Teatro Castro Alves

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Teatro Castro Alves
Teatro Castro Alves
Frente do Teatro Castro Alves, em 2019.
Tipo
Estilo dominante modernismo
Arquiteto José Bina Fonyat Filho
Engenheiro Humberto Lemos Lopes
Inauguração 4 de março de 1967 (57 anos)
Website
Geografia
País  Brasil
Cidade Salvador, Bahia
Coordenadas 12° 59' 21" S 38° 31' 10" O

O Teatro Castro Alves (TCA) é um teatro brasileiro. É o maior e mais importante centro artístico de Salvador, capital do estado da Bahia, e se localiza no Largo do Campo Grande. Em 2013, foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).[1]

História[editar | editar código-fonte]

Fruto das ideias desenvolvimentistas do governador Antônio Balbino, a história do Teatro Castro Alves, que homenageia o "Poeta dos Escravos", possui momentos de grandes espetáculos e tragédias, como os dois incêndios que motivaram sua reforma.

O primeiro deles ocorreu antes mesmo de sua inauguração.[2][3] Era a madrugada do dia 9 de julho de 1958 — cinco dias antes da abertura ao público —[2][3] e a versão apurada oficialmente foi de que um curto-circuito havia destruído aquele que deveria ser o mais novo espaço cultural de uma cidade que jazia estagnada economicamente — o chamado "Enigma Baiano" que se estendia desde o início do século e nos anos 50 preocupava estudiosos e economistas.

Seu projeto original foi feito pelos arquitetos Alcides da Rocha Miranda e José de Souza Reis, em 1948; porém o edifício construído foi aquele desenvolvido por José Bina Fonyat Filho e o engenheiro Humberto Lemos Lopes,[4][3] sendo ganhador da IV Bienal de São Paulo com suas linhas e conceitos modernistas e chocando a sociedade baiana de então, avessa a novidades, com sua grandiosidade que incomodava os políticos em disputa pelo poder local.

As obras foram executadas pela então Secretaria de Viação e Obras Públicas, que na época chegou a publicar o livreto intitulado "A verdade sobre o Teatro Castro Alves" mostrando desde o projeto de lei do então deputado estadual Antônio Balbino em 2 de junho de 1948, fotos e imagens do projeto, entrevista com especialistas e buscando justificar a realização desse projeto ao invés do idealizado por Rocha Miranda e Souza Reis.

Balbino, que introduzira no governo do Estado uma mentalidade de planejamento e fomento econômico, enfrentava sem sucesso as forças conservadoras: Quando pronto a edificação que não possuía os pilares em V sofreu um misterioso incêndio, depois disso a edificação passou a ter os benditos pilares.

Seu aparente fracasso fez com que as obras de recuperação, reiniciadas ainda em seu mandato, fossem abandonadas por Juracy Magalhães — seu opositor.

O teatro foi praticamente reconstruído pelo governo Lomanto Júnior — recebendo entretanto, por parte da elite local já avessa ao ativismo cultural, grande ojeriza, que somente o tempo foi capaz de vencer.

Foi inaugurado, com a presença, além do próprio governador, do presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, a 4 de março de 1967.[2][3]

Ali se apresentam, para horror de uma sociedade atônita, Gilberto Gil e Caetano Veloso — iniciando a grande agitação cultural que iria — partindo da Bahia — revolucionar o Brasil, nos anos setenta.

Mas o TCA não resistiria incólume ao choque cultural, abandonado por anos a fio, chega aos anos 80 degradado e, finalmente, novamente arde em chamas e em 1989 é novamente fechado.[necessário esclarecer]

A partir de 1991, no governo Antônio Carlos Magalhães, o teatro passa por uma ampla reforma ao custo de 10 milhões de dólares estadunidenses que lhe restituiu o vigor do qual originalmente havia imaginado Balbino, sendo reinaugurado mais uma vez em 27 de março de 1993,[necessário esclarecer] — desta feita numa cidade que despertara para sua grande vocação cultural, que já reconhecia a genialidade de seus "filhos" antes vistos com escândalo.

