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Tamandaré (canção)

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"Tamandaré" é uma canção do compositor brasileiro Chico Buarque (1965), criada para integrar a trilha sonora do musical Meu Refrão, espetáculo de Hugo Carvana e Antonio Carlos da Fontoura que estreou em agosto de 1966, no Rio de Janeiro.[1][2]

Foi o primeiro trabalho de Chico Buarque proibido pela censura, que considerou a letra ofensiva ao Almirante Tamandaré, cuja figura era estampada nas notas de 1 cruzeiro, e para quem Chico perguntara: "...Meu marquês de papel cadê teu troféu? Cadê teu valor? Meu caro almirante o tempo inconstante roubou..."[2][3]

Chico criticou a censura, dizendo que a música simplesmente falava de "um Zé qualquer, sem samba, sem dinheiro" e que o que era ofensivo ao almirante era a sua presença na "insignificante nota de um cruzeiro".[3] Antônio Carlos da Fontoura engrossou o coro de protestos, argumentando que, sem a música, a peça teria de ser reformulada por completo.[4] Além disso, um compacto com uma interpretação da canção por Odete Lara lançado pela Elenco teve suas 6 mil cópias apreendidas.[4]

Edgar Façanha, o censor responsável pelo veto à música, defendeu a decisão e disse que só a tomou às vésperas da peça porque recebeu a música somente no dia anterior, e eximiu o DCDP de responsabilidade pelo prejuízo do compacto alegando que a canção não deveria ter sido gravada sem autorização deles.[5] Inicialmente avesso somente a alguns trechos da letra, Edgar acabou eventualmente censurando-a por inteiro, declarando na época que cortes parciais seriam "mais desagradáveis" ao compositor, contrariando outros dois censores que favoreceram a supressão de apenas algumas partes da obra.[6]

Para completar a trilha sonora, em substituição a "Tamandaré", Chico compôs "Noite dos Mascarados".[7][4]

A música permaneceu proibida até o ano de 1991, quando foi gravada pelo Quarteto em Cy.[1]

Referências

  1. a b Homem, Wagner "Histórias de Canções: Chico Buarque", pgs. 32 a 35. Editora Leya. São Paulo (2009)
  2. a b Pinheiro 2024, pp. 21.
  3. a b Pinheiro 2024, pp. 25.
  4. a b c Pinheiro 2024, pp. 26.
  5. Pinheiro 2024, pp. 27.
  6. Pinheiro 2024, pp. 27-28.
  7. Site do cantor: "Nota sobre Noite dos mascarados, por Humberto Werneck"

Bibliografia

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  • Pinheiro, Márcio (2024). O Que Não Tem Censura Nem Nunca Terá: Chico Buarque e a repressão artística na ditadura militar. Porto Alegre: L&PM Editores. ISBN 978-65-566-6481-1 

Ligações externas

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