Tangará (ave)
Fotografia de um tangará (Chiroxiphia caudata) macho, em Piraju, São Paulo, região sudeste do Brasil. | |||||||||||||||||||||||||||
Estado de conservação | |||||||||||||||||||||||||||
Pouco preocupante (IUCN 3.1) [1] | |||||||||||||||||||||||||||
Classificação científica | |||||||||||||||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||||||||||||||
Chiroxiphia caudata (Shaw & Nodder, 1793)[2] | |||||||||||||||||||||||||||
Distribuição geográfica | |||||||||||||||||||||||||||
As florestas costeiras da Mata Atlântica, no leste da América do Sul, da Bahia, região sudeste e região sul do Brasil, até a Argentina e Paraguai, são o habitat do tangará (Chiroxiphia caudata).[2]
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Sinónimos | |||||||||||||||||||||||||||
Dançador[3] |
Manaquim-azul[4] ou tangará-dançarino[5], tangará, dançador[3][6] ou fandangueiro[7][8]; nomeada, em inglês, blue manakin[9] ou swallow-tailed manakin[6][7]; em castelhano: bailarín azul (Arg.)[10]; cientificamente denominada Chiroxiphia caudata; é uma espécie de ave da família Pipridae; um pássaro endêmico de florestas de Mata Atlântica, em sub-bosques e capoeiras da região oriental do Brasil, do estado da Bahia até o Rio Grande do Sul e em Misiones, na Argentina, ao Paraguai; mais frequente em áreas montanhosas arborizadas até altitudes de 1.800 metros.[2][3][11] No norte de sua distribuição, esta espécie entra em contato parcial com o tangará-falso (Chiroxiphia pareola), sua congênere[6], embora esta ocorra em áreas de menor elevação, junto à costa.[11] Foi classificada em 1793, por George Kearsley Shaw e pelo ilustrador Frederick Polydore Nodder, descrita como Pipra caudata para a obra Naturalist's Miscellany[2][7][12]; considerada a ave símbolo do município de Ubatuba, em São Paulo, no ano de 2004[13], e sendo listada pela União Internacional para a Conservação da Natureza como espécie pouco preocupante.[9] Ela mede 13 centímetros de comprimento (adicionando-se mais 2 centímetros ao prolongamento de suas retrizes medianas).[2][3] Sua denominação binomial, Chiroxiphia caudata, significa "asa de sabre com cauda longa", com a palavra tangará supostamente derivada do tupi tãga'rá[14]: junção de ata, andar; e carã, em volta; sendo correspondente ao vocábulo castelhano saltarin.[2] Este pássaro é muito mencionado na região sudeste do Brasil devido às suas danças; por isso também denominado dançador.[3][15]
Descrição
[editar | editar código-fonte]Chiroxiphia caudata apresenta grande dimorfismo sexual:
Macho
[editar | editar código-fonte]No macho ocorre a predominância de penas de cor azul intensa, contrastando com sua cabeça, asas e retrizes externas em negro a cinzento, destacando-se uma área em vermelho no topo da cabeça. Em sua cauda destacam-se duas penas medianas, azuis e mais longas do que as outras.[3][11][16][17]
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Ilustração de um macho do tangará (Chiroxiphia caudata), retirada da obra de Friedrich Heinrich von Kittlitz, Kupfertafeln zur Naturgeschichte der Vögel (1832).
Fêmea e macho imaturo
[editar | editar código-fonte]A fêmea e o macho imaturo, cuja primeira mudança é a apresentação de sua coroa vermelha[11][18], possuindo penas de coloração bem mais discreta, sendo verde-oliváceos a cinzentos; também se descrevendo espécimes de coroa alaranjada entre os juvenis.[3][11][19] Fêmeas também apresentam as penas medianas de sua cauda mais alongadas do que as outras.[11]
Vocalização, nidificação e reprodução
[editar | editar código-fonte]São complexas as cerimônias nupciais destas aves que, diante de uma fêmea, passiva, assistem-se em volteios, dos quais participam geralmente de dois a seis machos, formando uma compacta fila (ou bicha) movediça, geralmente sobre um galho horizontal e pairando no ar por alguns instantes; chamados através de um sonoro "drüwed"[3] ou "trá-trá"[16] pelo macho dominante e assim procedendo até que todos tenham realizado pequenos voos, recomeçando novamente e emitindo pequenos gritos: "tiú-u,u,u; tiú-u,u,u"[3] ou "kuá-kuáá-kuáá"[11]; iniciando-se em compasso lento e acelerando; emitindo, por fim, um agudíssimo "tic-tic-tic" que encerra a cerimônia, que varia entre 30 segundos a 2 minutos e podendo recomeçar, tal ritual, minutos após[3][15]; finalmente com o macho perseguindo a fêmea com a vocalização de um "trrrrs", ainda dispondo de um assobio de advertência: "dwüd" ou "dwüod"[3] e, com frequência, com ambos os sexos dando um "choueu, cho-cho-cho".[11] Seu ninho é uma cestinha rala, na forquilha bem alta de um galho próximo a água, construído com fibras vegetais e utilizando-se de teias de aranha para colar seu material; onde se colocam 2 ovos de coloração pardacenta com desenhos mais escuros; cuja incubação é feita pelas fêmeas, durante 18 dias, e com os filhotes abandonando o ninho após 20 dias.[2][11][20]
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Vídeo com o ritual de cópula do tangará (Chiroxiphia caudata), em Ilhabela, São Paulo, região sudeste do Brasil.
