Swietenia macrophylla

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Como ler uma infocaixa de taxonomiaSwietenia macrophylla
mogno, mogno-brasileiro
Swietenia macrophylla
Swietenia macrophylla
Estado de conservação
Espécie vulnerável
Vulnerável (IUCN 2.3) [1]
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Clado: Angiosperms
Clado: Eudicots
Clado: Rosids
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Sapindales
Família: Meliaceae
Género: Swietenia
Espécie: S. macrophylla
Nome binomial
Swietenia macrophylla
King, 1886
Distribuição geográfica
Distribuição natural histórica na América do Sul.
Distribuição natural histórica na América do Sul.
Distribuição actual na América do Sul.
Distribuição actual na América do Sul.
Sinónimos[2]
Folhagem (Calcutá, Bengala Ocidental, Índia).
Sementes de Swietenia macrophylla.
Figura talhada num bloco maciço de um tronco de mogno, mostrando os anéis circulares de crescimento da árvore, ainda que se deve assinalar que não são anéis de crescimento anual por a madeira não ser proveniente de um clima estritamente estacional quanto às chuvas.
Frutos abertos com sementes já visíveis.

Swietenia macrophylla King, 1886, conhecida pelos nomes comuns de aguano ou mogno-brasileiro,[3][4] é uma espécie de árvores pertencente à família Meliaceae[5], sendo uma das três espécies que produzem as madeiras comercializadas sob o nome de mogno (as outras são Swietenia mahagoni e Swietenia humilis). A espécie tem distribuição natural na região intertropical da América do Sul e América Central, desde o México à Amazónia, mas está naturalizada em Singapura e Hawaii,[3] e é cultivada em plantações distribuídas pelas regiões tropicais de todos os continentes, com destaque para o sul da Ásia.

Descrição[editar | editar código-fonte]

S. macrophylla é uma árvore perenifólia, mas decídua ou semidecídua nas regiões mais secas, de 35 a 50 m (raramente até 70 m) de altura, diâmetro a 1,3 m de altura que varia de 1,0 a 1,8 m (até 3,5 m). Copa aberta, arredondada em forma de sombreiro. A espécie é heliófita e habita a floresta clímax de terra firme, com crescimento rápido, atingindo a 4 m de altura aos 2 anos de idade.

As folhas são alternas, paripinadas (poucas vezes imparipinadas), de 10 a 40 cm de comprimento (incluindo o pecíolo); 3-5 pares de folíolos, de 5 x 2 a 12 x 5 cm, lanceolados a ovados, assimétricos, de margens inteiras.

O tronco recto, sem ramos até a uma grande altura, algo acanalado, com sistema radical profundo. Ramagens grossas e ascendentes, escassas, retorcidas acima dos 25 m; ritidoma externa profundo, muito fissurado, especialmente na variedade conhecida por mogno negro, com a parte externa escamosa, alargada, pardo-grisácea a castanho-grisáceo; ritidoma interno rosada a vermelho, fibroso, amargo e adstringente, com 1 a 3 cm de espessura. Através das gretas resultantes da fendilhação da casca é visível a coloração avermelhada da madeira, mais escuro quanto mais profunda seja a fenda.

A madeira é castanho-avermelhada, o que dá o nome à coloração mogno, variando de castanho avermelhado até tinto, muito densa e maciça, pelo que se afunda rapidamente na água, razão pela qual se não podem utilizar os rios para que flutuem os troncos até às serrações. É uma madeira de grão fino, ideal para a marcenaria por ser fácil de talhar, de grande valor para a feitura de móveis e, em geral, constitui uma das madeiras de maior valor no mercado mundial.

As flores são pequenas, amarelado-esverdeadas, agrupadas em panículas axilares e subterminais, glabras, de até 20 cm de comprimento. A espécie é hermafrodita (monoica), apresentando ambos os sexos na mesma inflorescência, com as flores masculinas mais abundantes que as femininas, ambas muito perfumadas. As flores são actinomórficas, de 6 a 9 mm de diâmetro, com o cálice acopado; 5-pétalas, de corola oval e côncava.

O fruto é uma cápsula lenhosa, ovoide a oblonga, pardo-avermelhada, por vezes grisácea, de 10 a 20 cm x 8 cm, deiscente pela base, abrindo em 4 a 5 valvas. Cada fruto contém 40-60 sementes, em grupos de 12 por lóculo. As sementes têm 1 cm de comprimento, assimétricas, comprimidas, coloração castanho-canela, com um prolongamento alar assimétrico, de 6 a 8 cm de comprimento. Sementes aladas muito amargas, adstringentes, extremadamente leves, adaptadas para que o vento as disperse a certa distância (anemocoria). A espécie produz grande número de sementes viáveis, sendo que 1 kg de sementes contém cerca de 2300 unidades, de viabilidade curta.

A espécie é considerada num estado de conservação de espécie vulnerável por perda de habitat e sobre-exploração na sua região de distribuição natural,[6] razão pela qual as madeiras de mogno originárias da América Central e do Sul estão sujeitas a restrições de comercialização no âmbito da convenção CITES. As madeiras provenientes dos países onde é cultivada não sofrem essas restrições.

