Tangerina

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Para outros significados, veja Tangerina (desambiguação).
Como ler uma infocaixa de taxonomiaTangerina
Citrus reticulata
Citrus reticulata
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Sapindales
Família: Rutaceae
Género: Citrus
Espécie: C. reticulata
Nome binomial
Citrus reticulata
Blanco

A tangerina (Citrus reticulata), também conhecida como laranja-mimosa, mexerica, mandarina, fuxiqueira, poncã (ou ponkan[1]), manjerica, laranja-cravo, mimosa e bergamota, é uma fruta cítrica de cor alaranjada e sabor adocicado.[2][3][4] Parece ser uma antiga espécie selvagem, nativa da Ásia (Índia, China e países vizinhos de climas subtropical e tropical úmido).[5]

Etimologia

"Tangerina" vem de "laranja tangerina", isto é, "laranja de Tânger".[6] "Bergamota" vem do turco beg armudi, "pera do príncipe", através do italiano bergamotta ou do francês bergamotte.[7] "Mandarina" vem do castelhano mandarina.[8] "Mexerica" possui origem no verbo mexericar, que, por sua vez, provêm de mexer.[9] "Poncã" é derivação da palavra japonesa ponkan.[3]

Denominação regional

"Bergamota" ou "vergamota" são as denominações dadas à tangerina na Região Sul do Brasil, principalmente no Rio Grande do Sul.[4]

"Mexerica" é um termo mais comum nas regiões Centro-Oeste e Sudeste do Brasil, especialmente em Goiás, Minas Gerais, São Paulo e norte do Paraná. No Espírito Santo faz-se distinção da mexerica (Citrus reticulata) da tangerina ou tangerina-verdadeira (Citrus tangerine), como ocorre na língua inglesa, onde a mexerica é uma mandarin orange e a tangerina é uma tangerine. No Rio de Janeiro, usa-se, mais comumente, o termo tangerina.

Em Pernambuco e noutros estados da Região Nordeste do Brasil, é conhecida como "laranja-cravo"; no estado da Bahia é conhecida como tangerina ou mexerica.

Em alguns poucos lugares, como em Curitiba e no litoral paranaense (principalmente em Paranaguá), é chamada de "mimosa".

No Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, qualquer qualidade de tangerina é chamada "poncã".

Em Goiás e em São Paulo, "poncã" denomina apenas uma das variedades comerciais que tem a casca macia e solta dos gomos.

Variedades

Tangerina, variedade dos frutos

As variedades mais cultivadas de tangerina são:

  • Mexerica
  • Poncã
  • Dancy
  • Laranja-cravo (ou tangerina-cravo, Laranja-crava)
  • Montenegrina
  • Dekopon
  • Citrus nobilis Lour.[10][11]

Plantio

A tangerina é cultivada há milênios na China, na Europa chegou apenas em 1805 importada para Inglaterra. No Brasil a variedade poncã veio com os colonos portugueses em 1892.[12]

Normalmente, é colhida entre os meses de maio a agosto, mas a safra pode ir de abril a setembro.

A árvore é de porte mediano, com espinhos nos galhos, como forma de proteção, com flores brancas e aromáticas, semelhantes à laranjeira.

A casca possui concentrações elevadas de vitaminas A, B1, B2, Niacina, Vitamina C, cálcio e fósforo, podendo ser usada para fazer doces e geleias.

As variedades mais conhecidas são a cravo, monte-negrina, mexerica, poncã e mandarina, sendo mais comerciais as mexericas, para consumo natural e a morgote, para produção de sucos.

Valor nutricional

Tangerina natural sem casca
Valor nutricional por 100 g (3,53 oz)
Energia 200 kJ (50 kcal)
Carboidratos
Carboidratos totais g
Gorduras
Gorduras totais 0.3 g
Proteínas
Proteínas totais g
Água 86 g
Vitaminas
Vitamina C 30 mg (36%)
Minerais
Magnésio 11 mg (3%)
Potássio 210 mg (4%)
Percentuais são relativos ao nível de ingestão diária recomendada para adultos.