Entre outros pontos, foi reforçada a segurança, os espaços de camarim e Sala do Coro, entre outros passaram por modificações e uma polêmica rampa ligando o terraço do foyer ao acesso principal foi acrescentada.

Apresentação da Orquestra Sinfônica Simón Bolívar da Venezuela no TCA, em 2011.

Entre 2009 e 2010, é promovido um concurso público nacional de projetos de arquitetura, voltado à requalificação e ampliação do teatro, organizado pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil, Departamento da Bahia (IAB-BA). O concurso foi vencido pelo escritório paulistano Estúdio América.

Em 2014, o TCA iniciou a venda de ingressos pela internet ou telefone, até então inédito. Os clientes poderão adquirir os ingressos por meio de cartões de débito e crédito por serviço de bilheteria online ou call center.[5][6]

Em 2016, é concluída a reforma da Concha Acústica, que incluiu dentre outros a construção de uma passarela luminotécnica que permite uma vista aérea da montagem de todos os elementos técnicos de luz e som.[4][7]

Em 2018, também como parte do projeto do Novo TCA, é concluída a reforma da Sala do Coro. Com as obras, a Sala passa a comportar uma maior variedade de formatos e tipos de performances artísticas, com equipamentos de sonorização mais modernos, intervenções técnicas e de estrutura como a reformulação do foyer, qualificação de acústica e cenotecnia, renovação do sistema de ar-condicionado, reforma dos sanitários e camarins.[8]

Incidente[editar | editar código-fonte]

Em 25 de janeiro de 2023, um princípio de incêndio identificado no telhado do teatro – onde uma obra ocorre – fez com que o prédio fosse evacuado. Os bombeiros não registraram vítimas e ainda não se sabe a causa do incêndio.[9] A Defesa Civil de Salvador (Codesal) disse que o sistema anti-incêndio funcionou na parte inferior do prédio, contento o alastramento do incêndio e que uma inspeção preliminar não constatou dano às estruturas.[10] O teatro foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 2013.[1]

Instalações[editar | editar código-fonte]

Compõem o complexo cultural do TCA a Sala Principal, Sala do Coro e a Concha Acústica.[4][11]

  • A Sala Principal possui capacidade de abrigar 1.554 espectadores, construída com um minucioso projeto acústico que se preocupou até mesmo em relação aos materiais da poltrona e carpete e independentemente da localização da poltrona, a visibilidade e acústica é perfeita.[12]
  • A Sala do Coro comporta até 350 espectadores e até o ano de 1978 se destinava aos ensaios do coro das óperas que iam se apresentar, se transformando em um teatro de semi arena, permanecendo assim até 1989. Após a reforma, é ampliado em 1995, e prioriza as apresentações teatrais locais. Com a reforma e reinauguração em 2018 – exatamente 40 anos após sua inauguração –, a Sala do Coro ressurge com nova configuração tendo a flexibilidade de formatos como fundamento de sua requalificação, podendo comportar 176 pessoas na plateia no formato de palco italiano e até 350 pessoas com a arquibancada recolhida.[8]
  • A Concha Acústica alberga até 5.000 pessoas, com seu formato de teatro grego, uma semi-arena ao ar livre. Uma lona tensionada fixa em estrutura metálica cobre o palco e permitem a realização dos eventos mesmo sob chuva, abrigando ao menos 1.000 espectadores. Na parte superior cada um dos seis camarotes comportam 300 pessoas, servidos por uma estrutura de apoio com bar e sanitários.[13]

Projetos[editar | editar código-fonte]

Conta o TCA com três projetos permanentes:

  • Orquestra Sinfônica da Bahia (OSBA);
  • Balé do Teatro Castro Alves (BTCA);
  • Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia (NEOJIBÁ).

