Tentativa de suicídio

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Tentativa de suicídio é a tentativa da pessoa em morrer por suicídio mas sobrevive.[1] Pode ser chamada de "tentativa falha de suicídio" ou "tentativa de suicídio não fatal", mas os últimos termos estão sujeitos a debate entre os pesquisadores.[2]

Epidemiologia[editar | editar código-fonte]

Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde, cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos e para cada suicídio, há muito mais pessoas que tentam o suicídio a cada ano. Em todo o mundo, a disponibilidade e a qualidade dos dados sobre o suicídio e as tentativas de suicídio são baixas.[3]

Métodos[editar | editar código-fonte]

Alguns métodos de suicídio têm taxas mais altas de letalidade do que outros. O uso de armas de fogo resulta em morte 90% das vezes. Cortar o pulso tem uma taxa de letalidade muito menor, comparativamente. 75% de todas as tentativas de suicídio são por overdose de drogas, um método frequentemente frustrado por não ser letal ou usado em doses não letais. Essas pessoas sobrevivem 97% das vezes.[4]

Repetição[editar | editar código-fonte]

Uma tentativa de suicídio não fatal é o mais forte preditor clínico conhecido de eventual suicídio.[5] O risco de suicídio entre pacientes que se machucam é centenas de vezes maior do que na população em geral.[6] Costuma-se estimar que cerca de 10 a 15% dos tentadores acabam morrendo por suicídio.[7] O risco de mortalidade é mais alto durante os primeiros meses e anos após a tentativa: quase 1% dos indivíduos que tentam suicídio conseguem terminar suas vidas se a tentativa for repetida dentro de um ano.[8] Evidências meta-analíticas recentes sugerem que a associação entre tentativa de suicídio e morte suicida pode não ser tão forte quanto se pensava antes.[9]

Resultados[editar | editar código-fonte]

Embora a maioria sofra lesões que lhes permitem ser liberados após o tratamento, uma minoria significativa de pessoas - cerca de 116 000 - são hospitalizadas, das quais 110 000 acabam sendo dispensadas com vida. O tempo médio de internação é de 79 dias. Cerca de 89 000, 17% dessas pessoas, estão permanentemente incapacitadas, com restrições na capacidade de trabalhar.[10]

Tentativas de suicídio também estão presentes em algumas subculturas. Nos últimos tempos, por exemplo, na subcultura emo. A pesquisa qualitativa mostrou que os entrevistados emo relataram "atitudes incluindo alta aceitação de comportamento suicida e automutilação". E concluiu: "A identificação com a subcultura emo juvenil é considerada um fator que fortalece a vulnerabilidade a comportamentos de risco".[11]

Criminalização[editar | editar código-fonte]

Historicamente, na igreja cristã, as pessoas que tentaram suicídio eram excomungadas devido à natureza religiosamente polarizadora do tópico. Embora anteriormente punível criminalmente, a tentativa de suicídio não é crime na maioria dos países ocidentais. Na maioria dos países islâmicos o suicídio continua sendo uma ofensa criminal.[12]

No Brasil, não é crime tentar tirar a própria vida.[13] A polícia apreende o suicida para protegê-lo de si mesmo; há três possibilidades de prisão relacionadas ao suicídio no Brasil: No ato de tentar se matar, às vezes a pessoa não só fracassa em sua tentativa, mas acaba matando ou ferindo outra pessoa, ou danificando propriedade alheia. Durante a tentativa, a pessoa pode responder pelo tumulto ou comoção que provocar, por exemplo, a Lei das Contravenções Penais pune quem “praticar qualquer ato capaz de produzir pânico ou tumulto” (art. 41): Por fim, instigar, auxiliar ou induzir alguém a cometer suicídio é crime, se a pessoa de fato tentar se matar.[14]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Danuta Wasserman (2016). Suicide: An unnecessary death. [S.l.]: Oxford University Press. p. 63. ISBN 978-0191026843. Consultado em 27 de setembro de 2017 
  2. Rory C. O'Connor, Jane Pirkis (2016). The International Handbook of Suicide Prevention. [S.l.]: John Wiley & Sons. pp. 13–14. ISBN 978-1118903230. Consultado em 27 de setembro de 2017 
  3. «Folha informativa - Suicídio». 1 de agosto de 2018 
  4. Schwartz, Allan N. (12 de abril de 2007), Guns and Suicide 
  5. Harris EC, Barraclough B: Suicide as an outcome for mental disorders: a meta-analysis. Br J Psychiatry 1997; 170:205–228
  6. Owens D, Horrocks J, House A: Fatal and non-fatal repetition of self-harm: systematic review. Br J Psychiatry 2002; 181:193–199
  7. Suominen et al. (2004). Completed Suicide After a Suicide Attempt: A 37-Year Follow-Up Study. Am J Psychiatry, 161, 563–564.
  8. Hawton K, Catalan J. Attempted suicide: a practical guide to its nature and management, 2nd ed. Oxford, Oxford University Press, 1987.
  9. Ribeiro, JD; Franklin, JC; Fox, KR; Bentley, KH; Kleiman, EM; Chang, BP; Nock, MK (2016). «Self-injurious thoughts and behaviors as risk factors for future suicide ideation, attempts, and death: a meta-analysis of longitudinal studies». Psychological Medicine. 46 (2): 225–236. PMC 4774896Acessível livremente. PMID 26370729. doi:10.1017/S0033291715001804 
  10. Stone, Geo (1 de setembro de 2001). Suicide and Attempted Suicide. [S.l.]: Da Capo Press. ISBN 978-0-7867-0940-3 
  11. Trnka, Radek; Kuška, Martin; Balcar, Karel; Tavel, Peter (3 de julho de 2018). «Understanding death, suicide and self-injury among adherents of the emo youth subculture: A qualitative study». Death Studies (em inglês). 42 (6): 337–345. ISSN 0748-1187. PMID 28590823. doi:10.1080/07481187.2017.1340066 
  12. Aggarwal, N (2009). «Rethinking suicide bombing.». Crisis. 30 (2): 94–7. PMID 19525169. doi:10.1027/0227-5910.30.2.94 
  13. Carvalho, Ingrid. «Setembro amarelo: mês de prevenção ao suicídio.». Revista Direito Diário 
  14. «Suicídio e crimes». Para entender Direito. 12 de junho de 2013