seviço do Xogum. Na história, a personagem chama-se John Blackthorne e seguimos com ela as transformações existentes e as intrigas políticas do Japão feudal, no início do Século XVII.[2][6][1][7]

A série recebeu críticas positivas no geral e ganhou vários prémios como o Emmy do Primetime de melhor série limitada, Globo de Ouro de melhor série dramática e o Prémio Peabody em 1981.[5][2][3] Era esperado um remake para 2022 a ser transmitido pela FX.[3][7][8] O remake foi transmitido pela primeira vez em 27 de fevereiro de 2024.[9]

Elenco[editar | editar código-fonte]

Actor Papel Na história, equivalente a
Richard Chamberlain Piloto-Major John Blackthorne (Anjin-san) William Adams
Toshiro Mifune Yoshi Toranaga, Senhor do Kwanto Tokugawa Ieyasu
Yoko Shimada Lady Toda Mariko Hosokawa Gracia
Frankie Sakai Lord Kashigi Yabu, Daimyo of Izu Honda Masanobu
Alan Badel Padre Dell'Aqua Alessandro Valignano, S.J.
Michael Hordern Frade Domingo
Damien Thomas Padre Martin Alvito João Rodrigues
John Rhys-Davies Piloto português Vasco Rodrigues
Vladek Sheybal Capitão Ferreira Horatio Neretti
George Innes Johann Vinck Jan Joosten van Lodensteijn
Leon Lissek Padre Sebastio
Yūki Meguro Kashigi Omi, Chefe Samurai de Anjiro Honda Masazumi
Hideo Takamatsu Lord Toda Buntaro Hosokawa Tadaoki
Hiromi Senno Usagi Fujiko
Nobuo Kaneko Ishido Kazunari, Governante do Castelo de Osaka Ishida Mitsunari
Toru Abe Toda Hiromatsu Hosokawa Fujitaka
John Carney Ginsel
Masashi Ebara Suga
Hyoei Enoki Jirobei
Hiroshi Hasegawa Capitão da Galé
Ian Jentle Salamon
Yuko Kada Sazuko
Mika Kitagawa Kiku
Yoshie Kitsuda Gyoko
Stewart MacKenzie Croocq
Ai Matsubara Rako
Neil McCarthy Spillbergen Jacob Quaeckernaeck
Seiji Miyaguchi Muraji
Yumiko Morishita Asa
Yosuke Natsuki Zataki Matsudaira Sadakatsu
Takeshi Obayashi Urano
Masumi Okada Irmão Michael Miguel Chijiwa
Edward Peel Jan Pieterzoon
Eric Richard Maetsukker
Atsuko Sano Lady Ochiba Yodo-dono
Setsuko Sekine Genjiko Oeyo
Akira Sera Jardineiro idoso
Morgan Sheppard Specz
Miiko Taka Kiri Acha-no-tsubone
Shin Takuma Yoshi Naga Matsudaira Tadayoshi
Midori Takei Sono
Steve Ubels Roper
Rinichi Yamamoto Yoshinaka
Shizuko Azuma Onna
Orson Welles narrador

Recepção[editar | editar código-fonte]

Shōgun foi produzida após o sucesso da minissérie de televisão Raízes, de 1977, transmitida pela ABC.[5] O sucesso de Raízes, bem como de Jesus of Nazareth (1977) proporcionou a realização de várias outras minisséries na década de 80. Shōgun, primeiramente transmitido em 1980, tornou-se também uma série altamente popular e permitiu assim continuar a onda das minisséries nos anos seguintes (como North and South e The Thorn Birds).[5][1]

A NBC teve das maiores audiências com a transmissão de Shōgun. A sua média de 26.3 pontos de acordo com os Nielsen Ratings foi a segunda mais alta na história televisiva após Raízes da ABC.[1] Em média, 32,9% das casas com televisão viram pelo menos parte da série. O sucesso da mesma catapultou a venda dos livros originais e da edição livro de bolso, tornando-se mesmo a edição mais vendida do tipo nos Estados Unidos, com a impressão de 2.1 milhões de cópias durante 1980 e fazendo aumentar o conhecimento sobre a cultura japonesa no país.[10] No documentário The Making of 'Shōgun' é dito que o aumento de restaurantes de comida japonesa nos Estados Unidos se deveu à minissérie (particularmente restaurantes de sushi). Foi também notado que, durante a semana em que foi transmitida, muitos restaurantes e cinemas viram um decréscimo de atividade. O documentário afirma que muitas pessoas ficaram em casa para assistir a Shōgun - algo sem precedente numa transmissão televisiva. Ter um leitor de vídeo em casa ainda não era comum e era dispendioso em 1980.

As personagens japonesas falam sempre japonês, excepto quando traduzindo para Blackthorne. A transmissão original não tinha legendas para o diálogo em japonês. Como a série foi feita pelo ponto de vista de Blackthorne, os produtores entenderam que «o que ele não entende, nós não devemos entender».