Alimentação
[editar | editar código-fonte]Nos bosques tropicais onde habita, este pássaro é onívoro, se alimentando de frutos (bagas) e pequenos artrópodes, como aranhas, insetos e suas larvas. Aprecia a Michelia champaca (magnólia-amarela) e a Acnistus arborescens (fruta-do-sabiá).[2]
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Um tangará (Chiroxiphia caudata) se alimentando de uma baga.
Referências
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- ↑ a b c d e f g h «Tangará». WikiAves - A Enciclopédia das Aves do Brasil. 1 páginas. Consultado em 4 de junho de 2019
- ↑ a b c d e f g h i j k SICK, Helmut (1997). Ornitologia Brasileira 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. p. 646-648. 912 páginas
- ↑ «Pipridae». Aves do Mundo. 26 de dezembro de 2021. Consultado em 5 de abril de 2024
- ↑ Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. ISSN 1830-7809. Consultado em 5 de abril de 2024. Cópia arquivada (PDF) em 23 de abril de 2022
- ↑ a b c The Cornell Lab of Ornithology. «Swallow-tailed Manakin Chiroxiphia caudata» (em inglês). Neotropical Birds Online. 1 páginas. Consultado em 4 de junho de 2019
- ↑ a b c ANDRADE, Gabriel Augusto de (1985). Nomes Populares das Aves do Brasil. Belo Horizonte: Editerra Editorial. p. 87. 258 páginas
- ↑ ANDRADE, Gabriel Augusto de (1985), Op. cit., utiliza-se do termo dansador ou dansarino, com a letra "S" em lugar de "C" com cedilha.
- ↑ a b IUCN. «Blue Manakin - Chiroxiphia caudata» (em inglês). IUCN. 1 páginas. Consultado em 4 de junho de 2019
- ↑ FRISCH, Johan Dalgas (1981). Aves Brasileiras. Volume 1. 2ª ed. São Paulo, Brasil: Dalgas - Ecoltec Ecologia Técnica e Comércio Ltda. p. 202. 354 páginas. ISBN 85-85015-02-0
- ↑ a b c d e f g h i RIDGELY, Robert S.; GWYNNE, John A.; TUDOR, Guy; ARGEL, Martha (2015). Aves do Brasil. Mata Atlântica do Sudeste 1ª ed. São Paulo: Editora Horizonte. p. 314-315. 418 páginas
- ↑ «Handcolored engraving of a blue long-tailed manakin (Pipra caudata) from "Naturalist's Miscellany" (1794).» (em inglês). Alamy. 1 páginas. Consultado em 4 de junho de 2019
- ↑ «Tangará-dançador é pássaro símbolo de Ubatuba». O Guaruçá - Informação e Cultura - UbaWeb. 29 de novembro de 2004. 1 páginas. Consultado em 22 de junho de 2019
- ↑ FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda (1986). Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. p. 1646. 1838 páginas
- ↑ a b Maffei, Fábio (10 de setembro de 2009). «A dança». Flickr. 1 páginas. Consultado em 4 de junho de 2019
- ↑ a b SANTOS, Eurico (1985). Zoologia Brasílica, vol. 5. Pássaros do Brasil: Vida e Costumes 4ª ed. Belo Horizonte: Itatiaia. p. 80-87. 312 páginas
- ↑ Quental, João (3 de abril de 2011). «Chiroxiphia caudata - Tangará / Swallow-tailed Manakin». Flickr. 1 páginas. Consultado em 4 de junho de 2019
- ↑ Manfredini, Fábio (2 de junho de 2012). «Blue Manakin (Chiroxiphia caudata) Tangará». Flickr. 1 páginas. Consultado em 4 de junho de 2019.
Young Male / Macho jovem; Parque do Zizo; São Miguel Arcanjo, SP, Brasil.
- ↑ Souza, João Sérgio Barros F. de (6 de outubro de 2012). «Chiroxiphia caudata (tangará fêmea)». Flickr. 1 páginas. Consultado em 4 de junho de 2019.
Nova Lima/MG.
- ↑ Antunes, Ralph (13 de fevereiro de 2018). «Tangará, fêmea; Chiroxiphia caudata». Flickr. 1 páginas. Consultado em 4 de junho de 2019