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Sirventês

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O sirventês[1] ou sirventes foi um gênero poético utilizado pelos trovadores da Occitânia.[2] A estrutura poética do sirventes não difere da canso. Sua singularidade reside exclusivamente no conteúdo temático, pois a forma aborda temas satíricos, pessoais, religiosos, políticos e morais, em vez do tradicional Amor Cortês.[3]

Bertran de Born era considerado o mestre do sirventes político.[3]

Uma interpretação metafórica sugere que o gênero atuava como ‘servo’ da canso, pois o poeta versejava em um modelo preexistente dela. O sirventês é, portanto — e na maioria das vezes — um contrafactum.[2]

Contudo, na poética trovadoresca, a imitação formal nunca foi obrigatória: os poetas tinham liberdade para criar esquemas estróficos, rimáticos, métricos e melodias originais. A regra de imitar estruturas preexistentes só foi escrita a partir do século XIV, com o tratado Leys d'Amors.[2]

O primeiro sirventês escrito é de autoria do trovador Cercamon.[4]

Subgêneros incluem:[2]

  • Sirventes-joglaresc: sirventês caracterizado por um tom satírico voltado à crítica de jograis.[5]
  • Sirventes-ensenhamen: poema didático que descrevia o repertório técnico-artístico que um jogral deveria dominar.
  • Canso-sirventes: fusão entre o sirventês e a canso, em que um tom moralizante inicial se mesclava, muitas vezes repentinamente, a louvores dirigidos à musa do poeta.

Nenhum deles atingiu a popularidade da forma genérica e padrão do sirventês.

  1. Spina, Segismundo (2003). Manual de Versificação Românica Medieval. [S.l.]: Ateliê Editorial. pp. 203–205. ISBN 978-8574801599
  2. a b c d W. Kibler, William (1995). Medieval France: an encyclopedia. Col: Garland encyclopedias of the Middle Ages. London: Garland Publishing. p. 1667. ISBN 978-0824044442 
  3. a b Moisés, Massaud (2004). Dicionário de termos literários 12. ed. rev. e ampl. ed. São Paulo: Editora Cultrix. pp. 430–431 
  4. Burgwinkle, Bill (24 de agosto de 2009). «Cercamon, Œuvre poétique, éd. Luciano Rossi». Cahiers de recherches médiévales et humanistes. Journal of medieval and humanistic studies (em francês). ISSN 2115-6360. doi:10.4000/crm.11608. Consultado em 9 de abril de 2025 
  5. Chambers, Frank M.. An Introduction to Old Provençal Versification. Estados Unidos: American Philosophical Society, 1985. p. 181