Teorias sobre as sociedades contemporâneas

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O estudo de vários teóricos das ciências sociais tem colocado as sociedades contemporâneas como objetos privilegiados de suas análises, se esforçando para esclarecer a natureza dos processos em curso. Esses esforços, muitas vezes, estão associados à percepção de crise, em especial crise do projeto de sociedade construído na modernidade. Existem múltiplas teorias que tentam explicar essa nova sociedade, algumas explorando mais as rupturas e oposições, outras mais as continuidades e intensificações. Esses estudos buscam compreender a sociedade contemporânea dentro dos seus vários contextos: econômicos, sociais, políticos, ecológicos e tecnológicos.

Principais teorias e expoentes[editar | editar código-fonte]

  • Modernidade reflexiva — de Anthony Giddens, Ulrich Beck e Scott Lash — o conceito de reflexividade, ao contrário de ideias de fim da modernidade, expressa as ideias: de uma segunda fase da modernidade para Beck; de alta modernidade para Giddens. Dessa forma, não viveríamos na pós-modernidade e sim na radicalização da modernidade. Os três autores partilham uma tese elementar, de que, quanto mais as sociedades são modernizadas, mais os agentes individuais, instituições e organizações adquirem capacidade de refletir sobre sua própria condição de existência.
  • Sociedade de risco — de Ulrich Beck — que demonstra que o descrédito no controle moderno sobre a natureza é o responsável pela postura reflexiva atual, na qual não se podem mais relegar aos especialistas as decisões. A sociedade é confrontada cotidianamente com os riscos fabricados por suas próprias ações.
  • Processo de subjetivação — de Alain Touraine — que considera que uma das marcas da sociedade contemporânea é o processo em que as pessoas se tornam sujeitos, cada vez mais se libertam das forças que impedem sua autoconstrução, passando a reinventar seus papéis e práticas, lutar pela construção de direitos universais e específicos (culturais), transformando, assim, a sociedade.[1]
  • Hipermodernidade — de Gilles Lipovetsky — essa perspectiva teórica demonstra uma modernidade em ritmo acelerado, frente a uma sociedade dividida entre o excesso e a moderação.[2]
  • Capitalismo Informacional — de Manuel Castells — desloca a atenção da produção para os suportes comunicacionais que possibilitam maior fluxo de informações. É um conceito baseado na tecnologia de informação como paradigma das mudanças sociais que reestruturaram o modelo capitalista a partir dos anos 80.
  • CiberculturaPierre Lévy — esse termo designa a cultura contemporânea marcada pelas novas tecnologias digitais e como ocorrem as interações entre as novas tecnologias e a sociedade.
  • Modernização Ecológica — de Gert Spaargaren e Arthur Mol — é a ideia de que é possível superar a crise ambiental sem abandonar o projeto da modernização, sugerindo como resposta à crise uma maior modernização das instituições da sociedade industrial e uma reestruturação ecológica dos processos de produção e consumo.
  • Era do Acesso — de Jeremy Rifkin — nessa teoria a economia hipercapialista caminha para a transição da posse da propriedade para o acesso, isto é, o autor propõe que iremos cada vez mais pagar pelo acesso a bens e serviços, tais como: informações, entretenimento, hardware, softwares, eletrônicos, utensílios e tudo o que pudermos imaginar. Entramos, portanto, em uma era em que pagamos por redes de acesso a experiências.
  • Imaginário Social ModernoCharles Taylor — é uma categoria que apresenta múltiplos sentidos, a partir de três formas culturais basilares: a economia, a esfera pública e a soberania popular, considerando, nesse sentindo, a trajetória, cada uma a seu modo, da Revolução Francesa e da Revolução Americana; demonstrando que a modernidade caracteriza-se por conflitos e tensões que se interpenetram, formatando o “homem moderno", cujo contexto vivido por ele cria territórios, onde se apresentam múltiplas escolhas para a construção de caminhos que lhe sejam próprios, uma vez que são as nossas práticas no mundo que criam nossos quereres e crenças.

Referências

  1. TOURAINE, 2006
  2. LIPOVETSKY,2004

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

ALEXANDER, Jefrey. Modern, Anti, Post, and Neo: How Intellectuals Have Coded, Narrated, and Explained the New World of Our Time. New Left Review, I/210, mach-april, 1995.

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. A era da informação: economia, sociedade e cultura. Vol. I. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

KUMAR, Krishan. Da Sociedade Pós-Industrial à Pós-Moderna: novas teorias sobre o mundo contemporâneo. Rio de Janeiro: Zahar, 1997.

LIPOVETSKY, Gilles; CHARLES, Sébastien. Os tempos hipermodernos. São Paulo: Barcarolla, 2004.

RIFKIN, Jeremy. A era do acesso. São Paulo: Makron Books, 2001.

TAYLOR, Charles. Modern social imaginaries. Durham and London: Duke University Press, 2004.

TOURAINE, Alain. Um Novo Paradigma: para compreender o mundo de hoje. Petrópolis: Vozes, 2006.