Além desses três corpos estáveis, possui ainda:

  • Memorial do TCA (em implantação, objetiva a preservação da memória do Teatro, através de fotografias, filmes e registros dos eventos artísticos que ali tiveram lugar);
  • Centro Técnico — com 15 funcionários para o apoio aos eventos, é considerado um dos melhores do país, já criando cerca de 11 mil figurinos para espetáculos do Núcleo de teatro e produções externas, possuindo um laboratório para efeitos de maquiagens nos atores.
  • Setor de Multimeios e Programação Visual, funciona desde 1988, possui mais de 5 mil negativos e mais de 200 vídeos.
  • Documentação e Pesquisa, desde 1967 guarda um arquivo com 45 mil documentos, assim como o banco de textos teatrais, com mais de 100 peças de autores nacionais e estrangeiros, traduzidas para o português.

Atrações apresentadas[editar | editar código-fonte]

Entre tantos que passaram pelo TCA, se destacam as pessoas de Raul Seixas e Marcelo Nova, Gilberto Gil, Chico Buarque, João Gilberto, Caetano Veloso, Gal Costa e Maria Bethânia, Ney Matogrosso, Bell Marques, Flávio Venturini, Paulo Autran, Montserrat Caballé, Mikhail Baryshnikov, Sandy e os balés Bolshoi e Kirov, o maestro Zubin Metha e a Filarmônica de Israel, além da cantora Claudia Leitte gravando seu segundo DVD ao vivo Negalora: Íntimo, entre muitos outros.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b «Teatro Castro Alves, em Salvador (BA), é tombado pelo Iphan». Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). 27 de novembro de 2013. Consultado em 25 de janeiro de 2023 
  2. a b c «Incêndio no TCA: em 1958, casa de espetáculo baiana pegou fogo a cinco dias da inauguração». G1. 25 de janeiro de 2023. Consultado em 25 de janeiro de 2023 
  3. a b c d «Histórico – O Teatro Castro Alves (TCA)». Complexo do Teatro Castro Alves. Governo do Estado da Bahia. Consultado em 25 de janeiro de 2023 
  4. a b c «Teatro Castro Alves completa 50 anos; conheça estrutura do complexo». Correio24h. 5 de março de 2017. Consultado em 2 de abril de 2018 
  5. «TCA venderá ingressos pela internet a partir de agosto». Portal A TARDE. 16 de julho de 2014 
  6. «TCA inicia nesta quarta-feira vendas de ingressos por internet e telefone». Governo do Estado da Bahia. 20 de agosto de 2014. Consultado em 25 de janeiro de 2023. Arquivado do original em 21 de agosto de 2014 
  7. «Estado moderniza Concha Acústica do Teatro Castro Alves». Governo do Estado da Bahia. 11 de maio de 2016. Consultado em 25 de janeiro de 2023. Arquivado do original em 28 de agosto de 2016 
  8. a b «O Teatro Castro Alves: Sala do Coro». Complexo do Teatro Castro Alves. Governo do Estado da Bahia. Consultado em 25 de janeiro de 2023 
  9. «Incêndio atinge Teatro Castro Alves, maior de Salvador; veja vídeo». Folha de S.Paulo. 25 de janeiro de 2023. Consultado em 25 de janeiro de 2023 
  10. «VÍDEO: incêndio atinge Teatro Castro Alves, em Salvador». G1. 25 de janeiro de 2023. Consultado em 25 de janeiro de 2023 
  11. «O Teatro Castro Alves: Outros Espaços». Complexo do Teatro Castro Alves. Governo do Estado da Bahia. Consultado em 25 de janeiro de 2023 
  12. «O Teatro Castro Alves: Sala Principal». Complexo do Teatro Castro Alves. Governo do Estado da Bahia. Consultado em 25 de janeiro de 2023 
  13. «O Teatro Castro Alves: Concha Acústica». Complexo do Teatro Castro Alves. Governo do Estado da Bahia. Consultado em 25 de janeiro de 2023 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]