O valor nutritivo do suco ou da polpa varia conforme a espécie, mas é sempre boa fonte de vitaminas A e C e sais minerais como potássio, cálcio e fósforo. Os frutos produzidos em agricultura biológica são mais ricos em vitamina C que os produzidos na agricultura convencional.[13] A vitamina C é essencial para o sistema imunológico. A vitamina A é indispensável para a saúde dos olhos e da pele e aumenta a resistência às infecções. As vitaminas do complexo B fortificam os nervos.

A tangerina é considerada grande fonte de magnésio. O ser humano precisa de magnésio, apresentando maior concentração desse mineral nos ossos e músculos. Ele tem papel importante na síntese das proteínas, na contratilidade muscular e na excitabilidade dos nervos.

Popularmente, a tangerina é conhecida pelo seu efeito diurético, digestivo e aumento na eficiência física. Não existem evidências científicas que indiquem seu uso na hipertensão arterial ou na prevenção da arterioesclerose. É laxativa, pois apresenta grande quantidade de fibras, devendo ser ingerida com o bagaço para melhorar o funcionamento do intestino. Também não existem evidências que recomendem a tangerina como protetor de outras doenças como câncer, diabetes, hipertensão e outras doenças cardiovasculares. O chá das folhas é considerado popularmente como calmante. Conserva-se bem em geladeira por até três semanas.

Principais produtores

variedades da aparência e formato dos frutos

Dos frutos cítricos, em relação ao que é produzido mundialmente sua produção corresponde a 16 por cento da produção mundial anual.

Os 10 maiores produtores— 2005
(milhares de toneladas)
 China 11 395
Espanha 2 125
 Brasil 1 270
Japão 1 132
Irã Irão 720
 Tailândia 670
 Egito 665
Paquistão 587
 Itália 585
 Turquia 585
Total mundial 19 734,84
Fonte: (FAO)[1]

Produção no Brasil

Principais estados produtores de tangerina no Brasil em 2018, em amarelo escuro

Em 2018, o Brasil produziu quase 1 milhão de toneladas de tangerina, sendo o 6º maior produtor do mundo. [14] Os estados que mais produzem são: São Paulo (331 mil toneladas), Minas Gerais (210 mil toneladas), Rio Grande do Sul (148 mil toneladas) e Paraná (143 mil toneladas).[15]

Ver também

Referências

  1. Qual a diferença entre tangerina, mexerica e ponkan? Revista Super Interessante - acessado em 20 de setembro de 2020
  2. Academia Brasileira de Letras. Disponível em http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=23. Acesso em 17 de maio de 2013.
  3. a b «Significado de poncã». Dicionário Caldas Aulete. Consultado em 2 de julho de 2017 
  4. a b FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. pp.1 646,1 647
  5. (em inglês) Nicolosi, E.; Deng, Z.N.; Gentile, A.; La Malfa, S.; Continella, G. & Tribulato, E., 2000, Citrus phylogeny and genetic origin of important species as investigated by molecular markers. Theoretical and Applied Genetics 100(8): 1155-1166. doi:10.1007/s001220051419 (resumo em HTML).
  6. FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 1993. pp. 1646 e 1647, verbetes: "tangerina" e "tangerino".
  7. FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.250
  8. FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. p.1 076
  9. «FRUTAS | Etimologia no Maternal | Origem Da Palavra». origemdapalavra.com.br. Consultado em 3 de julho de 2017 
  10. "Tangerinas ou mandarinas", por Luiz Carlos Donadio, Eduardo Sanches Stuchi, Fábio Luiz de Lima Cyrillo. Jaboticabal : Funep, 1998. Boletim Citrícola, 5.
  11. Sciname Finder: Citrus nobilis Lour.
  12. Mathias, João et al. Como plantar tangerina. Revista Globo Rural: 02 de Dezembro de 2013 Acesso 11/02/2017
  13. Duarte, A; Caixeirinho D, Miguel G, Sustelo V, Nunes C., Mendes M, Marreiros A. (2010). «Vitamin C Content of Citrus from Conventional versus Organic Farming Systems». Acta Horticulturae 868:389-394. 
  14. «Agricultura do Brasil em 2019, pela FAO». FAO. Consultado em 27 de fevereiro de 2021 
  15. Produção brasileira de tangerina em 2018

Ligações externas