A maioria da madeira de mogno comercializada tem origem em plantações do sueste asiático, sendo em países asiáticos que se cultiva as maiores quantidades desta árvore. Os maiores produtores de madeira de Swietenia macrophylla são a Índia, Indonésia, Malásia, Bangladesh, Fiji, Filipinas, Laos, Singapura e alguns outros, sendo que a Índia e Fiji são os maiores produtores mundiais.

A espécie apresenta elevado valor económico sendo uma das produtoras de madeira de mogno considerado genuíno, comercializado sob o nome comercial de mogno ou mogno-brasileiro, sendo a sua procura muito elevada o que a torna escassa no mercado e com elevado preço. Na sua região de origem é conhecida por caoba e por aguano e zopilote.

É a árvore emblemática do estado de Portuguesa (Venezuela).

Distribuição e ecologia[editar | editar código-fonte]

Ocorre entre 0 e 1500 msnm, em regiões com amplitude térmica do ar caracterizadas por temperatura mínima de 11 °C a máxima de 32 °C, com precipitação anula de 1200 a 4000 mm, em solos profundos, bem drenados, franco-argilosos a franco-arenosos, preferindo solos ligeiramente alcalinos com tendência para a neutralidade. Exige luz solar intensa, mas tolera a sombra na sua etapa juvenil, uma adaptação ao crescimento em zonas com numerosas espécies de árvores de grandes dimensões, pelo que nos primeiros anos de vida tem que crescer apesar do ensombramento produzido pelas demais árvores que lhe limitam a quantidade de insolação até que alcance uma altura suficiente para se destacar entre as restantes árvores. Em consequência desta adaptação, quando as árvores jovens estão expostas a insolação intensa, não crescem tanto como quando são obrigadas a crescer para obter uma insolação abundante. Este fenómeno pode comprovar-se quando se plantam estas árvores em ruas com edifícios altos: as árvores crescem até destacar-se a um nível superior, em comparação com outras plantadas ai mesmo tempo na mesma zona mas em lugares mais abertos e sem árvores ou edifícios.

O seu desenvolvimento óptimo ocorre nas selvas de galeria dos Llanos ocidentais e na região da periferia amazónica, desde o estado de Cojedes até ao de Barinas.[7]

Swietenia macrophylla foi descrita por George King e publicada em Hooker's Icones Plantarum 16: t. 1550. 1886.[8] A etimologia do nome genérico Swietenia é o apelido do médico Gerard van Swieten, em cuja honra foi denominado. O epíteto específico macrophylla é de origem latina e significa "com folhas grandes", uma alusão às grandes dimensões (> 40 cm) das folhas da espécie.

A espécie apresenta uma rica sinonímia, resultada da sua variabilidade morfológica e ampla região de distribuição natural:

  • Swietenia candollei Pittier 1920
  • Swietenia tessmannii Harms
  • Swietenia krukovii Gleason
  • Swietenia belizensis Lundell
  • Swietenia macrophylla var. marabaensis Ledoux & Lobato[9]

A planta apresenta uma grande diversidade de nomes comuns, entre os quais: caoba, caobo, cóbano (Tab.); kanak-ché, punab (l. maya, Yuc.); rosadillo, tsulsul, tutzul (l. tzeltal, Chis.); tzopilo-cuáhuitl (l. náhuatl) ; tzulzul (Chis.) ; zopílotl, macchochuc-quiui (l. totonaca, Ver.), venadillo, cobilla (Sinaloa, México), caoba americana, caoba de hoja grande, caoba del sur, caoba del atlántico, mogno, aguano, oruba, mara, mahonii, cobano, almendro (Equador) mara (Bolívia)

Galeria[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. World Conservation Monitoring Centre (1998). Swietenia macrophylla (em inglês). IUCN 1998. Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN. 1998​: 2.3. doi:https://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.1998.RLTS.T32293A9688025.en Página visitada em 12 de julho de 2023.
  2. «The Plant List: A Working List of All Plant Species». Consultado em 20 de dezembro de 2014 
  3. a b «USDA GRIN Taxonomy». Consultado em 4 de abril de 2015. Arquivado do original em 13 de julho de 2015 
  4. Free, Chris (2012). «Home». SwietKing.org. SwietKing Research. Consultado em 22 de janeiro de 2015 
  5. SiBBr. «Species: Swietenia macrophylla (Mogno)». ala-bie.sibbr.gov.br (em inglês). Consultado em 12 de julho de 2023 
  6. World Conservation Monitoring Centre 1998. Swietenia macrophylla. 2006 IUCN Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas, consultado a 23 de agosto de 2007.
  7. Jesús Hoyos F. Guía de árboles de Venezuela. Caracas: Sociedad de Ciencias Naturales La Salle. Monografía n.° 32, 1983, pp. 224-225
  8. «Swietnia macrophylla». Tropicos.org. Missouri Botanical Garden. Consultado em 1 de fevereiro de 2014 
  9. Swietenia macrophylla en PlantList

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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