Tanchagem-da-água

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Como ler uma infocaixa de taxonomiaAlisma plantago-aquatica

Classificação científica
Reino: Plantae
Clado: angiospérmicas
Clado: monocotiledóneas
Ordem: Alismatales
Família: Alismataceae
Género: Alisma
Espécie: A. plantago-aquatica
Nome binomial
Alisma plantago-aquatica
L.

Alisma plantago-aquatica é uma espécie de planta com flor pertencente à família Alismataceae.

A autoridade científica da espécie é L., tendo sido publicada em Species Plantarum 1: 342. 1753.[1]

Os seus nomes comuns são alface-dos-arrozais, alisma, colhereira, colhereiro, coresia, erva-alface, erva-couveira, orelha-de-mula, pão-de-rã, tanchagem-aquática, tanchagem-da-água, tanchagem-de-água.[2][3][4]

É uma planta perene com flor espontânea na maior parte do Hemisfério norte, na Europa, Ásia setentrional, e América do Norte.[5] É uma espécie frequente em todo o território português. Aparece frequentemente em locais húmidos, encharcados e protegidos, como, valas, fossos, margens de cursos de água, pântanos e arrozais.[6] Floresce de maio a setembro (hemisfério norte).

A palavra alisma é de origem Celta e significa "água", e refere-se ao seu habitat. Os primeiros botânicos classificaram-na no género Plantago devido às semelhanças com as folhas deste grupo taxonómico.[7]

Descrição[editar | editar código-fonte]

É uma planta aquática perene, submersa ou emersa, com rizoma tuberculoso que pode medir até 80 cm. Parcialmente submersa, as suas gemas de renovo desenvolvem-se debaixo de água. As plantas jovens são constituídas por folhas basilares, de forma lanceolada, dispostas em rosetas sésseis. As folhas adultas, na sua maioria emersas, são geralmente aéreas, ovadas ou ovado-elípticas e na maioria das vezes têm limbo cordiforme e são truncadas na base, com pecíolos compridos. Menos vezes, são largamente lanceoladas ou em forma de cunha, isto é, triangular e com a parte mais estreita no ponto de inserção. A cor das folhas varia do verde claro ao verde escuro. A inflorescência, que pode atingir um metro de altura, é uma panícula grande e ampla, ereta, com flores verticiladas, distando entre si até 20 cm, dispostas em longos pedicelos. A corola é branca ou branco-purpurescente. As anteras são elípticas, com estiletes filiformes, mais ou menos direitos, estigmatosos apenas na região apical, do mesmo comprimento que os ovários ou maiores. O fruto é um múltiplo de aquénios, comprimidos, arredondados no cimo, comprimidos lateralmente, com um a dois sulcos dorsais.[5]

Cultura em aquário[editar | editar código-fonte]

Em aquariofilia, a transplantação de espécimes recolhidos na natureza não costuma resultar, sendo preferível a recolha de sementes, que devem germinar em areia coberta de água, multiplicando-se posteriormente a partir de pedaços de rizoma dos exemplares já crescidos. Desenvolvem-se bem num substrato de areia grossa misturada com terra vegetal e argila, com espaço suficiente para formar a folhagem pretendida e de modo a não comprometer o desenvolvimento de espécies vegetais mais pequenas, incapazes de competir com o seu sistema radicular. Passados alguns meses deve-se enriquecer o solo com bolas de argila seca e fertilizante. [5]

Espécies semelhantes[editar | editar código-fonte]

Nos arrozais do Centro e Sul de Portugal encontra-se a espécie, semelhante, Alisma gramineum, com folhas de limbo sublinear muito mais curto do que o pecíolo e mais fácil de aclimatar em aquário. A espécie Alisma lanceolatum apresenta folhas com limbo geralmente mais curto do que o pecíolo, de forma lanceolada ou linear-lanceolada, atenuando nos dois extremos. A sua inflorescência é de menores dimensões do que a da Alisma plantago-aquatica. [5]

Propriedades[editar | editar código-fonte]

A medicina popular atribui-lhe propriedades diuréticas e uma forma de prevenção contra a formação de cálculos renais. Também é usada no tratamento de diabetes. Quando se aplicam as folhas sobre a pele, pode provocar irritação. [2] De acordo com a Flora of the U.S.S.R. (1934, traduzida em 1968), “Um pó preparado a partir de raizes secas é usado em medicina popular como meio de cura da raiva e folhas esmagadas são usadas contra a congestão mamária; as folhas frescas sãoempregadas em homeopatia. [...] Já que esta espécie é muitas vezes confundida ou identificada com outras do mesmo género, os dados registados podem também referir-se a Alisma orientale or Alisma lanceolatum].”[8] De facto, a Alisma plantago-aquatica é também conhecidaem inglês como mad-dog weed (erva-do-cão-raivoso),[9] por ser usada na cura da raiva. Ainda em inglês, não se deve confundir com a espécie Scutellaria lateriflora (mad-dog skullcap), também designada de mad-dog weed .