O website Rotten Tomatoes atribuiu à série uma crítica geral de 80%.[11]

Sexualidade e violência[editar | editar código-fonte]

Shōgun quebrou vários tabus e teve várias novidades para a televisão norte-americana:

  • Foi a primeira produção a ser permitida a palavra 'mijo' num diálogo e a ser efetivamente mostrado o ato de urinar. Como ato simbólico de obediência de Blackthorne à classe governante japonesa, que o pune por ter dito 'Eu mijo em ti e no teu país', Blackthorne é urinado por um samurai;[12][1]
  • No primeiro episódio, os companheiros do navio de Blackthorne foram suspensos numa rede de carga até uma cuba de água e molho de soja a ferver e um deles morre dessa forma, até Blackthorne prestar obediência à nobreza japonesa;
  • Um homem aparece decapitado no início do primeiro episódio, uma novidade à época para a televisão;
  • Homens aparecem usando fundoshi;
  • Mariko aparece nua numa cena na banheira e quando Blackthorne se reune com os seus companheiros, é visível o peito de uma mulher;
  • Shōgun é também notado pela sua abordagem e discussão sobre questões sexuais como pederastria e assuntos relativos ao suicídio ritualístico do seppuku.[1]

Recepção no Japão[editar | editar código-fonte]

A série não foi bem recebida no Japão, quando foi transmitida pela TV Asahi em 1981, uma vez que a imaginação dos acontecimentos ocorridos no início do século XVII pareceram desnecessários e triviais.[13] Muitos telespectadores japoneses já estavam habituados a séries históricas como os taiga dramas anuais da NHK, considerados mais fieis à História verdadeira que os acontecimentos ocorridos na minissérie.[13]

Transmissão em PortugalPortugal[editar | editar código-fonte]

A série estreou em Portugal a 1 de Março de 1983 na RTP1 e dava todas as Terças-feiras às 20h45.[14] O último episódio foi exibido na Terça-feira, dia 17 de Maio de 1983 às 21h10. Foi transmitida depois em 2003 no canal Sic Sempre Gold.[15][16]

Referências

  1. a b c d e f g h Mavis, Paul (15 de setembro de 2020). «'SHOGUN' (1980): NBC'S BLOCKBUSTER MINISERIES PREMIERED 40 YEARS AGO». drunktv.net. Consultado em 10 de fevereiro de 2022 
  2. a b c d «Shogun». TVGuide.com. Consultado em 10 de fevereiro de 2022 
  3. a b c Coletti, Caio (3 de agosto de 2018). «"Shogun", minissérie clássica dos anos 1980, vai ganhar remake». entretenimento.uol. Consultado em 10 de fevereiro de 2022 
  4. «Shōgun». goodreads.com. Consultado em 10 de fevereiro de 2022 
  5. a b c d e «The 25 best TV miniseries of all time». yardbarker.com. Consultado em 10 de fevereiro de 2022 
  6. a b «SHOGUN». apaixonadosporhistória. Consultado em 10 de fevereiro de 2022 
  7. a b Porter, Rick (30 de setembro de 2021). «FX's 'Shogun' Update Sets Full Cast». The Hollywood Reporter. Consultado em 10 de fevereiro de 2022 
  8. Petski, Denise (30 de setembro de 2021). «'Shōgun': Anna Sawai Joins Hiroyuki Sanada & Cosmo Jarvis In FX Limited Series; Full Cast Set». yahoo.com. Consultado em 10 de fevereiro de 2022 
  9. «Review: Dazzling 'Shogun' is the genuine TV epic you've been waiting for». USA TODAY (em inglês). Consultado em 28 de fevereiro de 2024 
  10. Walters, Ray (1980). Paperback Talk. [S.l.]: New York Times (publicado em 10 de Dezembro de 1980). p. A47 
  11. «Shogun (complete minisseries)». Rotten Tomatoes. Consultado em 10 de fevereiro de 2022 
  12. Dir. Jerry London (2003). Shōgun. Los Angeles: Paramount Home Video. ISBN 978-0-7921-9332-6. OCLC 53026518 
  13. a b Clements, Jonathan. The Dorama Encyclopedia: A Guide to Japanese TV Drama Since 1953. Berkeley, California: Stone Bridge Press. ISBN 1-880656-81-7 
  14. Ruella Ramos, António. «Diário de Lisboa». casacomum.org. Consultado em 10 de fevereiro de 2022 
  15. Teixeira, Clara (10 de maio de 2004). «SIC Sempre Gold pode dar lugar a canal de comédia no cabo». Público. Consultado em 10 de fevereiro de 2022 
  16. «"ALF", "FAME", "FALCON CREST" E "RAÍZES": SIC Gold mexe no nome e aposta em séries que fizeram história». Público. 12 de abril de 2002. Consultado em 10 de fevereiro de 2022