Shochu
Shochu ou xochu (em japonês: 焼酎, Shōchū) é uma bebida destilada típica do Japão. Costuma ser destilada a partir da cevada, batata doce ou arroz, e tem uma graduação alcoólica de cerca de 25% (menos que o uísque ou a vodca, porém mais que o vinho e o saquê). Alguns shochus, que são destilados múltiplas vezes durante o processo, e costumam ser usados em misturas com outras bebidas, podem chegar a 35%.
Embora Kyushu seja tradicionalmente considerada a terra natal do shochu, ele é produzido por todo o Japão.[1]
História
[editar | editar código-fonte]A origem exata do shochu é incerta. Originalmente bebidas alcoólicas tão fortes quanto o shochu eram chamadas de araki[4] (arak) ou rambiki[carece de fontes] (alambique) no Japão; arak é um termo genérico usado para descrever diversos tipos de bebidas alcoólicas destiladas em todo o Oriente Médio, e no Oriente em geral. O termo, juntamente com as bebidas que ele designava, teria se originado na Pérsia, de onde se espalhou para a Europa, a oeste, e para a Índia, a leste, de onde passou para a Tailândia e chegou a Okinawa. Por volta da metade do século XVI a técnica de fabricação do arak chegou a Kagoshima, onde teria nascido o shochu.[5][6] A bebida destilada de Okinawa é conhecida como awamori.
Pelo que pode ser determinado dos registros históricos japoneses, o shochu parece ter sido fabricado desde pelo menos o século XVI. O missionário cristão São Francisco Xavier visitou a prefeitura de Kagoshima em 1549, e registrou que "os japoneses bebem arak feito de arroz [...] porém não vi um único bêbado. Isto ocorre porque uma vez que estejam ébrios eles imediatamente se deitam e dormem."[7]
No santuário Kōriyama Hachiman, em Okuchi, está a mais antiga referência direta ao shochu no Japão; lá, dois carpinteiros que trabalhavam no santuário em 1559 deixaram o seguinte grafito numa placa de madeira no telhado:[3][8] "O sumo sacerdote é tão sovina que nunca nos deu shochu para beber. Que maçada!"[2][8]
A partir deste período e ao longo do período Edo o shochu passou a ser produzido por todo o país no tradicional método kasutori, com apenas uma etapa de destilação. No período Meiji o maquinário que possibilidava destilações sucessivas foi importando do Reino Unido, permitindo a produção em massa de um shochu com alto teor de pureza a preços acessíveis, durante um período em que havia uma falta crônica de arroz no mercado. O shochu feito da maneira tradicional ficou conhecido como o "shochu no estilo antigo", e o que era produzido com as novas máquinas se tornou o "shochu no estilo novo".[9]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ «What is Shochu?». Consultado em 31 de dezembro de 2006
- ↑ a b «Kōriyama Hachiman Shrine (郡山八幡神社)». Consultado em 21 de janeiro de 2007 Fonte da foto do grafito no Santuário Kōriyama Hachiman.
- ↑ a b «『焼酎』現存する最古の文字». Consultado em 22 de janeiro de 2007. Arquivado do original em 18 de março de 2007
- ↑ «アラキ araki» (em japonês). Yahoo Japan dictionary. Consultado em 18 de maio de 2010. Arquivado do original em 8 de julho de 2012
- ↑ «Shochu appeal goes supersonic». The Japan Times. 29 de julho de 2001
- ↑ Ashburne, John Frederick e Abe, Yoshi (2002). World Food Japan. [S.l.]: Lonely Planet. 98 páginas. ISBN 1740590104
- ↑ «Xavier and the Oldest Record of Shochu». Consultado em 31 de dezembro de 2006. Arquivado do original em 7 de março de 2005
- ↑ a b «History of Shochu» (em japonês). Suntory
- ↑ Tsukada, Sadakiyo. «Satsuma and Shochu». Consultado em 31 de dezembro de 2006. Arquivado do original em 30 de junho de 2007