Alisma orientale foi, no princípio — e ainda hoje, por vezes — classificada como espécie à parte, sendo na verdade uma variedade desta espécie (Alisma plantago-aquatica var. orientale).[10][11] Os rizomas de A. orientale têm sido utilizadas na medicina tradicional chinesa, como ze xie.[12] Vários estudos científicos indicam que o ze xie tem, de facto, propriedades medicinais como efeitos antialérgicos.[13][14] Contudo, pode ter também sérios efeitos secundários, sendo reportada também alguma toxicidade, nomeadamente hepatotoxicidade.[15]

Pesquisa[editar | editar código-fonte]

Estudos ‘’In vitro’’ e com animais têm indicado propriedades biológicas da planta ou de alguns dos seus extratos, nomeadamente como ativador de receptores ativados por proliferador de peroxissomo[16] como hepatoprotetor[17] ou como antialérgico.[18][19]

Portugal[editar | editar código-fonte]

Trata-se de uma espécie presente no território português, nomeadamente em Portugal Continental.

Em termos de naturalidade é nativa da região atrás indicada.

Protecção[editar | editar código-fonte]

Não se encontra protegida por legislação portuguesa ou da Comunidade Europeia.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Tropicos.org. Missouri Botanical Garden. 7 de Outubro de 2014 <http://www.tropicos.org/Name/900013>
  2. a b «Biorede». Consultado em 1 de novembro de 2012  Texto " Lagoas costeiras " ignorado (ajuda)
  3. «Alisma». Consultado em 1 de novembro de 2012 
  4. Alisma plantago-aquatica - Flora Digital de Portugal. jb.utad.pt/flora.
  5. a b c d «Tanchagem de agua». Consultado em 10 de novembro de 2012 
  6. «Alisma plantago-aquatica L.». Consultado em 10 de novembro de 2012 
  7. Rose, Francis (2006). The Wild Flower Key. [S.l.]: Frederick Warne & Co. pp. 483–484. ISBN 978-0-7232-5175-0 
  8. Flora of the U.S.S.R. 1. [S.l.: s.n.] 1968. p. 220–1. Consultado em 3 de junho de 2012 
  9. «Historical Common Names of Great Plains Plants: Alisma plantago-aquatica L.». Consultado em 3 de junho de 2012. Arquivado do original em 8 de junho de 2011 
  10. «Alisma plantago-aquatica var. orientale information from NPGS/GRIN». Consultado em 3 de junho de 2012. Arquivado do original em 13 de maio de 2014 
  11. «Alisma orientale information from NPGS/GRIN». Consultado em 3 de junho de 2012. Arquivado do original em 12 de maio de 2014 
  12. «SCHEDULE 1 Chinese Herbal Medicines». Chinese Medicine Bill. Legislative Council of the Hong Kong Special Administrative Region. Consultado em 3 de junho de 2012. Rhizoma Alismatis (澤瀉) Tuber of Alisma orientalis (Sam.) Juzep. 
  13. Kubo, Michinori; Mattsuda, Hideaki; Tomohiro, Norimichi; Yoshikawa, Masayuki (1997). «Studies on Alismatis rhizoma. Ⅰ. Anti-allergic Effects of Methanol Extract and Six Terpene Components from Alismatis rhizoma (Dried Rhizome of Alisma orientale).» (PDF). Biological and Pharmaceutical Bulletin. 20 (5): 511–6. PMID 9178931. doi:10.1248/bpb.20.511. Consultado em 3 de junho de 2012 
  14. «Alisma orientale». PubMed. Consultado em 3 de junho de 2012 
  15. YUEN, M.-F., TAM, S., FUNG, J., WONG, D. K.-H., WONG, B. C.-Y. and LAI, C.-L. (2006). «Traditional Chinese medicine causing hepatotoxicity in patients with chronic hepatitis B infection: a 1-year prospective study». Alimentary Pharmacology & Therapeutics. 24 (8): 1179–86. PMID 17014576. doi:10.1111/j.1365-2036.2006.03111.x. Consultado em 3 de junho de 2012 
  16. Rau O., Wurglics M., Dingermann Th., Abdel-Tawab M., Schubert-Zsilavecz M, "Screening of herbal extracts for activation of the human peroxisome proliferator-activated receptor." Pharmazie 2006 61:11 (952-956)
  17. Jeong C.S., Suh I.O., Hyun J.E., Lee E.B. "Screening of hepatoprotective activity of medicinal plant extracts on carbon tetrachloride-induced hepatotoxicity in rats", Natural Product Sciences 2003 9:2 (87-90)
  18. Kubo, Michinori; Mattsuda, Hideaki; Tomohiro, Norimichi; Yoshikawa, Masayuki (1997). «Studies on Alismatis rhizoma. Anti-allergic Effects of Methanol Extract and Six Terpene Components from Alismatis rhizoma (Dried Rhizome of Alisma orientale (PDF). Biological and Pharmaceutical Bulletin. 20 (5): 511–6. PMID 9178931. doi:10.1248/bpb.20.511. Consultado em 3 de junho de 2012 
  19. Lee, JH; Kwon, OS; Jin, HG; Woo, ER; Kim, YS; Kim, HP (2012). «The Rhizomes of Alisma orientale and Alisol Derivatives Inhibit Allergic Response and Experimental Atopic Dermatitis». Biological & pharmaceutical bulletin. 35 (9): 1581–7. PMID 22975512 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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